quarta-feira, fevereiro 28

Debate das Urgências


No Prós e Contras

Valeu a pena ter perdido (ganho) três horas a ver o «prós e contras». Tratou-se de verdadeiro serviço público pelo esclarecimento, pela informação transmitida e pelo debate de ideias que proporcionou.

Os dois elementos da Comissão, Drs. José M. Almeida e Luís Campos, brilharam pelo conhecimento técnico e serenidade (sábia) dos esclarecimentos que prestaram. Todos ficámos a saber que o relatório foi elaborado gratuitamente como o serão as duas partes subsequentes que o irão complementar: Definição da Rede de Referenciação (hierarquia, fluxos); Organização interna dos SU e do fluxo interno de doentes.

Concordo com o É-pá: «avançou-se muito no esclarecimento público da reestrutruração das urgências e levantaram-se questões prementes». Todas tiveram resposta, baseada em elementos técnicos e em informação quantitativa, não apenas em conversa.

Saíram menos bem os 2 médicos «opositores», como foram chamados, que se apresentaram com um discurso:

a) Muito corporativo, reindivicando mais pontos de urgência e mais lugares para médicos;

b) Algo demagógico/irresponsável: manter todos os SAP actuais, «urgências em ruptura», «nós internistas é que somos responsáveis pelo 12º lugar atribuído pela OMS ao SNS», insistência na regulamentação da "consulta alargada" mas nada dizer quanto aos SAP actuais, etc.

JMS após reconhecer que o artigo que escreveu no Público sobre a «urgência caótica dos HUC» se referia a um dia apenas (!!) disparou numa fúria leonina, não do clube que esse anda de juba caída, mas de membro da OM e campeão da reinvindicação (tudo para todos). Porém foi obtendo respostas técnicas e foi esmorecendo até que um médico de Valença, opositor da reestruturação, o pôs KO. Esse clínico defendeu a seguinte tese: o problema não é ter 1 ou 2 médicos à noite nos SAP da província/«mundo rural» mas muitos médicos em Lisboa, Porto e Coimbra. Deu como exemplo «a cidade de JMS onde há 100 médicos á noite para 35 doentes!».
JMS não mais abriu a boca (note-se que a sua intervenção inicial foi a reinvidicar a abertura de mais SAP para evitar a ruptura da urgência em Coimbra!).

O MS esclareceu depois que na maioria das zonas rurais não havia falta de médicos de família (há 1 médico para 1300 ou 1400 pessoas) mas sim nalgumas cidades (deu o exemplo de Setúbal) e reconheceu que seria difícil fechar um dos 2 hospitais de Coimbra (nada disse quanto à possibilidade de articulação dos hospitais para disponibilizarem uma urgência apenas).

Comprovou-se a boa vontade dos autarcas mas também a sua ignorância do que estava em causa e dos efeitos da solução proposta. A culpa não é deles com certeza, mas o que é essencial é que todos ficaram (ficámos) esclarecidos.

O único ponto negativo foi a hora em que o programa foi para o ar («...tarde e a más horas», como refere o E-PÁ).
COSME ÉTHICO

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14 Comments:

Blogger saudepe said...

Uma grande prestação.
O início de uma grande recuperação.
Com um feeling de que ainda vamos a tempo de ser campeões.

9:09 da manhã  
Blogger ricardo said...

O ministro da Saúde confirmou que a reorganização das urgências hospitalares estará concluída até Outubro. "Se os senhores presidentes de Câmara estiverem disponíveis para considerar os protocolos como letra de lei, por mim, não preciso de mais nada para os aplicar", disse, no programa "Pós e Contras", da RTP1.

"O nosso objectivo é ter tudo na letra da lei até ao final do primeiro semestre deste ano. A aplicação da lei, na pior das hipóteses, no segundo semestre do ano", acrescentou Correia de Campos.

