terça-feira, setembro 25

A situação começa a ficar caricata



Um SNS sem médicos

São os números de abandono no SNS que se confundem ou ocultam, são os planos do PRACE, a mobilidade especial, etc.
E, em minha opinião, está para vir o pior com a inusitada rigidez do controlo de assiduidade biométrico...

Toda esta situação fez-me relembrar um episódio, historicamente entroncado nas "devastações" impreparadas e impensadas: as invasões francesas. Estes comandados por Massena, foram contidos nas "linhas de Torres", mas provocaram aquilo que, alguns historidores, designam por "a retirada dos 100.000".
Desorganizaram o País por largos anos.

A imagem é uma caricatura, não será tão apocalíptica para o SNS, mas contem paralelismos que não se enfrentam, ocultando-os ou combatendo-os com "manifestações de fé".

Sugeria que o MS organizasse um ciclo de conferências subordinado ao(s) tema(s):

- Um SNS, sem médicos
ou,
- Um SNS, com a total subalternização dos médicos.
ou,
- Um SNS, e a fé no regresso dos filhos pródigos.

Haveria, muito mais possibilidades sobre esta temática.
Mas para não encher o Portal da Saúde, onde se reproduzem as prelecções do Sr. Ministro, estes temas (aliás, complementares), bastam.

Finalmente, aguarda-se que estas abordagens tragam à organização e gestão dos serviços públicos de Saúde, sugestões inovadoras.
E, como todas as "inovações", está na ordem do dia do Governo Socrates, até podia cair (politicamente) bem.
É-Pá

6 Comments:

Blogger naoseiquenome usar said...

E sem enfermeiros?
E sem Técnicos?
E sem administrativos?
E sem auxiliares?
E sem ..?
E sem...?

O sistema de aferição da assiduidade está por implementar desde 1999 (desde então obrigatório em todas as unidades que contassem com 50 ou mais profissionais) . E sempre se dirigiu ao universo de profissionais de saúde, médicos incluídos, claro.

1:34 da manhã  
Blogger naoseiquenome usar said...

Ah:
e sem doentes?

... maravilha!

1:35 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

Helena Marteleira, assessora do ministro da Saúde para a Comunicação Social

Ao abrigo do Direito de resposta publicamos o seguinte texto, de uma assessora do ministro da Saúde sobre notícia que publicámos com o título em epígrafe:

"No dia 20 de Setembro o "Jornal de Notícias" publica com destaque uma notícia assinada pela jornalista Alexandra Marques, sob o título "Médicos desmentem ministro nas acusações contra a classe", na qual se atribuem ao ministro da Saúde afirmações falsas.

Na peça, a jornalista escreve que o ministro da Saúde terá afirmado, em entrevista ao "Acção Socialista", que "em todo o país, só 11 médicos deixaram o Serviço Nacional de Saúde".

No dia seguinte, sob o título "Médicos de saída contrariam ministro", uma notícia não assinada volta a afirmar que "o ministro apontou apenas a saída de 11 médicos, a nível nacional, numa entrevista ao jornal "Acção Socialista". Nessa peça surge ainda um destaque que em que se afirma que "Foram 442 os médicos que pediram rescisão de contrato e não os 11 de que falava o ministro da Saúde".

A simples leitura da entrevista ao "Acção Socialista" basta para esclarecer que a afirmação do ministro da Saúde é a seguinte: "Ao todo foram 11 os médicos que abandonaram um dos grandes hospitais do Serviço Nacional de Saúde".

Muito distinto, portanto, do que escreve o Jornal de Notícias.

Lamento que o pouco profissionalismo da jornalista a tenha impedido de fazer uma leitura cuidadosa da entrevista publicada no "Acção Socialista", tendo assim fornecido informação falsa aos seus leitores.

Lamento igualmente que o Jornal de Notícias tenha persistido na divulgação de informação errada, com consequentes danos para a imagem do ministro da Saúde e para a qualidade e credibilidade da informação que produz esse órgão de comunicação social."
JN 25.09.07

9:02 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro João Pedro:

Mais uma vez temos serviços de
assessoria da Comunicação Social dos Ministérios a tentar dar a volta ao texto.

Interessa, para cabal esclarecimento dos interessados, recordar a pergunta feita no jornal "Acção Socialista":
"Há notícias que relatam a saída de um número significativo de médicos do SNS. O que se passa a este propósito?"

