sábado, junho 16

HHs Mário Soares, não encerram

Brindemos!


Caro Aidenos:

O "Mundo Hospitalar" é muito mais complexo do que a síntese que pretendeu fazer. E esta complexidade que - nos HH públicos - se têm tornado pouco transparente, vítima de intrigas internas, bloqueios (ou destruição) de carreiras, ausencias de incentivos, etc., envolve não só os médicos mas todos os trabalhadores.
No que respeita, aos profissionais médicos que, exercendo uma "medicina liberal", de forma não organizada (retirei o "supostamente desorganizada") mereceram ser considerados uma "ameaça" para o SNS, nos seguintes termos:
"Não é a medicina liberal que é uma ameaça para o SNS, mas sim o seu exercício pela grande maioria dos profissionais, em acumulação com funções no SNS", parece-me estarmos em presença de um "espantalho" ou da repetição exaustiva de argumentos que valem essencialmente pela sua repetição.

Penso que número significativo dos médicos hospitalares do quadro dos SPA (desconheço as percentagens exactas) estão em regime de exclusividade.
Logo aqui não existirão grandes problemas, porque o sistema estará defendido pelos profissionais em exclusividade.
Nos HH EPE's a situação é mais confusa, logo de avaliação mais complexa, por coexistirem 2 sistemas, um idêntico aos HH SPA (dos médicos que transitaram dos anteriores quadros ) e os novos contratos de trabalho feitos ao abrigo do estatuto de EPE.
Novamente confesso não conhecer os números referentes a estes dois distintos estatutos co-existentes nos HH EPE.
Se o grupo dos que transitaram dos quadros anteriores para a actual situação pode ser acusado da manutenção de algum privilégio (logo classificado de promiscuidade) neste último grupo, os médicos a trabalhar sob regime de contrato, a situação tem de ser vista de modo diferente.
Pirmeiro, muitos destes profissionais estão contratados a tempos parciais (alguns a 10 outros a 20 h/semana ...) e trabalham no regime dos médicos consultores dos hospitais em França. Entram a horas, dizem bom-dia, fazem as consultas contratualizadas e saiem a horas, dizendo ainda bom-dia. A relação, ou o entrosamento, com as áreas clínicas hospitalares organizadas é nula. Prestam serviço à peça, sem qualquer contextualização.
Quer pôr estes médicos condicionados a não poderem exercer uma actividade profissional extra-hospitalar?
Tenha pena deles, da Medicina privada organizada, da pública convencionada, ou outra, onde depois das horas (?) hospitalares que lhe disponibilizam, vão completar um horário normal de trabalho (40 - 45 horas ou mais).

Caro aidenós a situação do tradicional conflito entre o exercício hospitalar e a Medicina dita "liberal", não se tem mantido inalterada.
Há alguns anos atrás poderia ser um pouco como "pintou", hoje é substancialmente diferente e amanhã chegará, para todos, a flexisegurança.

A "medicina privada organizada", a que se refere, que no meu entender, são as empresas de iniciativa profissional (medicos, em regra) já não corresponde a quase nada ou estão acantonada em nichos de "mercado". O que vem aí - para o verdadeiro contraponto - é um cada vez mais poderoso, estruturado e organizado SECTOR PRIVADO DA SAÚDE. Apoiado pela Banca, pelos Seguros.

Primeiro, vai retalhar os diminutos interesses da Medicina "Liberal" e da Medicina Privada Organizada.
Depois o SNS...

Nos tempos que correm, através das PPP's, esperando que não haja regulação e fiscalização.
Depois logo se verá...

Os profissionais de saúde (não só os médicos) não podem arcar com as consquências de uma aviltante inércia na vertente hospitalar, que tem caracterizado este Governo. A "grande obra" foi a transformação SA - EPE e, de resto, para além da incriminação dos profissionais como agentes de desperdício, fautores de ineficácia, maus gestores, ... tudo ficou na mesma.

Hoje, o comportamento público do 1º. ministro em Abrantes, falando à população sobre a manutenção do seu Hospital, confirmou que tudo vai continuar na mesma, que já entramos no 2º. ciclo da legislatura.
Novidades, só em 2009!
Porque no quartel general em Abrantes tudo como dantes...

PS - deliciosa a argumentação pública de J. Sócrates: "o governo nunca fecharia um Hospital mandado construir por Mário Soares" (cito de cor).
Como trabalho num HH que também foi mandado construir por Mário Soares, resolvi celebrar e ir beber um copo...
É-Pá

3 Comments:

Blogger cotovia said...

O Primeiro-ministro negou qualquer intenção do Governo de reduzir os serviços clínicos da unidade de saúde, criada durante um Executivo de Mário Soares. «Era o que faltava que um Governo presidido por mim fosse alterar fosse o que fosse».

QUE GRANDE LATA!

2:08 da tarde  
Blogger ochoa said...

É conhecido o problema da oferta "desmesurada" de cuidados do triângulo formado pelos hospitais de Abrantes, Santarém e Torres Novas.
O redimensionamento da oferta de cuidados hospitalares deste triângulo é sentido como prioritário desde há muito.
É surpreendente (ou talvez não) que o senhor primeiro ministro minta tão despudoradamente às populações. A não ser que tenha passado a acumular a pasta do ministério da saúde.

2:50 da tarde  
Blogger ""#$ said...

Como conhecedor do sitio em questão e olhando para censos populacionais e distancias geográficas, o hospital a fechar nessa zona é Torres Novas.
Nunca Abrantes.

Abrantes tem mais população que Torres novas e além disso é mais dispersa geograficamente.Portanto não faz sentido algum fechar Abrantes, seja completamente, seja parcialmente.

Para lá disso Torres novas fica mais perto de Tomar.

Por outro lado, aqueles hospitais tem que começar a funcionar de uma forma eficaz no sentido em que tem que começar realmente a estarem preparados para tratar pessoas lá e não, como fazem actualmente, ao primeiro problema mais grave ou que foge à lógica dos hospitais em questão "mandarem para Santarém" que por sua vez empurra a bola para Lisboa.

Tempo, recursos, burocracia idiota.
E no fim tudo desagua em Lisboa.

Quanto ao discurso do "Deus imaculado das sondagens"
( pessoalmente, já desisti de lhe chamar J. Sócrates)o comentador Cotovia diz tudo - QUE GRANDE LATA.
Subscrevo e assino.

Nota lateral. A câmara municipal de Abrantes é PS. Torres Novas é Psd.
Para evitarem ser acusados de "fazer ataques políticos" a Torres Novas, o PS prefere tentar fechar em Abrantes, beneficiando da relativa apatia e sentido de que os votos locais lhes pertencem como se fossem uma propriedade do PS eterna.
Ou seja, mesmo estritamente do ponto de vista político preferem alienar o próprio eleitorado a irem incomodar o eleitorado do vizinho.

5:39 da tarde  

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