terça-feira, março 13

SUB





Parece-me bastante evidente que a necessidade de criação dos SUB advém da insuficiência dos cuidados de saúde primários. De facto a prática dos médicos de clínica geral parece completamente espartilhada pelo horário em que desenvolvem a sua actividade. Mesmo o modelo das USF me parece não garantir a resposta integral às solicitações dos doentes inscritos numa determinada lista de um determinado médico. A funcionalização da prática da medicina é irreversível, com todos os prós e contras que acarreta. Deve reconhecer-se que médico não é missionário e tem o mesmo direito que qualquer outro profissional aos seus períodos de descanço; a única observação a fazer é que é desejável que o período seja mesmo de descanço e não de acumulação de trabalho, em instituições diversas, sob o chapéu de SU e o recebimento de horas extraordinárias! Contabilizando o número total de horas de trabalho semanal pagas de muitos médicos, facilmente se conclui que, se estivessem realmente a trabalhar, já teriam morrido de exaustão!

Devo reconhecer que os mais culpados por esta situação não são os médicos (todos somos humanos e gostamos de ganhar dinheiro e, se for de forma fácil tanto melhor) mas sim os dirigentes e decisores que cedem à politiquinha local e alinham na demagogia e no caminho mais fácil. Explicar, educar, esclarecer dá trabalho. Primeiro é preciso estudar, analisar, compreender e depois transmitir as conclusões e caminhos a seguir. Pensar longe cansa! O pensar pequenino e imediatista é sempre mais satisfatório a curto prazo. E depois, quem vier atrás que feche a porta.

Do que não tenho dúvidas é de que a última oportunidade de salvar o SNS com a forte componente social e solidária que desejamos está nas mãos desta equipa ministerial. Bom seria que os que já ocuparam cargos e lugares em que poderiam alterar muita coisa e não o fizeram, não sejam agora dos primeiros a arremessar pedras.
Mais uma vez me permito lembrar a responsabilidade de todos no caminho que o SNS levar. Teorizar sem concretizar nunca trouxe progresso palpável.
Haja profissionalismo e honestidade.
Maria

14 Comments:

Blogger saudepe said...

Do que não tenho dúvidas é de que a última oportunidade de salvar o SNS com a forte componente social e solidária que desejamos está nas mãos desta equipa ministerial.

Esta é (prafraseando o gato no skecht anterior) uma questão que o povo rijo e que aguenta se esquece.

6:47 da manhã  
Blogger coscuvilheiro said...

Não tem capacidade para manter o SNS sustentável?

Oh minha cara Alerta!
Então não é verdade que ao fim de muitos anos, CC conseguiu cumprir o orçamento da Saúde?

Então e as medidas de racionalização da rede de cuidados primários e diferenciados propostas por CC?

Pela primeira vez há um ministro que apresenta um conjunto de medidas de reforma dirigidas a todos os sectores da saúde.
O problema é que as reformas impõem sacrifícios.
O Zé português concorda que é necessário fazer reformas mas não quer arcar com os sacrifícios.

Uma coisaé certa,o próximo ministro irá acelerar o processo de privatização e completar de forma rápida a destruição do nosso sistema de saúde baseado na solidariedade.

9:37 da manhã  
Blogger tonitosa said...

O problema é muito este: defacto é sempre o Zé a pagar as favas. E, por isso, já está cansado de fazer sacrifícios.
Aos outros, aos que têm todas as possibilidades de pagar os cuidados de saúde e aos políticos e quadros superiores que não precisam de pagar nem de figurar nas listas de espera (entram de imediato e até lhes é destinado um quarto privativo mesmo nos HH SPA's ou EPE's), a esses as medidas de corte de benefícios e de dificuldade acrescida no acesso, não incomodam.
E com tudo isto, qual Povo rijo, qual carapuça?!
Ainda não há muitos dias se viu na TV o miserável estado do SAP de Camarate. E para acabar com estas situações esta equipa ministerial nada tem feito.
É isto o Zé sente na pele. E isto que o Zé não quer!

1:47 da tarde  
Blogger bininho said...

o hospitalepe, está cego? ou defende cegamente CC?

"Então e as medidas de racionalização da rede de cuidados primários e diferenciados propostas por CC?" Quais? as USF? Acha que vão racionalizar alguma coisa? vão é destruir a pouca estrutura de CSP que ainda temos. Para já, já estão a partir centros de saúde em dois e a estabelcer pressão para custos não previstos: obras, equipamentos...

