quinta-feira, janeiro 3

Novo Ano, os mesmos pantomineiros


Final/inicio de ano, altura de balanços.
Avaliações temo-las feitas aqui pontualmente, ao longo do ano.
As perspectivas são conhecidas. Os vários projectos da Saúde estão em desenvolvimento e vão continuar sem alterações significativas (muitas incertezas, tinhas-as o PKM).
Vai ser mais um ano difícil para os trabalhadores da saúde.
Também para os AH.
Para 2008, as dificuldades de sempre.
O problema não são as políticas. Mas sim os responsáveis, sem capacidade, para as executar. As lideranças de pantomina. Do faz de conta. A desperdiçar recursos a eito. Sem castigo. Campeões da dissimulação. Sem mérito ou rasgo profissional. Nem escrúpulos.
E contra isto, como se sabe, não há remédio (clientelas partidárias, maçonaria, opus dei). Como se viu no recente colapso do BCP.
A esta tropa fandanga. Aos pantomineiros de todas as reformas. Dedico este pequeno trecho do manifesto, como forma de exprimir no início do novo ano a minha legítima indignação.

Não é preciso ir p´ró Rossio
p´ra se ser um Pantomineiro,
basta ser-se Pantomineiro !
Não é preciso disfarçar-se
p´ra se ser salteador,
basta escrever como o Dantas !
Basta não ter escrúpulos nem moraes,
nem artísticos, nem humanos !
Basta andar co´as modas,
co´as políticas e co´as opiniões !
Basta usar o tal sorrisinho,
Basta ser muito delicado
e usar côco e olhos meigos!
Basta ser judas!
Basta ser Dantas !
Almada Negreiros in manifesto anti-dantas

27 Comments:

Blogger e-pá! said...

"Para 2008, as dificuldades de sempre. O problema não são as políticas. Mas sim os responsáveis, sem capacidade, para as executar."

O problema é que não há políticas, sem integridade, sem maturidade, sem liderança, sem ética, sem ideologia, sem respeito pela liberdade, sem o sentido do bem comum. E só o Homem integra estas qualidades.
Portanto, o problema será a política dos políticos ou, ... os Homens que estão na política.

A política não pode ser "tocada"...
"O poder é como o violino. Segura-se com a esquerda mas toca-se com a direita".
(ex-senador brasileiro, Amin Helou Filho)

Senão é, como diz, o "faz de conta".
O "fingimento"!
A teimosia em prosseguir neste caminho conduzirá, invariavelmente, ao "destino" preconizado por Pessoa.

"Estás só.
Ninguém o sabe.
Cala e finge
Mas finge sem fingimento
Nada esperes que em ti já não existe".
Ricardo Reis

9:50 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Apostiha:

Doí (para quem acredita no SNS) ou, então, desenha-se um sorriso amarelo (para quem defende o Sector Privado - empresarial ou social , ouvir da boca de Nuno Melo, deputado do CDS/PP na AR, este comentário sobre a actividade do MS (XVII GC):
"não é com um encerramento contabilístico que se faz a reforma do Serviço Nacional de Saúde"....
(Público, 02.01.2008)

10:31 da manhã  
Blogger tambemquero said...

(...) A seguir a 1989, imaginámos que a solução para qualquer problema no mundo era uma democracia liberal com uma economia aberta.

Depois de 2001, nos EUA, essa crença justificou intervenções militares e pressões diplomáticas. Hoje, pouca gente tem a mesma fé.

Na Palestina, as eleições lembraram que o sistema certo dá por vezes o resultado errado; no Iraque (e agora no Quénia), que só porque se podem contar votos não quer dizer que se deixe de contar cadáveres. Apareceram então os inevitáveis sábios a ensinar-nos que a "nossa democracia" não são apenas votos, mas instituições e costumes que não existem em "Estados falhados" como o Paquistão. Mas que pode ser o Paquistão, se não pode ser uma democracia como a "nossa"?
Rui Ramos, JP 03.01.08

11:03 da manhã  
Blogger Clara said...

E ESTA?

Em Portugal, não há quem consiga avaliar os hospitais
A Entidade Reguladora da Saúde diz, sem margem para dúvida, que em Portugal não há uma única entidade (oficial ou privada) capaz de fazer uma avaliação quantitativa e qualitativa dos hospitais públicos.

Álvaro Almeida, o regulador da Saúde, tem, por isso, de lançar um concurso público internacional, e está disposto a pagar 2,5 milhões de euros, nos próximos cinco anos, para ter esses dados. Há duas maneiras de olhar para esta notícia do Diário Económico de hoje. A primeira é que o regulador não quer misturar-se com qualquer dos organismos que regularmente faz um ‘ranking’ dos hospitais, da Escola Nacional de Saúde Pública ao próprio Ministério da Saúde, que avalia os dados financeiros e assistenciais dos hospitais todos os meses. É, por isso, criticável ir comprar lá fora o que já se faz cá dentro. Há, claro, a segunda maneira de ver o problema: a regulação deve ser independente, deve ter resultados em primeira mão, e por isso percebe-se e aceita-se a vontade de ter informação livre de objectivos políticos. Mas então tem de se perguntar: o regulador não acredita nos dados do Governo?
MB, DE 03.01.08

Há uma terceira hipóteses, mais rasteirinha, mas mesmo assim de considerar.
Não haverá algum negócio em perspectiva?
Será que "out sourcing" internacional fica mais em conta?

Está aberto um precedente para outras situações como a fiscalização dos contratos PPP.
Etc, etc.

Ditosa pátria que tais filhos paristes.

11:46 da manhã  
Blogger cotovia said...

Compras conjuntas geram uma poupança de 16 milhões este ano. Objectivo é alargar o método.

Os hospitais garantem que pagam a horas, a indústria farmacêutica baixa o preço. É este o acordo que suporta a criação do Agrupamento Complementar de Empresas (ACE), e que permite aos hospitais comprar medicamentos em conjunto e negociar preços mais baixos com os laboratórios.