A resposta, como é habitual nos políticos portugueses, é totalmente enviesada.
"São notícias que não só não correspondem à verdade, e as estatísticas provam-no, como tem sido exactamente o contrário que se tem verificado.
Ao todo foram 11 os médicos que abandonaram um dos grandes hospitais do Serviço Nacional de Saúde, poucos, muito pouco, portanto, em todo o país.
Em contrapartida há centenas de outros que todos os anos entram no sistema público.
O meu desejo é que todos aqueles que de facto têm intenção de sair o façam o mais depressa possível. Outros tomarão o seu lugar, pois há excelentes profissionais, em segunda linha, à espera de uma oportunidade."

"Ao todo", disse o ministro, que logo a seguir, dá meia volta, e circunscreve-se a um grande hospital "foram 11 os médicos"!
Primeiro, a pergunta incidia sobre o SNS.
A deriva "para um grande hospital" é da responsabilidade do MS, que ao ser questionado sobre a globalidade do SNS, circunscreveu-se (voluntáriamente) na particularidade de um Hospital (melhor seria dizer na particularidade de um serviço hospitalar), por inegável tentação de iludir a resposta e, pior, desvalorizar a pergunta.
Mais, referenciando especificamente esses 11 médicos, concluiu a resposta voltando a reencaminhar-se para aspectos globais (SNS): "...poucos, muito pouco, portanto, em todo o país."

Em que ficamos?
a) Nos 11 de um grande hospital?
b) Nos poucos, muito poucos, em todo o país?
c) ou, nos 943 que saíram do SNS entre o início de 2006 e Abril de 2007 (informação do gabinete do MS)?

Com meias verdades (parciais), meias informações transmitidas "ad hoc" (não respondendo cabalmente à pergunta) e um constante esvaziar da realidade (poucos, muito poucos...) é difícil ser assesssor(a) do MS.

Com toda esta "embrulhada" não me parece ético assacar responsabilidades ao JN.

Não me parece curial evocar o Direito de resposta.
Melhor seria esclarecer correctamente (não citar "números de conveniência"), informar claramente (respondendo às perguntas).

E melhor servidos ficaríamos se não existisse a indomável tentação de tentar desvalorizar o que pode ser importante.

Qualquer político tem uma ideia fixa: desdramatizar.
Boa, para aclarar falsas situações, para combater o pânico injustificado, etc., mas, descredibilizante perante as realidades insofismáveis.
Aliás, grande número de políticos tendem a tornar-se sofistas. Isto é, partem de permissas verdadeiras para concluirem ardilosamente, ou de modo absurdo.
Tendem a cultivar o raciocínio caviloso que é um declarado inimigo da boa informação.

11:04 da manhã  
Blogger tambemquero said...

O ministro da Saúde acusou os especialistas de Oftalmologia de pouca produtividade, atribuindo-lhes responsabilidade pela elevada dimensão das listas de espera para consultas e cirurgias oftalmológicas em Portugal.

Correia de Campos foi ainda mais longe, afirmando que “se cada oftalmologista trabalhasse mais meia hora por dia e fossem realizadas mais 0,6 por cento de cirurgias oftalmológicas diariamente em Portugal não havia listas de espera nesta especialidade”.

A declaração foi proferida durante a apresentação da segunda fase da campanha de informação sobre medicamentos genéricos, promovida pelo Infarmed, no decorrer da qual o ministro da Saúde disse ter em sua posse “desde Junho um relatório referente à actividade de Medicina Oftalmológica em Portugal, que contém números preocupantes mas esperançosos”, apontando culpas à pouca exigência praticada no sector e considerando que “a situação não é boa e é simplesmente o resultado de diversos erros acumulados”. Nesta área, o responsável pela pasta da Saúde considera que existe uma “escassa exigência na produtividade quantitativa”.

Admitindo que a falta de médicos que se observa actualmente em Portugal contribui também, em grande escala, para a situação que se vive, não só na área da Medicina Oftalmológica em particular mas no sistema de saúde português em geral, o ministro da Saúde adiantou que foram já tomadas algumas medidas de combate a esta tendência. “Iniciei já diversos contactos com médicos estrangeiros para praticar entre nós”, adiantou, informando que, paralelamente a esta medida, estão a ser preparados planos para formação e adaptação desses profissionais às exigências e necessidades da prática da Medicina em Portugal.

