segunda-feira, junho 4

Parcerias


Depois de algum tempo fora dos HHs, regressei recentemente a um HH SPA.

A mesma dedicação, competência, e espírito de sacrifício de um pequeno núcleo de profissionais médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares, operários a suportar todo o funcionamento de uma estrutura obsoleta, desorganizada, com elevado nível de ineficiência.
Ausência de procedimentos e instrumentos elementares de gestão. Instalações e parque de equipamento degradado. Decisões a esbarrarem no poder inexpugnável das corporações e de pesada burocracia. Inevitável: baixa motivação, problemas de qualidade do atendimento, passivo elevado.
É neste quadro que, ultimamente, tenho reflectido sobre as eventuais vantagens dos projectos PPP para ultrapassar o atraso de alguns HHs do SNS.
Não fora a incapacidade do Estado em supervisionar/fiscalizar contratos…

9 Comments:

Blogger cotovia said...

Precisamente.

As PPP visam substituir o poder das ditas corporações pelo poder das empresas privadas, responsáveis pela gestão das futuras unidades hospitalares do SNS.
Fazemos votos para que os actuais HHs do SNS, campeões do desperdício não sucumbam à cura da eficiência.

12:30 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

Trabalhar com a ESS, José Mello saúde, HPP, Cespu, dará gosto à exploração privada do ambicionado sector da saúde!

12:46 da manhã  
Blogger saudepe said...

O problema das PPP é vasto e complexo.

Como temos visto no concurso do hospital de Braga, o valor das propostas dos concorrentes tem ficado muito abaixo do comparador público.

Preços especulativos significam forçosamente compromisso com a qualidade e acessibilidade dos doentes.
No caso do hospital universitário de Braga não augura nada de bom.

1:01 da manhã  
Blogger Hospitaisepe said...

O problema deste contrato é a sua complexidade, uma vez que engloba a construção do edifício (20 anos) e a prestação de cuidados (dez anos).
Trata-se de um novo tipo de contrato de que não há experiências anteriores na união europeia de que se pudessem tirar ensinamentos.
Tanta complexidade aliada à incapacidade do nosso Estado em fiscalizar contratos é de esperar o pior.

9:24 da manhã  
Blogger daniel said...

"Grupo Espírito Santo Saúde assegura assessoria financeira ao projecto do novo hospital de Angra do Heroísmo

O grupo Espírito Santo Saúde vai garantir a assessoria financeira do projecto para a construção do novo hospital de Angra do Heroísmo, cuja assessoria jurídica estará a cargo da empresa Sérvulo Correia Associados.

Os contratos consagrando tais concessões são assinados na próxima quinta-feira dia 20, às 16:15 horas, no Palácio dos Capitães Generais, em Angra do Heroísmo, numa cerimónia a que preside o chefe do Governo Regional, Carlos César.

Com a subscrição desses documentos arranca, formalmente, o processo que permitirá ao executivo lançar o concurso público para o novo hospital da ilha Terceira."

(in www.azores.gov.pt)

Obviamente que se trata apenas de um concurso de construção e não de exploração do estabelecimento.

No entanto, sabemos que o Espirito Santo controla a estrutura accionista da OPCA e tem sido parceiro da Mota-Engil nos restantes concursos de parceria publico-privada.

Algúem acha isto normal...!?

3:45 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Inside trading, meu caro xavierb.
Este caso já foi abordado aqui na saudesa há uns meses atrás.
Com esta adjudicação a ESS recolhe experiência que lhe dá vantagens futuras relativamente a outros concorrentes.

5:21 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

Caramba xavierb essa notícia já tem um ano de idade. Barbas portanto.

10:06 da tarde  
Blogger daniel said...

Claro que sim. Mas o concurso terminou a semana passada e a OPCA ficou em primeiro lugar logo seguida da Mota-Engil....

11:22 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Caro Xavier
(sobre o "grito" do post - um desabafo pessimista):

É a vida!

Todos – no SNS - sofremos brutais desilusões nos últimos tempos.
As boas novas, ansiosamente esperadas, teimam em não chegar. Godot, não chega!
O que vemos na Saúde é o antípoda do movimento “desconstrutivista” que, embora polémico e questionador, tem vivificado a Arquitectura. “Desconstuir”, para os arquitectos, é erguer o Guggenheim de Bilbau. É compreender, p. exº., Frank Gehry (que não veremos no Parque Mayer).
Na Saúde (em Portugal) “desconstruir” é, tão somente, instabilizar, inviabilizar, fragmentar, destroçar, não completar, demolir…
É não entender CC, o MS, o Governo.

Quem viveu e conviveu, durante largos anos, com o SNS, hoje, sente-se enredado numa teia de afectividades e cada vez menos vinculado às realidades. As soluções técnicas, as apetências renovadoras, as motivações sociais, a realização profissional, são quiméricas abstracções. Ou despudoradas abstenções do ser (médico, AH, economista...).
O desalento cresce, floresce, frutifica.

O SNS está envolvido numa densa espuma dissolvente… .
O vazio instala-se. As parcerias (PPP) são o sobrenadante dessa espuma. Ou a "persona" (a máscara).

A luta política (pura e dura), no campo da cidadania, pelas causas (e coisas) sociais, entrou na ordem do dia. Galgou os muros dos HH's, CS's e de todos os ambientes que se vão tornando concentracionários.

Ou, então, se quisermos ser tétricos, celebremos o “noivado do sepulcro”.
Porque, como dizia o trovador, a morte saíu à rua...

E, por hoje, basta!

12:04 da manhã  

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