domingo, agosto 26

Socorro, situação crítica




A nova reestruturação dos serviços de urgência, onde a politica é de encerrar em vez de melhorar a assistência, fez aumentar, consideravelmente, o tempo de transporte entre os locais de ocorrência e as unidades de saúde impostas pelo o SNS

Situação que motivou uma descida da percentagem de sobrevivência de certos doentes, com agravante de aumentar os acidentes com veículos de socorro, obrigados a percorrer longas distâncias em estradas nacionais.

Outra consequência desta politica é a ocupação dos meios de socorro por mais tempo, originando roturas frequentes. Acresce que os preços pagos pelo SNS e INEM, as identidades prestadoras de socorro, aos Bombeiros e à CVP, parceiros directos do sistema integrado de emergência, não cobrem as despesas de combustível, material utilizado, pagamento às tripulações, renovação das ambulâncias depois do tempo de vida útil. Os valores pagos em norma são inferiores à bandeirada dos TÁXIS, prevendo-se em breve a falência técnica do sistema, sendo os principais culpados o INEM e as politicas do SNS.

Presentemente o socorro em Portugal vive uma situação critica, onde a propaganda utilizada para enganar o cidadão, tenta abafar, a todo o custo, o crescente risco de vida de quem necessita de socorro.
Paulo Ferreira

9 Comments:

Blogger e-pá! said...

A incapacidade de resposta - nomeadamnete por mau planeamento -
ou mesmo a ruptura - por abandalhamento - da rede de emergência pré-hospitalar, vem dar caradas de razão (à posteriori) aos "contestatários" autárquicos, cuja sensação de falta de segurança, com as soluções a serem implementadas, foi sempre patente. Sentia-se que a reestruturação das urgências trazia gastos e investimentos. As populações desconfiavam que não havia dinheiro. Tinham razão. A pressa em "fechar" cegava o bom senso mas respondia a questões orçamentais. Logo, as populações distantes dos SEMC e dos HH's polivalentes, pressentiam que sua saúde poderia correr mais riscos dos que já corria nos SAP's. A sabedoria popular é muito do estilo: "mais vale um pássaro na mão do que dois a voar."
Agora, vem ao de cima, as insuficiências orçamentais para pagamento dos Bombeiros e à CVP e uma utilização intensiva dos meios de drenagem, com o terrível espectro de, a breve trecho, desguarnecer a retaguarda dos serviços de emergência.

É inconcebível como o MS deixou as coisas chegarem a este ponto. Perdeu toda a margem de manobra para continuar a promover reformas na saúde. E, tudo isto, com um bom relatório de reestruturação das emergências, entre mãos.

A isto chama-se desperdiçar o capital de confiança das populações no Governo.
A penúria instalada no reino da fanfarronice reformadora.

8:02 da tarde  
Blogger naoseiquenome usar said...

Caro é-pá:
disse "abandalhamento"? Foi isso?
Bolas!
Ele há quem seja temerário, ou "insolente", mas tanto?
Faria bem melhor em fazer pedagogia junto das populações, no sentido de bem utilizarem os serviços de saúde e, no caso específico, a emergência médica.
Ah: E já agora reconhecer que há gente sempre a trabalhar nos limites a fim de dar a melhor resposta; de reconhecer que é precisa uma tal adrenalina que são poucos (nomeadamente médicos), os vocacionados para a função; e, de reconhecer que entre BV e INEM a questão principal se prende com o vil metal.

12:09 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro naoseiquenome usar:

"E já agora reconhecer que há gente sempre a trabalhar nos limites a fim de dar a melhor resposta"

As melhores respostas não surgem com gente sempre a trabalhar nos limites. Sublinho o "sempre".
Isso, é o "desenrasca". É o passear pelas bordas do precipício.
As melhores respostas surgem organizadamente, com programação e meios adequados.

Quanto à competição entre o INEM e os BV pelo vil metal, completamente de acordo.
Todavia, acho que é possível delimitar os campos de acção, competências e meios a disponibilizar.

"Abandalhamento" é, de facto, um conceito muito pesado e demasiado denegridor.
Mas a recente história rocambolesca (ou trágica?) de Torres Novas (ou de Torres Vedras - fiquei sem saber) entre os BV e o INEM ou vice-versa - com telefonistas pelo meio - empurrou-me para este radicalismo de linguagem. Excessivo, com certeza, mas traduzindo uma grande desilusão...

1:12 da manhã  
Blogger Unknown said...

