segunda-feira, julho 2

Caro Marco António

PKM, antes & depois do relatório


"O comentário do e-pá é um pouco insultuoso para o Prof. PKM que tem demonstrado, neste processo, ser o mais lúcido de todos os envolvidos. "

Não sabemos, concretamente, qual foi o seu papel (se o teve) e o comtemplado, Prof. PKM, tem tido, em relação ao relatório sobre a sustentabilidade de SNS, uma posição que não posso deixar de classificar como dúbia (digo dúbia, para não ser acusado de estar de novo a insultar).
Pertenceu durante largos meses à Comissão que elaborou o relatório, terá participado das reuniões que conduziram à sua "construção" e, na altura da entrega do mesmo à entidade que o tinha solicitado, abandona o barco hasteando uma surpreendente "bandeira". Isto é, manifesta "tout court", sem outras explicações, um total desacordo com a análise e as conclusões do relatório. Estará no seu direito, em termos de princípio, se não tivesse acordado em integrar a comissão e, portanto, comprometido a elaborar o relatório. Todavia, ao integrar um colectivo, e dando-lhe de barato a fundamentação da sua discordância, cabia-lhe uma atitude mais conforme. Não deixava sair o relatório sem inscrever nele a sua declaração de vencido, com toda a sua fundamentação.
Não procedeu assim. Saltou da Comissão e, por coincidência, a partir daí, começam a ser publicadas no DE, questões directa ou indirectamente relacionadas com o relatório.
Em vez de um homem em discordância do teor do relatório, ou em conflito com os membros da Conissão, tornou-se num transfuga.
Isto, vai-me perdoar, não é lucidez. É, quando muito, oportunismo.

"O comentário do e-pá é tipico da cultura da 'fulanização' que ainda impera numa certa geração de administradores hospitalares."

Azar. Primeiro, não sou administrador hospitalar, segundo, não alimento qualquer tipo de "cultura de fulanização".
Não conheço, nem a pessoa, nem a obra, do prof. PKM. Tenho lido alguns artigos que publica no DE e, o que me tem sobressaído, desses textos, é uma permanente e errática deambulação sobre temas de Saúde, sem nenhum fio condutor. Pela amostra, e sem ter nada a ver com a Comissão da sustentabilidade do SNS, atrevo-me a suspeitar que, eventualmente, a sua colaboração na dita comissão poderá ter afinado pelo mesmo diapasão, isto é, ter-se-à mantido errática, até desaparecer. Aliás, o que apareceu foi o livro "Políticas de saúde: ensaios para um debate nacional" que, confesso não li. Mas, de avanço, julgo poder inferir que os debates a solo são mais fáceis. Terá de reconhecer que é, exactamente, aqui e assim, que começa a "fulanização".

Agora, que fazer?
Esperar por uma filantrópica "Confederação" que canalize voluntárias contribuições (sigilosas) com vista a elaboração de um contra-relatório a discutir conjuntamente com o já divulgado.
É deste modo que o País tem funcionado nos últimos tempos...
É-Pá

6 Comments:

Blogger Joaopedro said...

Acho que o Xavier está a dar muito tempo de antena ao senhor PKM.
Não havia necessidade...

10:45 da tarde  
Blogger cotovia said...

Caro PKM,
Com defensores destes, embora cheios de boa vontade, não vai longe.

11:55 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Mais de uma semana sem entrar no Saúde SA (infelizmente pelas piores razões) e eis-me a constatar, mais uma vez a forma brilhante como o Xavier continua a manter vivo este espaço e a sucitar a nossa participação.
E tantas são as novidades que vim encontrar! Desde logo o "regresso" de alguns colegas comentadores que há bastante tempo andavam arredios.
Mais uma vez os meus parabéns e um abraço a todos.
O relatório sobre a sustentabilidade financeira do SNS atingiu lugar de destaque. Mas outros assuntos mereceram a minha especial curiosidade, como as opiniões sobre a proibição de fumar e o exercício do poder pelo MS em relação ao CS de Vieira do Minho, numa espécie de "reprise" do caso DREN.
E curioso, também, o comentário sobre o debate na Ordem dos Economistas (a que não pude assitir).
Num dos poucos momentos em que me foi possível ouvir notícias no fim de semana, retive algo sobre a evolução da Saúde e fiquei com a ideia de que seria o resultado de um novo relatório da Primavera do Observatório da Saúde.
Aqui não vi, ainda, "referida" essa situação que, pelo que ouvi (mal devido a bastante ruído de fundo), não deve agradar mesmo nada à equipa do MS.
Depois de um interessante debate entre o É-Pá e o Aidenós nas semanas anteriores, registei com agrado especial o regresso do Vivóporto. E o colega parece-me fazer parte dos menos satisfeitos com CC o que, diga-se, vindo de quem vem - um dos melhores comentadores do Saúde SA - merece reflexão.
Mesmo que tenha despertado alguma reacção em sentido contrário, sou levado a repetir uma ideia já aqui expressa noutra oportunidade: são cada vez mais os que discordam das "políticas" de CC do que aqueles que as aplaudem (aqui neste blog) o que contrasta com o que se verificou nos cerca de dois anos anteriores. Porque será?
E já hoje nos chegaram mais três notícias de interesse: as demoras nas cirurgias oncológicas e o destaque dos hospitais com maior demora, com inevitáveis consequências; a demissão do CA do CH do Médio tejo e a "censura" da correspondência em Castelo Branco.
Isto promete! Será que vamos ter mesmo um "Verão Quente" na Saúde?
Entretanto sobre relatórios e contas dos HH nada de novo...ou melhor, tudo como dantes (agora no ... hospital de Abrantes).