"Pela primeira vez há um ministro que apresenta um conjunto de medidas de reforma dirigidas a todos os sectores da saúde" ????? Pela primeira vez? lmebro-lhe só dois que tinham ideias de reformas dirigidas a todos os sectores da saúde: Maria de Belém e Luís Filipe Pereira; em relação a CC, surpreende-nos que afirme tal coisa. Senão veja, onde estão as reformas nas carreiras? que reformas nas tecnologias da saúde? que avanços nos cuidados domiciliários? que avanços no aumento das vagas em medicina? onde estão as necessárias auxiliares de enfermagem? onde está a integração efectiva dos terapeutas no SNS no melhor interesse do doente? Onde está o reforço dos genéricos? quer mais?

E o seu comentário mais gracioso:
"Então não é verdade que ao fim de muitos anos, CC conseguiu cumprir o orçamento da Saúde?" CLARO QUE NÃO. o QUE cc TEVE FOI UM 'ORÇAMENTO DA VERDADE'. Ou seja, teve mais dinheiro que, isso sim, alguma vez algum ministro da saúde teve. O que conseguiu fazer com tanto dinheiro? Resultados em 2 anos? A montanha pariu um rato. A Questão que surge de seguida é esta: para o ano, o orçamento terá que diminuir! Como é que CC vai fazer?

E o saudepe, é patético. A última oportunidade "de salvar o SNS com a forte componente social e solidária"? Não brinque com a gente. Só se está a referir-se ao príodo de 1996-1998 com a Maria de belém e o Sakellarides. Essa sim, foi a última oportunidade. CC nunca teve intenção de o fazer. Sabia que já era tarde e tratou de negociar a divisão do espólio. Porque é que acham que os grupos privados estão tão calmos? Esperemos pelas recomendações da comissão do financiamento para percebermos todos melhor o argumento do filme.

4:04 da tarde  
Blogger saudepe said...

A Governação de CC
a) boas contas:
cumprimento rigoroso do orçamento da Saúde 2006.
Crescimento zero da despesa com medicamentos (ambulatório)cumprimento do limite proposto de 4% da despesa hospitalar.
b) - Lançamento da discussão pública sobre a sustentabilidade do SNS. Elaboração de estudo.
c) - Estudo sobre a racionalização da rede de urgências;
d) - Empresarialização e centralizações hospitalares;
e) Combate ao monopólio das farmácias liderado pela toda poderosa ANF liderada pelo ex secretário de Estado de Leonor Beleza, Costa Freire;
f) -Liberalização das farmácias;
g) Reforço do Plano Nacional de Saúde;
h) Reforma doscuidados primários;
i) Criação da rede de cuidados continuados (...)

9:08 da tarde  
Blogger coscuvilheiro said...

O povo são os corporativos da Saúde.

10:33 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Tantas medidas de CC!...
Onde estão os resultados positivos dessas medidas?
E será que a realização de estudos (tantos estudos, meu Deus) resolve os problemas do SNS?
A propósito do Orçamento da Saúde 2006: não foi Francisco Ramos que disse que o saldo se deve à saída de dois grandes hospitais das contas do SNS e à contribuição recebida dos jogos da SCML?!
Mas...fica bem ao defensor oficioso tentar convencer-nos de que o "seu" ministro "é o melhor ministro da saúde".
Por mim não lhe levo nada a mal que o faça!...

11:14 da tarde  
Blogger saudepe said...

Não se trata de ser defensor oficioso. É por gosto e convicção.
A lista ´de realizações é mais extensa.
Nos próximos dias vou preparar convenientemente a lista e respectivo grau de realização.

Com esta crise das Urgências já estavam todos a afiambrar. Pensaram que a mudança era para já. Mas ainda vão ter muitas surpresas.
Entretanto, cá vou cumprindo o meu papel: aviar os corporativos e os ressabiados das farmácias.

De qualquer maneira, um abraço para o Tonitosa, com quem eu não concordo em absoluto, mas respeito, por ser um adversário corajoso.

11:33 da tarde  
Blogger saudepe said...

Quanto a um tal bininho que apareceu recentemente por aí a dizer umas larachas, não conheço nem me foi apresentado.
Por enquanto não tem direito a resposta.
Está em avaliação.

11:46 da tarde  
Blogger Peliteiro said...

Caro saudepe,
Até acredito que "entretanto, lá vá cumprindo o seu papel: aviar os corporativos e os ressabiados das farmácias".

Agora, pelo que se vê Correia de Campos não faz o mesmo. Ele é que foi aviado!