Segundo o ministro, que marcou presença no programa até ao início da madrugada, a reforma nunca poderia avançar antes de 25 de Abril, pois nesse dia é inaugurado o centro de atendimento telefónico da Saúde, que irá funcionar 24 horas por dia a encaminhar os doentes para os diversos hospitais. Mas explicou também que os protocolos assinados com os autarcas servirão de guia para os encerramentos - os mesmos que indicam o primeiro dia de Outubro como a data em que os serviços de cada autarquia serão reforçados com meios alternativos de socorro.

A presença de Correia de Campos no programa acabou por motivar uma acusação, ontem, do PSD "Foi a manipulação total", acusou Miguel Macedo, secretário-geral do partido, considerando que o programa "foi feito à medida do ministro da Saúde". "De um lado estava a comissão de reforma das urgências, do outro médicos. À socapa, sem ter sido anunciado, entrou o ministro da Saúde", o que "constituiu um desequilíbrio total" a favor do Governo, sem contraditório.

Também ontem, o autarca de Valença resolveu apelar ao diálogo com o Governo. José Luís Serra disse, no entanto, que "nunca" aceitará uma solução que a obrigue a socorrer-se das urgências de Monção.

"O que nós queremos, neste momento, é conhecer claramente qual é a proposta do Ministério da Saúde para Valença. Depois, decidiremos se aceitamos ou não", disse, à agência Lusa, o autarca socialista.
JN, 28.02.07

9:26 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Não consigo compreender as afirmações e as especulações do PSD sobre o último "Prós e Contras"...

Passei toda a 1ª. parte do programa a interrogar-me sobre a inusitada ausência do Ministro da Saúde, quando se discutia um assunto que estava a inflamar o "ambiente político" e a provocar movimentações populares, na área que tutela...

Felizmente (digo eu...), o programa tinha programado a presença de CC na 2ª e 3ª partes.
Penso que uma eventual esquiva de CC a um programa deste teor, depois das controversas e desajustadas intervenções anteriormente efectuadas no âmbito deste problema, teria sido o seu "suicídio político".

10:32 da manhã  
Blogger e-pá! said...

COSME ÉTHICO

Uma pequena adenda:

"...até que um médico de Valença, opositor da reestruturação, o pôs KO. Esse clínico defendeu a seguinte tese: o problema não é ter 1 ou 2 médicos à noite nos SAP da província/«mundo rural» mas muitos médicos em Lisboa, Porto e Coimbra. Deu como exemplo «a cidade de JMS onde há 100 médicos á noite para 35 doentes!...".

O "médico de Valença", segundo julgo, não exerce em Valença...
É médico num Hospital de Coimbra!
Começou nos HUC, transitou pela Guarda, ... e está novamente em Coimbra (CHC).
A sua intervenção e as interpretações estatísticas que debitou devem ser entendidas num contexto da sua (legítima) colaboração com a autarquia de Valença.
Logo, no conflito (real!) entre o Mundo Rural e o Urbano. E o seu âmbito deve ficar por aí.
Pouco tem a ver, inclusivé "chocam", com a definição de rede (ou de pontos de rede)e a requalificação dos SU, que foram estudados, com profissionalismo, isenção e mérito, pela comissão.

Assim, penso que não devemos enfatizar "tricas" (problemas marginais, domésticos) misturando-as com questões sérias de âmbito e repercursão nacional (o impacto da requalificação das urgências).

12:03 da tarde  
Blogger saudepe said...

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1:41 da tarde  
Blogger saudepe said...

O PSD reaje assim porque pensava ter mar alteroso para durar, e, de repente, o mar voltou a estar "flat".

Acontece que a campanha da Saúde já deu o suficiente para o senhor Marques Mendes brilhar.

Restam-lhe as marés vivas e a esperança que os pontões da Costa da Caparica e de Esposende cedam para o lider do PSD ter pretexto para aparecer de novo nos horários nobres da nossa TV.

1:44 da tarde  
Blogger martinho said...

Este comentário foi removido pelo autor.

2:19 da tarde  
Blogger martinho said...

Este comentário foi removido pelo autor.

2:19 da tarde  
Blogger martinho said...

