segunda-feira, novembro 26

Dia Mundial, 01 Dezembro


«Tempo Medicina»O Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infecção VIH/sida 2007-2010 link foi apresentado publicamente no dia 1 de Dezembro de 2006. Qual o balanço que faz do período em que tem vindo a ser posto em prática? entrevista completa (link)
Henrique Barros — O programa está a funcionar desde o início do ano. Quando foi apresentado para discussão pública, naturalmente que já reflectia muito do que vinha a ser feito, pois é um conjunto de linhas e orientações estratégicas. O que está em curso é aquilo a que podemos chamar um plano de acção. Há um ano que perseguimos os objectivos que estão inscritos no programa.

TM»Que leitura faz dos mais recentes dados da ONU?
link link
HB
- Mostram uma coisa que é importante: a qualidade da informação é determinante para podermos planear e programar. E em países ou regiões do Mundo onde os sistemas de informação são muito frágeis, as estimativas também têm de ser frágeis. Lembro-me de ter dito sempre que, ao contrário de muita gente que em Portugal batalha e vive aflita com a ideia de saber até à unidade [o número de pessoas infectadas], nós temos informação suficiente para agir e temos a dimensão exacta do problema. Isto é que é o mais importante. Aquilo de que estamos a falar são 33 milhões de pessoas que vivem com a infecção, mas quase tudo isto [a variação de valores em relação ao ano anterior] está dentro dos mesmos intervalos de confiança. Portanto, quantos mais testes se fizerem, quanto mais pessoas tiverem acesso à medicação, quanto mais se souber, mais perto vamos estar do conhecimento da realidade. Mas, cuidado com uma coisa: serem 39 ou 32 milhões [de casos] é relevante, pois são de mais, sempre.
Não há nenhuma doença infecciosa a matar como mata a sida se não for tratada. A diminuição [de casos verificados em relação ao ano anterior] seria uma boa notícia se fosse uma diminuição real, mas esta é uma diminuição de recenseamento. A estimativa que se faz é que por cada pessoa que entra em tratamento em África, há seis novos casos de infecção, portanto, nós estamos sempre a perder distância.

«TM»As campanhas de comunicação que têm vindo a ser lançadas pela Coordenação resultam de uma avaliação das campanhas anteriores?
HB
- Fomos tentar perceber o que as pessoas sabiam e o que as pessoas faziam. E em função disso ficámos a saber que as pessoas não faziam o teste quando deviam fazer e que não usavam o preservativo quando deviam usar. Em função da avaliação desta realidade, achámos que devíamos promover a realização do teste e a utilização do preservativo. Agora, fizemos isso bem feito ou não? Isso é a avaliação da qualidade e das consequências da campanha. Por exemplo, em relação à campanha «Não fiques às escuras», não foi extraordinário o seu impacte. De qualquer maneira, houve aumento do número de pessoas que diziam que iriam fazer o teste. Falta agora avaliar esta última campanha.
Tempo de medicina, 26.11.07

2 Comments:

Blogger e-pá! said...

Não podemos ignorar os números que temos e não gostamos.
Eles mostram o falhanço da estratégia de prevenção que tem sido seguida.
Iludir esta situação é persistir nos erros que, obrigatoriamente, foram (ou continuam a ser) cometidos.

As estratégias têm de ser repensadas. Não é nenhum drama.
Quer as oficiais, quer as promovidas pelas ONG's. Para haver resultados não deverá haver discriminações entre as organizações públicas e as da sociedade civil. Esta é uma área de interpenetração.

A intervenção pública da Comissão Nacional têm sido muito apagada, para não lhe chamar frouxa.
A sensibilização necessita de um grande suporte informativo, criatividade, bom senso, bom gosto, etc. Qualidades que - reconheça-se - não é fácil reunir.

A prevenção dirigida aos "grupos de risco" parece não se ter mostrado, a nível internacional, eficiente. Haverá uma notória tendência para inflectir este tipo de acções. Isto é, p. exº., interagir para grupos populacionais "específicos" mais receptivos, adoptar em relação aos comportamentos uma atitude emancipadora em lugar de tentar modelar, etc.

É difícil definir como deve ser. Mas torna-se impossível não pugnar por uma mudança.
Os dados disponíveis a isso obrigam.
Temos capacidade de promover a mudança.
Se houver vontade política e boa articulação social, coisas em que somos, por vezes, avaros.

9:59 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Adenda:

Ficaram de fora as declarações de Henrique de Barros que considero fulcrais para o futuro programa a implementar.

"Os resultados mostram claramente que sim", respondeu Henrique Barros quando questionado pela Lusa sobre se o programa ainda em curso tinha falhado.

7:36 da tarde  

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