Conclusões do CNH
O Congresso Nacional dos Hospitais (CNH), que se realizou entre 16 e 18 de Novembro, reuniu à sua volta algumas das principais individualidades da Saúde do país e, durante três dias, estiveram na mesa do auditório da Escola superior das Tecnologias da Saúde, de Lisboa, muitos dos temas que tanto preocupam os administradores hospitalares.
A APAH e a APDH apresentaram já as conclusões do evento que aqui reproduzimos. link
A constatação inicial é que, ao longo destes três dias, ficou claro que estamos num período de grande transformação na organização e gestão dos hospitais. Apresentam-se-nos dilemas. Temos de fazer escolhas, introduzir mudanças e definir prioridades. Temos que adoptar modelos de gestão dinâmicos, mais exigentes e flexíveis, que promovam a eficiência. Temos que desenvolver uma cultura de responsabilidade, em que o rigor e a transparência se constituem como valores fundamentais. Temos que responder às necessidades em saúde dos cidadãos, que são a razão da existência dos hospitais, a um custo socialmente aceitável.
Experiências
Num enquadramento de grandes dificuldades emergem, no tecido hospitalar, esforços renovados na implementação de boas práticas de gestão e compromissos responsáveis com os objectivos estabelecidos o que, em alguns casos, já se traduz em resultados visíveis. Mas é preciso replicar as experiências positivas e alargar o seu âmbito de acção no espaço e no tempo. Surgem novas experiências de articulação entre instituições e serviços, procurando desenvolver sinergias e complementaridades que combatam o desperdício e promovam uma maior eficiência na utilização de recursos.
Veja-se o caso do recém-criado Centro Hospitalar de Lisboa Central e as várias medidas planeadas no sentido da resolução de problemas comuns aos vários hospitais que o integram. Disponibilizar a capacidade excedentária na área dos MCDT, para os cuidados de saúde primários, historicamente deficitários na oferta deste segmento de serviços, é apenas um exemplo da procura de soluções alternativas para maximizar a utilização da capacidade instalada.
Privado
Do sector privado, ouvimos a responsável do Grupo Espírito Santo Saúde, Isabel Vaz, que sublinhou a importância da optimização do planeamento e da gestão de processos, do recrutamento, desenvolvimento e retenção de recursos humanos e da orientação de todos os colaboradores para os resultados.
Referidos foram também os esforços desenvolvidos e as metodologias utilizadas no sentido da promoção da eficiência, da qualidade e segurança dos serviços e da importância do envolvimento dos profissionais no processo de transformação das organizações.
Recursos
Enfrentar os desafios que actualmente se colocam às organizações, num contexto de complexidade crescente, exige recursos humanos cada vez mais diferenciados, com competências mais sofisticadas, sem esquecer uma visão clara sobre o contexto em que desempenham a sua actividade e com predisposição para a mudança e para acolher a inovação.
Impõe-se, assim, a necessidade de desenvolver um esforço permanente de interacção com as instituições de ensino e fazer, simultaneamente, uma grande aposta na investigação o que, com a implementação do processo de Bolonha, assume uma relevância particular. Uma maior e melhor articulação entre as profissões, a valorização dos contributos dos diferentes actores da saúde e a sua harmonização no âmbito de uma estratégia comum e a da organização são aspectos que não podem ser negligenciados ou menosprezados, constituindo-se mesmo como factores críticos de sucesso na obtenção de ganhos de eficiência.
Contratualização
Da reflexão sobre o processo de contratualização saiu reforçada a ideia de que é cada vez mais imperativo estabelecer uma relação clara entre recursos disponibilizados e resultados obtidos. Acompanhar, medir, analisar, avaliar e prestar contas são conceitos que devem ser conjugados, diariamente, nas práticas quotidianas e nos mais diversos contextos de relacionamento interno e externo das organizações.
