sexta-feira, fevereiro 16

Urgência e Consulta Externa hospitalar

Situação no norte de Aveiro (2005) PDF – link










(*) VN Gaia, Espinho, Feira, Arouca, SJ Madeira, Ovar, Oliv. Azemeis, V. Cambra. (**) Espinho, Feira, Arouca, SJ Madeira, Ovar, Oliv. Azemeis, V. Cambra.
Fontes: População - INE (2004); Actividade assistencial - DGS (2005).

Comentários:
1º A existência de 7 SU no Norte de Aveiro parece produzir 2 efeitos:
- Maior frequência hospitalar que a média do Continente e da Região Norte (+11% e +31%, respectivamente);
- Menor nº de CE em comparação com urgências (relação CE/Urg é muito menor que a média).
2º Limitando a análise a Aveiro Norte as conclusões anteriores são ainda reforçadas (+24% que média e +46% que Norte).

Urgências por 1000 habitantes no norte de Aveiro (2005)













Fontes: População - INE (2004); Actividade assistencial - DGS (2005).


Comentários:
1º O nº de Urg/1000 hab é muito elevado em todos os concelhos, salvo em SM Feira, sendo superior á média do Continente em valores que atingem os +89%.
2º O nº de CE é reduzido, excepto no H. Feira e H. S J Madeira.
3º A frequência total (urg+CE) é superior á média do Continente (deve-se ao nº excessivo de «urgências»).

Conclusões:
1ª Esta área geográfica é um bom exemplo do que não devem ser as urgências.
2ª Há que corrigir esta situação anómala eliminando a maioria das urgências, assim repondo os critérios técnicos e de planeamento que têm andado arredados da discussão.
3ª Será de manter atendimento permanente em coordenação estreita com os MF – ou SAP ou atendimento no hospital. Reforçar o atendimento no Verão em Ovar e Espinho.
4ª As modificações não devem ficar-se por mera «cosmética».

COSME ÉTHICO

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17 Comments:

Blogger e-pá! said...

Peço perdão, mas há, neste post, coisas que não entendi bem.

1. Os comentários, uns são constatações numéricas e outros são meras correlações com médias estatísticas nacionais. Não "comentam" o porquê das descrepâncias.
A causa das coisas.

2. As conclusões parecem-me inigmáticas.

Quando se preconiza (cito) " Há que corrigir esta situação anómala eliminando a maioria das urgências, assim repondo os critérios técnicos e de planeamento que têm andado arredados da discussão", estamos a defender:

- a nóvel re-estruturação das urgências proposta pelo MS?
- substituir urgências por "consultas abertas"?
- ou "eliminar a maioria das urgências" significa abandonar os doente à sua sorte?
- a re-educação dos doentes?
- "repor os critérios técnicos e de planeamento"... - os definidos e usados pela comissão de re-estruturação das urgencias?
- outra estrutura de rede?

Agradecia a bondade de ser elucidado...

10:38 da tarde  
Blogger coscuvilheiro said...

Esta análise pretende demonstrar o que já se sabe: há muita porta aberta, há necessidade de reorganizar a oferta para reduzir os gastos, aproveitando a oportunidade para introduzir qualidade na rede.

Acontece que a racionalização da rede de urgências, como está a ser feita, só é entendida pelos administradores. Os utentes que se habituaram às relativas facilidades e os profissionais de saúde, reagem naturalmente mal a estas medidas porque não lhes é dada nenhuma alternativa.

A metodologia de implementação vem muito bem explicada no relatório da OPSS: criar primeiro novas estruturas devidamente equipadas e com os recursos necessários para um atendimento de qualidade. Depois explicar muito bem às populações o que se pretende fazer. Por último efectuar os encerramentos.
Começa-se pelo encerramento de unidades e, então, o povo desconfia.
É de desconfiar!

1:58 da manhã  
Blogger victor said...