12:09 da manhã  
Blogger avicena do alentejo said...

O e-pá faz aqui uma elaborada manipulação dos factos no sentido de nos tentar convencer que o Prof. Paulo Moreira cometeu uma grave falha ao discordar das recomendações do relatório. Curiosamente, as mesmas recomendações com que todos nós discordamos, inclusive o próprio e-pá!
O e-pá também discorda e fica incomodado com a coragem do Prof. PM ao assumir essa posição pública depois de ter a paciência de ter tentado convencer os restantes membros da comissão das suas ideias. Antes o tivessem ouvido que o relatório teria saído mais equilibrado e menos embaraçoso para todos os que dele poderiam beneficiar.

É falso que o Prof. PM não tenha dado ‘outras explicações’. Deu muitas e até por escrito.
È falso que tenha sido depois do Prof. PM ter saído da comissão que começaram a aparecer notícias no DE. Todos sabemos que começaram muito antes, que continuaram a aparecer depois dele sair e já sem acesso aos textos (inclusive a TVI) e consta-se, como o e-pá sabe muito bem, que a origem foi outra com intenções de testar a opinião pública… É fácil lançar suspeitas sob a capa do anonimato que o e-pá, claro, defende.

Os factos são simples: uma pessoa, como sabemos grande conhecedor das matérias das políticas e organização dos sistemas de saúde, discordou das recomendações de uma comissão técnica e saiu. Foi instado a explicar porquê e fê-lo sempre com a maior cortesia para com os ex-colegas e para com o Ministro dizendo que não comentaria as recomendações enquanto não fossem públicas. Quando estas se tornaram públicas, instado a comentar, comentou com ponderação, acrescentou algumas ideias alternativas e lançou o repto aos partidos para que apresentassem propostas alternativas. Até aqui nada de mal. O problema, para ele, são as invejas que a sua actuação gera. Sai na fotografia como um homem livre e independente e essa era uma fotografia que muita gente gostava de ter para si próprio. Inclusive o anónimo ‘joãopedro’ que todos sabemos quem é, não sabemos?
A actuação do prof. PM, é algo raro neste país dos pequenitos (sobretudo alguns que escrevem neste blogue).
O e-pá não faria melhor em concordar com o Prof. PM e em discutir as propostas alternativas que ele apresentou? Gostei particularmente da proposta de reforma dos GDH.

Para além disso, se a colaboração do Prof. PM na comissão terá sido errática só perguntando ao próprio é que saberemos. Aliás, a actuação errática dos membros das equipas deverá ser sempre atribuída ao líder da equipa e não ao próprio (é melhor o e-pá ir ler os manuais de gestão de equipas). Não parece que o e-pá faça possa fazer a mínima ideia sobre esse assunto uma vez que demonstra um grande enviés a interpretar os simples factos e não terá feito parte da comissão, pois não? O que foi de facto muito errática, como é visível a todos, foi a gestão de todo o processo pelo presidente da comissão e pelos próprio gabinetes do MS e do Primeiro Ministro. Uma vergonha.
Já agora a deambulação dos textos do Prof. não será normal uma vez que acompanham a deambulação das políticas de saúde, não é?
Deixem o Prof. trabalhar. E vão vocês próprios trabalhar.

(A foto das barbas deve ser do tempo em que o Prof. PM era militante da UDP. Onde é que arranjaram? Posso ter uma?)

9:48 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro Avicena do Alentejo:

Vou, se me permite, (re)citar a abertura do seu texto:
"O e-pá faz aqui uma elaborada manipulação dos factos no sentido de nos tentar convencer que o Prof. Paulo Moreira cometeu uma grave falha ao discordar das recomendações do relatório. "

O que eu, de facto, escrevi:
"Pertenceu durante largos meses à Comissão que elaborou o relatório, terá participado das reuniões que conduziram à sua "construção" e, na altura da entrega do mesmo à entidade que o tinha solicitado, abandona o barco hasteando uma surpreendente "bandeira". Isto é, manifesta "tout court", sem outras explicações, um total desacordo com a análise e as conclusões do relatório. Estará no seu direito, em termos de princípio, se não tivesse acordado em integrar a comissão e, portanto, comprometido a elaborar o relatório. Todavia, ao integrar um colectivo, e dando-lhe de barato a fundamentação da sua discordância, cabia-lhe uma atitude mais conforme. Não deixava sair o relatório sem inscrever nele a sua declaração de vencido, com toda a sua fundamentação."

Salvo o devido respeito, sobre "elaboradas manipulações", estamos conversados...

9:23 da tarde  
Blogger manecas said...

O Xavier tem de facto dado muito tempo de antena ao PKM. Mas o que fazer quando um homem é omnipresente? Só neste blog tem assumido várias identidades. Ele é Avicena do Alentejo, Laginha (uma maravilha a forma como exigia há dias que se quebrasse o anonimato no blog), Martinho, Pitosga, Lucilia, Urso Rupert, Melro, Marco António e outros tais.
O (auto-)elogio é uma constante. O estilo gramatical não engana. E se dúvidas houvesse os registos informáticos desde logo tratam de esclarecer.
Faz bem o É-Pá em desmascarar o comportamento dúbio de PKM. Sobre o tema concreto da sustentabilidade do financiamento (como angariar fundos para pagar a prestação de cuidados) ainda não deu uma para a caixa. Critica as opções dos ex-colegas e apresenta uma solução: revisão dos GDHs! Argumentos, análise, evidência ... zero!
Vamos mas é discutir os temas com rigor e seriedade - como o Saúde SA nos habituou - e deixar a superficialidade e falsos moralismos para os outrora (?) especialistas de marketing.

1:12 da tarde  

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