Será que para cumprir este compromisso os Hospitais em causa contraem empréstimos bancários?
Esticando a manta para os medicamentos que outros compromissos ficam a descoberto?

11:52 da manhã  
Blogger Vivóporto said...

CC - AFINAL O REI SEMPRE VAI NU!

«Seria importante que os portugueses percebessem para onde vai o País em matéria de cuidados de saúde» (Cavaco Silva, Mensagem de Ano Novo).

Com esta afirmação (assassina para CC, mas oportuna e certeira), quer o Presidente dizer, a meu ver, uma de duas coisas, ou ambas: 1. que CC não tem uma estratégia para a Saúde; 2. que CC não sabe explicar a estratégia que tem; 3. que CC não tem qualquer estratégia (ao menos, alguma coisa digna deste nome) e porque a não tem não sabe dizer aos portugueses, para onde vai.

Sempre aqui o dissemos, e continuamos a acreditar no mesmo, ainda hoje, que CC, nunca teve uma Estratégia para a Saúde. E é só por isso, que não sabe explicar-se aos portugueses a «bondade. Ninguém consegue falar bem do que não sabe. E CC, decididamente, ao longo destes dois anos, não sabe o que tem andado a fazer.

Humilde, como sempre, para os de cima (arrogante quanto baste, para os de baixo), CC veio dar razão ao Presidente. Veio dizer que sim, que, seguramente por culpa própria (é a minha convicção) ou de outros factores (Quais? Forças de bloqueio? Ignorância da populaça? Ingratidão? Incompreensão dos media? O Senhor Primeiro-Ministro? O Ministro das Finanças? Os compromissos comunitários? – ainda veremos que pretextos irão aparecer!), não tem conseguido fazer passar a sua mensagem.

O mal não está na mensagem, mas, antes, no mensageiro! CC continua a não querer ver o que é óbvio, que não tem uma Estratégia consistente, que é mau comunicador, que é arrogante, que, quando «apertado» (sob pressão), só diz disparates.

Senão vejamos.

Perguntado sobre a sua popularidade (se em 2008 iria continuar a ser o Ministro mais impopular do Governo), CC veio dizer, que não está preocupado com a popularidade, que a bondade das políticas só se vêm ao fim de alguns anos. Compara-se, a este propósito, a Leonor Beleza (meu Deus!!!) que, segundo ele, CC, foi impopular e só, agora, ao fim de alguns anos é que se vê (vê, ele, CC) que foi uma grande Ministra da Saúde.

Inacreditável, vindo de quem vem!

Leonor Beleza foi uma grande Ministra da Saúde? Que obra deixou feita de que possa vangloriar-se? Ter criado as condições de politização e partidarização dos Hospitais, com o que começou o fim da carreira de Administração Hospitalar? Bom, mas não foi a própria há alguns meses a penitenciar-se por este facto (no que também foi corroborada por Cavaco Silva)? Por ter destruído a Saúde Mental? Por ter criado condições para o desvirtuamento da missão e os valores da assistência hospitalar, com conivências várias... Sinceramente, não consigo vislumbrar quais foram os grandes feitos que tornam Leonor Beleza uma grande Ministra da Saúde, aos olhos de CC.
A única marca que Leonor Beleza deixou foi a imagem de coragem que teve no ataque descabelado à classe médica, que tratou com arrogância e desprezo, com as consequências perniciosas, que se estão a ver (com muitas culpas próprias para os médicos, que só agora parecem estar a ver o estado lastimável em que a classe médica se encontra).

Uma afirmação destas, só a entendo, por uma das seguintes três razões:

1º Como graxa ao Presidente da República (medo de mais críticas? Medo das pressões que, a partir de agora, irão começar a ser feitas sobre o PM contra CC?). Não era, afinal, Leonor Beleza a «menina dos olhos» (politicamente, entenda-se!) do então Primeiro-Ministro, Cavaco Silva?

2º Arrogância (mais uma vez) e cegueira política (mais uma vez também): ela era arrogante, como eu, mas veio a ser considerada uma grande Ministra da Saúde, como eu irei ser (o subentendido é claro). Com uma diferença, não obstante, essencial: é que Leonor Beleza foi arrogante para os médicos por razões políticas (dar uma imagem de força e de decisão populista contra uma classe invejada e em grande medida odiada – muitas vezes com razão - pelos portugueses). Contra os médicos apoiou-se nos enfermeiros e no «povo». CC é arrogante contra tudo e contra todos, excepto para os maiorais (as elites, que não o salvarão da derrocada, quando tal vier a verificar-se): contra os médicos, contra os enfermeiros, contra todos... sobretudo contra o povo simples, deprimido e espoliado, deste país. Que ele tinha obrigação de tratar com mais carinho e atenção.

3º Marcar o perfil político do futuro Ministro da Saúde que terá de ser um durão, como ele, e não um Ministro clarividente, competente, consensual, dialogante, respeitador dos direitos e interesses das pessoas mais simples e mais carenciadas (um socialista, atrevemo-me a acrescentar), como Maria de Belém ou alguém da órbita desta, como Constantino Sakellarides, por exemplo, que, obviamente, não agradarão a CC.

CC é um mau político. Não só não tem visão estratégica, como não tem visão organizacional nem sequer operacional.

A Reforma da Saúde Pública está por fazer, a Reforma da Saúde Mental está por fazer, as Unidades de Saúde Familiar e as Unidades de Cuidados Continuados, desgarradas de uma visão e de um contexto sistémico, não são nada, os hospitais, entregues a comissários políticos, incompetentes e mal – intencionados, que envergonham qualquer socialista que ainda se preze de o ser, continuam a afundar-se na sua descaracterização como entidades investidas de uma missão pública e humanista... afinal, de que vangloria CC?

12:19 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

Depois do comentário anterior do Vivóporto renasceu a esperança.
A SaudeSA está de volta!

1:12 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Um excelente comentário de Vivóporto, combativo, torrencial, adequado ao momento.