Caro e-pá

Agradeço as suas questões que me permitem esclarecer alguns pontos aqui no blogue, que como sabemos é maioritariamente frequentado por pessoas inteligentes e que querem mesmo melhorar o SNS e não apenas comportar-se como bota-baixistas e defensores de lobbies (corporações, fornecedores).

As tácticas que estes vêm aqui usando são algo caricatas:
- Os mais básicos dizem mal das pessoas, rotulam e tentam denegrir ou lançar dúvidas sobre as suas intenções e interesses;
- Os menos básicos, tentam desvalorizar os comentários postados, apontando o que neles não foi tratado (aqui cabe tudo ou quase), tentando estabelecer ligações a políticas, orientações ou medidas que estejam a ser contestadas publicamente (mesmo quando os motivos dessa contestação são a demagogia e o interesse de lobbies).

Actuações deste calibre são de ética duvidosa e revelam apenas a falta de inteligência e de argumentos de quem não consegue contestar as ideias em debate.

Penso que não seja o seu caso, embora não tenha seguido as suas intervenções aqui no blogue por manifesta falta de tempo. Acredito que tenha mesmo ficado com dúvidas e não esteja apenas a usar a táctica acima referida e, por isso, sinto-me no dever de explicar melhor de modo a que, agora, perceba.

1º Convém lembrar que o comentário que «não entendeu bem» se enquadra nas constatações do Aidenós que concluiu haver iniquidade regional em que o Norte é prejudicado quanto aos recursos, utilização e despesa por habitante do SNS. Vimos então que onde os recursos eram elevados havia utilização e despesa excessivas (relação comprovada e citada na literatura científica). Constatámos que a região centro apresentava excessiva utilização de urgência e ofereci-me para juntar quadro que explicasse onde, na região Centro, se verificava. Como aqui há tempos tinha sido focada a outra área com excesso de urgências (Coimbra) apresentei informação sobre o norte de Aveiro.

2º Lembro, apenas para os totós, que os profissionais de saúde e os responsáveis (ex. dos hospitais e dos SU) estão obrigados a combater a utilização excessiva e inapropriada no SNS– cf. Lei de Bases da Saúde, p. ex. Todos sabemos que essa utilização gera consequências negativas, como sejam:

a)Nos custos e utilização de recursos:
–Aumenta a despesa global, devido à duplicação de prescrições e dos próprios actos (consultas no CS e no SU) e devido ao custo superior que têm, horas extra face às consultas normais;
–Cria escassez artificial de profissionais de saúde, dado que a produtividade é muito mais baixa nos atendimentos não programados e assim desperdiçam-se recursos altamente qualificados;

b)Na resposta do SNS (custo de oportunidade):
–O atendimento nas «urgências» retira profissionais que ficam impedidos de efectuar mais consultas, operações e meios de diagnóstico – daí que aumenta a espera e prejudica a resposta do SNS (menos CE, operações, MCDT);
–O gasto excessivo nas «urgências» retira dinheiro que poderia ser investido na melhoria de eficiência e qualidade (ex. das condições de atendimento).

3º Lembro, finalmente, que a despesa excessiva numa região além de gerar iniquidade face à restante população contribui para o défice. Este défice tem corroído a competitividade e leva a maiores impostos (ex. do IVA) que não favorecem a criação de riqueza e de empregos no país (ciclo vicioso de empobrecimento).

Agora vamos ás suas questões.

Diz que há «coisas» que não entendeu bem, mas depois afirma que são meras «constatações numéricas» o que parece contraditório. Fala de «correlações» mas é um equívoco seu porque não se fizeram associações ou estabeleceram relações entre variáveis mostrando uma qualquer relação ou variação conjunta. Apenas se fizeram comparações, verificando o afastamento da média, e se analisou como se comportavam as relações conhecidas (nº CE/nº Urg) nos objectos em análise.

Diz que não se «comenta o porquê das discrepâncias... a causa das coisas». Tenho dois comentários:

1º fico á espera das suas contribuições profundas aqui no blogue a explicar a «causa das coisas»;

2º No post do Aidenós referiu-se que os recursos excessivos (médicos, camas, urgências) geram utilização e despesa excessiva onde existem – por isso é que devem ser combatidos. Muito mais quando são próximos e gratuitos, ou quase.

