sexta-feira, fevereiro 9

Encolher & Avançar

Para o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, "as políticas com impacto na saúde, devem ser bem fundamentadas, perceptíveis para os cidadãos nas suas razões, nos propósitos e nas consequências. Só assim será possível conseguir a participação de todos os interessados, dos decisores, aos utentes dos serviços, passando pelos profissionais de saúde, a quem cabe naturalmente uma intervenção fulcral neste processo".
Abertura do ano académico da Academia Portuguesa de Medicina, Faculdade de Medicina de Lisboa.

Mas este desiderato, não é fácil. Principalmente, quando se trata de explicar aos profissionais de saúde, autarcas, deputados das concelhias, cidadãos, as medidas de downsizing (nem todas justas) que se pretendem implementar no SNS. O ministro da Saúde, António Correia de Campos, nem sempre por inabilidade, tem-se visto em palpos de aranha. Também ninguém está interessado em perceber sobre esta matéria, o quer que seja. Em participar muito menos, diga-se em abono da verdade. Encolher não motiva ninguém. Com excepção do ministro.

No RU, Patricia Hewitt, experimenta idênticas dificuldades, embora, haja que reconhecer, avançando explicações algo originais. Numa entrevista recente ao Daily Mirror PH tentou explicar o encerramento de cerca de 900 camas do NHS como um sinal de sucesso
link. E, esta, eh?

Entre nós, originalidade teve CC ao decidir, esta semana, como medida extraordinária, o alargamento dos horários de funcionamento dos Centros de Saúde até às 22:00/24:00 (e sábados), para fazer face ao surto de gripe sazonal. O acerto da medida é indiscutível, pois não só conseguiu, assim, o feito de uma resposta pronta a um problema preocupante, como também transferir parte do trabalho extraordinário dos HHs para os Centros de Saúde. É o combate ao hospitalocentrismo a avançar.

1 Comments:

Blogger e-pá! said...

No último parágrafo do presente post (Encolher & Avençar) aventa-se uma hipotese que, só com muita boa vontade, pode ser encarado (ou integrado) como o combate ao "hospitalocentrismo".
Na verdade, o "prolongamento das consultas" (não é politicamente correcto chamar-lhes "urgências") nos CS's - onde existiram SAP's que CC decidiu encerrar - é, sejamos modestos e realistas, um assunto bem português: - o "desenrascanço"!
Porque as medidas que apelida de downsizing, até agora, não fizeram outra coisa - visto do ângulo do doente - do que estimular o "hospitalocentrismo".
Depois do presente surto de gripe se dissipar, voltará tudo à mesma. Não é?
A não ser que venha aí - o IRJ anda a ameaçar - uma epidemia de "gripe aviária".
Nesse caso, seria preferível usar uma eufemistica linguagem futebolística:
"previsões só depois do jogo!"

12:26 da manhã  

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