sexta-feira, outubro 5

SNS, qualidade & inovação


Caro tonitosa:
Tem razão na sua indignação! link
Embora não seja um gestor sinto que, algum dia, surgirá o momento em que haverá, nos HH's, melhor diria no SNS, um inevitável confronto entre marcha quantitativa dos resultados e a defesa da qualidade dos cuidados de saúde.
Infelizmente, receio que esse momento seja doloroso para todos. Fundamentalmente, para os doentes.
Penso, ainda, que esse momento poderá preceder a atribuição dos rankings.
Ao que suponho a sua indignação nas recentes deslocações ao Norte dizem respeito a um Hospital altamente colocado no ranking das "boas contas".

Ora, poderemos estar perante o acender do rastilho desse inevitável confronto que mais não significa do que a corda não pode (nem deve) ser esticada até à ruptura.
Não podemos passar, como tem relatado, pela aviltante degradação da qualidade de vida dos doentes.
Mas reconheço que esta é uma discussão difícil e que deve ser feita com lealdade, bom senso e objectividade. É, também, e fundamentalmente, uma discussão política - sobre os custos da manutenção dos direitos sociais dos portugueses.

Ainda hoje, MD em editorial na GH sobre Listas de Espera Cirúrgicas link afirma: "A produtividade dos nossos serviços públicos tem ainda margem de progressão".

Em contrapartida, fomos informados que a ASAE mandou encerrar as cozinhas de 2 grandes Hospitais. link Sintoma que a corda está muito esticada... em grande tensão.

Andamos pelas cozinhas mas, se por exemplo, fossem inspecionados os Blocos Operatórios, poderiamos ter um drama nas Listas de Espera.

Aliás, penso que o diagnóstico (fora dos efusivos relatórios de contas) da situação dos Hospitais do SNS (sejam EPE's ou SPA's) seria revelador de algumas surpresas de resultados consequentes a uma política de restrições e contenção, seguida desde há alguns anos, e que vai sendo públicamente propagandeada por números e relatórios.
De facto, ao constatarmos que, entre 2004 e 2006, o PIB cresceu 3,2% e a despesa do SNS se ficou pelos 2,9% ("Na saúde não há milagres", Jorge Simões,JP 02.10.07)
link temos em mãos um óptimo indicador de controlo de custos (económicos). Resta saber quais foram os custos sociais, mais difíceis de mensurar.
É-Pá

2 Comments:

Blogger e-pá! said...

Este dia (05.10.1910) fulcral para a nossa História e para as perspectivas futuras de um velho país europeu, que nos trouxe um mar de esperanças e, consequentemente, ondas de inovação para, mais tarde, tudo acabar num pântano de desilusões, do qual nasceu a ditadura que nos oprimiu quase meio século.

É a vida, como diria um recente político português...

Todavia, embora posteriormente abortadas, será justo referir, para um país tão distanciado da Europa civilizada, as segunites medidas tomadas na I República, em 10.05.1919, no campo social (saúde incluída), de onde se pode tirar alguns paralelismos com a situação actual:

- Decreto nº 5636: sobre o seguro social obrigatório na doença;

- Decreto nº 5638: sobre a invalidez, velhice e sobrevivência.

VIVA A REPÚBLICA!

11:12 da manhã  
Blogger Clara said...

As administrações dos Hospitais fazem, por vezes, giga jogas para melhorar a facturação.

Estadias curtas, por exemplo: doentes em SO (menos de 24 horas).
Martelam-se os registos administrativos ou prolongam-se desnecessáriamente as estadias para facturar alguma coisinha.

A competição, a motivação perversa para as melhores performances tem feito um apelo à capacidade de invenção da máquina administrativa.
Muitas vezes com atropelo da qualidade de atendimento dos utentes.

12:57 da tarde  

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