quarta-feira, janeiro 3

Parcerias da Saúde

Perigo iminente









CC referiu, hoje, os projectos dos hospitais a iniciar, em obra ou projecto (Cascais, Vila Franca de Xira, Braga, Todos-os-Santos, Seixal, Évora, Algarve e Sintra), financiados por parcerias privadas.

As notícias sobre os grupos privados da saúde, no entanto, não são nada animadoras.
O semanário SOL desta semana insere três notícias (“BPN estuda venda da Saúde-Grupo Português de Saúde pode ser vendido”; “CGD admite vender Maioria”; Misericórdia do Porto sem provedor. Guerras internas põem em causa parcerias nos hospitais de Loures e Braga”) que dão muito que pensar relativamente à solidez da "privada" Portuguesa, da verdade (inverdade) do que se publicita, e do grau em que podemos esperar que os Grupos se mantenham nacionais.

Desejam-se grupos sólidos financeiramente, com estratégia bem definida, com organização e gestão apurada e com experiência relevante na área em que querem "emparceirar" .
E o que é que vemos ?
Temos que um grupo desistiu ao 2º assalto (SCMP) por entre guerras internas e dois dos restantes (GPS e CGD) querem "ser comprados".
O número de empresas da área da saúde vai diminuindo (concentração) e parece estranho que numas semanas se apregoem aos 4 ventos a expansão que antevêm, os enormes ganhos de eficiência com que podem ajudar o SNS - o que são sinais de quem tem exploração bem lucrativa - e, na semana seguinte, anseiem por ser comprados!
Ninguém deseja ver os nossos hospitais em mãos estrangeiras, porventura integrados num qualquer fundo ou portfólio impondo a sua margem de lucro a qualquer custo e "podando" (ou reconvertendo em função do seu interesse) as unidades que não produzam o resultado desejado.
Vemos agora que os grupos "nacionais" não enjeitam a possibilidade de se vender (em fatias de 25%) e abandonar o negócio (também tu, Caixa? Mesmo sendo detida a 100% pelo Estado?).

Considerando que a Cespu não tem nem experiência de hospitais nem a solidez necessárias, somos forçados a concluir que restam (para já...) os eternos Mellos e BES. Esta situação pode ser problemática: dois são poucos para garantir a concorrência necessária em concursos PPP; o risco de duopólio e de concertação face ao Estado é grande.

Que acontecerá aos concursos adjudicados (São Brás de Alportel) ou em vias de o ser (Hospital de Cascais) (como está o hospital de Braga?) se os 2 grupos "se venderem" a estrangeiros? Com que confiança se irá avançar para novos concursos de exploração de hospitais?

Esta área exige cuidadosa reflexão e ponderação antes de novos avanços...

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5 Comments:

Blogger MBA said...

Excelente post. Bem visto!
Já agora, bom ano.

7:19 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Eu não vejo que as mudanças dos detentores do capital social das empresas seja um problema. Pelo contrário, tendencialmente o que se procura é ganhar dimensão para uma melhor intervenção.
A entrada de estrangeiros é uma inevitabilidade e tenderá a ser benéfica. Vivemos na UE e nada há que possa contrariar a abertura do mercado português a empresas comunitárias.
E nada impede o Estado de continuar a sua actividade directa através dos HH públicos (de netureza empresarial ou não) e de intervir no sector através da ERS.
Quanto às PPP há apenas que salvaguardar contratualmente o futuro.
Venham pois os particulares.

12:21 da tarde  
Blogger AisseTie said...

Eu também não vejo que a detenção do capital por nacionais ou estrangeiros seja problema. Vejo, sim, um SNS a ser abandalhado para ser vendido a interesses privados, sem qualquer tipo de cautelas. E 1 Euro gasto no SNS contribui de igual forma para o défice que 1 euro pago a um serviço privatizado, sob a forma de comparticipação.

12:35 da tarde  
Blogger xavier said...

Caro Tontosa
O problema não é esse.
O problema está no diz e desdiz das empresas concorrentes às PPP. Anunciar investimentos hoje e pôr-se à venda no dia seguinte.
Assim não é possível criar parceiros de confiança.

Como se diz no post o que se deseja é a «criação de grupos sólidos financeiramente, com estratégia bem definida, com organização e gestão apurada e com experiência relevante na área em que querem "emparceirar"» .

12:04 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Caro Xavier, não posso estar mais de acordo consigo.
Por isso mesmo o que me parece importante é "ganhar dimensão para uma melhor intervenção" (dito assim de forma simples, como é evidente). Mudanças de estratégia dos grupos ou empresas privadas têm que ser devidamente avaliadas pelo Estado/MS e podem mesmo ser boa razão para excluir um concorrente. Mas para isso, a abertura dos concursos deve obrigar a prestar "caução" capaz de compensar a outra parte contratante (o Estado) se por razões imputáveis aos candidatos o andamento dos processo for prejudicado.
Ainda a propósito das PPP, julgo interessante transcrever o que diz o Professo Rui Nunes em "Regulação da Saúde", pagina 61:

..."Também nalguns países da UE existe a tendência para implementar novos modelos de gestão hospitalar…
na Comunidade Valenciana, o Hospital La Ribera tem sido apontado como exemplo de sucesso no domínio das parecerias público/privado, tendo como missão introduzir elementos de diferenciação competitiva, dando valor acrescentado aos doentes, e aproveitando as vantagens da utilização de ferramentas de gestão privada.

Volvidos 5 anos desde a sua criação, os índices de satisfação dos utentes e profissionais são muito elevados (na ordem dos 90%), apresenta elevada produção e produtividade (não existem listas de espera) e tem um custo 20% mais baixo do que os hospitais de dimensão semelhante."

Pode dizer-se que, em contrapartida existem caos conhecidos de insucesso! Mas o que importa é que aprendamos e imitemos os bons exemplos.

1:52 da manhã  

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