O aviso sobre a Saúde, proferido pelo PR é sério, directo e politicamente incontornável.
Quanto a mim, a única questão política tratada com frontalidade no discurso de Ano Novo.
O restante, foi morno, quase lamurioso, nada em consonância com a analásie do JMF no JP e a peregrina teoria do copo meio cheio, meio vazio.
De facto, quando o PR se interroga "para onde vai o País ?", significa que não há rumo, não há´estratégia. E se, CC, vier à liça insistir (como sucedeu) que existe, é pior, na medida em que, a interrogação torna-se assertiva e passa a querer dizer que algo vai no sentido errado.
Este sinal emitido pelo homem que acha que a boa moeda deve substituir a má moeda, repito, publicamente emitido, não foi para CC, dirigiu-se como uma farpa a Sócrates (transvazou o contexto de co-habitação das reuniões das 5ªs feiras)...
Dificilmente, o 1º ministro pode ignorá-lo. A mini ou maxi-remodelação, que não aconteceu com a crise do BCP, não deixou a agenda política.
Aliás, depois da pressão e a oposição do poder autárquico, quando vi o cartaz "Que Deus nos ajude a correr com o Ministro da Saúde !!!" fiquei apreensivo. Queres ver que a Igreja entrou na disputa? E conclui que, se de facto entrou, não há salvação possível para esta equipa do MS.
Mais tarde, ao ler "As expectaivas para 2008", de PKM, fiquei com uma pedra no sapato. Pareceu-me uma haver uma insanável contradição. Ou então passamos a rastejar como serpentes, ora louvando CC, ora incensando Sakellarides, ora suspenso da evolução da situação nas Ordens profissionais, etc.

CC, reune condições científicas para compreender a questão técnica da Saúde. Tornou num mau ministro porque não se rodeou de um "staff" político adequado (está cercado de "serventuários") e não previu, compreendeu ou enfrentou a questão política. E, porque, como aliás a quase totalidade do XVII GC, não possui sensibilidade social. O Observatório para a Saúde, no último relatório da Primavera, já assim concluía. Estamos no Inverno e o clima piorou.

A verdade é que continua a haver pouco PS no XVII Governo Constitucional!

7:14 da tarde  
Blogger xavier said...

Em primeiro lugar um Bom Ano para o Vivóporto. Brilhante e contundente como sempre.
Vejo com preocupação que, afinal, quase todos estão de acordo com as "grandes incertezas" do PKM que tanto criticaram. Ou seja, todos comungam do mesmo desejo de verem CC, quanto antes, pelas costas.

Neste contexto, pelos vistos, a critica do nosso presidente, Aníbal Cavaco Silva, veio mesmo a calhar...
Esquecem-se porém, como já aqui várias vezes foi reconhecido, o que Cavaco Silva faz é ceder, uma vez mais, ao populismo mais básico.
Para angariar simpatias da populaça.
Que bem precisa em função da paupérrima prestação como presidente dos portugueses.
Penso que nos seus comentários, o Vivóporto e o é-pá baralharam-se na identificação do adversário político e desataram a atirar à toa.
CC tem um projecto para a Saúde. Com os defeitos e virtudes que aqui lhe temos reconhecido.
É certo que tem havido erros de percurso. Essencialmente, de comunicação. Mas sem afectar, no essencial, a bondade das políticas em execução.
O que é lamentável é o espectáculo patético a que somos obrigados a assistir todos as noites na TV, com meia dúzia de gatos pingados a contestarem o fecho da urgência do Hospital da Anadia (40 camas e 40 médicos) ou dos SAPs da aldeia, entre as 24H00 e as 08Hoo.

Sinceramente estava longe de ver o vivóporto e é-pá a alinharem no discurso do aníbal cavaco silva. Populista básico, como já referi.

CV também se terá esquecido do tempo em que foi primeiro ministro, quando referiu as remunerações chorudas dos gestores cá do burgo.

A Saúde tem um rumo. Pior ou melhor conduzido.
Quanto ao futuro, começo a dar razão ao PKM. Pairam “muitas incertezas”. Com o presidente da república, a dar uma mãozinha.

E o vivóporto, é-pá e pkm no mesmo combóio.
Pouca terra, pouca terra...

12:14 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro Xavier:

Tentei enquadrar os artigos (os dois últimos)de PKM e mostrei a minha baralhação, ou se quiser, imensas dificuldades em encontrar um senso, uma conexão, um fio condutor.
E acabei conformado que isso, provavelmente, não existe.

Agora, Cavaco Silva, não tem o traço, nem o perfil, nem a actuação, de um populista.
É, antes disso, um calculista.
Frio e insensível.

Porque resolveu atacar, neste momento, a área da Saúde?
Ninguém lhe conhece (ou reconhece) ideias próprias sobre o SNS, o seu futuro, para além de vulgares banalidades que se dizem e repetem nas campanhas eleitorais.
Ninguém vai alinhar, portanto, nesta orquestração à volta do discurso de Ano Novo. Mas o que foi dito no dia 1 de Janeiro, não é inocente, nem ocasional, nem inócuo.
Todas as conjecturas que vou fazendo vão ao encontro da tentativa sua compreensão. Os estragos já ocorreram. O que se vê é Cavaco atacar um dos sectores mais vulneráveis do Governo.

Mas a tese do populismo não me satisfaz. Terá de haver outras (mais) razões.

CC, tem, ao contrário do PR, ideias concretas sobre o SNS.
O problema não é CC, mas a sua entourage. Que, com alguma ligeireza, levou CC a anunciar um vasto conjunto de reformas.
A primeira - a das maternidades - correu-lhe bem.
A da reestruturação da rede de urgências, falhou na implementação no terreno. São situações diferentes. A explicação de uma não pode ser decalcada para a outra.
Faltou muito trabalho junto das autarquias. Trabalho prévio, do seu gabinete, dos seus assessores, dos seus Secretários de Estado.
Quando, o terreno ficou em chamas, CC, apareceu, como um bombeiro, mas tarde demais...
A agitação popular de parceria com as autarquias, não pode ser ignorada. Não pode um político caminhar de encontro a uma multidão enfurecida e dizer: vocês que me vaiam, ainda me vão dar razão!

