IPOs, TE cirúrgicos
Os valores da Mediana dos Tempos de Espera (MTE) na LIC dos IPOs (Lisboa, Coimbra e Porto), são à partida surpreendentes. O IPO do Porto regista, MTE: 7,9 meses; IPO de Lisboa, MTE: 2,9 meses e IPO de Coimbra, apenas, MTE: 1,9 meses .link link
De notar, no entanto, que o valor elevado da MTE do IPO do Porto resulta, essencialmente, do peso dos TE de três diagnósticos: Hemorroidas, outras doenças anais, prolapsos e incontinência (TE: 26,1 meses); Doença Benigna da Prostata (TE:59,0 meses) e Doença Benigna da Mama (TE: 40,5 meses).
A Mediana dos TE na LIC mais elevada do IPO de Coimbra, regista-se em relação à Doença Benigna da Mama (TE: 5,0 meses); Doença Benigna da Prostata (TE: 3,20 meses) e Hérnias Inguino Femurais (TE: 4,3 mese).
Por sua vez, a Mediana dos TE na LIC mais elevada do IPO de Lisboa, regista-se em relação aos seguintes diagnósticos: Doença da Vesicula biliar (TE: 17,6 meses); Quisto sinovial, Dupuytran, sind. do tunel cárpico, dedo em gatilho (TE: 14,2 meses); Outras referências não enquadráveis em outros agrupamentos (TE: 11,3 meses).
De referir, que IPO do Porto regista um maior número de cirurgias realizadas no período em análise, nomeadamente, relativamente às de maior diferenciação.
As comparações entre HHs defronta-se sempre com enormes dificuldades. Para lá do maior ou menor grau de fiabilidade, a informação disponível requer sempre uma análise cuidada de molde a evitar conclusões precipitadas, como vimos, recentemente, publicadas sobre esta matéria na nossa "imprensa especializada".
Etiquetas: Sigic
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Os resultados do SIGIC divulgados pelo SIGLIC, no Portal da Saúde, referentes ao 1º. semestre de 2007, mostram nos aspectos globais uma evolução francamente positiva na redução das LEC’s.
Há ganhos substantivos de produtividade que se traduzem num tempo médio de espera global nacional de 5.0 M (em 30 Junho 2007). É tanto mais significativa esta evolução se considerarmos que, em 31.12.2005 (porque não em Janeiro de 2006?), existia um valor de 8,6 M, o que representa uma taxa de recuperação ao longo de 3 semestres da ordem dos 58 % (!).
As discrepâncias ao longo das diferentes regiões e das múltiplas instituições no terreno, tornam difícil um diagnóstico de eventuais inoperacionalidades ou, “desvios” passíveis de correcção, no sentido de optimizar, ainda mais, este programa de “combate às listas de espera cirúrgicas” (SIGIC).
Para além das diferentes densidades demográficas (LVT será sempre um caso mais difícil) há, por regiões consideradas, instituições com diferentes diferenciações, isto é, vocacionadas para determinados e específicos actos cirúrgicos, logo, com um especial poder de atracão ou, se quisermos, de canais de encaminhamento de doentes.
As comparações efectuadas neste post entre os IPO’s (Porto, Coimbra e Lisboa), enquadram-se nestas já mencionadas dificuldades de análise e são acrescidas de outros problemas de índole regional. Assim, quer ao nível de capacidade técnica instalada, instalações operativas, valências médico-cirúrgicas e recursos humanos afectados, são entidades, diria, substancialmente diferentes. Daí que a capacidade de resposta tenha que ser, também, diferente.
Vamos, observar mais de perto o caso do IPO de Coimbra. Verificamos que é dos 3 IPO’s aquele que apresenta melhores resultados. As situações que, ainda, inquinam algumas das MTE nesta Instituição são, podemos afirmá-lo, estranhas à sua “natural vocação”. De facto, dizem respeito a situações não oncológicas (por ordem decrescente): doença benigna da mama; hérnias inguino femurais e doença benigna da prostata.
Parece existe, portanto, nesta situação, um primeiro problema de referenciação. Ou, se quisermos, um bloqueio de re-encaminhamento subsidiário da não-integração (funcional) do SNS. Quem diz não-integração poderá dizer “não-racionalidade”.
Mas o problema será, em minha opinião, mais profundo.