Refere que as conclusões lhe parecem «enigmáticas» e cita uma frase minha que me parece clara: «eliminando a maioria das urgências, assim repondo os critérios técnicos e de planeamento que têm andado arredados da discussão». Faz essa citação e logo parece resvalar para a táctica já referida, lançando dúvidas no leitor e tentando colar a ideia afirmada a algo contestado (“estamos a defender: a nóvel reestruturação das urgências proposta pelo MS?»). Não consegue mesmo contestar a frieza dos números e das conclusões que eles pedem doutro modo?

Para os colegas menos conhecedores da área geográfica em causa lembro agora:

a)Esta área teve problemas graves de oferta hospitalar durante anos, por deficiência estrutural dos hospitais e por maus acessos, apesar das curtas distâncias a Aveiro e ao grande Porto;

b)Esta situação foi progressivamente corrigida, havendo agora um bom hospital (Feira) e muito bons acessos (por via rápida e auto-estrada);

c)Nesta área abunda a duplicação de meios, SAP de um lado e SU doutro.

Peço agora aos leitores que considerem esta situação e a minha conclusão («manter atendimento permanente em coordenação com MF») e que concluam. Que sentido têm afirmações como «abandonar os doentes á sua sorte» e «reeducação de doentes»? Recuso-me a acreditar que estejamos numa daquelas situações em que a defesa dos doentes serve apenas para mascarar o interesse próprio (ex. de médico que se reforma e vai ganhar 10 cts/hora para «urgência» que não quer ver fachada).

«Critérios técnicos e de planeamento que devem ser repostos» (minha afirmação de que quer ser elucidado)?

1º A «reposição» justifica-se porque ao longo do tempo foram atropelados por pressões quer de autarcas quer de dirigentes de hospitais;

2º É pacífico, em todos os países e junto dos profissionais, o entendimento de emergência e urgência, como também o é de atendimento permanente (trata a doença pouco grave, pequenos acidentes e ferimentos). Naqueles exige-se a presença de um leque variado de especialistas qualificados e treinados e, também, de vários serviços a funcionar em permanência (BO, LAC, Imagiologia, sangue), este é ambulatório não programado quase sempre passível de atendimento por MF.

Só por desconhecimento ou demagogia se pode contestar a estruturação da RRH de urgências em critérios técnicos (proximidade em tempo, dimensão/casuística que o justifique e permita eficácia e qualidade de resposta). Mas repare-se que não foi o relatório que foi citado ou que fundamentou o meu comentário, apenas a irracionalidade da situação actual e a necessidade de melhorar a equidade.

Como contestar as conclusões que apresentei? Lançando poeira e tentando colar a ideia a posições já contestadas, próprio de quem acha que está tudo bem e de quem não está interessado em melhorar o SNS. Por ter acreditado que não seria o seu caso, na dúvida, perdi uma hora nesta explicação.
(nota: acredito que um blogue não é uma «coisa» em que tudo cabe, mesmo a má-língua e a falta de ética, porque a poluição e o ruído têm os seus custos).

2:12 da tarde  
Blogger Doutor Enfermeiro said...

Este comentário foi removido pelo autor.

3:34 da tarde  
Blogger Doutor Enfermeiro said...

Muito bem relembrado caro "Alerta"!

Este post post faz lembrar as operações de cosmética estatística, que tudo deturpam!

Supondo que o meu vizinho tem duas galinhas e eu nenhuma, estatísticamente, em média cada um de nós tem uma galinha, o que não corresponde minimamente à verdade! Este tipo de exemplo demonstra como as relações matemáticas aplicado às ciências socias, podem ser extremamente falíveis! Não vi, em todo o post, indicadores comprovadamente fiáveis para decidir seja o que for!
Enfim, não tem minimamente em conta as contigências da população, as características preconizadas para o SNS, nem a qualidade dos cuidados!!!