Todavia, não coloco o problema no mesmo enquadramento que Cavaco Silva. O problema reside na política social do Governo. Que deve virar à esquerda, como, p. exº., já foi ventilado por Mário Soares.
E, se a política social deste governo for recentrada à esquerda,
o staff de CC, não pode ser o mesmo.

A mãozinha de Cavaco, ou a colherada que tentou meter no governo, numa situação de equílibrio político e estabilidade (desejável)teria o condão de empurrá-lo para a esquerda.

Os média de hoje estão pejados de atitudes compreensivas e de reverências (nomeadamente da área do PS) sobre a intervenção de Cavaco.
CC, inclusivé, para minha desilusão.

Mas, volto ao essencial. A rabecada foi para o PM.
CC, é só o mexilhão desta fita.
Só que Sócrates já se abaixou demasiado. Ficou com os fundilhos à mostra. Ao longo deste quase 3 anos foi perdendo muito campo de manobra.
Aliás a dita "cooperação estratégica" haveria de o conduzir a estas situações.
Depois de CC, segue-se Mário Lino e o aeroporto, e assim por diante...

Caro Xavier: Nunca, em tempo algum, esqueço que tenho um presidente de Direita, não desejado por mim.

12:17 da manhã  
Blogger xavier said...

Caro é-pá.

Acabo de ler o seu último comentário ao post do avicena.

Não me tinha lembrado dessa.

Temos de chamar o régulo de Mueda para implementar a requalificação da rede de urgências.

Qualquer reforma têm mais probabilidade de ter êxito quanto mais profunda e rápida for a sua execução.

Com o régulo não íamos lá.

CC devia ter encerrado as maternidades e os SAPs à cabeça, duma assentada. O tempo de execução tem comprometido este projecto.

No lugar do seu régulo eu propunha uma acção de comandos de média escala.Seguir-se-ia uma acção de psico junto das populações sobre a rede de SUBs a abrir.

Hoje as nossas TVs teriam aberto os noticiarios com a performance de merda dos gatos fedorentos.

Sobre um grande número de colaboradores de CC: de acordo.

Sobre CV: nem eu esperava outra coisa.

Um abraço

12:46 da manhã  
Blogger saudepe said...

O ministro da Saúde, António Correia de Campos, considerou as críticas do Presidente da República na mensagem de Ano Novo "equilibradas e oportunas".

A critica do PR é populista, oportunista e desenquadrada do apoio que tem vindo a dar ao primeiro ministro.

Concordo qua ACS é frio e calculista na sua actuação. Sabe, no entanto, que a politica se alimenta de simpatias junto dos eleitores. E nesta matéria CS tem demonstrado até à saciedade do que é capaz para cativar a atenção popular.

CC reagiu de forma apagada às críticas de ACS. É extremamente dificil para CC acertar o ponto certo de intervenção política. Ora muito arrogante ora muito por baixo.

9:25 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro Xavier:

"CC devia ter encerrado as maternidades e os SAPs à cabeça, duma assentada.".

O MS nunca dispôs de dotação orçamental para isso!
A não ser que se optasse pela total irresponsabilidade, i.e., entregar os utentes do interior à sua sorte.
CC, nas tardias e desajeitadas negociações que promoveu junto das autarquias, prometeu "mundos & fundos", para os quais não terá suporte financeiro. Foram adaptações de instalações para Cirurgia de Ambulatório, transformações em Unidades de Cuidados Continuados Integrados, VMER's (INEM), Ambulâncias A1 e A2 (bombeiros), helicópteros ... e os correspondentes recursos humanos que, segundo o que posso constatar, não possui.

A reestruturação das urgências é a "co-inceneração" de CC.
Só que não se retringe à Arrábida e Souselas. Incide sobre um vasto Interior, desde há muito tempo, desconfiado e zangado, com o poder da capital do Império.
No País interior, há poucas reservas disponíveis de compreensão e tolerância.
Se o MS atacar de assalto, tipo golpe de mão, só pode iniciar uma guerrilha (manifestações, providências cautelares, bloqueios de licenciamentos, etc) entre o Poder Central e Local.
Por isso, apesar da previsível morosidade, prefiro a "táctica do regulo de Mueda".

Estando convencido que o trabalho feito pela CTAPRU é tecnicamente ajustado e equilibrado, resta a CC rever a estratégia de aplicação.
Terá de - e saberá como - encontrar a melhor maneira,i.e., onde proceder às necessárias fracturas (se ainda a tempo).

A verdade, verdadinha, é que CC nunca dispôs de dinheiro suficiente para tudo o que se propôs fazer.
Construiu castelos na areia.
Deu o flanco.
E, neste contexto, Cavaco Silva, calculista e manhoso, aproveitou.

Pena é, que o PS (grosso modo) tenha "encaixado" as arrochadas de Ano Novo do PR, sempre na tentação política de controlar danos.
Este é o indicador visível da continuidade de CC no MS. Que, por si só, não basta.
E estamos neste impasse, não vale a pena esconder.

