Low cost em Saúde? Porque não ?
A visita de ACS à Índia link com algumas declarações controversas sobre a flexi-segurança, tem sido seguida com curiosidade pela maioria dos portugueses. Curiosidade sobretudo, relativamente ao desenvolvimento acelerado deste populoso país, uma das actuais grandes economias emergentes mundiais, contando com alguns pólos de desenvolvimento de alta tecnologia, como o que ACS visitou em Bangalore (BIOCON, de biotecnologia, WIPRO e INFOSYS, de tecnologias de informação)
Entre as surpresas, o projecto de Cuidados de Saúde de elevada qualidade e baixo custo, liderado pela cadeia de 37 hospitais Apollo, as clínicas Fortis e os hospitais Escorts, que “vão render à Índia mais de dois mil milhões de dólares até 2012”. link
"Low cost" em saúde? porque não?
Naturalmente como a saúde é constituída por "muito pessoal" (pode ser 50% ou mais) e tem a componente de estadia (internamento+...), os países com níveis salariais baixos, com organização e gestão apropriada na saúde, podem fazer crescer a "Indústria da Saúde" na parte de exportação de serviços .
Entre nós é também uma velha ambição dos Grupos de Saúde, mas as cedências políticas demagógicas e a sua opção em favorecer apenas os ganhos de curto prazo (ganhos salariais e HE; maior poder e autonomia/ independência face à gestão; pouca flexibilidade), tem impedido os HH (públicos, privados) de aproveitar essa oportunidade. Note-se que nós temos óptimas condições, porque podemos oferecer estadia agradável aos acompanhantes (sol, monumentos e boa comidinha...) ... só que os nossos cuidados de saúde privados são mais caros que na Europa (!!!) e a qualidade não é boa. Pormenores...
Haverá que esperar pela redução de custo real na saúde (SNS e privados), por melhor gestão clínica e verdadeira garantia de qualidade...
Entre as surpresas, o projecto de Cuidados de Saúde de elevada qualidade e baixo custo, liderado pela cadeia de 37 hospitais Apollo, as clínicas Fortis e os hospitais Escorts, que “vão render à Índia mais de dois mil milhões de dólares até 2012”. link
"Low cost" em saúde? porque não?
Naturalmente como a saúde é constituída por "muito pessoal" (pode ser 50% ou mais) e tem a componente de estadia (internamento+...), os países com níveis salariais baixos, com organização e gestão apropriada na saúde, podem fazer crescer a "Indústria da Saúde" na parte de exportação de serviços .
Entre nós é também uma velha ambição dos Grupos de Saúde, mas as cedências políticas demagógicas e a sua opção em favorecer apenas os ganhos de curto prazo (ganhos salariais e HE; maior poder e autonomia/ independência face à gestão; pouca flexibilidade), tem impedido os HH (públicos, privados) de aproveitar essa oportunidade. Note-se que nós temos óptimas condições, porque podemos oferecer estadia agradável aos acompanhantes (sol, monumentos e boa comidinha...) ... só que os nossos cuidados de saúde privados são mais caros que na Europa (!!!) e a qualidade não é boa. Pormenores...
Haverá que esperar pela redução de custo real na saúde (SNS e privados), por melhor gestão clínica e verdadeira garantia de qualidade...
A ver, vamos.
Nota: Se quiserem comparar preços, consultem o preçário dos HH Apollo.link
10 Comments:
Impecável!
A caminho da perfeição.
SaudeSA: Serviço público de alta qualidade, low cost.
Apontamentos com esta perfeição só vejo acontecer na imprensa anglo saxónica.
Um grande abraço.
Caro Xavier: não sendo eu um profundo conhecedor dos preços de mercado de todos os serviços e especialidades constantes do Menu do Apollo Hospital, tenho no entanto algum conhecimento sobre os preços no mercado privado português de vários dos serviços ali referidos. E acredite que vi alguns exemplos concretos de preços bastante mais caros que os praticados em Portugal! Poderá ser a aplicação das teorias de merchandizing dos hipermercados: arroz ao preço de custo para vender electrodomésticos com margens elevadas...!
Trata-se certamente de uma provocação do Xavier para acender a discussão.
Cavaco Silva, soltou-se na India para satisfação da sua gente.
O liberalismo desbragado pela mão do PR.
Os portugueses deixaram-se aldrabar por esta gente que finge todos os dias querer o nosso bem.
Portugal é já um case study quanto à organização do poder político.
Trata-se da primeira democracia europeia com dois primeiros ministros.
Até à próxima oportunidade.
Os posts do João Pedro e do Tambémquero são particularmente felizes.
