quinta-feira, janeiro 17

CC à Sábado


Sábado: Em honra da sua inteligência, vou dizer-lhe que acredito que não é distraído e sabe perfeitamente que os índices de popularidade são fundamentais para a sobrevivência de um político. E o senhor é um político. link
CC: Já que me quer provocar, digo-lhe o seguinte: sobrevivência política é uma palavra que não conjugo porque não estou aqui por razões de carreira política. Tenho a minha carreira técnica e académica, de consultor internacional, tudo conseguido com enormes recursos do Estado português, que me facultou estudos no estrangeiro, que me dispensou o meu salário aqui como professor quando estive no Banco Mundial. Portanto, sou um cidadão grato ao meu País pelas oportunidades que me deu e sinto o dever de devolver esse investimento.
Portanto, ao contrário do que toda a gente diz, acredita que não é parte do problema, mas da solução?
CC: Não tenho a menor dúvida.
A sua prática política é ou não um vazio ideológico?
CC: Não! Pertenço a um partido socialista, que tem inscrito no seu código genético o SNS.
Há alguma coisa de que se arrependa de ter feito?
CC:
De algumas afirmações que fiz.
Vai ter mais tento na língua?
CC: Não, as pessoas já me conhecem e sabem que o que interessa é a essência do que digo.
CC, entrevista à sábado, 10.01.08

5 Comments:

Blogger tonitosa said...

À procura do comenário perdido?

12:59 da tarde  
Blogger e-pá! said...

CC OU OS TRABALHOS DE SÍSIFO?

A entrevista do Prof. Correia de Campos à revista Sábado, veio publicamente clarificar o seu posicionamento político pessoal no domínio da Administração da Saúde mas, ainda, não conseguiu definir, nem afirmar o seu espaço político dentro de uma área, mais vasta e polemizada, que são as políticas sociais, cerne da doutrina socialista. Das modernas doutrinas socialistas, para acertar passo com o PM.
Mas não podemos exigir que se defina tudo numa mera entrevista.
Foi, do que dado apercebermo-nos da sua leitura, uma entrevista calma e ponderada, capaz se suportar a mordacidade e a provocação dos entrevistadores, sem os habituais “soundbites” que, algumas vezes, inquinam declarações apressadas e pouco pensadas (como o próprio – é justo salientar - reconhece).

Não tenho - nem nunca tive - dúvidas, quanto à sua posição de princípio em relação ao SNS. Conheço-o suficientemente e não é isso verdadeiramente que está em questão.

Nem é a sua actual estratégia de sustentação do SNS, sobejamente conhecida, e assente em cinco pilares:
a) reforma dos cuidados primários;
b) requalificação e reorganização dos serviços de urgência;
c) criação de uma ampla rede de cuidados continuados integrados.
d) a efectividade da prestação cuidados, a eficiência nas respostas (qualitativas e quantitativas) e o combate ao desperdício e despesismo;
e) as “boas contas”.

Não é aqui que se levantam as “ondas”.
Também não será o momento azado para fazer estes balanços que, ao longo destes 2 anos e meio temos, a par e passo, escrutinado.

Quando se concentra a atenção nestas grandes vertentes, organizativas e económicas, quando se tem de prever (e enfrentar) resistências às mudanças, precisamos de uma cobertura institucional e de "estofo" político.
Não estamos a dirigir-nos, nem a relacionarmo-nos com uma turma de alunos ou a um auditório num qualquer Fórum: Politicamente trabalhamos (enfrentamos) o colectivo, o universo populacional.
Não pode haver (ou prevalecer) um acantonamento no terreno técnico, nem um enquistamento nas soluções económicas ou orçamentais.
É preciso saber passar a mensagem, "vender" a mercadoria, gerar empatias políticas e pessoais.
E é aí que CC deixa abrir fendas e é, também, por essa janela que permanentemente lhe entram, no Ministério, os problemas.

A maior parte das críticas de que tem sido objecto, no seu exercício ministerial, enquanto natural guardião do actual SNS e por inerência o defensor do seu futuro, referem que a governação, nesta área, não tem sido totalmente inteligível, que prevalecem aspectos pouco claros e/ou menos esclarecidos na sua praxis e perpetuam-se dificuldades evidentes na comunicação e informação.

Assim, podemos agrupar os problemas em 3 grandes questões

1. Navegamos - apesar das profissões de fé no SNS - numa relativa obscuridade, num denso nevoeiro, relativamente ao papel e ao protagonismo que, este Governo, destina ao Sector Privado da Saúde (SPS) e ao Sector Social da Saúde (SSS). Estes sectores terão um papel:
- supletivo?
- complementar?
- concorrencial?
- um “mix”

2. A partir de uma correcta noção das dificuldades de financiamento no futuro, o MS criou um tabu sobre a sustentabilidade do SNS.
- vamos manter um sistema público de financiamento?
- vamos adoptar medidas restritivas da despesa pública na Saúde?
- vamos desenvolver mecanismos de avaliações clínicas e económicas?
- vamos definir prioridades?
- vamos reduzir os benefícios fiscais dos portugueses com os gastos em Saúde?
- vamos eliminar os subsistemas, incluindo a ADSE?
As discussões públicas são indispensáveis e a definição inequívoca de uma posição política de fundo do XVII Governo Constitucional, também. Não basta dizer que consta do programa do Governo. Os olhares dos cidadãos estão voltados para a praxis.

