terça-feira, junho 12

Alfama



(...)
Mora num beco de Alfama
e chamam-lhe a madrugada;
são mastros de luz doirada
os ferros da sua cama.

E a sua colcha amarela
a brilhar sobre Lisboa,
é como a estatua de proa
que anuncia a caravela,
a sua colcha amarela
a brilhar sobre Lisboa.
david mourão ferreira

1 Comments:

Blogger naoseiquenome usar said...

É já o fogo?
São dois olhos de gata, ou de regato...
De qualquer modo, um verde pouco exacto.
e de fogo, ou de fonte, inquieto, o brilho.


mas porque me inquieto e porque brilho
de terrror ante o seu verde retrato?
Em que fogo, afogado, me debato?
Porque me treme o dedo no gatilho?

Agora é tarde. agora é mais que tarde.
Não há gesto, nem arma que me guarde
em deserto nenhum me abrigarei.


Água? Fogo? Não sei o que me invade....
Onde estavas, revólver da vontade,
quando, ao vê-la, de mim não disparei?



A arte de Amar - David Mourão-Ferreira, Antologia Poética, Círculo cde Leitores, Maio de 1992, edição 3160, fls. 90.

Título:
"revólver"

11:40 da tarde  

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