sexta-feira, dezembro 22

Melhorar o Ambulatório Programado


IDEIA: Melhorar o ambulatório programado (CA)

O QUÊ: Em Portugal verificam-se na CA 2 problemas interrelacionados:
a)- A CA está, de facto, pouco desenvolvida (2003: globalmente nos EUA 63,3% das cirurgias eram ambulatórias, em Portugal essa média não ultrapassava os 25%);
b)- Vive-se a mentira de doentes “internados” com 1 dia e de grandes HH que “não tinham” CA em 2004 (artificialmente, diminui-se substancialmente a demora média e aumenta-se a receita; induz a continuação de lotações e dotações de pessoal desajustadas, estimula o conservadorismo na prática cirúrgica, …).

COMO:
a)- O hospital deve criar formalmente a CA, por exemplo reservando espaço de 2 ou 3 enfermarias cirúrgicas (ajustar a lotação e dotação pessoal do internamento, expandir a produção com CA a funcionar para todas a especialidades cirúrgicas e algumas médicas – ex. cardiologia e pacemakers);
b)- Alguns actos devem por regra ser efectuados em CA carecendo de justificação e autorização do Director de Serviço o internamento de doentes (cataratas, túnel cárpico, artroscopias, etc.);
c)Conselho de Administração deve:
i) Valorizar esta actividade (idem CE, HD, MCDT) na definição do plano de actividades e objectivos anuais de cada serviço bem como no acompanhamento/controlo periódico;
ii)- Acarinhar/promover o desenvolvimento da CA – investimento/SI, reconhecer os resultados, possibilitar HE ao sábado se BOC estiver estrangulado, difundir informação sobre organização e performance (locais de “boa prática”), etc.;
d)- Apoio da tutela:
i)- Os HH que não tenham CA são objecto de visita e auditoria da ARS;
ii) O SNS deve pagar apenas o valor da CA nos GDHs que permitam essa solução por regra na maioria das situações. (SNS deve difundir informação sobre a % de CA por GDH noutros HH e países; existe publicação da DGH sobre esta área).

ONDE: Em todos os HH com serviços cirúrgicos (nos pequenos HH a CA deveria ser a regra para a cirurgia).

QUEM: Conselho de administração, directores de serviços e outros líderes; profissionais; tutela.

QUANTO: Benefícios significativos, 3 $$$:
a)-O SNS aumenta a produção com menos recursos (maior eficiência global) (pode tratar mais casos com mesmo dispêndio ou desviar recursos para problemas clínicos em crescimento);
b)-Benefícios para os doentes (maior produção, menos tempo à espera, menos infecções hospitalares, …).

QUANDO: Para ontem (como diria o MSP).

PERIGOS/EFEITOS INDESEJADOS:
a)- Eventual risco (?) de fazer demais em CA (GDHs com risco…) ou de não ter organização adequada;
b)- Possibilidade de estatística “criativa” (ex. incluir pequena cirurgia feita na CE ou SU), SNS deve definir muito claramente que CA é “cirurgia maior ambulatória” (não pagar a restante)

GRAU de DIFICULDADE: baixo, 1 espada, ♠.
semmisericórdia

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Muita insistência e importância (aliás reconhecida globalmente) se tem dado ultimamente à CA.
Esta insistência fundamenta-se na necessidade de contenção de gastos, na correcção de dados referentes à contabilidade administrativa dos internamentos cirúrgicos (GDH cirúrgicos, demora média, taxa de ocupação) e numa melhor rentabilização das camas de internamento e dos Blocos Operatórios com o consequente aumento da produtividade cirúrgica.
Mas há que com a correcção e isenção necessárias fazer um estudo sobre as vantagens/desvantagens deste tipo de organização (staff e instalações próprias, como ideal) e compará-lo com a actuação “clássica” em que os doentes passíveis de CA são “misturados” nos tempos de Bloco Operatório com os demais programados.
É que se a prática do acto clínico, neste caso cirúrgico, deve ser praticado com toda a segurança e de acordo com as leges artis desde a admissão até à alta do doente (no mesmo dia no caso de CA), também as instalações, o equipamento as técnicas anestésicas e cirúrgicas bem como o pessoal mínimo exigível para uma qualquer outra intervenção cirúrgica, devem estar presentes de forma idêntica nas duas situações.
Por outro lado, considero que uma correcta programação da actividade diária dum Bloco Operatório (num período mínimo de 6 horas contínuas e particularmente com equipes cirúrgicas de pequena dimensão) deve prever a efectivação duma quantidade de grandes e médias cirurgias tal, que o cansaço físico e o stress da equipa não coloque em risco a “leges artis”, sendo deste modo recomendado o aproveitamento do tempo “sobrante” em tratamentos cirúrgicos de menor complexidade técnica (a que geralmente estão associados os de CA) não sendo passível desta atitude ser considerada como um “desperdício”.
Uma criteriosa selecção (clínica e também social) do doente a ser incluído num programa de CA é também extremamente importante, colocando-se neste aspecto, em termos estatísticos, conceitos diferentes consoante as regiões em estudo por forma a não aparecerem “riscos clínicos” acrescidos que coloquem o doente e a instituição perante despesas evitáveis de outro modo.
Cada instituição e cada Serviço Cirúrgico devem elaborar o seu plano de CA de acordo com as suas particularidades devendo obrigatoriamente realizar uma avaliação periódica da qualidade do trabalho que estão a praticar sob o ponto de vista estrutural (instalações, equipamentos, critérios de admissão, protocolos, consultas, resolução de complicações, etc), dos resultados em termos objectivos (re-internamentos, complicações e sua gravidade, tempos médios de cirurgia, satisfação dos doentes, etc.) e a uma contabilização dos gastos directos e indirectos a este procedimento (CA) associados.
E que cada um estude a melhor maneira de aumentar a qualidade tendo os Directores de Serviço ou de Departamento de CA e os Conselhos de Administração papel relevante.

2:48 da tarde  

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