Futuro da Saúde em Portugal

(…) Muitas janelas de oportunidade surgem em tempos de revisão social: maior responsabilidade das pessoas na gestão da sua própria saúde, melhor organização das unidades de saúde, melhor gestão das unidades de saúde integradas, sistemas de segurança e solidariedade social mais justos, melhor redistribuição de rendimentos, estruturas de fiscalização mais ágeis, etc. link

A título de exemplo, em Portugal os regimes especiais (que se dirigem a pessoas com níveis de rendimentos abaixo do ordenado mínimo nacional, cerca de 20% da população) representavam, até há bem pouco tempo, mais de metade dos encargos do Serviço Nacional de Saúde com medicamentos.
Se este exemplo dá o quadro do país carente que somos, aponta também para outras possibilidades menos evidentes, como a utilização indevida dos regimes especiais, a deficiente fiscalização, etc. Um bom sistema de solidariedade e segurança social só é credível e razoável se traduzir uma realidade verdadeira e se se aplicar correctamente às situações.

Temos consciência de que as novas gerações encaram com relativo à vontade uma diminuição da carga fiscal a troco de uma maior responsabilização privada em termos de saúde. As novas gerações, de facto, podem ainda ser fruto de quem cresceu com a figura paternalista do Estado, mas elas próprias estão integradas num mundo globalizado, mais livre e, em certo modo, mais responsável do que o que o precedeu.
João Gomes Esteves, colectânea de textos “Futuro da Saúde em Portugal” , edição da APAH

Esta "procuração" das novas gerações ao João Gomes Esteves veio mesmo a calhar. No mundo globalizado, mais responsável e liberal, como convém, a tomada de medidas que possam "asfixiar os agentes económicos com regras que conduzem a abaixamentos de preços", é mais improvável.