É meramente matemática (sem estudos de rectaguarda)! E para já, a menos que provem o contrário, a matemática ainda não é eficaz numa paragem cardio-respiratória! Nem a relação CE/episódios de urgência!

3:43 da tarde  
Blogger saudepe said...

Básico são certamente os comentários do Alerta e do doutorenfermeiro.
O Comes ethico começou por dizer que estas discussões devem ser mantidas por "pessoas inteligentes e que querem mesmo melhorar o SNS e não apenas comportar-se como bota-baixistas e defensores de lobbies (corporações, fornecedores)."
Poupem-nos a mais comentários idiotas.
Obrigado.

8:16 da tarde  
Blogger coscuvilheiro said...

Depois de elucidado, o É-Pá não replicou. Calou-se, emudeceu, perdeu o pio, finou-se.
Silence is gold. Porque a palavra, às vezes, mata.

5:16 da tarde  
Blogger xavier said...

Maria,
Sinceramente, estranhei.
Está explicado.

5:24 da tarde  
Blogger Doutor Enfermeiro said...

O hospital da feira, na realidade é um armazém onde os utentes são atendidos de uma forma expresso. Se esse hospital tem algum sucesso deve-se à qualidade dos profissionais que lá exercem, pois os utentes saem descontentes.
Os portugueses querm atendimento de qualidade, querem humanização, querem profissionais-educadores...

Eu sinceramente, no post original não vejo nenhum fundamento sólido, nem nenhum indicador plausível que reflicta qualidade de atendimento.
O sr. andou foi com malabarias estatísticas e nada mostrou.

8:11 da tarde  
Blogger saudepe said...

Ex-Such
Os básicos são ingénuos (?), naives.Dá-se-lhes o desconto...
O seu caso é diferente.
Nunca lhe vi comentário de jeito.
Tem-se limitado a intervenções curtas, azedas, sibilinas, cínicas, sacanas.
A sua categoria é abaixo de básico.

8:54 da tarde  
Blogger helena said...

Eu acho que todos têm o mesmo direito de intervir, na esperança que os básicos, se tornem menos básicos e os "abaixo de básicos" subam a básicos.

11:23 da tarde  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Caro Cosme Éthico: para se fazer uma comparação justa, a região de Aveiro Norte deveria ser comparada não com a média nacional, mas com outras regiões igualmente industrializadas e desenvolvidas (Lisboa, Porto, Braga-Guimarães, por exemplo) e não com a "média do Continente".
Por outro lado, alguns números que refere em relação à população de Aveiro-Norte são um pouco estranhos: seria interessante se explicasse exactamente o que entende geograficamente por "Aveiro Norte", para percebermos de que é que estamos a falar.
Pelo que percebo do seu texto, este é um caso de procura induzida pela oferta e, em última análise, de risco moral. Confesso-lhe que tenho as maiores dúvidas de que isso seja mesmo verdade - conheço os casos concretos de alguns dos SUs que refere e custa-me muito a acreditar que os utentes os frequentem apenas por desporto.
É evidente que é necessária uma reorganização das urgências nesta zona. No entanto, não me parece que o motivo seja o que aqui refere...
Além disso, não nos devemos esquecer que na prática uma parte significativa dos SUs desta zona são SAPs disfarçados de SUs, pelo que também não vejo como é que uma operação destas possa deixar de ser cosmética...

12:55 da manhã  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

... e deixo ainda mais algumas achegas à discussão:
- Tal como o Cosme Éthico reconhece, esta é uma zona em que o turismo é uma actividade relevante e com impacto nos serviços de saúde. Assim, seria importante que no cálculo da "população" se contabilizasse também a população variável, que passa férias e entope os SUs nesta região;
- É um pouco estranho ver Vila Nova de Gaia (que fica a mais de 70 km de Aveiro e a 1 km do Porto...) classificada como "Aveiro Norte"...
- Nesta região também existem taxas moderadoras e a triagem de Manchester - ou seja, teoricamente a utilização dos SUs já está sujeita a uma "contenção" e a medidas de racionalização e prioritização adequadas, pelo que o argumento do Cosme Éthico não colhe.

