Amadora Sintra (2)
A gestão privada do Hospital Amadora Sintra é useira e vezeira em casos semelhantes. link
Em 2004, a comissão executiva do Hospital Amadora-Sintra iniciou um projecto de substituição de enfermeiros por auxiliares acção médica, a quem davam formação elementar, pondo em risco a saúde dos doentes. Este projecto contou com a colaboração da então enfermeira directora do hospital amadora-sintra e actual enfermeira-directora do hospital cuf infante santo.
A situação foi de tal modo grave que deu origem a uma greve de enfermeiros de 2 dias decretada pelo SEP. link
Em 2004, a comissão executiva do Hospital Amadora-Sintra iniciou um projecto de substituição de enfermeiros por auxiliares acção médica, a quem davam formação elementar, pondo em risco a saúde dos doentes. Este projecto contou com a colaboração da então enfermeira directora do hospital amadora-sintra e actual enfermeira-directora do hospital cuf infante santo.
A situação foi de tal modo grave que deu origem a uma greve de enfermeiros de 2 dias decretada pelo SEP. link
Na sequência da referida greve também na altura houve intimidação e transferências de serviço compulsivas. Os grevistas foram identificados e sancionados com trabalhos menos agradáveis.link Uma das enfermeiras supervisoras que se opôs ao projecto na direcção de enfermagem, foi alvo de "mobing" e fechada numa sala (provavelmente aquela onde está o cirurgião), sem funções atribuídas até ao pedido de demissão.
Recentemente no hospital cuf infante santo, onde actualmente a ex enfermeira directora do Amadora Sintra exerce funções, uma enfermeira recém-licenciada foi excluída da lista de candidatos a um lugar nesse hospital por no seu curriculo referir ter sido dirigente associativa. Foi-lhe comunicado oralmente que a politica do "grupo mello" assentava na contratação de pessoas pouco reivindicativas, "low-profile", que melhor se "encaixem nas politicas do grupo!”
Na semana passada, Maria Augusta Sousa, actual bastonária da Ordem dos Enfermeiros, foi impedida de fazer campanha nos serviços daquele hospital pela comissão executiva. Apenas teve autorização para circular no átrio de entrada e falar com os colegas que se deslocaram ao auditório.
Serão estes comportamentos próprios de um hospital público do SNS ?
A sofisticação da gestão privada do Amadora Sintra envolve negócios como o de oferta de acções do hospital às câmaras de Sintra e da Amadora, com grandes facilidades de pagamento . link
Será pelos lindos olhos dos senhores presidentes de câmara e dos habitantes do concelho? Ou porque o concurso para a concessão do hospital, que mais lucro dá a grupo mello, está para breve? link
Elementar meu caro Watson ! Concluiria, certamente, o senhor Holmes.
Recentemente no hospital cuf infante santo, onde actualmente a ex enfermeira directora do Amadora Sintra exerce funções, uma enfermeira recém-licenciada foi excluída da lista de candidatos a um lugar nesse hospital por no seu curriculo referir ter sido dirigente associativa. Foi-lhe comunicado oralmente que a politica do "grupo mello" assentava na contratação de pessoas pouco reivindicativas, "low-profile", que melhor se "encaixem nas politicas do grupo!”
Na semana passada, Maria Augusta Sousa, actual bastonária da Ordem dos Enfermeiros, foi impedida de fazer campanha nos serviços daquele hospital pela comissão executiva. Apenas teve autorização para circular no átrio de entrada e falar com os colegas que se deslocaram ao auditório.
Serão estes comportamentos próprios de um hospital público do SNS ?
A sofisticação da gestão privada do Amadora Sintra envolve negócios como o de oferta de acções do hospital às câmaras de Sintra e da Amadora, com grandes facilidades de pagamento . link
Será pelos lindos olhos dos senhores presidentes de câmara e dos habitantes do concelho? Ou porque o concurso para a concessão do hospital, que mais lucro dá a grupo mello, está para breve? link
Elementar meu caro Watson ! Concluiria, certamente, o senhor Holmes.
Susana
5 Comments:
O MS deverá pôr a concurso, a breve trecho, um novo contrato relativo ao HH Amadora-Sintra.
Bem, vou condicionar esta convicção: se não for "obrigado" por quezílias e desacertos de contas a prorrogar o actual ao Grupo Mello Saúde.
No MS, ao mais alto nível, são conhecidos estes intoleráveis e, diga-se de passagem, anacrónicos, métodos de gestão do Grupo Mello Saúde.
Desconheço o que se passa com os outros operadores privados de Saúde que estão a gerir instituições públicas.