Vindo de Férias, não posso deixar de romper o meu silêncio perante um post tão sério mas sem estar estribado, em qualquer argumento que o fundamente a não ser na opinião de quem pelos vistos acha, que a qualidade do socorro e a percentagem da sobrevivência resulta da proximidade dos cuidados e na menor distância percorrida pelas ambulâncias de socorro. Vim de férias do Algarve, região onde há bem pouco tempo foi anunciada pelo MS as Vias Verdes do AVC e Coronária. Com dúvidas "consultei" presencialmente a rede, e fiquei deveras surpreendido, Unidade de Cardiologia de Intervenção em Faro a funcionar 7 dias por semana, 24 horas, SAPs de Albufeira, Loulé e Vila Real Santo António (24 horas), com RX digital com transmissão para H. Faro, ECG com desfibrilhador em todos eles ligados telefónicamente a Faro e ao INEM, podem fazer fibrinólise se necessário, urgência de Lagos com as mesmas características e ligada a Portimão, ambulância medicalizada em Portimão para transferir doentes para Faro. Unidade de AVC em Faro e outra em Portimão para abrir em Outubro. Três VMER em Portimão. Albufeira e Portimão com ECG com desfrilhador ligado ao INEM nacional. É disto que precisamos pelo país, organização, comando, qualificação do socorro e rapidez de intervenção. Se querem dados, consultem-nos na página da ARS Algarve, numa apresentação do DR. Veloso Gomes, aí sim há dados sobre a sobrevivência!!! Mais tarde ou mais cedo necessitaremos deles nós próprios ou as nossas famílias. No que se refere ao preço pago pelo transporte e à questão do transporte, recomendo vivamente um Documento da ERS sobre a matéria, que tem circulado por aí quase que clandestinamente. Nos dias de hoje há muito por fazer, seguramente muito que investir no socorro qualificado pré-hospitalar, finalmente o INEM a reboque da agenda política dá sinais de mudança, com a contratação de técnicos paramédicos e com a promessa do MS de contratar 100 médicos uruguaios. É aí que necessitamos de melhorar e muito a actuação do sistema. Mas há quem queira continuar a atirar a baixo, a não ver o que está a mudar e a dar acolhimento aos interesses de grupo, como o dos transportes.

1:13 da manhã  
Blogger naoseiquenome usar said...

Caro é-pá:
Se o mundo fosse perfeito seria como diz.
Não o sendo e devendo cada um de nós fazer "o melhor possível, onde estivermos e com o que tivermos à mão", o desejável ficará para momentos mais etérios, como muitas conversas por aqui.
Mas como reconheceu o "peso" da palavra, eu também reconheço a falha de uma palavra e, por isso, acrescento ao "sempre nos limites para dar a melhor resposta" o termo "possível".

2:06 da manhã  
Blogger naoseiquenome usar said...

Já agora aproveito para esclarecer o E-Pá que o caso a que se refere se passou em Torres Novas e não Torres Vedras (julgo que as notícias nisso eram explícitas).

2:08 da manhã  
Blogger naoseiquenome usar said...

* perdão: etéreo

2:15 da manhã  
Blogger vivo.numa.epe said...

"Abandalhamento" pode ser uma palavra muito forte, mas qualquer profissional que tenha trabalhado no iNEM sabe que até a pouco tempo tambem o instituto estava organizado em função dos interesses de alguns, nomeadamente em relação a formação, ao acesso aos trabalho nos heli,os diferentes pagamentos entre as diferentes VMERs, etc ... estes interesses minavam o bom funcionamento e a boa prestação de cuidados ao doente.

8:18 da manhã  
Blogger Paulo Ferreira said...

Um aumento de dez quilómetros, em linha recta, da distância onde se encontra o doente até chegar a um Serviço de Urgência representa um acréscimo de um por cento na mortalidade, revela um estudo inglês. Estas conclusões levam os médicos portugueses a apelar ao ministro da Saúde, Correia de Campos, para a necessidade de uma reflexão, uma vez que está a ser implementada a reforma dos Serviços de Urgência, alvo de críticas da Ordem dos Médicos.
Preocupada pelo facto da reestruturação dos serviços de emergência poderem implicar, para os doentes, um aumento do risco de vida, quando o percurso se torna mais longo até aos serviços hospitalares, a Associação Britânica de Medicina de Emergência estudou os casos de 10 315 pacientes em risco de vida (excluindo paragens cardio-respiratórias). Estes foram transportados por quatros serviços de ambulâncias do National Health Service (Serviço Nacional de Saúde britânico).

A conclusão do estudo científico, publicado no último número do ‘Emergency Medicine Journal’ revela que existe incremento do número de mortes (um por cento da taxa de mortalidade) quando a distância aumenta em dez quilómetros em linha recta. Perante este dado, o Sindicato Independente dos Médicos apela ao ministro a reflectir, uma vez que “que está empenhado na reestruturação das Urgências”.

Isabel Caixeiro, presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Médicos, diz-se atenta à reforma para ver “se se fecham primeiro as Urgências antes de ser estruturado o sector e implementada uma solução de proximidade à população”. “Quanto aos Serviços de Atendimento Permanente (SAP), ainda não se percebeu a definição, umas vezes são urgências, outras não. Em Vila Real e Albufeira estão a funcionar como Urgências Básicas, com os mesmos profissionais de saúde.”

O CM tentou um comentário do Ministério da Saúde, sem sucesso

Penso que a minha opinião é compartilhada por mais gente, mas aceito as suas criticas e deixo de já um louvor pelo excelente bolge
Obrigado
Paulo Ferreira

9:28 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home