10:45 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Isto está a aquecer!
Vejo um comentário do Xavier deixando transparecer algum desconforto com comentários que vão contra o Grande Chefe. E, Xavier, só lhe fica bem assumir, com frontalidade a defesa do MS que sempre apoiou. Assim, rodos ficaremos mais esclarecidos. Eu, pelo menos.
Aliás foi esse apoio a razão principal da criação do Saúde SA: o ataque a LFP e o apoio à então oposição encabeçada por CC e MD. E, de seguida, o apoio incondicional a CC, escolhido para Ministro da Saúde.
Surgiram depois alguns comentadores mais atrevidos e fomos assitindo a opiniões discordantes. Com as quais o Xavier tem sabido lidar de froma quase-perfeita.
Recentemente, porém, nota-se uma espécie de regresso às origens! Aceite-se que assim seja!
Quanto à intervenção do PR, assistimos no Saúde SA a ferozes ataques ao candidato ACS durante a campanha eleitoral. Seguiu-se um primeiro ano onde até houve oportunidade a elogios neste blogue por parte de alguns que consideravam a sua (eventual) eleição como um perigo para a Democracia. No ano anterior, no Saúde SA, não me recordo de ter visto uma crítica ao seu discurso de Ano Novo!
Mas eis que o "perigo" está de volta?! Tendo bastado, para tal, que o Senhor PR se manifestasse, não contra, mas algo céptico em relação ao rumo que leva o País.
E serão mesmo uns "gatos pingados" os que se manifestam em defesa do que consideram um bem essencial: a saúde e o seu acesso em condições de igualdade? Ou serão gatos pingados os que, como nós, a quem provavelmente a sorte bafejou, julgamos ser os únicos detentores da verdade?
Pode o Xavier chamar-lhes "gatos pingados", mas esconde a verdade quando diz que são meia dúzia. Até parece um daqueles cálculos do Minstro do Trabalho quando há greves no país!
As coisas não correm bem, infelizmente, para os Portugueses.
E na Saúde, ao contrário do que muitos afirmam (e parece até ser essa a opinião do PR) o problema não é de mais comunicação ou menos comunicação. O problema existe e é real. Temos assistido muito mais ao encerramento de Serviços do que à melhoria dos existentes. O prato da balança das coisas más é bem mais pesado do que o das coisas boas. E os cidadãos, os tais "gatos pingados" não são estúpidos como por vezes se pretende fazer crer.
Veja-se o aumento das taxas moderadoras e a sua relação com o aumento dos salários e da própria inflação! Quem anda a enganar quem?
Escrevi num comentátio anterior, a propósito dos protocolos assinados com os municípios, que os mesmos não são concerteza para levar a sério. Sugiro que os leiam e tentem descobrir onde estão na verdade as soluções de melhoria da assistência nas situações de urgência e/ou emergência.
Pode o discurso do PR agradar mais a uns e menos a outros! Mas que obriga à reflexão, obriga.
Já agora, leiam a entrevista de Ferro Rodrigues à Visão. E não esqueçam as análises recentes de A. Barreto e A. Benavente à política do Governo.
Se eu fizesse parte da "gente" de CC também estaria preocupado, confesso.

12:07 da tarde  
Blogger LS said...

quero desejar aos autores e a TODOS os leitores deste blogue um ano 2008 com muita saúde, emprego e muita PAZ entre TODOS e que TODOS consigamos uns de uma maneira outros de outra ajudar Portugal na procura da tão desejada retoma económica e social.

12:53 da tarde  
Blogger xavier said...

Isto está a aquecer…

Não, não está nada.
Tudo não passa de encenação para o zé português ver.
ACS e JS acordaram serenamente a localização do novo aeroporto e a partir daí segue tudo sereno como dantes.

Não há desconforto algum.
Como o tonitosa andava muito arredio, decidi intervir nos comentários para ver se o motivava.

Não há apoio incondicional, coisa nenhuma.
Nem CC precisa.

«Foi esse apoio a razão principal da criação do Saúde SA: o ataque a LFP e o apoio à então oposição encabeçada por CC e MD.» Desconhecia esta sua veia ficcionista . Um bom tema de conspiração para os gatos fedorentos.

Ataques ferozes ao PR? Não vi, não li .
ACS, com um mandato apagadote anda em busca de protagonismo. Toda a gente sabe. Os que votaram nele impacientes, de há muito desesperam.
Se ACS escolheu CC (não o creio) para bombo da festa, errou no alvo.

Quanto aos gatos pingados. A coisa hoje esteve mais organizada. Meteu o Menezes e tudo. Mais uma triste figura.

O interesse local na manutenção destes serviços tem mais a ver com a manutenção de emprego do que com a prestação de cuidados.
Sobre estes serviços, ver os excelentes trabalhos do semisericórdia , aidenós e avicena. Só não aprende quem não quer.

A minha gente é esta: vivóporto, semisericórdia, aidenós, avicena, clara, helena, joão pedro, ricardo.

Não estou preocupado. Muito menos depois de ter visto a intervenção de CC, hoje à noite na SIC com o José Alberto Carvalho.

10:14 da tarde  
Blogger e-pá! said...

"Há problemas de sustentabilidade no Serviço Nacional de Saúde. As pessoas têm de reconhecer que as reformas são necessárias", explicou o ministro, salientando que o que se pretende é um serviço "unipessoal para todos os portugueses".
Ministro da Saude - in TVI, 2.1.08

1.) Sustentabilidade - a evocação desta questão parece completamente despropositada considerando o comportamento do MS, quanto ao relatório da Comissão para a Sustentabilidade do Financiamento do SNS;

2.) Qualidade - a justificação para a reestruturação e reorganização dos serviços de urgência;

3.) Reformas - as pessoas não têm de reconhecer a necessidade de reforma, senão eram todos políticos. As pessoas precisam que lhe expliquem as reformas e que lhe mostrem a qualidade da mudança;

4.) SNS - "um serviço unipessoal para todos os portugueses" ou, simplesmente, um serviço universal?

No meio de toda esta "balbúrdia" que assaltou a Saúde no final de ano e princípio do Novo, depois do subreptício recado do PR (previamente anunciado pelos media tendo o PM como destinatário), se eu estivesse na pele de CC, se eu manifestasse publicamente tanto enfado ao ponto de obscurecer a (mais do que necessária) clareza das respostas, ia passar umas curtas férias a Torredeita.

