CC: Nunca vou a um SAP, nem nunca irei !...
A entrevista de CC no que respeita a uma eventual ida a um SAP fez-me recuar aos meus tempos de estudante.
Nessa altura, integrava um grupo de Teatro Universitário. Este facto, permitiu-me uma convivência aberta, frutífera e enriquecedora, com eméritas e interessantíssimas figuras e personagens do Teatro português. Eram os encontros, eram as peças, eram os textos dramáticos, eram os encenadores, eram os festivais.
Nós, estudantes, estavamos embrenhados num tipo de teatro, que não sabiamos definir muito bem, mas que podemos considerar, grosso modo, como "um teatro de intervenção".
Debruçavamo-nos sobre o teatro neo-realista e épico de Brecht, ficavamos extasiados com o Teatro do Absurdo de Artaud, bebíamos ávidos as notícias do Living Theatre, nascido sob a influência de Malina, Piscator e Beck, vindas de N. York, etc.
Era um mundo efervescente, excitante. E longínquo, já que viviamos em ditadura.
Por cá nada de novo. Vasco Morgado produzia comédias e as revistas "à portuguesa". Laura Alves (sua mulher) pontificava no estrelato nacional.
Num desses intermináveis diálogos, trocas de impressões ou amena cavaqueira, já não me recordo, veio a talhe de foice, esse "teatro comercial".
Confessei, então, que nunca tinha visto actuar Laura Alves. Um grande homem de teatro, já desaparecido, Fernando Gusmão, retorquiu-me: pois, fazes mal! Enquanto andas a fazer teatro para meia centena de "estudantecos", Vasco Morgado, com Laura Alves no cartaz, faz teatro que enchem o Monumental toda a época e é visto por milhares de portugueses.
Não há teatro sem público!
Fiquei intrigado, pois esse tipo de teatro comercial era, no nosso radicalismo estudantil, uma coisa execrável, sem qualidade, merecedora do mais profundo desprezo.
De qualquer maneira fiquei com a "pedra no sapato". E, numa oportunidade em deambulação artística por Lisboa, lá fui - surrateiramente e envergonhado - ao Monumental ver a Laura Alves, numa revista.
Saí, desiludido com o conteúdo dramátco, mas "cilindrado" com a adesão do público e "impressionado" com o talento de Laura Alves.
Cheguei a Coimbra e interessei-me pela revista à portuguesa, as suas origens, os seus precursos. Algum tempo depois estava embrenhado no quase centenário "Théâtre de Vaudeville" que, ao lado das populares "operetas", na altura, considerava como os prováveis percursores da famosa revista à portuguesa. E surgiam-me envolvidos neste tipo de teatro actores e actrizes como Mae West, Will Rogers, Buster Keaton, Charlie Chaplin, the Marx Brothers, etc.
Depois, continuei a frequentar, silenciosamente, maliciosamente, as revistas, no Monumental ou no Parque Mayer, onde tinha "jurado" nunca entrar. Sempre "encostado" a muitos portugueses, que acorriam em 2 sessões nocturnas, quase sempre com a casa cheia.
Finalmente, com o 25 de Abril o teatro de revista afundou-se... e já não vou às sessões.
Fim da história.
Este longo trajecto teatral sugeriu-me que CC deveria, ao contrário do que pensa, ir a um SAP.
Primeiro, para compreender a razão porque os autarcas movimentam multidões á volta dos SAP's, aparentemente tão desqualificados.
Depois, para ter uma noção exacta dos percursores das SUB's, que tardam em aparecer.
E, finalmente, para falar aos jornais, compassadamente, mais calmo, menos assertivo.
Como se viesse de férias!
Adenda:
Resta-me reafirmar que estou de acordo com a necessidade de reestruturação das urgências, nomeadamente, com as soluções apontadas no relatório da Comissão.
Outra coisa, será a minha compreensão ou a anuência em relação aos processos e às metodologia de implementação...
Nessa altura, integrava um grupo de Teatro Universitário. Este facto, permitiu-me uma convivência aberta, frutífera e enriquecedora, com eméritas e interessantíssimas figuras e personagens do Teatro português. Eram os encontros, eram as peças, eram os textos dramáticos, eram os encenadores, eram os festivais.
Nós, estudantes, estavamos embrenhados num tipo de teatro, que não sabiamos definir muito bem, mas que podemos considerar, grosso modo, como "um teatro de intervenção".
Debruçavamo-nos sobre o teatro neo-realista e épico de Brecht, ficavamos extasiados com o Teatro do Absurdo de Artaud, bebíamos ávidos as notícias do Living Theatre, nascido sob a influência de Malina, Piscator e Beck, vindas de N. York, etc.
Era um mundo efervescente, excitante. E longínquo, já que viviamos em ditadura.
Por cá nada de novo. Vasco Morgado produzia comédias e as revistas "à portuguesa". Laura Alves (sua mulher) pontificava no estrelato nacional.
Num desses intermináveis diálogos, trocas de impressões ou amena cavaqueira, já não me recordo, veio a talhe de foice, esse "teatro comercial".
Confessei, então, que nunca tinha visto actuar Laura Alves. Um grande homem de teatro, já desaparecido, Fernando Gusmão, retorquiu-me: pois, fazes mal! Enquanto andas a fazer teatro para meia centena de "estudantecos", Vasco Morgado, com Laura Alves no cartaz, faz teatro que enchem o Monumental toda a época e é visto por milhares de portugueses.
Não há teatro sem público!
Fiquei intrigado, pois esse tipo de teatro comercial era, no nosso radicalismo estudantil, uma coisa execrável, sem qualidade, merecedora do mais profundo desprezo.
De qualquer maneira fiquei com a "pedra no sapato". E, numa oportunidade em deambulação artística por Lisboa, lá fui - surrateiramente e envergonhado - ao Monumental ver a Laura Alves, numa revista.
Saí, desiludido com o conteúdo dramátco, mas "cilindrado" com a adesão do público e "impressionado" com o talento de Laura Alves.
Cheguei a Coimbra e interessei-me pela revista à portuguesa, as suas origens, os seus precursos. Algum tempo depois estava embrenhado no quase centenário "Théâtre de Vaudeville" que, ao lado das populares "operetas", na altura, considerava como os prováveis percursores da famosa revista à portuguesa. E surgiam-me envolvidos neste tipo de teatro actores e actrizes como Mae West, Will Rogers, Buster Keaton, Charlie Chaplin, the Marx Brothers, etc.
Depois, continuei a frequentar, silenciosamente, maliciosamente, as revistas, no Monumental ou no Parque Mayer, onde tinha "jurado" nunca entrar. Sempre "encostado" a muitos portugueses, que acorriam em 2 sessões nocturnas, quase sempre com a casa cheia.
Finalmente, com o 25 de Abril o teatro de revista afundou-se... e já não vou às sessões.
Fim da história.
Este longo trajecto teatral sugeriu-me que CC deveria, ao contrário do que pensa, ir a um SAP.
Primeiro, para compreender a razão porque os autarcas movimentam multidões á volta dos SAP's, aparentemente tão desqualificados.
Depois, para ter uma noção exacta dos percursores das SUB's, que tardam em aparecer.
E, finalmente, para falar aos jornais, compassadamente, mais calmo, menos assertivo.
Como se viesse de férias!
Adenda:
Resta-me reafirmar que estou de acordo com a necessidade de reestruturação das urgências, nomeadamente, com as soluções apontadas no relatório da Comissão.
Outra coisa, será a minha compreensão ou a anuência em relação aos processos e às metodologia de implementação...
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