Ano Novo
Vamos entrar no novo ano com controlo biométrico de assiduidade nos nossos hospitais.
Para a classe médica trata-se de uma «medida administrativa repressiva do tipo policial e uma machadada na governação clínica dos hospitais » TM,João Duarte Freitas, HUC.
MD, sem paninhos quentes, reconhece que se trata de «uma questão de natureza histórica e cultural da classe médica, mas não podemos prescindir do controlo de uma das áreas mais caras dos recursos humanos dos hospitais» (vencimentos e horas extraordinárias). TM, 31.12.07
No meu hospital, equipamento instalado, regulamento publicado, tudo a postos para o controlo do novo ano. Entre o fervilhar de conspirações e anedotas.
Para a classe médica trata-se de uma «medida administrativa repressiva do tipo policial e uma machadada na governação clínica dos hospitais » TM,João Duarte Freitas, HUC.
MD, sem paninhos quentes, reconhece que se trata de «uma questão de natureza histórica e cultural da classe médica, mas não podemos prescindir do controlo de uma das áreas mais caras dos recursos humanos dos hospitais» (vencimentos e horas extraordinárias). TM, 31.12.07
No meu hospital, equipamento instalado, regulamento publicado, tudo a postos para o controlo do novo ano. Entre o fervilhar de conspirações e anedotas.
2 Comments:
Antes de tudo, tenho de salientar que subscrevo na íntegra a concepção expressa pelo médico dos HUC.
Já houve tempo para discutir este assunto e as actuais afirmações não trazem nada de novo ao já adiantado - por diversos intervenientes - no passado recente.
O que é novo´são as afirmações de MD, não em relação a ele próprio mas relativamente ao discurso do MS. Isto é, o controlo da assiduidade não deveria ser considerada uma medida que tivesse por objectivo interesses economicistas imediatos ou de aumento da produtividade. Era uma medida asséptica, recoberta de um manto branco, inocente como uma vestal.
Um dever de todo o funcionário público, ponto final.
As actuais declarações de MD, enquanto homem nomeado pelo MS, para administrar um Hospital, mostram que assim não é. São mais uma espécie de "gato escondido com o rabo de fora".
E, todos nós, sabemos que a introdução da "identificação biométrica" (já não estou a falar do controlo de assuiduidade) até onde pode ir... em termos de utilização futura.
Bem. Esta situação pejada de episódios caricatos fez-me lembrar uma velha história.
E já que estamos em quadra festiva, aí vai...
Muitos de nós andámos(contrariados) pelo velho convento de Mafra a fazer a recruta no serviço militar obrigatório. Porque contariados, muita coisa corria mal. Um dia, o comandante da Escola de Infantaria, um velho coronel, manda tocar a reunir e começa uma arenga de cariz pedagógico-militar (chamavam-lhe "acção psicológica") onde a determinada altura afirmou: "...Porque de homens percebemos nós!".
Um silêncio sepulcral na formatura. Do meio de mais de um milhar de soldados-cadetes alinhados na parada, ergue-se uma voz limpida e bem colocada: "Não sabia que andavas nessa vida!".
Reboliço, risadas e a inevitável pergunta: Quem se atreveu a falar?
Ninguém se acusa.
Resultado: enquanto não se acusar o prevaricador (ou não for denunciado, acrescente-se) no próximo fim de semana, ninguém saí do aquartelamento.
E o inevitável recado: aqui na tropa é assim - por causa de um pagam todos.
Nesse fim de semana, o quartel ficou animado e divertido com a presença extra de mais de um milhar de cadetes, inopinadamente, enclausurados.
Começa nova semana e aproxima-se a sexta-feira. Nova formatura e a inevitável pergunta: quem foi?
Ninguem se acusa?
- Mais um fim de semana de punição!
É aqui que começam os problemas.
Há cadetes casados, outros que têm filhos, muitos que namoram, alguns que necessitam de "ir à terra", etc.
Segue-se como protesto ao jantar um "levantamento de rancho". Ameaças, incitamentos ao cumprimento do dever, à obediência, à disciplina, etc. Nada resulta. Ninguém mexe na comida.
Puco tempo depois o velho coronel é transferido para um cargo de prateleira no Estado-Maior.
Este é quase um conto de Natal. Não há necessidade, nem pertinência, em rematar com a tradicional "moral da história".
Mas, podemos fazer votos para o próximo ano.
E sendo assim:
Que o "Pai Natal" não nos obrigue, em 2009, a andar de pulseira electrónica... no meio de câmaras de vigilância.
E seremos tão felizes...
Adenda:
Esqueci-me, no meio de tudo isto, de desejar, com toda a sinceridade, um BOM ANO, para todos.
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