segunda-feira, julho 30

Haja Saúde, para além do défice


O consumo excessivo de serviços de saúde é uma realidade. Mas é também uma realidade que a acessibilidade a serviços de saúde de qualidade é um dos direitos dos cidadãos no Estado Social.
Nas nossas aldeias e vilas é ainda frequente encontrarmos "GENTE" que se arrasta, arrrasta, arrasta, sabe Deus com que sofrimento, na esperança de que "isto passa".
E frequentemente, quando essa "GENTE DE ANTES QUEBRAR QUE TORCER" se decide a consultar o médico, ou quando lhe é disponibilizada uma consulta, já é tarde demais!
E é essa GENTE que hoje vê acrescidas as dificuldades de acesso em resultado do encerramento de serviços de saúde de proximidade.
Mas parece ser essa uma das formas que o governo encontrou para reduzir o consumo de serviços. E são os mais carenciados que mais sofrem os efeitos das medidas tomadas.
Como seria bom ouvirmos o actual Presidente da República afirmar: "HÁ SAÚDE PARA ALÉM DO DÉFICE"!
tonitosa

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6 Comments:

Blogger tambemquero said...

Cavaco Silva está a confirmar o que se sabia dele.
Só se compromete em causas das quais possa tirar dividendos políticos.

9:32 da tarde  
Blogger naoseiquenome usar said...

Caro Tonitosa:
Permita-me que lhe diga que o quadro que nos traça é do mais enganador possível.
Já não é necessário apresentar mais estudos (ou fazer novos, senão para aferir da evolução)para se poder afirmar que é nos grandes aglomerados populacionais que a saúde é mais deficitária, onde há mais pessoas sem acesso a médico de família, onde os tempos de espera para cirurgia são maiores. Não é necessário, por demais sabido.
Por conseguinte, até ao nível da humanização de cuidados, as "GENTES" das aldeias estão melhor servidas.
O que acontece, é que, felizmente, essa "GENTE" ainda vai tendo rosto, ainda tem laços familiares e de vizinhança e não é apenas, como em Lisboa ou Porto, apenas um n.º para a estatística, onde impera o isolamento e a solidão, onde se pode estar caído na rua que poucos saberão distinguir um doente súbito de um indigente, mendigo, bêbado ou drogado.
E esta outra GENTE, que também é GENTE, não ousa queixar-se. Vai aguentando em silêncio, até por não ter a quem o fazer. E mesmo que tenha, sabe que não pode deixar de trabalhar, caso tenha emprego, que "não pode incomodar os filhos", caso estes ainda tenham emprego e estejam por perto, ou que, por mais que gostassem, apenas podem ser atendidos no seu CS por médicos vários que nunca irão ter uma boa noção da sua história clínica e, não lhes apetece repetir tudo outra vez. Estes sim, sabem, que quando acontecer uma "desgraça" (quiçá evitável), acontece e logo se verá, mas mais nada que isso, muito menos são dotados do aprumo "patético" do "antes quebrar que torcer".

11:18 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Naoseiquenomeusar,
O meu comentário está muito para além da leitura que dele faz.
Existe um claro desacordo entre nós. Essa Gente tem rosto mas continua a sofrer as mais graves privações. Não tem esquemas, vive das reduzidas pensões com base nos descontos para as antigas Casa do Povo e em salários sobretudo da actividade agrícola sazonal.
E trabalha até cair numa cama para colher alguns dos bens de que necessita para sua sobrevivência.
E nas aldeias, na maioria das aldeias, só (ou quase só)os velhos permanecem e por mais que se pense o contrário "os velhotes" vivem com todo o tipo de carências.
E uma simples ida ao Centro de Saúde obriga-os, quase sempre, a levantarem-se "de madrugada" para apanhar o único autocarro, a alguns quilómetros, que os pode transportar. E lá os vemos a "arrastarem-se" por caminhos ingremes e esburacados.
E cada vez ficam mais isolados!
Pelo que deduzo não conseguiu alcançar o sentido da frase "de antes quebrar que torcer" e eu também não lho vou explicar porque seria "patético" fazê-lo.

12:51 da manhã  
Blogger naoseiquenome usar said...

Caro Tonitosa:
Conhecendo ambas as realidades, sendo que aquela que descreve, a conheço mesmo muitíssimo bem, continuo a entender que existem empolamentos para a mesma, em detrimento de um outro tipo de sofrimento anónimo, massivo, que poucas "reportagens" proporciona e ao qual estamos pouco atentos, para lá do facto de entendermos até, por não fazermos uma análise mais perfunctória, que se trata de outra gente com melhores condições, melhores acessos e mais benefícios do que aquela outra.

1:25 da manhã  
Blogger naoseiquenome usar said...

Ainda a propósito, é nessas aldeias recônditas que os serviços das associações desempenha o seu melhor papel. Desde os cuidados ao domicílio, até à distribuição de refeições.
E essa GENTE que não torce, apesar de velhinha e isolada da "dita civilização", com os rosto tisnado pelo sol e as rugas vincadas no rosto, costuma deitar-se com a alma lavada. Essa GENTE poucas depressões sofre.
... Já os do outro lado da "barricada"...
Mas importante, importante, é, neste contexto, ter a coragem de afirmar que os cuidados de saúde de proximidade, tal como têm vindo a ser prestados, não são, efectivamente de qualidade.
Isto é uma petição de princípio.

2:04 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Cara naoseiquenome usar,
Também eu conheço, como bem pode depreender, ambos os lados da realidade. É de resto nessas "reconditas aldeias" que gosto de passar férias. E lá volto sempre que os afazeres o permitem.
E conheço muito bem, muito bem mesmo, as chagas sociais que afectam muita "GENTE" (gente tembém com letra grande) qu habita as grandes urbes. Mas aqui o problema é claramente outro: na sua origem está a exclusão social que tem razões profundas e até assume uma espécie de "tradição" no seio de muitas famílias (má tradição, digo eu).
Em momento algum dos meus comentários disse que nas cidades, nas grandes cidades, não há carências e graves problemas. Mas as suas causas estão menos na saúde do que em comportamentos de risco e desvios indesejáveis.

11:07 da manhã  

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