***

Hoje, a prestação, na RTP1, voltou a não primar pela clareza.
CC enrola-se. Não estava a falar para trabalhadores da Saúde.
Falou para uma população bairradina, incomodada, mobilizada, politicamente controlada (Menezes não foi lá por acaso!), pouco esclarecida, mas - no campo humano - com um terrível receio de que o "seu hospital" feche.
Hoje na RPT, CC não estava, também, a falar, a sós, com o Presidente da Câmara de Anadia.
Qualquer político teria repetido, ad nauseum, que o Hospital não vai fechar.
E, noutros assuntos, também não foi claro. Aliás, o próprio CC plenamente convicto das suas razões, já se interroga sobre a razão porque a mensagem não passa.
O Hospital de Anadia tem 2 cirurgiões e 2 anestesistas e faz 3 cirurgias por dia...
Dito assim, alguém fica esclarecido se é muito ou pouco?
Os resultados mortalidade infantil à nascença e meonatal podem ser tão precocemente imputados às alterações da rede nacional de maternidades? Ou vão alicerçar-se - como é regra na saúde - muito mais longe.
Baralhar mais não. Calma!
Primeiro deixar assentar o pó, senão parece que estamos no Lisboa-Dakar ...

10:58 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

O tonitosa fez um comentário com diversas afirmações insidiosas em relação à saudesa.
É de lamentar que o tonitosa no lugar de jogar a bola tenha optado por ir às canelas dos colegas comentadores.
A culpa é do LFP que nunca mais volta. E das filhoses do Natal que, pelos vistos, tinham muita canela.

11:14 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Caro Xavier,
Você acha que não há desconforto? Lendo o seu texto anterior, em resposta ao é-pá, nele vejo linguagem que é clara expressão de desconforto; a exprssão "m...." não é normal no seu estilo de escrita. E a "reacção" aos comentários do é-pá e do vivóporto também é sintoma de "desconforto".
Por isso, não foi certamente para me motivar que interveio! E nem tal, como sabe, seria preciso.
Na verdade, ao contrário do que refere, eu não tenho andado arredio?
Salvo breves períodos de ausência do meu habitual local de trabalho e residência (com dificuldades de acesso à net), sou talvez dos mais assíduos intervenientes.
O que se verifica é que os meus comentários não são consonantes com a posição de aplauso assumida por si (e não só) a CC (sem qualquer ofensa, o digo) e por isso parece ter sido opção não lhes dar relevo.
Mas também não é para isso que escrevo. Sei que são lidos pelos habituais comentadores e outros "visitantes" assíduos do Saúde SA e isso me basta.
Continuando:
Acha que tenho veia ficcionista?
Xavier, essa não!... Nem parece tirada sua. Para não me alongar mais, digo-lhe que basta reler os textos e comentários "postados" no Saúde SA durante o governo de LFP para tudo ficar esclarecido. E Você melhor que ninguém o pode fazer. Eu sempre tive boa meméria o que, por enquanto, ainda conservo.
Não falei de ataques ferozes ao PR, como pode confirmar. Referi-me a "ferozes ataques ao candidato ACS durante a campanha eleitoral", e isso também pode ser confirmado numa visita "guiada" que nos poderá proporcionar às "páginas" do Saúde SA de então.
Mais uma vez me estou a socorrer da memória (que, estou certo, não me está a atraiçoar).
Não vou comentar o que tem sido o exercício do cargo de PR por ACS.
A mim não me surpreendem estes recados ao Governo e aos "políticos da oposição". Discordo da sua conclusão sobre a busca de protagonismo de CS e recordo que não há muitos meses atrás a sua conduta era quase-unanimemente elogiada. E foi-o no Saúde SA.
Pela consideração que tenho pelo Xavier, passo em branco tudo quanto diga respeito a gatos pingados. Você não precisa deste tipo de argumentos!
Os textos do semisericórdia e do aidenós, também os apreçio, mesmo quando deles discordo. E aprecio-os porque me parecem isentos de facciosismo partidário ou de "manisfesta defesa de interesses corporativos ou de classe".
E já agora, para poder estar de acordo consigo num ponto digo-lhe: na verdade "só não aprende quem não quer". Sobretudo agora com as Novas Oportunidades!
Não me referi à sua gente (e os nomes que citou merecem-me respeito) mas sim à "gente" de CC. E como sabe não fui eu o autor da expressão aqui no Saúde SA (vejam-se os textos do Saúde SA no início do mandato do actual MS).
P.S.: Não vi nem ouvi a intervenção de CC hoje à noite...pois estava a reler a entrevista de FR à Visão. Bem mais interessante.

11:16 da tarde  
Blogger xavier said...

Entendi a sua mágoa.

A sua intervenção neste blog tem sido fundamental desde início.

Vou tentar rever os critérios de selecção dos melhores comentários.

Um abraço,

nota: segundo parece, os títulos da entrevista do ferro saíram trocados.

11:43 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Joaopedro,
Como sabe, não tenho muita paciência para responder aos seus comentários (particularmente deste tipo).
Ainda assim, por respeito, ocorre-me dizer-lhe o seguinte:
Não fiz afirmações insidiosas em relação ao Saúde SA. Referi factos que podem ser comprovados pela leitura dos textos publicados no blogue desde a sua aparição.
Ou já se esqueceu dos ataques (às vezes ofensivos) dirigidos a alguns comentadores "desalinhados" com a "maioria" das intervenções no Saúde SA?
Mas muito menos fui às canelas dos colegas comentadores. E tanto assim que não citei qualquer nome. E podia fazê-lo, fundamentadamente.
Não é meu hábito "ir às canelas de alguém" a não ser "em resposta a alguma canelada recebida". E jogo duro.
E fico-me por aqui, porque o Natal já lá vai!...

11:53 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O ano acaba como começou: com mais encerramentos de serviços de saúde. Fechou mais uma maternidade, mais uma urgência hospitalar e uma série de SAPs.
Fechar, fechar, fechar: é esta a imagem de marca deste governo. Onde há um problema, uma dificuldade, fecha-se. Foi assim o ano de 2007. Mais um passo no desmantelamento do SNS.

O ano de 2007 não se distingue do anterior. Correia de Campos continuou cego perante as evidências desastrosas da sua política e surdo ao protesto popular e à opinião dos profissionais.

Na realidade, continuou o fecho de mais uma série de serviços de saúde, agravando as dificuldades de acesso e aumentando as listas de espera tanto para cirurgias como para primeiras consultas de especialidades hospitalares. Os serviços de saúde estão cada vez mais afastados dos cidadãos e da comunidade.

