segunda-feira, dezembro 31

Guerra Santa

foto semanário expresso



1. Foi publicada legislação que cria três tipos de Serviços de Urgência, Polivalentes, Médico Cirúrgicos e Básicos; link
2.Os critérios técnicos estão estabelecidos, o Relatório Final da Comissão está publicado, depois da discussão pública.
link
3. O CTAPRU informou que está finalizar as recomendações técnicas para os serviços de urgência, os pontos de rede e a rede de referenciação entre Serviços;
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4. Caberá ao poder político aceitar ou não todas as recomendações da Comissão Técnica ou decidir em contrário explicando a sua decisão;
5. A reorganização dos SAP e a requalificação de muitos em SUB têm estado a ser preparados pelas ARS e a ser discutidos com os Municípios desde há mais de um ano;

O MS deve fechar este dossier o mais rápidamente possível e à medida que estão criadas condições no pré-hospitalar.
Quanto às explicações, deixemo-las de lado, porque mais que sejam dadas, os diversos actores estão-se marimbando para a bondade delas. Basta o trabalho jornalístico, que tem sido feito nos últimos dias, com mapas errados e informação sonegada. Viu a comunicação social ouvir alguns peritos a quando do fecho da maternidade de Chaves, ou ter sequer feito o contraditório com as consequências de uma taxa tão elevada de cesareanas. Viu alguma reportagem ou notícia digna desse nome sobre a abertura da 100.ª USF, ou ouvir a Associação Portuguesa de Clínica Geral, ou a FNAM ou o Colégio da OM de MGF. Ou alguma vez informar que a actual reforma é proposta há mais de 20 anos pela APMCG, FNAM e às vezes pelo SIM, ou dizer que no Hospital da Anadia existia uma Urgência supostamente médico-cirúrgica que em 2005 não operou ninguém ou que o Hospital tinha 44 camas e 41 médicos, como uma taxa de ocupação de 66% e que operavam 595 doentes num ano (14 operações/semana se contarmos 42 semanas de trabalho útil) ou que Chaves operava 963 doentes na urgência, incluindo as 240 cesareanas.
Não isto à comunicação social não interessa, o que interessa é construir a opinião de que o MS está é fechar tudo.
Avicena

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6 Comments:

Blogger helena said...

Um Bom Ano para todos os colegas da Saudesa e para os portugueses.

3:37 da tarde  
Blogger saudepe said...

Excelente post do Avicena.
A nossa imprensa, a começar no JP, continua a fazer cedências aos leitores.
Isto continua a ser uma aldeia.
Cheia de pacóvios.

3:41 da tarde  
Blogger saudepe said...

Um Bom Ano para todos.

3:43 da tarde  
Blogger Clara said...

Mais sacrificios esperam os portugueses. Para eles um Bom Ano.
Para os colegas da Saudesa um novo ano cheio de felicidades.

3:46 da tarde  
Blogger tambemquero said...

A redução dos serviços de saúde é um erro porque as poupanças serão irrelevantes e traduz uma atitude de desprezo face a parte da população que justifica todos os protestos e toda a apreensão


Desta vez não se pode falar de manipulação, de pesadas heranças dos governos do PSD ou de qualquer outro jogo da política partidária: basta medir os gestos ou olhar os olhos dos que, um pouco por todo o país, protestam contra o fecho de urgências, de serviços de atendimento permanente (SAP) ou blocos de partos para se perceber que em curso está um protesto genuíno de milhares de cidadãos. De pouco vale assinalar os casos em que a emoção dos manifestantes está contaminada pelas rivalidades bairristas. Ou denunciar a evidência dos blocos de partos sem condições e de urgências sem utentes suficientes para garantir a qualidade dos serviços. São pormenores. O que está em causa é um ataque a um dos mais elementares direitos dos cidadãos: o do acesso à saúde.
Bem pode o ministro Correia de Campos apelar "à compreensão" das pessoas, dizendo-lhes que o que está a ser feito é para "o bem" das populações, que o sentido do seu apelo não só soa a falso como acaba por acirrar ainda mais o sentimento de revolta que os leva ao protesto. Porque ninguém com o mínimo de senso perceberá como é que o seu "bem" se concretiza com a necessidade de uma viagem de dezenas de quilómetros para consultarem um médico. Ninguém com um mínimo de exigência deixa de considerar que a facilidade de acesso ao saber de um médico é uma necessidade primária, seja para acudir a um caso grave ou para regressar a casa tranquilo com uma prescrição de aspirinas. Não perceber isto é desconhecer em absoluto a natureza da relação dos utentes com os serviços de saúde. O que não deve acontecer com um ministro que tutela a área.