Na verdade, na verdade, o PSD até tem razão. O que explica a alteração súbita e sem explicação prévia, do modelo do 'Prós & Contras' da passada 2ª Feira? Claro. A conivência da Fátima Campos Ferreira com o MS e, quem sabe, com o gabinete de Sócrates? Que bom que foi para CC ter a mamã Fátima a ajudar e quatro médicos a discutir entre si, sendo que os escolhidos para serem do 'contra' foram escolhidos por serem fraquinhos do ponto de vista da argumentação. Também notamos como a Fátima conseguiu atrapalhar os autarcas presentes. Descredibilizou-os de forma subtil e inteligente.

Notamos também a quase total ausência de administradores hospitalares. Sabemos que muitos recusaram estar presentes... foi cobardia?

Mas, caros bloguers, e 'saudepe' em particular, a Fátima 'tapou o Sol com a peneira'. O processo foi gerido de forma desastrosa por CC, mais um, e reforçou a sua fragilidade. O programa sobretudo ajudou Sócrates a manter-se distnate do calor da questão. Adiou a demissão de CC. Por quanto tempo?

É claro que o PSD tem razão mas também é claro que o PSD não teve capacidade de explorar a situação em seu favor. Faltam-lhe estrategas no sector da Saúde. Até certo ponto, ainda bem, pois esta reestruturação é necessária embora deva ser subtilmente adiada pois as respostas alternativas e complementares ainda não estão garantidas. Uma boa oposição do PSD podia ter deitado tudo a perder.
Mas fiquem atentos às manipulações na RTP e na Antena 1 em favor de sócrates...

2:21 da tarde  
Blogger Saúde Oral said...

O ex-ministro da Saúde Arlindo de Carvalho criticou o previsto encerramento de várias urgências e garantiu que se hoje voltasse a assumir esta pasta não prosseguiria com a medida.



Arlindo de Carvalho falava à Lusa a propósito do congresso "Gerir em Saúde", que decorre entre quinta-feira e sábado no Centro de Congressos dos Hospitais Universitários de Coimbra (HUC).

Na sessão de abertura deste congresso, o social-democrata vai tecer fortes críticas ao sistema de saúde, nomeadamente às mais recentes e polémicas medidas, como a reestruturação da rede de urgências.

No seu discurso, Arlindo de Carvalho classifica de "sintomáticas as reacções das populações que publicamente se vêm manifestando contra a redução dos cuidados prestados por efeito de encerramento ou de ineficiência de estabelecimentos de assistência".

"Ao Estado não cabe outra solução que não seja a garantia da prestação pública dos cuidados de saúde", vai dizer Arlindo de Carvalho.

Para o antigo ministro da Saúde, "as populações têm mostrado que não estão disponíveis para renunciar ao nível de assistência já alcançado, e não aceitam medidas tomadas por razões estritamente economicistas".

Por esta razão, o social-democrata defende "a necessidade de políticas claras e bem explicadas às populações, por forma a tornar compreensível o processo de adopção de regras de gestão consideradas necessárias à maior eficácia dos serviços, de que só podem resultar melhor assistência e satisfação dos utentes".

À Lusa, Arlindo de Carvalho reconheceu que, se fosse hoje ministro da Saúde, travaria esta reforma.

"Não consigo ver um rumo claro no fecho das urgências, assim como não concordei com o encerramento de algumas maternidades", disse o ex-ministro.

Arlindo de Carvalho revelou que, quando tomou posse como ministro da Saúde, tinha sobre a mesa uma proposta que visava o encerramento de algumas maternidades, a qual optou por não concretizar.

As críticas do antigo governante vão ainda para a Entidade Reguladora da Saúde (ERS): "Espera-se que entidades especialmente criadas, como a ERS, se venham a preocupar com todas estas questões, o que até agora é desconhecido, e não só ocupar-se exclusivamente com a criação de taxas sobre os serviços e profissionais de saúde".

O congresso que começa quinta-feira vai ainda contar com a participação de Manuela Arcanjo, igualmente antiga titular da pasta da Saúde.

A gestão dos recursos humanos em saúde, as novas tecnologias e a optimização da prática médica e a gestão dos internatos médicos são temas cuja discussão está agendada.