Embora se reconheçam dificuldades no desenvolvimento do processo, elas não são preocupação exclusiva de Portugal, como o demonstra a experiência da Catalunha, onde o modelo adoptado tem sido progressivamente adaptado à realidade que se vai desenhando com o objectivo de alcançar maior rigor e transparência e garantir a sustentabilidade do sistema. O rigor técnico do direito, desejável no âmbito contratual, não é incompatível com o dinamismo do processo de contratualização, sendo este passível de ser plasmado ao nível jurídico.
Arquitectura
Foram também abordadas perspectivas inovadoras sobre a arquitectura e organização do espaço hospitalar e os contributos que tais aspectos podem dar para a promoção da eficiência e obtenção de resultados. A realidade mostra-nos, também, que o tempo que medeia entre o planeamento e a implementação de algumas instalações conduz a grandes desajustamentos entre necessidades e capacidade de resposta, provocando grandes constrangimentos na sua gestão.
Informação
A logística assume um papel de grande relevo para a gestão, face aos grandes constrangimentos que conhecemos, merecendo uma atenção especial pelas economias de escala que podem gerar e potenciar. No contexto da gestão das organizações e da economia global, torna -se imperioso desenvolver serviços baseados em informação e conhecimento que minimizem o grau de incerteza e permitam identificar oportunidades que gerem valor para a cadeia logística das organizações, através da flexibilização de processos e do fortalecimento das relações de cooperação interinstitucional.
O Futuro
Na sessão de abertura foi referido pelo secretário de Estado que, pela primeira vez, o orçamento da saúde será respeitado (cumprido), sem que haja evidência de quebras de produção ou dos níveis de qualidade. Trata-se de um facto que credibiliza o SNS e muitos foram os profissionais que deram o seu contributo para esta realidade. Continuar neste trilho é um desafio que depende de todos nós!
A APAH e a APDH apresentaram já as conclusões do evento que aqui reproduzimos. link
A constatação inicial é que, ao longo destes três dias, ficou claro que estamos num período de grande transformação na organização e gestão dos hospitais. Apresentam-se-nos dilemas. Temos de fazer escolhas, introduzir mudanças e definir prioridades. Temos que adoptar modelos de gestão dinâmicos, mais exigentes e flexíveis, que promovam a eficiência. Temos que desenvolver uma cultura de responsabilidade, em que o rigor e a transparência se constituem como valores fundamentais. Temos que responder às necessidades em saúde dos cidadãos, que são a razão da existência dos hospitais, a um custo socialmente aceitável.
Experiências
Num enquadramento de grandes dificuldades emergem, no tecido hospitalar, esforços renovados na implementação de boas práticas de gestão e compromissos responsáveis com os objectivos estabelecidos o que, em alguns casos, já se traduz em resultados visíveis. Mas é preciso replicar as experiências positivas e alargar o seu âmbito de acção no espaço e no tempo. Surgem novas experiências de articulação entre instituições e serviços, procurando desenvolver sinergias e complementaridades que combatam o desperdício e promovam uma maior eficiência na utilização de recursos.
Veja-se o caso do recém-criado Centro Hospitalar de Lisboa Central e as várias medidas planeadas no sentido da resolução de problemas comuns aos vários hospitais que o integram. Disponibilizar a capacidade excedentária na área dos MCDT, para os cuidados de saúde primários, historicamente deficitários na oferta deste segmento de serviços, é apenas um exemplo da procura de soluções alternativas para maximizar a utilização da capacidade instalada.
Privado
Do sector privado, ouvimos a responsável do Grupo Espírito Santo Saúde, Isabel Vaz, que sublinhou a importância da optimização do planeamento e da gestão de processos, do recrutamento, desenvolvimento e retenção de recursos humanos e da orientação de todos os colaboradores para os resultados.
Referidos foram também os esforços desenvolvidos e as metodologias utilizadas no sentido da promoção da eficiência, da qualidade e segurança dos serviços e da importância do envolvimento dos profissionais no processo de transformação das organizações.
