Listas de espera
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Portal da Saúde publicou recentemente um excelente relatório sobre as listas de espera para cirurgia.link
Apesar das falhas de fiabilidade de alguns indicadores, os resultados apresentados parecem incontroversos:
• No último ano e meio, o tempo médio de espera, no Continente, baixou de 8.6 meses para 5.0 meses;
• A actividade cirúrgica programada tem subido consistentemente, prevendo-se, para o fim do ano de 2007, um crescimento superior a 30% face a 2005;
• A contribuição dos privados/convencionados para este esforço de recuperação é de cerca de 7,5%, limitada como se vê;
• Dos vale-cirugia emitidos para casos que ultrapassem o tempo de espera clinicamente aceitável apenas 34% tiveram encaminhamento. Ou porque o doente não quer ou já foi operado, recusa ser transferido e prefere aguardar, sendo ainda devolvidos ao hospital de origem 10% desses casos por não terem indicação cirúrgica;
• Há, infelizmente ainda, um número de casos prioritários cuja rapidez no atendimento não é respeitada, com valores relevantes nalguns hospitais (entre 10 e 30% dos casos).
Apesar das falhas de fiabilidade de alguns indicadores, os resultados apresentados parecem incontroversos:
• No último ano e meio, o tempo médio de espera, no Continente, baixou de 8.6 meses para 5.0 meses;
• A actividade cirúrgica programada tem subido consistentemente, prevendo-se, para o fim do ano de 2007, um crescimento superior a 30% face a 2005;
• A contribuição dos privados/convencionados para este esforço de recuperação é de cerca de 7,5%, limitada como se vê;
• Dos vale-cirugia emitidos para casos que ultrapassem o tempo de espera clinicamente aceitável apenas 34% tiveram encaminhamento. Ou porque o doente não quer ou já foi operado, recusa ser transferido e prefere aguardar, sendo ainda devolvidos ao hospital de origem 10% desses casos por não terem indicação cirúrgica;
• Há, infelizmente ainda, um número de casos prioritários cuja rapidez no atendimento não é respeitada, com valores relevantes nalguns hospitais (entre 10 e 30% dos casos).
Algumas conclusões se podem desde já retirar destes resultados globais.
O número de casos tem aumentado mas as listas de espera apresentam hoje tempos mais reduzidos. Ou seja, opera-se mais e é o sector público que domina esmagadoramente a actividade cirúrgica (mais de 90% das intervenções).
Por outro lado, há, aparentemente, um grande empolamento no número de doentes em espera, a acreditar nos valores impressionantemente baixos de transferências efectivadas.
Há ainda situações que se tornam dramáticas pela não intervenção atempada, o que é manifestamente intolerável. Parece, enfim, óbvio que, apesar dos bons resultados, os problemas dos tempos de espera para cirurgia persistem.
Mas também parece relativamente óbvio que a maioria das situações efectivamente em espera se situam em áreas cirúrgicas de menor gravidade, ainda que sempre incómodas para os doentes. Numa análise dos grandes hospitais verifica-se que é na Oftalmologia, na Otorrino, nas cirurgias da coluna, das varizes, das hérnias e da pele e na Ortopedia, que se encontram os maiores contingentes de doentes em espera, sempre superior a 500 por especialidade e por hospital, e nalguns casos entre 1000 e 2500 doentes, como é o caso da Oftalmologia.
O número de casos tem aumentado mas as listas de espera apresentam hoje tempos mais reduzidos. Ou seja, opera-se mais e é o sector público que domina esmagadoramente a actividade cirúrgica (mais de 90% das intervenções).
Por outro lado, há, aparentemente, um grande empolamento no número de doentes em espera, a acreditar nos valores impressionantemente baixos de transferências efectivadas.
Há ainda situações que se tornam dramáticas pela não intervenção atempada, o que é manifestamente intolerável. Parece, enfim, óbvio que, apesar dos bons resultados, os problemas dos tempos de espera para cirurgia persistem.
Mas também parece relativamente óbvio que a maioria das situações efectivamente em espera se situam em áreas cirúrgicas de menor gravidade, ainda que sempre incómodas para os doentes. Numa análise dos grandes hospitais verifica-se que é na Oftalmologia, na Otorrino, nas cirurgias da coluna, das varizes, das hérnias e da pele e na Ortopedia, que se encontram os maiores contingentes de doentes em espera, sempre superior a 500 por especialidade e por hospital, e nalguns casos entre 1000 e 2500 doentes, como é o caso da Oftalmologia.
As soluções para este problema implicam uma visão mais ampla das suas causas, o que pressupõe uma análise rigorosa da capacidade instalada (em recursos humanos e em salas de operação) e maior exigência em matéria de eficiência e produtividade. Questões para as quais não é alheio o comportamento disponível ou não, dos médicos e a forma como se pratica, muitas vezes, a acumulação entre o sector público e o sector privado.
Mas é também necessário olhar para outras áreas: para as consultas externas, para os exames complementares de diagnóstico ou para as terapêuticas. Muitas vezes é na área não cirúrgica que se joga o futuro de milhares de doentes e os tempos de espera são, por vezes, intermináveis e até fatais.
Mas é também necessário olhar para outras áreas: para as consultas externas, para os exames complementares de diagnóstico ou para as terapêuticas. Muitas vezes é na área não cirúrgica que se joga o futuro de milhares de doentes e os tempos de espera são, por vezes, intermináveis e até fatais.
A produtividade dos nossos serviços públicos tem ainda margem de progressão. Assim, tenhamos toda a coragem de enfrentar abertamente os problemas, encontrar incentivos adequados e deixarmo-nos de subterfúgios ou hipocrisias que apenas redundam em prejuízo dos doentes.
O Governo, as corporações profissionais e as administrações hospitalares têm aqui um papel insubstituível.
O Governo, as corporações profissionais e as administrações hospitalares têm aqui um papel insubstituível.
manuel delgado, editorial GH n.º 30
1 Comments:
Manuel Delgado tem razão. Tenho que reconhecer que desta vez, a sua análise está correcta. Mas...no passado não muito longínquo a situação era em tudo semelhante! E que dizia então Manuel Delgado?!
Pois...mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
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