Comparemos – na área oncológica - os dados do IPO Coimbra, com outra instituição que reside a escassas centenas de metros – os HUC.
Assim, em diferentes áreas anatómicas de intervenção, por distribuição ou agrupamento topográfico:
1.) Cancro da cabeça e pescoço:
nº de intervenções realizadas – IPO-C: 139 / HUC: 123;
2.) Outro cancros da região torácica:
nº. de intervenções realizadas - IPO-C: 18 / HUC: 126;
3.) Cancro do colon e recto + outros cancros abdomino-pélvicos:
nº. de intervenções realizadas - IPO-C: 186 (115+71) / HUC: 295 (107+188)
4.) Cancro da prostata:
nº. de intervenções realizadas - IPO-C: 34 / HUC: 55;
E por aí adiante…
Sendo, os HUC um HH central (polivalente) e o IPO-C um Instituto diferenciado, algo estará mal na referenciação dos doentes, embora no somatório – dos resultados - tudo possa estar parecer bem.
Penso que situações idênticas se repetem noutras regiões do País.
Significam estes números, per si, que a orientação e distribuição dos esforços no combate ás listas de espera cirúrgicas não estará conforme à rede (actualmente) instalada no terreno.
Haveria problemas subjacentes, nomeadamente em relação aos HUC, no que diz respeito à formação na área oncológica se, no futuro, fosse implementada uma rede de referenciação rígida e cega. Mas não é por essa rigidez que pugnamos. O que pode ser importante (com certeza que o é) será a qualificação, já que depende – entre outras coisas – do nº. de intervenções realizadas.
Estou convicto de que, ajustes na rede hospitalar, maior atenção na referenciação, disciplina no encaminhamento, poderão trazer melhores resultados. Um próximo passo a acrescentar ao SIGIC.
Isto para deixar de fora questões estruturais e têm a ver com a necessidade de profundas alterações de integração no seio do SNS (e que implicam “fusões”, “alienações” ou “novos investimentos”), bem como a racionalização, interacção e permutabilidade da rede hospitalar no seu interior e na quotidiana relação com os CPS.
Mas não me atrevo a propor tanto. Vivo na convicção de que os HH’s são parentes pobres para esta equipa ministerial. Vão fazendo “remendos”.
As reformas não moram por cá!
Primeira radiografia nacional sobre listas de espera de oncologia revela que ainda há doentes com cancro que aguardam mais de sete meses por uma cirurgia. São estas as conclusões de um estudo pedido pelo Ministério da Saúde. Tutela alega que os tempos de espera baixaram e que vai fazer auditorias à recuperação das listas nos hospitais.
Actualmente, os doentes com cancro esperam em média por uma cirurgia 3,5 meses, que chega a atingir mais de sete meses em dois hospitais do país. Os autores dizem que os casos deviam ser resolvidos em 15 dias e propõem que as cirurgias, em vez de se realizarem em 76 hospitais, passem a ser feitas em apenas 20.
A análise revela grandes assimetrias de resposta nas diferentes regiões: um doente com um tumor maligno no Algarve espera em média 6,6 meses para ver o seu problema resolvido. Já no Norte do país consegue ser operado em média ao fim de 2,4 meses. Já em Lisboa e no Alentejo o tempo de espera é em média superior a quatro meses e no Centro é de 2,4 meses.
Essa disparidade verifica-se também ao nível da procura de doentes por hospital e na capacidade de resposta das diferentes unidades: o hospital onde os doentes menos esperam é o S. João do Porto (1,3 meses).
Público, 2 de Julho de 2007
O IPO Coimbra parece ser o hospital onde os TE na LIC são mais baixos: a) concros da cabeça e pescoço 1,1 meses (SJoão, 1,1); b) Doença benigna da mama, 5,0 meses (SJoão, 5,6); c) Cancro da Mama, 0,5 meses (SJoão, 0,6); d)Cancro do colen e do recto, 0,2 meses (SJoão, 0,7);e) Doença benigna da prostata, 3,2 meses (SJoão, 3,4); f) Cancro da Prostata, 2,3 meses (SJoão, 1,3); g) carcinoma útero, 0,6 meses (SJoão, 0,6); h) Neoplasias malignas, 1,7 meses (SJoão, 1,3);i) Outros cancros da região torácica, 0,1 meses (SJoão, 0,3); outros cancros da região abdominopélvia, 0,6 meses (SJoão, o,6).
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