11:26 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro cosme metico:

Agradeço-lhe os escalarecimentos que se dignou prestar aqui no blog.

Registo algumas insidiosas afirmações, subjectivamente valorativas, sobre o tipo e o método de colaboração dos leitores do saudesa que, aqui, comentam.
Não me atingem.

Para melhor cabimento interpretativo sobre o meu silêncio, que mereceu diversos qualitativos de alguns comentários, poderia, p. exº., aventar a simples hipótese de ter efectuado umas curtas férias de Carnaval, em local fora do alcance da blogosfera. É que, nesse caso, teria evitado outras insinuações e, acertado.

Voltarei, oportunamente, ao assunto das Urgências e Consulta Externa hospitalar.

10:01 da tarde  
Blogger victor said...

Caro Vladimiro Jorge Silva

Muito obrigado pelas suas questões sobre SUs no Norte de Aveiro. Tentarei esclarecê-las com todo o gosto.

Norte de Aveiro e Aveiro Norte?

- O quadro apresentado detalha os concelhos e a população abrangida, pelo que não compreendo como diz que «seria interessante se explicasse exactamente o que entende geograficamente por Aveiro Norte»;

- A ligação dos 7 concelhos faz-se à Região Norte, daí aparecer como termo comparativo em detrimento do Centro, e com referenciação clínica ao CH Gaia, daí considerarmos população fora da atracção do H Aveiro;

- A análise sem Gaia (Aveiro Norte) permitiu identificar a situação anómala (demasiada frequência de SU) e ver em que concelhos era mais grave (não sei se reparou: a região Norte tem 545 atendimentos/1000 hab, que já é uma enormidade, mas Espinho e Ovar têm 1.213 e 1.109).

«Regiões e não áreas igualmente industrializadas e desenvolvidas (Lisboa, Porto, Braga- Guimarães)»?

- O comentário visava lançar luz sobre o problema de equidade entre regiões identificado pelo Aidenós;

- Algumas áreas, como as que citou, têm hospitais centrais e por isso recebem procura de âmbito local, distrital e regional. Por isso não são comparáveis com «Aveiro norte», que não tem procura regional;

- Note que a situação é ainda mais ANÒMALA porque às frequências referidas devemos adicionar as que resultam de procura no CH Gaia e nos HH do Porto (incluída na Região Norte e não nos concelhos do norte de Aveiro, e é significativa sobretudo para Espinho e Ovar!).

Adicionar a «população que passa férias no verão»?

- Confesso que acho apelativo fazê-lo. Para isso basta que nos diga: de quantas pessoas estamos a falar, em quantos dias (meses), qual a % que recorre à urgência, de que hospitais? É maior que a correspondente da Região Norte? È muito significativa face ao total da população dos concelhos?

- De qualquer modo repare que numa das conclusões apontámos para a necessidade de reforço do atendimento permanente no verão em Ovar e Espinho. Não chega?

«Distâncias de 70 km com 1 km de Gaia ao Porto»?
–As distâncias entre HH não são um problema, aliás são ridiculamente pequenas e fazem-se por via rápida e auto-estrada: Ol.Az. a SJM (9Km) a V. Cambra (12Km) e vão 3 HH; Espinho a Feira (11km) e Ovar à Feira (13km) e vão mais 3 HH. (6 HH com distâncias que não superam os 13 km)

–(questão de considerar ou não Gaia já foi explicada).

«Procura induzida pela oferta e risco moral... »?

–O efeito indutor na procura de ter mais médicos e camas está bem documentado em muitos artigos científicos;

–Se a oferta está próxima (distâncias são ridículas em tempo necessário e custo, bombeiros abundam), é fácil (não demasiadas horas à espera) e grátis (as taxas moderadoras que refere não são muito significativas ... até porque grande parte não as paga – vide Público de hoje)... então SIM!