No final da apresentação, Correia de Campos voltou à questão, levantada recentemente, do controlo de assiduidade dos médicos. De acordo com o ministro, a nova medida, que prevê um controlo de presenças biométrico – validação do cartão de ponto por impressão digital – nas unidades de saúde, “é uma forma mais justa e equitativa para os melhores profissionais não serem prejudicados”.

Correia de Campos comentou também as recentes declarações do bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, que reagiu ao anúncio dessa medida afirmando que “qualquer gestor, mesmo o mais ignorante, sabe que o recurso a métodos rígidos provoca uma diminuição da produção”.

O ministro disse não saber “que manuais de gestão foram consultados, porque não existe nenhum manual que diga que uma maior presença no local de trabalho provoque menor produtividade”. Deixou também um aviso à classe médica, declarando que “os profissionais de excelência nada têm a temer do sistema”, e garantiu “não ter dúvidas de que o sistema vai funcionar bem”.

IMPOSSÍVEL ALARGAR HORÁRIOS

O presidente do Colégio de Oftalmologia da Ordem dos Médicos, Florindo Esperancinha, reagiu às declarações do ministro da Saúde, afirmando ao CM que “quem trabalha na área da Oftalmologia em Portugal sabe que um alargamento dos horários é impossível”.

O mesmo dirigente adiantou que “a situação nos hospitais privados, neste momento, é suficiente para responder às solicitações, e só não o é nos hospitais públicos porque as condições não são as melhores”. Para Florindo Esperancinha, a solução não passa pelo alargamento dos horários mas pela “motivação dos funcionários”. “Não há modelos novos para pôr as pessoas a trabalhar mais tempo”, disse, adiantando que deviam ser estabelecidos “acordos entre os serviços e os hospitais e condições para desenvolver a actividade”.

O presidente do Colégio de Oftalmologia referiu ainda que “transformar os médicos em funcionários vai fazer com que muitos abandonem o Serviço Nacional de Saúde”.

GENÉRICOS APOSTAM NA CONFIANÇA

Foi apresentada durante a tarde de ontem, na sede do Infarmed, a 2.ª fase da campanha de divulgação dos medicamentos genéricos em Portugal. O presidente do Infarmed, Vasco Maria, realçou a posição de destaque que os genéricos ocupam já no País, fixando em 20 por cento a quota de mercado a atingir até ao final de 2008. Referiu ainda que o principal objectivo é aproximar os níveis de consumo de medicamentos genéricos em Portugal dos observados na Europa, onde chegam a ser de 40 a 60 por cento em alguns países.

Salientando a “necessidade de desenvolver o mercado destes medicamentos em novas áreas de intervenção e não naquelas em que o mercado já se encontra saturado”, o responsável máximo da autoridade nacional do medicamento realçou também a necessidade de “baixar mais os preços, que são ainda elevados quando comparados com alguns países europeus”.

A nova campanha do Infarned envolve principalmente a divulgação da qualidade, eficácia e segurança dos genéricos, e aposta numa mensagem de confiança
CM 19.09.07

9:59 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Este fim de semana fui visitar um familiar a um hospital "lá para cima".
Vim de lá sinceramente incomodado com o que vi.
Seguramente 70/80 por cento dos doentes são idosos a maioria deles vítimas de acidentes domésticos.
E ali estão aqueles homens e mulheres no seu sofrimento, muitos deles incapazes de utilizar sequer o comando, com uma parafernália de botões (as novas tecnologias em acção)para chamar os enfermeiros.
Mas pior que isso, uma família, em desespero, procurava solução para familiar operado há dois dias e a quem iria(?) ser dada alta na segunda feira.
Espantoso! Via-se, claramente, que a pessoa doente não tinha condições para regressar a casa.
E era latente a tensão entre os enfermeiros que, concordando com a família, se limitavam a dizer que nada podiam fazer já que "os senhores doutores é que mandam".
De repente dei comigo a pensar: aqui está um bom motivo para um comentário no Saúde SA.
Será que o Senhor Ministro da Saúde conhece (ou quer conhecer) esta realidade?
Serão estes os princípios pelos quais se regem os tão falados, e apregoados, Cuidados Continuados a Idosos?
Estará este médico a par da situação? Não será isto a obediência a critérios cegos de economia? Será isto a "qualidade em saúde"?
Por mim, fiquei ilucidado.

10:11 da tarde  

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