3. Há uma sinuosa indefinição e profundas hesitações quanto aos futuros figurinos do SNS::
- financiador, prestador e regulador?
- financiador e regulador?
Uma pergunta percorre o sistema: o actual modelo de PPP’s nos HH’s vai manter-se?

Alguns – poucos - acharão que estas questões estão respondidas. Muitos não terão - por maior boa vontade que tenham - entendido qualquer resposta.

A verdade é que estas não foram propriamente as perguntas colocadas na entrevista. Mas não podemos ignorar que estas serão as questões primordiais do SNS.
Sem estarem explícitas podemos estar a viver o espectro do mito de Sísifo. Isto é, na terrível sensação (punição) que podemos estar a desenvolver um trabalho inútil sem esperança. Ninguém está disposto a carregar com um enorme pedregulho até ao cimo da montanha para deixá-lo rolar montanha abaixo segundo as leis da gravidade…e voltar a empurrá-lo até ao cume …e, assim, sucessivamente.
É esta a minha percepção e será também a causa de todo o reboliço que se agita à esquerda do PS.

As minhas preocupações não são Correia de Campos, ministro, professor universitário, economista da saúde, consultor internacional, etc..
O post referente à entrevista está decorado com a célebre resposta Jorge Luís Borges sobre um anúncio prematuro da sua morte. O “boneco” parece subsidiário ou temeroso de uma eventual remodelação, que o próprio CC desvaloriza e relativiza. Sugeria uma outra asserção que, não sendo mortífera, é marcante (também de J L Borges).
“A meta é o esquecimento. Eu cheguei antes.”
Os grandes problemas da Saúde são muito mais globais e impessoais, isto é, dizem respeito às políticas sociais do XVII Governo Constitucional.
Falta compatibilizar pragmatismo com socialismo. Provavelmente, estas duas realidades políticas são imiscíveis.

Paulatinamente, no remanso de uma tarde pacata foi, desta maneira, que li a entrevista de CC à revista Sábado.

5:24 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Sindicato marca posição antes das negociações com Ministério da Saúde

Os enfermeiros ameaçam abandonar as Unidades de Saúde Familiar (USF) ou fazer greve se os seus incentivos financeiros extraordinários não forem equiparados aos dos médicos, como está actualmente previsto numa proposta de projecto de portaria.

Os avisos foram lançados ontem pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), depois de reuniões com profissionais do sector que integram 96% das 105 USF existentes. Em declarações à Agência Lusa, José Carlos Martins, dirigente daquele sindicato, explicou que esta posição fica marcada, ainda antes do início das negociações, por mostrar ao Ministério da Saúde que "se não houver recuos haverá uma fortíssima oposição".

A proposta apresentada ao SEP pela Missão de Cuidados de Saúde Primários regula os incentivos institucionais - informação técnica, formação e melhoria das condições de trabalho - e financeiros para enfermeiros e administrativos, depois desses bónus terem sido definidos para os médicos em Agosto, através de decreto-lei.

Mas os enfermeiros recusam que os incentivos institucionais estejam "quase totalmente dependentes" da avaliação da actividade médica e defendem "um conjunto de indicadores equitativos para todos os profissionais para que possa existir um factor adicional de empenho e co-responsabilização".

"Se o sector médico não se empenhar, ninguém terá esses incentivos", sublinhou José Carlos Martins.

O SEP lembrou ainda que os incentivos financeiros também estão condicionados à atribuição dos incentivos institucionais, pelo que os enfermeiros poderão estar novamente dependentes do desempenho dos médicos e se estes atingem os resultados contratualizados anualmente.

O pagamento anual dos montantes dos incentivos planeado para os enfermeiros e administrativos (ao contrário do pagamento mensal para os médicos) é também contestado, por receio que os valores só comecem a ser entregues em 2010.
DN 17.01.08

6:33 da tarde  
Blogger tambemquero said...

CC quer aumentar as 1.ªs Consultas de especialidade para 30%.

«Houve um crescimento de cinco por cento no total das consultas e um crescimento nas primeiras consultas de oito por cento até Setembro, que já subiu a nove por cento em Outubro», sustentou o ministro.

Apesar de estarem a ser realizadas mais consultas, Correia de Campos disse que a situação «ainda é má», do ponto de vista da meta do Governo.

«Só 26 por cento de todas as consultas hospitalares são primeiras consultas. Não descansaremos enquanto esta meta não subir para 30 por cento e julgamos que podemos consegui-lo até ao final da legislatura», sublinhou, lembrando que este é um dos «patamares de exigência» das novas regras do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC) publicada terça-feira em Diário da República.

Na nova legislação, segundo noticia hoje o jornal Público, os hospitais portugueses vão ser obrigados a operar os doentes em lista de espera no prazo máximo de nove meses, menos três do que acontecia até agora.

Questionado pelos jornalistas sobre estes novos prazos, Correia de Campos afirmou que o «mais importante nesta legislação» é a redução dos «prazos de espera» e o facto de «dar poder ao doente de interrogar e dar transparência».

«O patamar de exigência que agora colocamos nesta nova legislação é mais um passo no sentido do cumprimento desse dever para com todos os portugueses», frisou, garantindo que os hospitais têm condições de cumprir essas novas regras.

DD 17.01.08

Mais uma medida destruidora do SNS.

6:50 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Xavier,
Gostaria de poder confirmar se foi ou não recebido um comentário meu ao post "Encerramentos".
Admito está perdido algures no circuito!
Obrigado

11:04 da tarde  

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