Economia paralela

A actividade paralela está em todo o lado: arrumadores ressacados, vendedores de ténis, relógios e roupa de marca, guarda chuvas, pensos rápidos, ouro, seguros, arte africana, rifas, peditórios nacionais, bailes de finalistas, comissões de festas, engraxador… e arrumadores speedados.
Porque não actuam com mais eficácia as entidades no combate à economia paralela? Além da dificuldade da máquina fiscal em seguir os agentes informais, as economias paralelas relacionam-se directamente com os canais legais da economia. Por exemplo: um pedreiro que constrói uma casa e que não declara o seu rendimento, está a desenvolver uma actividade na economia paralela, mas para construir a referida casa ele precisa de cimento, tijolos, água, electricidade e outros materiais, que pela sua natureza não estão integrados nessa economia clandestina. A economia paralela, embora ilegal, contribui desta forma para a criação de riqueza do país e para o aumento das receitas fiscais. O fisco, assim, acaba por não perder tudo.
A economia paralela tem lugar, quer no sector público, quer no sector privado da nossa economia. O sector público administrativo tem sido, desde sempre, local privilegiado de actuação da economia paralela, através do exercício de múltiplas actividades, as quais assumem, por vezes, a forma de troca de serviços: ouro, seguros, confecções, funerárias, transportes, consultas, MCDTS, rouparia, alimentação, trabalhos domésticos - carpintaria, electricidade, serralharia, pintura, instalações, remodelações, Hi Fi, com ou sem material, tudo a preceito, tudo sem IVA.
Aqui como no privado a mesma discrição, a mesma dificuldade em surpreender os infractores. Os bufos sabem, como ninguém, proteger os seus fornecedores.
2 Comments:
Caro Xavier:
No sector público administrativo, a panóplia de situações a que se refere será economia paralela ou tipificará crimes, como p. exº.:
favorecimento, peculato, corrupção,...?
Exacto.
Esse é apenas um lado da questão.
Máfia é só na Itália.
No nosso portugal, à falta de tomates, são só ratices...
Imaginemos um grande HH com 1200 profissionais potenciais clientes para a colocação dos mais diversos produtos/serviços.
Imaginemos o caso do pedreiro funcionário do referido hospital.
Um trabalhinho aqui outro acolá. Na casa do senhor doutor, outro na casa do alentejo da senhora técnica, tudo a preços módicos sem IVA.
O negócio vai engrossando, sempre sem factura e IVA. Ao fim de algum tempo já meio hospital participou na rede de múltiplos serviços, tudo sem IVA. Tudo a preços de favor.
Depois admiram-se que o porteiro da empresa tenha chegado Administrador da empresa "Sonaves".
Enviar um comentário
<< Home