quinta-feira, outubro 4

happy end à vista?


O adjudicatário do futuro Hospital de Cascais PPP, tem negociado, ao que parece, a continuidade dos serviços de onclogia e infecciologia com o MS.
Os HPP terão interesse na continuidade destes serviços desde que o Estado esteja disposto a pagá-los, como é evidente. E também para fazer frente às iniciativas de outros grupos privados, nomeadamente a JMS, que pretenderão criar neste concelho um serviço moderno de Oncologia com radioterapia e tudo.

O atraso no arranque do operador privado do novo hospital terá muito a ver com estas manobras de bastidores e jogos de interesses dos operadores privados.

Mas segundo últimos dados, tudo parece bem encaminhado para a continuidade dos serviços de oncologia e infecciologia do Hospital de Cascais.
A bem dos utentes do concelho.
jcotovia

4 Comments:

Blogger Clara said...

Com um ministro preocupado, quase exclusivamente, em reduzir, fazer encolher o SNS. Onde grassa a mais despurada confusão do que é a defesa do interesse público, de que a nomeação de Pereira Gouveia, coordenador nacional das doenças oncológicas é exemplo link do emaranhado de interesses estabelecidos poderão resultar as mais complexas relações entre os protagonistas em presença.

Será que desta vez estamos a assistir à coincidência de interesses entre a Direcção do Bloco de Esquerda e HPP, adjudicatário do Hospital de Cascais, contra os interesses doutros operadores privados e a própria coordenação nacional?

5:20 da tarde  
Blogger cotovia said...

Documentos de trabalho produzidos por especialistas e destinados a incorporar futura decisão política precipitam muitas vezes manchetes jornalísticas que não primam pelo rigor. A vontade de bater a concorrência, acompanhada de algum desleixo na indispensável confirmação das informações disponíveis, origina títulos e textos que são depois matéria de polémica. Por outro lado, e tirando proveito dessa apetência dos media, diversos poderes ensaiam com frequência fugas de informação, destinadas a testar as reacções da opinião pública a medidas mais sensíveis, que estarão na origem de descontentamentos esperados. Ou seja, já são raros os anjinhos no universo mediático que começa nas fontes e acaba no grande público.

Não há anjos, mas há provedores. E foi ao do DN que se queixou o ministro da Saúde. Referindo-se à edição de 6 de Setembro, António Correia de Campos verifica uma "contradição insanável entre títulos e conteúdos", a propósito da manchete de primeira página ("Governo fecha vários serviços de oncologia") e ainda do título da pág. 2 ("Unidade de oncologia fecha em Cascais"). Diz o ministro que "nada fechou, os encerramentos são ainda meras eventualidades". Considera também que "o assunto é demasiado delicado", o que é óbvio, e que a chamada da primeira página "foi causadora de alarme e geradora de legítimos temores". Tratando-se de uma questão tão sensível como o cancro, a conclusão é consensual. Veremos, mais adiante, se o jornal, tinha, ou não, substância editorial que justificasse o destaque.

O provedor afasta, desde já, neste caso, a cumplicidade do ministro em qualquer fuga orquestrada de informação. António Correia de Campos pode, aqui e ali, ceder à tentação do excesso no verbo (o que nem sempre é defeito...), mas não é personalidade para se deixar seduzir por manobras florentinas de bastidores.

Vejamos, então, se terá havido precipitação por parte do DN. A directora adjunta Filomena Martins, responsável pelo fecho da edição em causa, explica-se: "Os dados do artigo chamados ao título de capa são claros: o fecho de três unidades de oncologia em três hospitais da área da Grande Lisboa - Cascais, Loures e Vila Franca de Xira - são praticamente um facto consumado. E apenas três de outros casos previstos para todo o País. Trata-se de decisões previstas na rede de referenciação de oncologia, confirmadas pelo coordenador nacional para as doenças oncológicas, Joaquim Gouveia: "A reestruturação, seja qual for o seu resultado, afectará sempre milhares de utentes e os seus familiares. (...) Pela relevância social de todos estes factos, (...) tomei a decisão de fazer a manchete."

O provedor leu, e releu, com cuidado e atenção, todos os textos da polémica. Não encontrou, de facto, matéria suficiente para dar como consumado o encerramento das unidades de Loures e Vila Franca de Xira, mas sobram conteúdos editoriais sólidos para justificar os títulos escolhidos. O provedor não vislumbrou, senhor ministro, qualquer "contradição insanável".

De facto, o jornal não se ficou pela transcrição asséptica de um documento de trabalho. Cita, on the record, declarações de António Branco, presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, e de Joaquim Gouveia, coordenador nacional na área oncológica. Ambos confirmam, embora como "excepções", o previsível fecho de várias unidades oncológicas. António Branco, sobre Cascais, diz que "(...) não pode haver ali uma unidade do género". E Joaquim Gouveia é igualmente peremptório: "Este hospital nem deveria ter unidade oncológica."

O provedor permitiu-se, ainda, alguma investigação jornalística por conta própria, e apurou, junto de especialistas, que é, não só provável, como mesmo "desejável" o fecho de unidades de oncologia periféricas e a concentração em serviços mais bem apetrechados. O cancro, sobretudo na primeira página, é sempre tema susceptível de causar alarme social. Compreende-se. Mesmo quando, como parece ser o caso, o objectivo é melhorar as condições de tratamento da doença por parte do Serviço Nacional de Saúde. A imprensa deve, portanto, rodear-se das precauções adequadas à abordagem de matéria tão melindrosa. No caso em apreço, pensa o provedor, o DN actuou, no fundamental, de forma correcta.|
Mário Bettencourt Resende DN 29.09.07

1:05 da tarde  
Blogger e-pá! said...