Mas, a Saúde é popularmente correlacionável com a segurança. E o seguro, como diz o povo, morreu de velho.
Assim, para exercer as suas competências reguladoras - para não deixar cair o País no mais desenfreado liberalismo - parece-me indispensável que o Estado, defina as condições éticas, para o exercício da gestão desta instituições públicas.
Para escrupulosamente valerem e serem expeditamente fiscalizáveis no H Amadora-Sintra e nos futuros HH's PPP´s onde, de maneira leviana, se associou a construção à gestão.
O MS emprenhou de ouvido. De tanto marketing produzido pelo Sector Privado da Saúde o Estado convenceu-se que não sabe gerir, funcionando com processos retrógados, pouco flexíveis, pouco produtivos e fora dos conceitos de modenidade (tão ao gosto de Sócrates).
Se é isso o que se está a fazer na gestão do H. Amadora-Sintra - depois das denúncias que a muito custo vão "saltando" para o exterior - mais vale repensar o projecto das PPP's.
A Saúde faz-se com cidadãos para cidadãos.
Não há lugar para prepotências quer sejam assistenciais, de gestão, administrativas, ou outras, que belisquem ou discriminem os direitos cívicos dos portugueses.
Por mais produtividade, ou competitividade, que prometam ou sejam capazes de obter.
Os tempos do Império à custa da escravatura e das mais iníquas servidões humanas foram triturados pelo desenvolvimento (pela modernidade, engº. Sócrates!) e, na nossa civilização, há largos anos, definitivamente, abolidos.
Há valores, melhor, o Estado, na "res publica", tem de zelar pela efectiva prática de uma escala de valores, hierarquizada, que mantenha a sociedade estabilizada e pacificada.
E no topo desse escalonamento de hierarquias tem de estar, como é óbvio, os Direitos Humanos, as liberdades constitucionalmente consagradas, a equidade e independência da Justiça, etc.
Estou convicto que é mais complexo e mais difícil incutir e preencher de humanismo os simples actos quotidianos, do que bem gerir dinheiro ou conseguir arrecadar majestosas fortunas.
O Hospital Fernando da Fonseca, mais conhecido por Amadora-Sintra, emprega 2300 pessoas.
Sendo o maior hospital da José de Mello Saúde, tem uma influência enorme nas contas do grupo: em 2005, foi responsável por proveitos na ordem dos 133,5 milhões de euros.
Comentário SaudeSA, Maio 2004:
1. - Cenário para o ano de 2015:
a) - A "José Mello Saúde" domina o mercado da Saúde em Portugal:
Hospital Fernando da Fonseca- Amadora Sintra (contrato de concessão de exploração).
Hospital de Loures (PPP).
Hospital de Cascais (PPP).
Hospital de Sintra (PPP).
Hospital de Vila Franca de Xira (PPP).
Hospital de Santa Marta (Detentora da maioria do capital)
Hospital de Santa Cruz (Detentora da maioria do capital)
Hospital S. Francisco Xavier (Detentora da maioria do capital)
Hospital Santa Maria da Feira (Detentora da maioria do capital)
Hospital Barlavento Algarvio (Detentora da maioria do capital)
Hospital de Braga (PPP).
Hospital Cuf Infante Santo
Hospital Cuf Descobertas
Clínica Cuf de Alvalade
Sages
Caldas da Felgueira
Best Salus
b) - USA:
- Filho de W. Bush ganha as eleições.
- A ilha de Manhattan é considerada a colónia penal mais segura do planeta.(ficção tornada realidade - N.Y.1997, Carpenter).
- O Senado negoceia o preço do crude com Bin Laden, chairman da OPEP.
c) - Portugal :
- Maioria PSD/CDS, extingue o Serviço Nacional de Saúde.
- Meio milhão de Portugueses em Lista de Espera Cirúrgica.
- 1 milhão de desempregados.
- 400 mil com fome.
- Paulo Portas, em prisão preventiva.
- Vale Azevedo, presidente da Liga.
- Êxito de bilheteira: "E tudo o vento levou"
Já faltou mais...
- Encontrei D. num jantar, dias antes de terminar o seu contrato com o Amadora-Sintra. D. contou-me: "No hospital "X", de gestão pública, num dia dou 3 primeiras (consultas a novos doentes) e 3 continuações. (doentes antigos). No Amadora Sintra em 5 horas dou 15 consultas. É muito pior.".
- Não entendi. "É pior qual? O Amadora?"
"Claro! Mas pagam-me à consulta, tenho que dar muitas. É muito pior!".