Mais de meio milhão de portugueses continuam sem médico de família mas a prometida e anunciada reforma dos cuidados de saúde primários continua a passo de caracol. No final de 2007 ainda nem sequer estarão em funcionamento as 100 USF (unidades de saúde familiar) prometidas para o ano passado...

A situação nas urgências hospitalares agravou-se. Há mais superlotação, espera-se cada vez mais para ser atendido. É o resultado inevitável do encerramento de dezenas de SAPs e de algumas urgências hospitalares. Ficou demonstrado, por vezes de forma dramática, que o INEM não dispõe de todas as condições necessárias para assegurar com prontidão e qualidade o socorro e a emergência pré-hospitalar.

A reforma das urgências resumiu-se ao fecho de algumas delas. Com este governo já se sabe: fechar é na hora, mas abrir é "no dia de são nunca à tarde"... Das novas Urgências Básicas nem uma saiu do papel. E o mesmo aconteceu com a requalificação de uma série de outras urgências para as quais estavam anunciadas novas instalações e equipamentos, em correspondência com o seu novo nível e estatuto: urgências médico- cirúrgicas e urgências polivalentes. Nem uma, para amostra.

2007 também viu nascer mais uns tantos hospitais-empresa, os hospitais EPE. Anunciados como a solução milagrosa para a boa gestão dos hospitais públicos, a sua gestão foi arrasada pelo Tribunal de Contas.

Se tivéssemos que escolher o acontecimento do ano na área da saúde, provavelmente a escolha recairia sobre o relatório do Tribunal de Contas acerca das contas do SNS. Os portugueses ficaram a saber aquilo de que desconfiavam: onde o governo anunciava lucros (!) o que havia era maior prejuízo e mais dívidas. O desequilíbrio das contas do SNS tem aumentado com a gestão Correia de Campos. O ministro martela as contas para disfarçar o insucesso e para evitar o chumbo de Bruxelas.

E para todos ficou claro que os hospitais empresa não são a excelência da gestão pública, bem pelo contrário. Servem apenas para disfarçar o défice das contas do estado, para introduzir a precariedade laboral nos hospitais públicos, para despedir profissionais necessários com mais facilidade e para sobrepor a lógica financeira, os ganhos e resultados financeiros à gestão por critérios clínicos.

O ano de 2007 trouxe ainda uma péssima confirmação: O governo vai levar por diante a entrega de mais dez hospitais públicos aos grupos privados. Para já, em 2008 e 2009, são quatro as quatro PPP (parcerias público-privadas) : Cascais, Braga, Vila Franca e Loures. É um grande negócio em dinheiro e em tempo: são contratos por 30 anos. Os privados esfregam as mãos de contentes perante a expectativa de grande lucros. Grandes e fáceis, já que com o estado a pagar o negócio é garantido, não há qualquer risco para o capital investidor. As PPP saem mais caras ao estado mas permitem que o governo vá anunciando e prometendo novos hospitais por esse país fora sem se comprometer nem com o respectivo financiamento nem com qualquer prazo para a sua construção e abertura. Novo hospital em Faro? Outro em Évora? Mais um para Gaia? E outro em Lisboa? Mas quando? Bom isso é com os grupos privados que ganharem os concursos e como são tudo processos muito lentos, o governo não pode garantir nada (uma PPP demora mais ou menos 4 a 5 anos a preparar e mais outro tanto a construir e instalar...). Toda esta propaganda sairá muito cara aos cofres do estado...

Em 2007, as PPP constituem uma grande nódoa da governação socialista.

Onde não houve surpresas foi na política do medicamento. Aumentaram o número de medicamentos descomparticipados e foi reduzida mais uma vez o valor da comparticipação pública nos medicamentos. Combinando uma coisa e outra, o resultado é fácil de imaginar: hoje, os portugueses pagam mais do que pagavam pelos medicamentos de que necessitam.

Também aqui, a governação socialista se traduziu em mais promiscuidade entre os sectores público e privado da saúde. Em detrimento dos interesses do SNS. Ao retirar aos farmacêuticos a secular reserva de propriedade das farmácias - medida justa mas executada mais com os pés do que com a cabeça, e para conter a mais que inevitável contestação, o governo - entre outro brindes, permitiu a instalação de farmácias privadas nos hospitais públicos, abertas durante 24h. Mais um negócio de milhões para os privados, no caso farmácias, pela mão destes "modernos socialistas".

Com Correia de Campos o medicamento virou mercadoria. Simplesmente, uma mercadoria como qualquer outra. A desregulação é evidente: as farmácias já anunciam bónus, campanhas, cartões de pontos, descontos em função do volume de compras, enfim, tal e qual como em qualquer outra grande superfície. E até análises e tratamentos poderão ser realizados na farmácia... Uns verdadeiros shoppings da saúde!

A desregulação do sector da dispensa e venda de medicamentos não traz nada de bom para a saúde dos portugueses. Pelo contrário, o país vai continuar a gastar mais dinheiro em medicamentos, os preços vão continuar a subir, o desperdício vai prosseguir, a auto-medicação e o consumo excessivo de medicamentos vão aumentar, com todas as consequências negativas daí decorrentes.

Uma última nota: já o ano se aproximava do seu fim quando, finalmente, foi iniciado o programa de trocas de seringas em meio prisional, programa que nasceu de uma iniciativa legislativa do BE.

Infelizmente, sobretudo para muitos milhares de casais portugueses com problemas de infertilidade, o mesmo não se verificou com a lei da PMA, também ela já aprovada na Assembleia da República há largos meses, na sequência de um projecto de lei do BE, mas que o governo tarda em regulamentar.

É uma demora incompreensível e inaceitável. Mas que é bem a marca de um governo a duas velocidades: rápido e ágil para as políticas que não servem, lento e parado para as mudanças necessárias.

João Semedo

1:39 da manhã  
Blogger tambemquero said...