4:50 da tarde  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

O destino tem destas ironias: quem haveria de dizer que CC iria acabar por ver a sua sobrevivência política dependente de negociações (travadas em clara desvantagem posicional) com os mesmos autarcas que ele sempre tratou com arrogância e sobranceria?

PS - Há que reconhecer que CC e seus pares deram uma goleada aos "Contras". No entanto, penso que também é indiscutível que, com a excepção do médico de Valença, estes eram muito fraquinhos... aliás, foi especialmente interessante o momento em que os Contras da bancada atacaram os Contras do palco, deixando os Prós confortavelmente a assistir ao programa... O debate foi completamente assimétrico e a utilização dos autarcas como carne para canhão chegou mesmo a ser confrangedora. De qualquer modo, foi uma importantíssima vitória política para CC, que precisava desesperadamente de uma noite assim.

4:52 da tarde  
Blogger Diabo de Saias said...

De um ministro morto e enterrado, surge um CC arguto, sustentado, - todos os médicos que fazem parte da comissão de re-estruturação não fecham a sua própria urgência - e a Dra Fátima faz entrar CC pela porta de lado - em nenhum programa se tinha visto previamente - esbelto, repulhudo e a fazer negociações em directo, com o autarca de Chaves.

Depois do arraial de pancada política que tinha apanhado CC, foi um alento, vindo de algum lado, - de político pesado, que o pretende sustentar pelo menos até passar a Presidência da CE.

E isso foi conseguido.

Agora que CC não é mais um tecnocrata e tem que seguir de mansinho os mesmos que lhe prepararam aquele programa, disso não tenho dúvidas - será que tenho de dizer que é a partir de agora uma marioneta na mão do político (políticos).

O Senhor Silva de Coimbra foi escolhido a dedo para o ofertório a CC. Quer como representante da O.M. mas principalmente como militante do PSD - dois coelhos de uma cajadada.

A vaidade deste ilustre não lhe permitiu recusar a notoriedade de passear por um campo minado. Com estragos para ambas as facetas.

JS tinha de fechar as portas ao debate na AR e se não houve dedo do próprio andou lá perto.

7:26 da tarde  
Blogger tonitosa said...

O "defensor oficioso" do MS/CC considerou a este propósito que um comentário meu "é do mais bárbaro que 'lhe' temos visto". E acrescentou: "À falta de argumentos, o Tonitosa lança atoardas do mais baixo nível dignas do mais exemplar dos básicos".
Vinda de quem vem esta apreciação em nada me surpreende.
O defensor oficioso do MS enfurece-se com a mínima crítica dirigida ao seu patrono (e faz bem...porque não pode pôr em causa o seu emprego) mas, no que me diz respeito, vai ter que se zangar muitas mais vezes porque os motivos de crítica às políticas prosseguidas pelo MS, tudo indica, continuarão a abundar.
Um coisa é certa: em sua defesa não tem apresentado até agora argumentação válida nem demonstrações credíveis.
Para mim, mais uma vez, basta-me ler atentamente os protocolos já celebrados para poder afirmar e reafirmar que "os autarcas estão a ser enrolados. ...Ou então nada daquilo é para levar à prática".
E continuo a pensar que que as pessoas, quando defendem determinados pontos de vista, deve dar exemplo de "responsabilidade" para ganharem credibilidade.
Quanto ao Prós e Contras, tratou-se de mais uma boa acção de propaganda ao Governo feita pela televisão que tutela. Noblesse...oblige!

8:47 da tarde  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Além dos referidos, ontem CC teve ainda mais um motivo para sorrir: pela primeira vez desde que começou a crise das urgências, o PS apoiou o seu Ministro da Saúde. É que uma encenação política tão bem preparada (oposição intelectualmente nula, autarcas e povinho contra cientistas bem preparados, CC a chegar só na segunda parte, depois da Comissão aguentar o primeiro impacto da contestação e dos argumentos contrários serem previamente conhecidos...) saiu claramente da máquina de Sócrates e não do tantas vezes destemperado gabinete do MS...

10:12 da tarde  

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