Eduardo Prado Coelho
Tive oportunidade de conhecer EPC na Direcção-Geral de Cultura Popular e Espectáculos (penso que era essa a designação).
Trabalhávamos, semanalmente, na feitura da "Lei do Teatro", prevista no programa do movimento do 25 Abril.
Conheci aí - e em amenas tertúlias à volta de uma boa mesa depois das sessões - muitos artistas, homens e mulheres de teatro, cineastas. EPC, congregava-os, estimulava os seus trabalhos, gostava de ouvi-los...
Recordo-me de um cineasta, relativamente pouco divulgado, António Reis, já falecido (1991), na verdade um grande artista (não só cineasta), cuja poesia entusiasmou EPC.
Escrevia António Reis:
"Alguém tem de morrer
(sente-se)
Ah
mas uma criança não
nem um homem
Pense-se
ouvindo o rumor
do coração."
Assim: o rumor, tragicamente, hoje, pela manhã, deixou de ouvir-se...
Trabalhávamos, semanalmente, na feitura da "Lei do Teatro", prevista no programa do movimento do 25 Abril.
Conheci aí - e em amenas tertúlias à volta de uma boa mesa depois das sessões - muitos artistas, homens e mulheres de teatro, cineastas. EPC, congregava-os, estimulava os seus trabalhos, gostava de ouvi-los...
Recordo-me de um cineasta, relativamente pouco divulgado, António Reis, já falecido (1991), na verdade um grande artista (não só cineasta), cuja poesia entusiasmou EPC.
Escrevia António Reis:
"Alguém tem de morrer
(sente-se)
Ah
mas uma criança não
nem um homem
Pense-se
ouvindo o rumor
do coração."
Assim: o rumor, tragicamente, hoje, pela manhã, deixou de ouvir-se...
É-Pá
4 Comments:
Quando se diz que o Sporting é um clube das elites, isso também tem muito a ver com o facto de ter adeptos e simpatizantes intelectuais como EPC, sem pejo de assumir que gostam de futebol e que têm um clube. EPC, que cultivava uma atitude aristocrática, não tinha preconceitos pseudo-intelectuais. Era capaz de escrever sobre o “nosso” Sporting e, mesmo assim, ser lido por quem detesta futebol. Porque quando escrevia sobre futebol abordava o fenómeno como uma pessoa normal. Com coração, cabeça e estômago. Também por isso, sendo um homem assumidamente de esquerda, chegando, às vezes, a escrever como se de um “spin doctor” do PS se tratasse, era lido e respeitado em todos os quadrantes políticos. Porque era livre nas suas escolhas, nos seus elogios e nas suas críticas. Desde a fundação do jornal “Público”, em 1990, EPC escrevia diariamente sobre as grandezas e as misérias da cultura, da política e da sociedade portuguesas, a partir dos episódios do quotidiano. Tinha amigos de estimação. E inimigos também. Como qualquer ser humano marcante e perene.
Nestas alturas dizem-se as coisas mais variadas.
Para mim EPC era um homem bom de quem gostava.
Uma alma, permanentemente, em busca da perfeição.
Uma perda lamentável.
Há cada vez menos portugueses desta qualidade.
As nossa elites passaram a ser cada vez mais do tipo fast food. De pacotilha.
Não sei como lá em cima o São Pedro faz as contas.
Mas desta vez enganou-se redondamente.
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