«...Não frequentam por desporto»: não se trata de frequentar por desporto mas sim de usar o que está próximo, grátis e fácil. Assim se não corrigirmos a oferta, a situação anómala manter-se-á;

«Necessidade de reorganização das urgências»

–Reconhece a necessidade de reorganizar as urgências. Porque identificou a situação anómala ou porque acha que há problemas apenas noutros locais (e porquê)?

–Há problemas em «Aveiro norte» não por questões de planeamento mas, pelo contrário, porque os lobbies (profissionais, autarcas e políticos) ao longo de anos foram «construindo» SUs onde a RRH nunca os previu, porque não se justificam, e é essa situação que agora temos que corrigir, só isso.

Sobre as consequências da utilização inapropriada remeto o caro colega de blogue para o meu comentário anterior. Apenas acrescentarei o seguinte sobre as «urgências»:

a)A sua multiplicação nunca permitirá ter segurança e qualidade;

b)A maior oferta de SUs gera maior procura inapropriada que todos devemos combater porque conduz a maiores custos (sustentabilidade do SNS), pior saúde e menos equidade;

c)Aquela maior oferta gera um circulo vicioso que é necessário quebrar:
–Os MF gastam muito do tempo em SAP e SUs (verdadeiros ou falsos) e não estão nos CS a fazer consultas ou atendimentos, isto é, gera pessoas sem MF e marcação de consultas com muito tempo á espera, o que por sua vez convida as pessoas a recorrer às «urgências»;
–Os médicos dos HH dedicam a maior parte do tempo ao SU e falta-lhes tempo para consultas e operações (há um estudo de 2001 que comprova que o nº de horas médicas nos SUs dos HH de Aveiro representa 37,8% do total, nas CE apenas 12,3% e no BO 19,4%). Com lista de espera maior, maior recurso ao SU.

É necessário haver atendimento permanente nos CP mas essa oferta deve fazer-se, por regra, não através dos famigerados SAP (ou SUs disfarçados de SAP) mas por:

a)Recurso ao call-center do SNS (quando começa a funcionar?) com orientação para os cuidados que melhor se adequam á situação. O INEM, nas situações mais graves, deve garantir cobertura total, maior capacidade de resposta e de encaminhamento para os locais adequados;

b)Organização dos MF como previsto nas USF: além dos períodos programados reserva de blocos horários para atendimento não programado dos doentes de cada MF; há entreajuda e inter-substituição dos MF para atendimento quase imediato; MF fazem atendimentos telefónicos e no domicílio dos seus doentes;

c)Pode haver consulta permanente, nos CS (alternativamente nos HH, por acordo com MF) e nas grandes aglomerações que o justificarem.

Este modelo responderá muito melhor, em qualidade e tempo de resposta, que o actual permitindo ainda melhorar a oferta programada e, assim, a eficiência de HH e CS.

Assim defendo que neste quadro devemos actuar sem demagogia e combater:

–A oferta anómala (eliminar e pugnar para que os critérios técnicos e o planeamento seja reposto);

–A procura indevida (duplicada, injustificada, inapropriada), fruto de excessiva indisciplina de alguns doentes, que se verifica em Portugal;

–Fazer cumprir as regras estabelecidas – ex. pagamento das taxas moderadora quando são devidas.

Esta situação é eticamente correcta (não esbanjar recursos indevidamente e com iniquidade) e não representará «mera cosmética».

Penso que o caro Vladimiro, como pessoa inteligente e que quer melhorar o SNS (já o provou sobejamente), não deixará de concordar comigo.

COSME ÉTHICO

10:10 da tarde  
Blogger coscuvilheiro said...

Caro É-Pá

Os habituais comentadores deste blogues não têm conseguido pregar olho tal é a ansiedade em relação aos seus prometidos comentários.