A definição de uma rede de referenciação oncológica só ganha actualidade e, sejamos claros só começa a criar problemas, desde que o Sector Privado de Saúde, resolveu apostar nesta área.
Joaquim Gouveia é um reputado homem da oncologia portuguesa, mas a sua actual nomeação pode ser um presente envenenado.
Primeiro, os IPO's com diferentes apetites, vocações e objectivos. Agora, para agravar a concorrência, são todos EPE's.
Uma eventual rede terá de começar por definir objectivos e estratégias comuns relativamente aos IPO's.
Depois, um vasto conjunto de HH´s Centrais e Distritais que, não sendo especialmente "dedicados" para a oncologia, têm unidades oncológicas em funcionamento (algumas de excelência) e, apesar de uma aparente "indeferenciação", executam a maioria dos procedimentos cirurgicos oncológicos, no País.
Esta situação, se for analisada cuidadosamente no que refere ao movimento nosológico (oncológico) , confere às "instituições não dedicadas" uma largo peso assistencial nesta área, e o treino advindo do volume de intervenções praticadas, são, para todos os efeitos, credenciais que não podem ser ignoradas ou liminarmente apagadas.
É dificil de definir uma rede sem coordenar ou disciplinar esta "dispersão" - IPO's / "outros" HH's.
E, sem conseguir esclarecer (as pressões polítcas começaram a desenvolver acções) o que se vai passar na área oncológica nas PPP's, aparentemente, desinteressadas (por motivos orçamentais?) desta área assistencial.
Por último, os recentes e poderosos investimentos na área oncológica do SPS, com aquisição de tecnologia pesada, mostram que algo de "novo" poderá estar para vir.

O Dr. Joaquim Gouveia não têm uma tarefa fácil. A sua competência é inquestionável mas, como ele sabe, devido às suas ligações (até recentemente) com o SPS, começou a chicana política (que não se sabe até onde vai ou quando acaba).

Para já, o Dr. Joaquim Gouveia, ainda muito longe do fim da sua espinhosa missão, necessita de uma "happy hour".

8:28 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Um doente suspeito de ter cancro colorrectal pode esperar vários meses para confirmar o diagnóstico. Os estrangulamentos são vários e diferem em todo o País. Em Lisboa, por exemplo, um doente espera até mês e meio para fazer uma colonoscopia em clínicas com convenção estatal, porque praticamente não existem. Chegando ao hospital, pode ainda esperar "dois a três meses até ter uma consulta de gastrenterologia", disse ao DN Pilar Vicente, médica do Hospital de São José.

Estas dificuldades sentem-se em todo o País, com excepção da região centro, onde também já se iniciou um programa de rastreio. A ausência de uma política de rastreio é, aliás, mais uma das razões que tornam o cancro colorrectal no mais fatal em Portugal - em contracorrente com a Europa. "Todos os dias morrem nove pessoas por dia devido a este tipo de cancro", explica ao DN José Manuel Romãozinho, o presidente da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva.

Em doentes assintomáticos e com mais de 50 anos, pede-se um exame anual de sangue oculto nas fezes no centro de saúde. Se for positivo, terá se ser feito um exame, como a colonoscopia, que pode ou não detectar a existência de um carcinoma. Em alternativa, o doente é "remetido para o hospital, para uma consulta de gastrenterologia", afirma um médico de família da Unidade de Saúde Familiar (USF) Amato Lusitano.

Segundo Jorge Espírito Santo, o presidente do colégio de oncologia da Ordem dos Médicos, a colonoscopia pode ser feita no hospital, mas, na maioria dos casos, o doente já leva o exame feito a partir de clínicas privadas, podendo recorrer às que têm convenção com o Serviço Nacional de Saúde. O problema é que "existem poucos centros convencionados", alerta o médico de família que tem conhecimento de apenas dois ou três. Um deles tinha uma espera de mais de um mês, apurou o DN. "Não saber o que se tem é motivo de grande ansiedade para o doente", realça o médico de família.

A espera foi confirmada por fonte ligada à Associação Nacional dos Médicos de Endoscopia Digestiva (SPED): "Os convencionados são insuficientes, sobretudo nas grandes cidades. A espera pode chegar a seis semanas". A pouca oferta é justificada "com o facto de o Estado pagar menos de metade do que cobra pelos exames nos hospitais". Margarida Damasceno, oncologista do hospital de São João, refere que "o hospital não está a dar resposta, pelo que os doentes recorrem a convencionados".

Jorge Espírito Santo acredita que o grosso dos problemas está no hospital. "O doente já confirmou o diagnóstico de cancro e é enviado para o bolo das consultas de gastrenterologia para ser triado. Deviam ser criados canais directos entre os centros de saúde e os hospitais", alerta. Enquanto se espera pela discussão da rede de referenciação, o doente "chega a esperar dois meses pela marcação da consulta, exames de estadiamento" e aspectos da terapêutica. A isto associa-se a espera pela cirurgia, que já é conhecida, e que pode chegar a oito meses. "A situação não está boa para o doente oncológico", conclui.
DN 07.10.07

2:46 da manhã  

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