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art-work, Jornal Médico de Família
Deambulando pelo cyber espaço, dei com a crítica do SIM ao portal da DGS: «Em janela da sua página inicial, é anunciado no portal da Direcção Geral de Saúde que uma publicação intitulada Jornal Médico de Família passou a estar disponível online. Um organismo do Ministério da Saúde, sustentado por dinheiros públicos e sob o mote de mais informação mais saúde, passou a publicitar órgãos de comunicação social não generalista.
Caso para perguntar se a crise é tão grande que tem que recorrer a publicidade paga ou se a Revolução Cultural do Novo Livro Vermelho da Revolução já o tomou de assalto!».
Caso para perguntar se a crise é tão grande que tem que recorrer a publicidade paga ou se a Revolução Cultural do Novo Livro Vermelho da Revolução já o tomou de assalto!».
Tem piada.
(…) Como os leitores decerto se recordarão, tudo começou com a apresentação da lei do financiamento autárquico, que a dado passo estabelece a transferência de verbas para um novo fundo destinado a financiar a gestão, pelo poder local de, entre muitos outros serviços, os prestados pelos centros de saúde. O diploma, já em vigor, cria mesmo a figura do Centro de Saúde Municipal.
Como os leitores também certamente se recordarão, a novidade, divulgada em primeira-mão pelo nosso jornal, foi sonoramente desvalorizada, quer por autarcas, quer pelos habituais comentadores de serviço, por estapafúrdica.
Acontece, porém, que a coisa começa a ganhar forma, preocupante.
Aqui há dias, Correia de Campos convocou os cinco delegados regionais de saúde pública para anunciar que o Governo tinha decidido entregar a dita às câmaras municipais. E que o melhor que faziam era não tugir nem mugir, porque de nada serviria gritar contra ponto assente. É assim e pronto, terá dito o governante, acrescentando de imediato, em tom de apito e boné, que os centros de saúde seguiriam igual caminho. Rumo, aliás, já antes anunciado pelo seu xará da Administração Interna, após reunião com os dirigentes da Associação Nacional de Municípios, no decurso da qual, dizem as más línguas, terá acenado com as mais-valias que o controlo da função croquete e retrete trará ao poder autárquico.
Estando o caso assente, importa, ainda assim, perceber a génese da decisão governamental. Apurar, enfim, que modelo quer Correia de Campos plagiar. Uma simples pesquisa conduz-nos, directamente, à Finlândia, país que pelas mais diversas razões caiu no goto dos líderes nacionais. Nesse extremo gélido da União, a Saúde é, de facto, gerida pelos municípios. Cuidados primários, secundários, continuados, de retaguarda, paliativos… Todos são competência do poder autárquico. E é assim desde, pelo menos, 1917, ano em que o país se tornou independente da Rússia (...)
JMF, 16.01.07
Com mais piada ainda:
"Nunca vou a um SAP nem nunca irei" - CC, entrevista ao JN, 06 Julho 2006.
"Você está num SAP. Faça como o ministro da Saúde vá ao S. Marcos” Salgado Almeida, médico do Centro de Saúde de Vieira do Minho. link
Isto é quase um Magazine ...
Como os leitores também certamente se recordarão, a novidade, divulgada em primeira-mão pelo nosso jornal, foi sonoramente desvalorizada, quer por autarcas, quer pelos habituais comentadores de serviço, por estapafúrdica.
Acontece, porém, que a coisa começa a ganhar forma, preocupante.
Aqui há dias, Correia de Campos convocou os cinco delegados regionais de saúde pública para anunciar que o Governo tinha decidido entregar a dita às câmaras municipais. E que o melhor que faziam era não tugir nem mugir, porque de nada serviria gritar contra ponto assente. É assim e pronto, terá dito o governante, acrescentando de imediato, em tom de apito e boné, que os centros de saúde seguiriam igual caminho. Rumo, aliás, já antes anunciado pelo seu xará da Administração Interna, após reunião com os dirigentes da Associação Nacional de Municípios, no decurso da qual, dizem as más línguas, terá acenado com as mais-valias que o controlo da função croquete e retrete trará ao poder autárquico.
Estando o caso assente, importa, ainda assim, perceber a génese da decisão governamental. Apurar, enfim, que modelo quer Correia de Campos plagiar. Uma simples pesquisa conduz-nos, directamente, à Finlândia, país que pelas mais diversas razões caiu no goto dos líderes nacionais. Nesse extremo gélido da União, a Saúde é, de facto, gerida pelos municípios. Cuidados primários, secundários, continuados, de retaguarda, paliativos… Todos são competência do poder autárquico. E é assim desde, pelo menos, 1917, ano em que o país se tornou independente da Rússia (...)
JMF, 16.01.07
Com mais piada ainda:
"Nunca vou a um SAP nem nunca irei" - CC, entrevista ao JN, 06 Julho 2006.