Não nos devemos esquecer de que, pelo menos na área da saúde, a única inovação que a Índia tem para oferecer é o dumping social entre os profissionais do sector. No entanto, como a própria Índia parece estar também a começar a perceber, à medida que o desenvolvimento proporcionado pelo trabalho low-cost vai chegando ao país surgem novas necessidades e os trabalhadores começam a exigir melhores condições de vida e, consequentemente, melhores ordenados.
Aliás, não é por acaso que os preços baixos do Apollo Hospital não são assim tão baixos: o tempo da Índia low cost está a chegar ao fim e este fenómeno começa a ser mais visível também no sector das tecnologias da informação - Bangalore já não é o paraíso de custos baixos que era há 2 ou 3 anos e mesmo a euforia das novas cidades emergentes (Chenai, Mumbai,...) prevê-se que tenha uma duração limitada no tempo.
Desenganemo-nos: a Índia não é exemplo para nenhum país ocidental. Numa determinada fase até poderá servir como bom parceiro de negócios, mas nunca como paraadigma a seguir, pois a sua economia assenta em bases perfeitamente inaceitáveis e de grande retrocesso social, pelo menos à luz do que é actualmente a vida nos países desenvolvidos.
A "atitude indiana" foi ontem destacada por António Murta, administrador português de uma das empresas da Wipro, um gigante a operar na área das tecnologias da informação que fornece serviços de consultoria em várias áreas, em regime de outsourcing (e que há seis meses comprou a portuguesa Enabler, então presidida por Murta). Destacando os impressionantes números da Wipro - com um volume de negócios de três mil milhões de dólares, a crescer 36% ao ano, com 70 mil funcionários -, Murta avançou uma explicação polémica para o crescimento indiano, por comparação com os números europeus e até dos Estados Unidos. "A democracia tem tido um impacto negativo nos últimos anos. Tem confundido tolerância com complacência."
DN, 17.01.07
Ao que isto chegou.
Quanto a Cavaco Silva é a flexi segurança (muita flexi e nenhuma segurança), a arrumação dos feriados, a matemática em doses industriais, o respirar da inovação, sacrifícios e mais sofrimentos para o desenvolvimento da economia.
Desgraçados dos miúdos que tiverem de ir estagiar para Bangalore.
Pois é. Na verdade os custos mais baixos da Índia podem explicar-se em grande parte pelos baixos salários. E o que explica os custos mais baixos praticados aqui mesmo ao lado deste nosso pobre rectângulo? Serão oa mais altos salários dos espanhóis?
A razão é a mesma, caro Tonitosa!
Em média, os médicos em Espanha ganham bastante menos que em Portugal (falo apenas com conhecimento indirecto de causa - isto é, com base em informações que me foram dadas por alguém que estudou este problema com alguma profundidade).
É evidente que aqui cai o argumento do dumping social... mas a verdade é que as diferenças de preços não são assim tão grandes.
Segundo me informaram, as razões para os ligeiramente mais baixos custos de alguns serviços de Saúde em Espanha têm a ver com dois factores:
- Menores custos com pessoal;
- Economias de escala de grandes grupos empresariais do sector da Saúde;
- Redução de margens devido ao muito maior volume de facturação dos principais agentes.
Ou seja, dificilmente teremos hipóteses de competir com qualquer um destes 3 factores. A escolha actualmente é entre entregar o país aos espanhóis ou vivermos neste cenário.
Eu prefiro viver assim.
Meu Caro Vladimiro
Há um quarto factor a determinar custos mais baixos na vizinha Espanha - produtividade.
O factor custo da mão d'obra é um quase falso factor pela sua tendência de harmonização igualitária.
Se os nossos HH tivessem a produtividade dos congéneres europeus do Norte batiamos os indianos, em preços baixos, e poderíamos, até, inundar o país com turismo de saúde.
Com essa me calo, caro Xico!
Nem discordo do Vladimiro. Mas temos então que explicar as razões pelas quais os médicos em Espanha ganham menos do que em Portugal.
Gostava de ver esclarecida esta matéria porque tenho dúvidas se os espanhóis ganham menos com ou sem horas extraordinárias. De qualquer modo os restantes trabalhadores espanhóis não deverão ganhar menos do que os portugueses.
Outros factores, como os que referenão deixam de pesar nos menores custos em Espanha. E sobretudo menores custos relativos face ao poder de compra nos dois países.
Mas também preços mais baixos em Espanha porque ali o Mercado de Saúde está bem mais desenvolvido do que em Portugal.
E como diz o Xico do Canto há ainda o factor produtividade a influenciar os nossos custos. Mas a baixa produtividade é, também ela, o resultado de variáveis diversas.
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