Temos informação que CC, habitual frequentador da SaudeSA, partilha igualmente desta ansiedade, tendo, inclusivé, até perguntado a um dos seus assessores, o que era feito daquele comentador de Coimbra com nome de gelado.
O asssessor, trapalhão como de costume, respondeu que o "perna de pau" já não se comercializava.

Caro É-Pá, veja lá, não deixe mal o maralhal de Coimbra. Responda lá ao homem. Como sabe e puder. Ao menos tenha uma gentileza para quem teve a bondade de o elucidar.
Disse elucidar?
Talvez quissesse dizer baralhar.

10:00 da manhã  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Caro Cosme Éthico:

Começo, naturalmente, por agradecer a deferência da resposta. Aliás, é disto que eu gosto no Saúde SA: desde que as pessoas estejam genuinamente interessadas no debate (político ou técnico), obtêm-se trocas de ideias extremamente proveitosas e interessantes.
Vejo pelos seus comentários que de facto não estamos totalmente em desacordo.
No entanto, passo a explicar as razões que me levaram a questioná-lo daquela forma:
- Embora a RRH tenha uma arquitectura própria, provavelmente pensada por quem de direito e seguramente baseada em razões técnicas de inegável valia, causou-me estranheza verificar que do seu estudo não fazem parte alguns concelhos do Norte do distrito de Aveiro (Castelo de Paiva, Estarreja, Murtosa e Albergaria-a-Velha). No entanto, a verdade é que o seu trabalho é válido para aquele conjunto de concelhos, embora a mim me parecesse preferível outra nomenclatura que não "Aveiro Norte", pois esta poderá induzir em erro os menos familiarizados com a RRH;
- Aceito o argumento da não existência de referenciação regional naquela região, embora com alguma reserva, pois o Hospital da Feira actualmente também recebe doentes de concelhos não incluídos no estudo;
- Acho que a questão da população variável no Verão não pode ser omitida do cálculo, pois como reconhece no seu estudo, há concelhos em que este factor é especialmente relevante. Aliás, repare-se nos casos de Ovar e Espinho, em que as CE/1000 habitantes são cerca de 60% da média nacional e as Urg/1000 habitantes são mais ou menos o dobro da média. Se nestes concelhos houvesse uma tendência para a sobreutilização dos serviços de saúde, seria expectável que ela também se verificasse nas CE e não apenas nos SU!
- Por outro lado, penso que concordará que para se fazer uma comparação justa seria necessário encontrar outro conjunto de concelhos com características semelhantes - esta amostra, como já referi, tem alguns importantes factores de enviezamento: inclui um hospital "quase central", dois importantes pólos turísticos e é proveniente de uma área fortemente industrializada. Ou seja, não me parece correcta a comparação com a "média nacional", pois pelas razões expressas, esta é uma amostra da qual à partida se esperam frequências de CE e Urgências superiores à média. Seguramente que as suas conclusões seriam diferentes se excluíssemos Ovar, Espinho e a Feira da equação;
- Como tenho conhecimento directo de alguns destes HHs, reafirmo as minhas dúvidas em relação ao risco moral... inclusive já senti na pele de utente do SNS a experiência de esperar 3 horas no SU da Feira pelo atendimento de um familiar com uma fractura na mão e devo dizer que não recomendo a experiência a ninguém.

Em relação às soluções a seguir, na minha opinião dever-se-ia assumir a existência de SAPs-24 horas (ou, se se preferir, USFs-24 horas) e melhorar as condições dos SUs actualmente existentes, fazendo encerramentos só depois de assegurado o atendimento permanente noutros locais.
É evidente que a linha Saúde 24 é um recurso desperdiçado e sub-utilizado.
Mesmo que de facto actualmente se viva numa situação de falsa segurança, a verdade é que não se podem encerrar de um momento para o outro SUs que atendem dezenas de milhares de pessoas por ano, remetendo-as para SUs que, embora estejam mais bem preparados, actualmente já têm dificuldade em atender a todas as solicitações... ou seja, sim à reorganização, mas cuidado com as generalizações!

2:05 da tarde  

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