domingo, novembro 5

Urgência de Ortopedia



Os ortopedistas do Hospital de São Bernardo queixam-se de falta de material clínico, equipamentos e da intenção da administração do Centro Hospitalar de Setúbal em interromper a utilização do bloco operatório para as equipas de ortopedia a partir das 21h00 de sexta, sábados e domingos. Um doente que entre na sexta-feira à noite com uma fractura do colo do fémur, por exemplo, que requer intervenção imediata, só será operado na semana seguinte. Tratar-se-à, segundo os médicos reclamantes, de mais uma medida para evitar o pagamento de horas extraordinárias.link

Lacerda Cabral, director do Centro Hospitalar, garante que toda a reorganização da urgência traumatológica está a ser estudada por um grupo de trabalho envolvendo ortopedistas, cirurgiões, anestesistas, enfermeiros e outros profissionais de saúde, e que só será implementada quando estiverem reunidas as condições adequadas.

A juntar ao complexo trabalho de reorganização do novo Centro Hospitalar, as restrições do recurso às horas extraordinárias. Para complicar. Há medidas, por mais justas, é necessário precisar com muito rigor o timing da sua decisão. O que parece não ter acontecido mais uma vez. Não teria sido mais oportuno tratar desta matéria no processo de alteração do sistema remuneratório do pessoal médico ?
Mas era urgente cortar para equilibrar as contas. Mais uma medida para poupar no farelo.
clara gomes

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Este é mais um dos problemas que CC está a criar com a febre da criação de Centros Hospitalares por todo o país
E sempre com o objectivo de contenção de gastos e de rentabilização de pessoal e serviços.
Esquece-se no entanto que serviços clínicos que funcionam com produtividades ímpares documentadas ao longo de muitos anos (como é o caso dos serviços instalados no Hospital de Outão e de muitos outros espalhados pelo país) a serem integrados em Centros Hospitalares perdem a sua identidade e a dedicação dos seus profissionais à população que assiste.
Diluem-se ambos numa Unidade Hospitalar de grandes dimensões, burocratizada distante dos profissionais e dos doentes e de muito difícil gestão.
A integração, junção ou extinção de serviços, a redução cega, imposta, da actividade cirúrgica de urgência traumatológica como neste caso do Hospital de Setúbal, conduz a gastos que deverão ser contabilizados…
Todo o bom gestor seja clínico ou administrativo sabe quanto custa a diária de internamento e quão importante em termos económicos representa o esforço para diminuir a demora média de internamento hospitalar.
Mas todo o gestor clínico duma unidade, ortopédica ou não, sabe que com internamentos prolongados se aumenta a morbilidade, em particular em doentes mais idosos.
Também sabe (e o administrativo deveria saber) que fica mais caro tratar as doenças associadas à morbilidade que a doença inicial para já não falar das dificuldades que doentes e seus familiares passam enquanto internados ou em convalescença da doença.
É que quem tem a "ideia" de impor normas , como estas, sobre a actuação clínica, não está a fazer as contas muito bem feitas…

5:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O que é espantoso Xerife, não é o que se escreveu porque o que se escreveu é uma realidade não só em Setubal mas noutros Hospitais também.
O que é espantoso é que não se mantenham as condições para fazer o que ética, deontológica e profissionalmente é obrigatório fazer, tratar a fractura do colo do fémur não só do idoso mas do jovem também, o mais rapidamente possível, assim estejam reunidas todas as condições de segurança para tal tratamento.
O que é espantoso é que pelo facto de nunca ou quase nunca se ter feito (o que é incorrecto) se não estimule ou se ordene para passar a ser feito e se impeça definitivamente com a possibilidade de ser fazer.
Atente-se a ser verdade no que se diz “interromper a utilização do bloco operatório para as equipas de ortopedia a partir das 21h00 de sexta, sábados e domingos”, “falta de material clínico, equipamentos” e da intenção em diminuir o número de ortopedistas no serviço de urgência.
O que é espantoso é que existindo um Hospital "com grandes problemas a necessitarem de resolução urgente" se não resolvam primeiro os problemas e depois se estude a criação do Centro Hospitalar.Ou será que a nova administração pertende só atenuar (não corrigir) os erros de gestão ou melhorar a sua imagem à custa dos serviços rentáveis a ser integrados?
Ao invés de "É pena que não se tente construir, mas sim minar qualquer sinal de mudança, que, como todas, necessariamente mexem com alguns interesses instalados", digo de outra maneira: é pena que se mine o que de bom existe, só para se dizer que se modificou, destruindo-se totalmente o que se exigia que com urgência fosse corrigido.
É assim que se consegue juntar numa única corporação, à mesma mesa, como diz o Alerta, os que corroboram com "a vassalagem deste governo a algumas entidades proprietárias de bancos e não só!"

11:32 da tarde  

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