Se os encerramentos dos SAP são danosos para os cidadãos de qualquer localidade, no caso do interior o processo em curso configura o mais violento ataque que se conhece à sua viabilidade económica e demográfica. A centralização dos serviços básicos de saúde nocturnos nas capitais de distrito e nas localidades mais importantes deixa sem rede vastas áreas do território para onde nenhuma família jovem nem nenhum investimento carente de quadros quererá ir. Por muita objectividade que tenham os números da comissão que estudou o quadro dos encerramentos de serviços, por muita racionalidade que haja nas suas conclusões, a proposta que sai das suas reflexões é típica de burocratas sem ligação à terra. Uma viagem de 40 ou 50 quilómetros, numa noite invernosa de Trás-os-Montes, por estradas sinuosas e geladas, é um suplício que ninguém está disposto a correr de livre vontade. É, no entanto, esse o destino que aguarda os habitantes de centenas de vilas e aldeias, na sua esmagadora maioria idosos, muitos analfabetos, isolados e incapazes de se movimentarem com a facilidade com que o Governo deixa supor na sua política.
Os danos ao interior serão ainda mais gravosos porque, a prazo, o quadro de pessoal médico tenderá a ser reduzido. Basta conhecer o estudo que há uns anos Daniel Bessa fez sobre a viabilidade do interior para se perceber a importância que o emprego público qualificado tem na sua dinâmica económica. Depois do fecho de centenas de delegações da EDP, da extinção de serviços do Ministério da Agricultura, chega a hora dos médicos debandarem - a prazo, serão magistrados e oficiais de justiça.
Por muito que o controlo da escalada do défice da saúde seja um imperativo nacional, a redução dos serviços de saúde é um erro porque as poupanças serão irrelevantes e traduz uma atitude de desprezo face a parte da população que justifica todos os protestos e toda a apreensão. Não será com 25 ou 50 milhões de euros ganhos com os encerramentos que o descalabro das contas da saúde se resolve. E se fosse, haveria muito mais onde cortar antes de sujeitar as pessoas a novas e absurdas privações. Era muito mais sensato para os habitantes da Régua manter as urgências no hospital do que oferecer-lhes uma nova via rápida até Amarante que vai custar pelo menos 80 milhões, quando daqui a uns anos terão ao seu dispor uma auto-estrada que cumpre o mesmo trajecto. Só que aí não haveria concursos para alimentar clientelas, nem inaugurações para excitar a vaidade
Manuel Carvalho, JP 31.12.07

4:33 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Mais de uma centena de carros protestaram contra o fecho da urgência do Hospital José Luciano de Castro. A providência cautelar contra o encerramento feita, espera resultados. Quarta-feira a luta continua.

“Ministro amigo, o povo não está contigo”, “Só uma ambulância? Não seja somítico” ou “Queremos mais duas carroças puxadas por burros”, eram algumas das palavras-de-ordem visíveis nos cartazes dos automóveis. Em marcha lenta, o “buzinão de protesto” partiu do Largo do Município, em Anadia, com destino à, Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), em Coimbra. Mas a luta continua. Está já marcada para quarta-feira, dia do fecho das urgências, mais uma acção de protesto.
E as consequências do encerramento das urgências já estão à vista. De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Anadia, Litério Marques, “esperam-se horas para se ser atendido”.
Com o fecho da urgência do Hospital José Luciano de Castro as alternativas, dos mais de 30 mil utentes, são Coimbra, Águeda e Aveiro. As pessoas estão descontentes e revoltadas. “Os hospitais não conseguem suportar tanta gente. As horas de espera vão ser muito maiores”, realça José Paixão, do movimento “Unidos pela Saúde”, responsável pela manifestação e acções de protesto.

Ministro para a rua
Depois de mais de três milhões de euros gastos em obras no hospital, a população não entende o encerramento das urgências e levanta a questão: “se o hospital de Águeda está mais perto de Aveiro, com condições semelhantes e número de utentes também, porque não encerrou?”. João Morais, que empunhava uma bandeira preta a simbolizar a morte da Saúde, em Portugal, lamenta a “falta de coragem” de José Sócrates. “O senhor primeiro-ministro tem que demitir o ministro da Saúde, e escolher um mais competente e solidário”, realça. A opinião é partilhada por Maria José. Residente em França, mas natural de Anadia, acusa o Governo de abandono. “Não se lembram dos que estão lá fora, muito menos dos que estão cá”.
Segundo as estatísticas, ocorreram no ano passado mais de 40 mil consultas, nas urgências do hospital de Anadia. Com o encerramento do serviço, os utentes ganham agora duas ambulâncias. Mas o novo equipamento também coloca alguns problemas. De acordo com o movimento “Unidos pela Saúde” não há pessoal suficiente para as ambulâncias e não é um meio acessível a todas as carteiras. Florbela Silva sublinha mesmo que tem que vir de mota porque a “ambulância é muito cara”.
À porta da ARSC foram colocados inúmeros cartazes e ainda um fardo de palha. O significado é simbólico, e como explica José Paixão “em vez de ambulâncias, dêem-nos carroças, sempre se poupa no combustível e não polui o ambiente”.
Depois de amanhã a urgência do Hospital de Anadia fecha às 08H00, passando a funcionar, a partir dessa data, uma consulta não programada neste estabelecimento, entre as 08H00 e as 24H00, assegurada por médicos do Centro de Saúde local. A consulta não programada destina-se ao atendimento de casos agudos do foro ambulatório.

Diário das Beiras

11:51 da tarde  

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