sexta-feira, janeiro 5

Controlo electrónico

Caro cardeal patriarca link
Ainda não consegui perceber o porquê de “grandes equipes que trabalham” serem prejudicadas com um simples acto de passar por um aparelho onde fica registada a hora de chegada de cada membro da equipa. Se são cumpridores do trabalho que lhes é pedido e por eles aceite, continuarão a sê-lo independentemente do modo em que a assiduidade é registada. As más equipas, no pressuposto de que não produzem o que lhes é pedido como às outras, por “não quererem” ou por não comparecerem, essas sim é que serão não prejudicadas, mas sim penalizadas por esse incumprimento.
É nesta destrinça que o Director de Serviço, consciente e cumpridor das suas funções, tem um papel relevante e com este sistema a sua acção muito mais “facilitada”.
Todos sabemos que é raro, porque “difícil” a um DS depois de comprovar o incumprimento, impedir a assinatura do ponto ou “riscar” a mesma se já tiver sido realizada…é o corporativismo, a “amizade” e o “colega” que imperam…
Mas como diz o Tonitosa
link deverá o DS ter a possibilidade de “mediante adequada chave de acesso, sempre que um seu colaborador esteja ausente em serviço, sempre que entenda poder dispensá-lo (premiando o seu esforço), ou sempre que julgue dever aceitar qualquer ausência imprevista e que não deva ser compensada em tempo", de poder anular o que o software do sistema interpreta como “anormal”.
E assim o DS continuará a ter um papel definidor de quando pretende que o elemento A ou B chegue ou saia do Serviço, de reconhecimento de que prolongou o seu tempo de trabalho com trabalho efectivo sem que para isso tenha que estar “sempre” presente para o comprovar ou para “vigiar” os crónicos incumpridores.
Mercantilização da saúde e linhas de produção são aquilo que gestores de entidades privadas exigem para a obtenção de lucros para os seus accionistas. Compete isso sim, a todos os profissionais do SNS impedir que tal aconteça.
Só um pequeno aparte: efectivamente os DS com um quadro de mais de 2 lugares de Chefe de Serviço, pelo actual dec.lei 73/90 têm direito a um acréscimo de 5% sobre o seu vencimento.

Caro voualiejavolto
link
Eu também me orgulho de me comportar como o diz fazer: de sair muitas vezes depois do minha hora de saída oficial.
Mas independentemente da tarefa que me está destinada chego sempre dentro do horário, seja ele SU, BO, CE ou Enfermaria. Porque hei-de ficar “mais tempo na cama ou ir às compras de manhã antes de chegar ao Serviço” se me posso deitar mais cedo e fazer as compras de tarde, como o faz qualquer outro funcionário público e não público?
O meu “patrão” não é o doente, como diz, mas a “Administração Pública” que recebe dos cidadãos o dinheiro que me vai pagar pelo meu trabalho.
É a ela que devo o meu vencimento.
Ao doente devo muitas coisas sim. Não é ele que me deve pelo trabalho que produzo.
Mas colega, porque diz sentir-se um pouco perdido com o controle electrónico da assiduidade, se como também diz, não lhe vai custar chegar à hora “aprazada”? Porque há-de mudar a sua ou a minha “benevolência” em prolongar o tempo de trabalho para ajudar um colega, não adiar uma consulta ou realizar mais uma cirurgia porque a anterior se prolongou no tempo?
Comigo continuará a existir o que alguns chamam de “carolice ou benevolência” mas não o faço nem nunca o fiz para “compensar” os minutos que por imperativos ou imprevistos me fizeram chegar uns minutos mais tarde.
J.F.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Exactamente!

6:17 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Cardeal patriarca,
Eu não acreditei nem deixei de acreditar. O que eu disse é que se um profissional faz o mesmo trabalho que outro em metadde do tempo, um deles está errado. Ou um faz pouco e bem e o outro pouco e mal. Ou um faz muito e mal e o outro pouco e bem.
Ou seja, o que eu disse é que um deles (pelo menos, acrescento agora) está errado.
E disse mais, se um médico produz pouco, deve ser penalizado.
Não exclui, portanto, que possa haver diferenças siginificativas. E sei que as há, sobretudo porque há profissionais médicos irresponsáveis (como noutras profissões).
Meu caro colega comentador,
Para seu conforto, devo dizer-lhe que não sou contra a hipótes que coloca de "contratos-programa" com os directores de serviços. E olhe que até sei o que é uma estrutura por "centros de responsabilidade". Mas essa seria uma outra realidade. E possivelmente nesse contexto o DS não tardaria a ele próprio criar um sitema de "relógio de ponto" para o seu Serviço. E certamente teria os seus colaboradores a contestar o sistema?!
Não se trata de diminuir o DS perante a sua equipa. O problema é que se a equipa é pequena, a relação é mais próxima e como tal "mais séria". Mas se a equipa é grande, há sempre quem procure aproveitar as dificuldades do seu acompanhamento pelas chefias e como sabemos, o DS tem muitas dificuldades em lidar com tais situações.
Mas caro cardeal patriarca,
Se você tem tanto repúdio pelo novo modelo, e particularmente por aquele que eu defendo, diga claramente: no seu serviço há folhas ou livros de ponto? Se há, isso não é ofensivo dos princípios que você diz defender?
Porque não são contestadas as folhas ou livors de ponto?
Porque elas, meu caro, podem ser assinadas em qualquer dia e hora da semana... Esta é a realidade...o resto são falsas questões. E como você certamente sabe, há muitos médicos que não têm sobre o novo sistema as mesmas posições que as que defende. Também lhe digo: nem sequer excluo a hipótese de não haver trabalho dependente dos médicos. Todo o seu trabalho poderia ser contratualizado e pago de acordo com os actos realizados, sujeitos a controlo e a fiscalização de entidades competentes.
Mas isso será uma mudança radical do sistema na qual os médicos passariam a ser apenas profissionais liberais e não funcionários públicos. Ainda assim será um modelo possível e nem é nada de novo!

2:55 da manhã  

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