De longe em longe, o Presidente da República fala ao país. Fala, infelizmente, com tanta ambiguidade e tanta precaução que, no fim, ninguém fica a saber ao certo o que ele quer. À falta de melhor, os políticos chamam a isto "equilíbrio" ou "prudência", ou "a maneira como Cavaco interpreta o seu papel institucional". E os comentadores tentam "decifrar" o "enigma". Só que não há "enigma" nenhum: o Presidente da República não pode, de facto, dizer o que pensa. Primeiro, porque tem de viver em paz com a maioria. Segundo, porque nada lhe garante que essa maioria não volte, embora reduzida, em 2009. Ao princípio, o dr. Soares também se deu muito bem com o dr. Cavaco e estava, como está hoje o dr. Cavaco, reduzido à banalidade. São efeitos perversos do regime.
O candidato a Belém, que "não se resignava", já se resignou. Não se explica a mediocridade a um medíocre, mas, se o Presidente da República não fosse quem é, sobre uma coisa não se calaria e sobre outra não abria a boca. Um Presidente para quem a liberdade contasse, não aceitava, calado e quieto, a proibição (na prática, absoluta) de fumar em público. Porque ela própria limita o direito de propriedade e se intromete na vida privada de cada um (um pequeno ponto que merece atenção); e, sobretudo, porque estabelece um precedente para perversões "sanitárias" muito mais graves. Depois do tabaco, virá o álcool, o sal, o açúcar, a obesidade e até, como anteontem ouvi com espanto na televisão, taxas punitivas no serviço nacional de saúde para quem, alucinadamente, persistir em se pôr em "perigo".

O silêncio sobre a proibição de fumar não é o único sinal de que o prof. Cavaco respeita e partilha a ideologia do tempo. O comentário, que pareceu extravagante, sobre os salários dos gestores manifesta a mesma deprimente visão do mundo. O prof. Cavaco não acha, com certeza, que a igualdade social depende do que ganha ou não ganha uma centena de gestores. Não: o que preocupa (e ofende) o prof. Cavaco é a imoralidade da diferença entre o gestor e o trabalhador. Prefere um Portugal "remediado" e modesto; um Portugal saudável; um Portugal sem risco, sob a tutela de um Estado benevolente. Não lhe ocorre que o resultado desta "correcção" é o país parado e pessimista, que por aí se arrasta. Não por acaso, acabou o discurso de Ano Novo com um aviso solene sobre os desastres de automóvel. Como o almirante Américo Tomás.
VPV. JP 04.01.08

O Xavier devia fazer um ranking sobre os "Pantomineiros da Nação" mais proeminentes.

8:43 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Ainda sobra as dificuldades CC em comunicar.
Vejamos o que se passa na sua própria casa (política):

"Contra a corrente dos dirigentes socialistas que ontem tentaram suavizar as críticas de Ferro Rodrigues à "arrogância" e à falta de "humildade" do Governo, Manuel Alegre demarcou-se abertamente do que qualifica como "conformismo" do ex-líder do PS face às políticas do executivo de Sócrates.
"Quando ele diz que não há alternativas, no fundo está de acordo com as políticas. Eu, como socialista, não me conformo que haja dois milhões de portugueses no limiar da pobreza, que as desigualdades se tenham aprofundado, nem compreendo estas medidas de fechar as urgências por toda a parte, deixando as populações desprotegidas. É um erro gravíssimo que põe em causa a coesão nacional"
- declarou ao PÚBLICO Manuel Alegre.

Depois disto, pergunto:
a informação, a comunicação, começa e acaba, onde?
Que distância vai de Anadia, alijó, Peso da Régua a S. Bento?

6:58 da tarde  
Blogger xavier said...

PANTOMINEIROS

Uma doente deu entrada na Urgência do Hospital de Aveiro pelas 14:00 e, na fase de triagem, foi-lhe atribuída a cor amarela, pelo que teria de ser observada por um médico no espaço de uma hora

Quando finalmente ia ser observada por um médico, pelas 17:45, três horas e 45 minutos depois de ter dado entrada, estava morta.

A direcção clínica do hospital já reconheceu a sua responsabilidade por esta ocorrência.

Entretanto, o bastonário substituto da Ordem dos Médicos (OM), José Manuel Silva, responsabilizou o Governo e o primeiro-ministro pela morte da idosa do Hospital de Aveiro, atribuindo a situação à sobrecarga da urgência, e ilibou a unidade de saúde e os profissionais.

Por sua vez, o líder do PSD, Luís Filipe Menezes, aludiu ao caso da morte de uma paciente, em Aveiro, para referir "estar a aumentar a pressão de hospitais que não estão preparados para receber mais pessoas”.

Somos um país de pantomineiros.

12:08 da manhã  
Blogger xavier said...

DAVA JEITO ENTALAR o MINISTRO da SAÙDE

Cláudia Pereira, porta-voz da comissão de utentes do HDA, responsabilizou o ministro da Saúde pela morte da idosa. "O aumento de utentes em virtude da política de encerramento de serviços não foi acompanhado de melhor resposta da urgência. Provou-se que o serviço não pode ser bem prestado", criticou a activista.

Somos um país de pantomineiros.

12:14 da manhã  
Blogger Clara said...

DAVA JEITO ENTALAR CC

A direcção clínica do Hospital Distrital de Aveiro (HDA) assumiu a falha na resposta a uma idosa de Vale Maior, Albergaria-A-Velha, que esteve cerca de quatro horas à espera de atendimento médico na urgência, onde acabou por morrer, sozinha numa maca na sala de espera para onde são encaminhados os doentes após triagem dos casos mais graves. link

"Era um caso sinalizado com pulseira amarela, que indica uma urgência intermédia, entre muitas urgências e não urgências. Deveria ter sido observada numa hora", admitiu Lurdes Sá, directora clínica, remetendo mais esclarecimentos para as conclusões a apurar no âmbito do inquérito aberto ainda no próprio dia da morte, quarta--feira ao final da tarde.
DN 04.01.08

12:18 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home