Recursos
Enfrentar os desafios que actualmente se colocam às organizações, num contexto de complexidade crescente, exige recursos humanos cada vez mais diferenciados, com competências mais sofisticadas, sem esquecer uma visão clara sobre o contexto em que desempenham a sua actividade e com predisposição para a mudança e para acolher a inovação.
Impõe-se, assim, a necessidade de desenvolver um esforço permanente de interacção com as instituições de ensino e fazer, simultaneamente, uma grande aposta na investigação o que, com a implementação do processo de Bolonha, assume uma relevância particular. Uma maior e melhor articulação entre as profissões, a valorização dos contributos dos diferentes actores da saúde e a sua harmonização no âmbito de uma estratégia comum e a da organização são aspectos que não podem ser negligenciados ou menosprezados, constituindo-se mesmo como factores críticos de sucesso na obtenção de ganhos de eficiência.
Contratualização
Da reflexão sobre o processo de contratualização saiu reforçada a ideia de que é cada vez mais imperativo estabelecer uma relação clara entre recursos disponibilizados e resultados obtidos. Acompanhar, medir, analisar, avaliar e prestar contas são conceitos que devem ser conjugados, diariamente, nas práticas quotidianas e nos mais diversos contextos de relacionamento interno e externo das organizações.
Embora se reconheçam dificuldades no desenvolvimento do processo, elas não são preocupação exclusiva de Portugal, como o demonstra a experiência da Catalunha, onde o modelo adoptado tem sido progressivamente adaptado à realidade que se vai desenhando com o objectivo de alcançar maior rigor e transparência e garantir a sustentabilidade do sistema. O rigor técnico do direito, desejável no âmbito contratual, não é incompatível com o dinamismo do processo de contratualização, sendo este passível de ser plasmado ao nível jurídico.
Arquitectura
Foram também abordadas perspectivas inovadoras sobre a arquitectura e organização do espaço hospitalar e os contributos que tais aspectos podem dar para a promoção da eficiência e obtenção de resultados. A realidade mostra-nos, também, que o tempo que medeia entre o planeamento e a implementação de algumas instalações conduz a grandes desajustamentos entre necessidades e capacidade de resposta, provocando grandes constrangimentos na sua gestão.
Informação
A logística assume um papel de grande relevo para a gestão, face aos grandes constrangimentos que conhecemos, merecendo uma atenção especial pelas economias de escala que podem gerar e potenciar. No contexto da gestão das organizações e da economia global, torna -se imperioso desenvolver serviços baseados em informação e conhecimento que minimizem o grau de incerteza e permitam identificar oportunidades que gerem valor para a cadeia logística das organizações, através da flexibilização de processos e do fortalecimento das relações de cooperação interinstitucional.
O Futuro
Na sessão de abertura foi referido pelo secretário de Estado que, pela primeira vez, o orçamento da saúde será respeitado (cumprido), sem que haja evidência de quebras de produção ou dos níveis de qualidade. Trata-se de um facto que credibiliza o SNS e muitos foram os profissionais que deram o seu contributo para esta realidade. Continuar neste trilho é um desafio que depende de todos nós!
2 Comments:
Deste resumo aqui apresentado, do que se passou no CNH, para além da bem rabioscada e já repetida concepção de como deve ser a gestão pública e privada dos Hospitais, cujas fronteiras parecem ser comuns (dos objectivos nem se fala), realço a apresentação do “Ex Libris” do Ministério da Saúde, pela voz do Secretário de Estado, de que o orçamento da saúde, este ano, está e vai ser cumprido pela primeira vez, sem quebra de produtividade.
Vamos só esperar pelo relatório do exercício de 2006…
Se a Isabel Vaz esteve presente ofoscou certamente todas as outras intervenções e o êxito e brihantismo do congresso ficou assegurado.
A IV è a expressão acabada do gestor da saúde naive.
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