12:36 da manhã  
Blogger saudepe said...

Longe disso, longe disso.
Foi só o primeiro round.
Um abraço para o Mário Sá Peliteiro.

12:46 da manhã  
Blogger Qtolomeu said...

Não brinque saudepe.
Toda a gente sabe que o que lhes faz doer é abrir farmacias.

Para os quebrar CC tem que abrir no minimo 1.000 farmacias.

1:21 da manhã  
Blogger tonitosa said...

A Maria, preocupada com a defesa do actual MS, enumerou um lista interessante de problemas graves existentes no SNS, perguntando se são culpa de CC. E perguntou: é isto que queremos salvar? É nisto que não queremos mexer?
Outros males poderiam ainda ser referidos como as listas de espera cirúrcicas, o tempo de espera nas consultas de ambulatório, o agravamento das depesas para os utentes com taxas moderadoras e de "punição"; a redução das comparticipações nos medicamentos; as condições precárias de trabalho para os profissionais e utentes dos centrso de saúde, etc.
E poderia continuar a Maria a perguntar se tudo isto é ou não culpa de Correia de Campos.
Teríamos então, claramente duas respostas: uma directa, culpando CC pelas más medidas que tomou neste seu "reinado"; outra indirecta culpando CC por aquilo que não fez para acabar com os problemas existentes neste mesmo seu "reinado".
Se a Maria pretende dizer que o "caos" que as situações por ela inventariadas representam são responsabilidade dos anteriores ministros da saúde, então temos que recordar que CC fez parte dessa lista.
Mas seja como for, o actual Ministro, como qualquer outro em qualquer governo, é sempre o primeiro responsável pelo que se passa na saúde.
E por isso lhe devem ser atribuídas as coisas boas, como as más. Porque se assim não fôsse, então teríamos mesmo que ir mais longe e ver das coisas boas as que já vinham em curso de realização quando CC assumiu funções.
E o saldo para CC seria ainda mais negativo.
A Maria trouxe-nos á memória muito do que está mal na saúde e obviamente que é nisso, também, que é preciso mexer.
Depois é preciso também mexer naquilo que está menos mal, melhorando-o.
PS: volto a lembrar aqui as declarações de António Arnaut na SIC/Notícias e a crítica que fez à política de CC.

10:47 da manhã  
Blogger laginha said...

éoquetemos, quer então dizer que deviamos ser mais objectivos e assumir claramente que as reformas em curso são para reduzir despesa e mais nada!

Concordo que é assim e duvido que possa ser de outra maneira. Falta é coragem para dar a cara por essa política, como dizia o saudepe faz uns dias. E pergunto se deveria ser CC sozzinho. Porque é que Sócrates se esconde e se mantém afastado de tudo isto?

Mas também não discordo do que dizia o PKM num dos seus textos recentes no DE e que gerou muita oposição dentro do PSD: "As funções de responsabilidade nas organizações do ministério da Saúde são verdadeiros sacrifícios em prol do serviço público. Merecem o nosso respeito os que as protagonizam".
Curioso, é que parece que esse comentário do PKM gerou pressões de algumas figurinhas do PSD sobre o DE (inlcuindo o cómico Patinha Antão) que exigiram escrever no DE a atacar a política de CC para equilibrar as opiniões no DE. A seguir apareceram o Negrão e um tal de Valadares Tavares. Figurinhas que escreveram por oportunismo e agora ficaram outra vez sem assunto. É essa a diferença.

Salvar a componente social e solidária do SNS depende de salvarmos a componente social e solidária do Estado. O Esatdo é um Todo. O SNS é apenas uma parte. Por isso o Primeiro Ministro deveria estar a dar a cara pela actual política da saúde.

De quem é a culpa do estado de coisas a que chegaou o SNS? De todos nós que lá trabalhamos. Não acham? É claro que somos manipulados pelas industrias e é claro que também manipulamos pelos nossos intereses de grupo e pomos os docentes como o último elemento a influenciar o sistema. O que nos leva a uma conclusão: somos nós que temos que mudar as coisas. E o próximo ministro deveria ser alguém novo (no sistema, não necessariamente com menos de 35 anos) que tivesse uma visão refrescada dos sistemas de saúde. Alguém que tenha vivido e trabalhado fora do país mas com bagagem cinetífica, académica e intelectual e que acima de tudo transferisse para nós, os profissionais, a iniciativa da mudança. Ou talvez CC consiga fazer uma reciclagem? será possível?

2:21 da tarde  

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