- Continuava sem entender. "Mas então, se dás 15 consultas num e 6 no outro... como é que é pior?"
Então explicou-me:
"Trabalho muito mais; não há tempo de repouso, porque quantos mais doentes atender mais ganho; não me deixam escolher a quem dou as consultas, no público somos nós que marcamos as segundas consultas e por isso podemos escolher os doentes mais interessantes; além disso posso canalizar para lá os meus doentes do consultório para fazerem algumas análises caras."
- "Mas como é possível", perguntava eu. "Num lado em 5 horas fazes 15 consultas... 20 minutos cada uma. no outro, em 6 horas dás 6 consultas... 1 hora cada... "
D. esclareceu-me: "Não, a maior parte demoram só 10 ou 15 minutos nos dois lados, mas no 'X' temos muito mais tempo para outras coisas, para estudar, para ler, a pressão é muito menor."
- Perguntei-lhe... "Mas então, a administração não lhes impõe um número mínimo de consultas?"
A resposta foi esclarecedora: "Era só o que faltava! Quem decide somos nós, os médicos da especialidade, e entre todos decidimos que cada um só faz 3 consultas a novos doentes."
- Auto-gestão. Mas o que na altura me surpreendeu ainda mais, foi o anúncio que D. fez em seguida: devido ao sucesso do seu consultório particular, ia abandonar o Amadora-Sintra e ficar apenas no Hospital 'X', apesar de ganhar significativamente menos neste hospital do que no hospital com gestão privada.
- Perguntei: "Então se ganhas mais no Amadora-Sintra, porque é que não deixas o outro hospital?"
Respondeu-me: "Não posso! O Hospital 'X' faz-me falta para as continuações... Como sou eu que faço as marcações, quando um doente meu precisa de análises, marco-lhe uma consulta. No Amadora, são eles que marcam...".
- "Então o que me estás a dizer, é que os teus doentes particulares fazem análises gratuitas no hospital público..."
E D. respondeu: "Evidentemente! Fazes ideia de quanto custa uma bateria de testes para cada doente? Se não fossem de borla, muitos dos meus doentes nem podiam fazer todas as análises... E além disso, todos têm direito à saúde gratuita, e se não vão ao hospital por falta de capacidade, ao menos façam as análises sem serem obrigados a pagar."
- O que mais me surpreendeu nesta argumentação, é a naturalidade com que ela é apresentada. Assim é que está bem. Não é de admirar que D. tenha sido um dos grandes activistas contra as mudanças na gestão nos hospitais públicos.
in jaquinzinhos
Caro João Pedro:
Esses tais dr.'s "D." existem em quaisquer grupos profissionais.
Só que já cansa que sejam recorrentemente apresentados (ou apontados) como modelos, como a generalidade dos factos, como a base argumentativa de inovações, quer na gestão, quer na prática clínica.
Há todavia, um facto que é relevante e não deve passar despercebido.
Escreve: "eles" combinam entre si...
No conjunto (que não formam) trabalham desgarrados, não têm um Serviço organizado, não têm uma liderança clínica, não têm uma Direcção clínica.
Entendem-se nos "ganchos" que precária e efemeramente fazem aqui e acolá. Nomadizam.
Um outro ponto da sua estória:
Não deve, de facto, ser a Administração a marcar (com que critérios?) o nº de consultas/hora, ou por dia, mês ou ano.
Deverá ser a Direcção clínica a marcá-las, de acordo com planos de trabalho e em conformidade com todas as condições técnicas, cientificas e auxiliares, junto com a Administração.
Coisas quase iguais mas tão diferentes. Coisas que podem fazer um Serviço ou um HH, ser mais efectivo, mais eficiente e mais produtivo. Coisas que fazem a diferença.
E, ficam de fora, as considerações sobre a qualidade de cuidados que andará a fazer o Dr. "D.", nas suas deambulações profissionais.
Mas estavamos a falar sobre a gestão dos recursos humanos do H. Amadora-Sintra, que sendo arbitária e desumana, não é tolerável.
E não é pelo facto de ser a Administração do Hospital a marcar as consultas e não lhe proporcionar as tais "baldas" nas transferências de custos do sector privado para o público.
É, porque, sejamos claros, não respeitam os trabalhadores da Saúde que aí prestam Serviço.
Impõem regras próprias à revelia dos direitos e deveres dos trabalhadores consagrados na legislação em vigor.
São prevaricadores recalcitrantes e, pensam eles, intocáveis.
Só isso!
De resto, neste caso, corremos o risco de nos ocuparmos com manobras de diversão.
Enviar um comentário
<< Home