domingo, agosto 26

Eduardo Prado Coelho


Tive oportunidade de conhecer EPC na Direcção-Geral de Cultura Popular e Espectáculos (penso que era essa a designação).
Trabalhávamos, semanalmente, na feitura da "Lei do Teatro", prevista no programa do movimento do 25 Abril.
Conheci aí - e em amenas tertúlias à volta de uma boa mesa depois das sessões - muitos artistas, homens e mulheres de teatro, cineastas. EPC, congregava-os, estimulava os seus trabalhos, gostava de ouvi-los...

Recordo-me de um cineasta, relativamente pouco divulgado, António Reis, já falecido (1991), na verdade um grande artista (não só cineasta), cuja poesia entusiasmou EPC.

Escrevia António Reis:
"Alguém tem de morrer
(sente-se)
Ah
mas uma criança não
nem um homem
Pense-se
ouvindo o rumor
do coração."

Assim: o rumor, tragicamente, hoje, pela manhã, deixou de ouvir-se...
É-Pá

4 Comments:

Blogger LEÃO DA ESTRELA said...

Quando se diz que o Sporting é um clube das elites, isso também tem muito a ver com o facto de ter adeptos e simpatizantes intelectuais como EPC, sem pejo de assumir que gostam de futebol e que têm um clube. EPC, que cultivava uma atitude aristocrática, não tinha preconceitos pseudo-intelectuais. Era capaz de escrever sobre o “nosso” Sporting e, mesmo assim, ser lido por quem detesta futebol. Porque quando escrevia sobre futebol abordava o fenómeno como uma pessoa normal. Com coração, cabeça e estômago. Também por isso, sendo um homem assumidamente de esquerda, chegando, às vezes, a escrever como se de um “spin doctor” do PS se tratasse, era lido e respeitado em todos os quadrantes políticos. Porque era livre nas suas escolhas, nos seus elogios e nas suas críticas. Desde a fundação do jornal “Público”, em 1990, EPC escrevia diariamente sobre as grandezas e as misérias da cultura, da política e da sociedade portuguesas, a partir dos episódios do quotidiano. Tinha amigos de estimação. E inimigos também. Como qualquer ser humano marcante e perene.

12:47 da manhã  
Blogger helena said...

Nestas alturas dizem-se as coisas mais variadas.

Para mim EPC era um homem bom de quem gostava.
Uma alma, permanentemente, em busca da perfeição.

2:15 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

Uma perda lamentável.
Há cada vez menos portugueses desta qualidade.
As nossa elites passaram a ser cada vez mais do tipo fast food. De pacotilha.

12:42 da tarde  
Blogger saudepe said...

Não sei como lá em cima o São Pedro faz as contas.
Mas desta vez enganou-se redondamente.

5:14 da tarde  

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