"Você está num SAP. Faça como o ministro da Saúde vá ao S. Marcos” Salgado Almeida, médico do Centro de Saúde de Vieira do Minho. link
Isto é quase um Magazine ...
6 Comments:
Caro Xavier e restantes colegas,
Talvez não seja aqui (no âmbito deste post) o "local" indicado para abordar o assunto, mas como também não vejo onde melhor possa fazê-lo, deixo um breve comentário:
Todos tomamos conhecimento de que um doente politraumatizado demorou sete horas até chegar de Odemira ao H.S. Maria.
Sabemos ainda que o doente veio a falecer três dias depois.
Não temos informação sobre se o desfecho final teria sido evitado caso a evacuação se tivesse feito em "tempo razoável". Mas também não essa a discussão que aqui pretendo trazer.
O que não compreendo é que hoje o MS tenha revelado que tudo decorreu de acordo com as normas...(baseio-me nas notícias) à luz de inquérito que envolveu apenas entidades internas e provavelmente responsabilizáveis.
Mas, ao mesmo tempo, foi dito que foram tomadas medidas para melhorar a capacidade de intervenção do INEM (salvo erro com reforço de viaturas devidamente equipadas). Mas então se tudo decorreu normalmente, porque dotar o Serviço de mais meios? Não é isto estranho?
Pois bem e aqui fica um "pequeno reparo": a situação que mereceu forte destaque em alguma Comunicação Social, aqui no Saude SA, que me recorde, passou despercebida!
Mas há mais, durante quase todo um dia (já desta semana, ao que sei) as comunicações como INEM estiveram bloqueadas. Com que consequêcnias? E isso nem sequer foi notícia. Na verdade é importante, como se verifica, ter o apoio da comunicação social. E talvez assim se justifiquem os "batalhões de assessores de imprensa" recrutados pelo Governo.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Tonitosa
O Ministério da Saúde, face às primeiras notícias do acidente informou que ia abrir um inquérito (o que se diz sempre nestas ocasiões).
Entretanto ouvimos as justificações estafadas do responsável máximo do INEM.
Hoje no noticiário da noite, fomos informados que afinal já não haveria inquérito:
O Ministério da Saúde concluiu hoje que foi correcto o socorro prestado a um homem vítima de acidente na zona de Odemira, que viria a falecer, a semana passada, afastando a hipótese de realização de um inquérito. LINK
Poderá ter havido uma conjugação de situações que levaram ao falhanço do sistema...
Penso, no entanto, que o sistema montado no extenso Alentejo deixa muito a desejar (planeamento a régua e esquadro sobre o mapa da região,jogando com baixas probabilidades deste tipo de evacuações ser necessária)
Foi preciso morrer um ciclista (mais um) para o MS "reforçar o sistema."
Mais um desaire de CC a somar à longa lista das últimas semanas.
Um abraço.
Os meus parabéns para a página do "Vieira do Minho".
Para acrescentar aos favoritos.
Xavier,
Só posso expressar-lhe o meu apreço pela forma como aborda o assunto do meu anterior comentário.
Quando escrevi não tinha ainda conhecimento pormenorizado do que o DD e outra CS divulgam. Apenas citei de cor o que ouvi nas notícias da rádio.
É fantástica, na verdade, a forma como o MS se comporta em casos como este.
Tudo está bem de acordo com uma reunião que decorreu, em boa verdade, com os potenciais responsáveis pela desastrosa (não) intervenção de apoio à vítima. Mas, estando tudo bem, é agora que novas VMER vão ser disponibilizadas, que o pessoal afecto vai receber mais e nova formação, etc., etc..
Não se faz inquérito. Ainda bem, digo eu pois já nos habituamos a que nestes casos os resultados dos inquéritos sejam sempre os que quem os manda fazer pretende. Ou não fôssem os inquiridores por si designados e tutelados?!
E hoje ficamos também a saber que em Portalegre (creio ser Portalegre) há uma VMER que só pode ser utilizada meio dia em cada dia.
Imaginemos, caro Xavier, que tudo isto se passava há alguns anos atrás!
A comunicação social não se teria cansado de zurzir no MS e até o Saude SA teria um bom número de comentadores a seguir os mesmos passos!
Uma correcção que se impõe:
O assunto por mim comentado sobre o INEM tem merecido hoje relevo na SIC Notícias.
E há discordância do Serviço de Bombeiros da decisão de não mandar realizar inquério, tomada por Correia de Campos.
Mas fiquei melhor informado pela mesma SIC Notícias quanto à falta de comunicações com o INEM (112) que durou cerca de 40 minutos e não "quase todo um dia" como me tinha sido informado. A correcção aqui fica e ao que foi dito a ONI assumiu a responsabilidade da "anomalia" verificada.
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