sábado, março 22

Grupos Privados

H. Cuf Descobertas

O primeiro ministro, José Sócrates, anunciou, recentemente, na AR, a decisão do Governo de abandonar a gestão hospitalar em parceria com empresas privadas link
GH, daqui em diante, só pública (salvo algumas excepções, à experiência).
Como era de esperar, alguns jornais da nossa praça (os mesmos) decidiram sair em defesa dos pobres grupos, assim, discriminados. Engalanados dos habituais títulos. Dramaticamente patetas : “Mellos excluídos do SNS”
link, “Sócrates põe fim à era da gestão privada” link (o mais conseguido), “Hospital Nacionalizado” (editorial do CM).
Não sei se a decisão do primeiro ministro envolveu alguma negociação prévia. Julgo saber, no entanto, como já anteriormente referi, que o desenvolvimento do sector privado da saúde não passa pelas parcerias de gestão dos HHs públicos. Os grupos privados têm outra ambição.
Recentemente, o Cuf Descobertas foi autorizado pela Ordem dos Médicos (OM) a formar especialistas. link O que deverá acontecer a partir de 2009.
José Roquette, director clínico do Hospital da Luz, confrontado com esta decisão da OM, defendeu a possibilidade de os HHs privados poderem escolher os seus internos.
link
Mais alguns pequenos passos a caminho do grande objectivo: A liderança do sector.

8 Comments:

Blogger Tá visto said...

Grupos privados na Saúde

Hoje escolhem os doentes (pela bolsa e pelo risco), já querem seleccionar os internos a formar, amanhã, quando lhes forem atribuídas escolas médicas, quererão escolher os "melhores" alunos fazendo bypass ao apertado crivo do número clausus das escolas públicas. É assim, a desigualdade instituída como regra.
A igualdade de oportunidades, grande consigna da burguesia liberal saída da Revolução Francesa, está rapidamente a ser esquecida pelas políticas neoliberais. Ao que se assiste é a um regresso ao sistema feudal, de forma mitigada naturalmente, sob a forma de condomínios privados aos mais diversos niveis da sociedade.

11:48 da manhã  
Blogger e-pá! said...

DA ABERTURA DA FORMAÇÃO NA ESPECIALIDADE
À
CLAUSURA DAS CARREIRAS E AO "AFOGAMENTO" DAS COMPETÊNCIAS (...TODAS!)
OU
A PRESBIOPIA DO SISTEMA


É claro que a retirada da GH das PPP's não siginifica a "revolução Sócrates do SNS".

Julgo, contudo, não ser de denegrir que esta amputação às suas ambições é dispicIente.
É um rude golpe no sector mais -económica e financeiramente - interessante (para o sector privado) na estratégia de captura do SNS.

Ana Jorge, não vai fazer nenhuma revolução no sector. Andamos todos a afirmar que vinha "apagar fogos", quando não para existinguir a "reforma iniciada por CC e interrompida por iníquos jogos de poder".

Na verdade, Ana Jorge, paulatinamente, vêm arrumando a casa.
CC, com a sua proverbial truculência , não só criou resistências a eito, como tornou dificil - apesar das leis orgânicas - manter um ministério "arrumado".

A decisão de atribuir idoneidade para a formação de pediatras (convém ser preciso) ao H CUF Descobertas, embora inédita, não é dramática. Essa idoneidade depende do julgamento - a qualquer momento - do Colégio de Pediatria da OM e, ainda da atribuição de vagas pelo MS. Logo, o importante será conhecer se a capacidade formativa dos serviços de Pediatria idóneos está esgotada, ou se haverá desvio de "terrenos de formação".
O que não se compreeende é que a entrada na especialidade - quer pública quer privada - se possa processar sem concurso público como - segundo a lei - tem sido realizada até agora.
Os cidadãos são iguais em direitos , deveres e regalias e não se compreende que a OM tenha autorizado o H da Luz , a CUF Descobertas ou qualquer outra instituição privada a "pescar" à linha em águas turvas - chamando ao seu regaço os seus protegidos ou preferidos. Isto é, que a OM tenha sido conivente num "velho", mas sempre reivindicado, regime de privilégios...
O sistema não me parece comportar duas legitimidades: o do concurso público e o do favor (pessoal, familiar ou económico).
Se a OM autorizou esta dualidade poderá estar metida em maus lencóis.
Mas, muito mais importante e premente do que andar a fazer favores a instituições privadas de saúde (IPS), seria negociar com o MS e já agora com as IPS as carreiras médicas e oa definição do acto acto médico.

É que andar a atribuir competências ou idoneidades a Serviços para formar espacialistas - num quadro de anulação, limitação ou transformação das carreiras - é a mesma coisa que abrir uma fábrica de automóveis sem rodas (para andar).
Transformar a formação médica continuada em meras negociações laborais não conduz a bom porto.

Nem, tal deve ser oferecido ao Grupo Mello, BESaude, ou outros, sem que integre um vasto quadro de revisão, re-estruturação e modernização da profissão médica que desde há longo tempo - Leonor Beleza, p. exº. - vem sendo despojada de todos os meios que dispunha - sendo o mais importante: as condições de um exercício de cuidados de saúde de qualidade aos doentes e utentes (do SNS).
(Os clientes são propositadamente omitidos!)

Quem conseguir isto - com eficiência e excelência - lutará pela liderança do sector.
Uns por um sistema universal e equitativo (SNS), outros através de um "mercado" de sáude, onde as diferenciações económicas podem conduzir a todas as iniquidades.

(Aqui, como no resto, o Estado não é um bom, nem justo, regulador...)

Não há mudanças na Saúde sem os médicos. Estou cansado de ouvir.
Por outro lado, estou quase presbiope (vista cansada) de ver tanta tentativas nesse caminho...

12:09 da tarde  
Blogger saudepe said...

A medida (anunciada) de transformação do Hospital Amadora Sintra em EPE é uma medida boa em si mesma que me deu especial satisfação.
Estão de parabéns o primeiro ministro, José Sócrates, e a ministra da saúde, Ana Jorge.

A medida teria outro alcance e demonstraria outra coragem política se tivesse englobado também os outros quatro hospitais reféns da gestão privada (H. de Cascais, Braga, Loures e V. Franca).

Assim, sobre o calculismo desta medida é lícito estabelecer paralelo com a redução de 50% das taxas moderadoras dos idosos, anunciada na mesma altura, sabendo-se, à partida, que 80% destes utentes se encontram isentos.

3:47 da tarde  
Blogger Hospitaisepe said...

SEM SURPRESAS

"Se não tivesse sido denunciado o contrato até Novembro do ano passado, isso significaria que o contrato (que expira no final deste ano) seria automaticamente renovado".
A partir do momento em que o contrato foi denunciado, restavam ao seu executivo duas opções: ou abria novo concurso para a gestão (privada) do hospital, ou optava pela gestão pública.

a)- O Governo denunciou o contrato em Novembro 2007, tendo em atenção a avaliação feita à qualidade da prestação do consórcio responsável pela gestão do Hospital Amadora Sintra e aos custos do Estado com a fiscalização e supervisão do contrato;

b)- CC tinha em mente lançar novo concurso de adjudicação;

c)- O que mudou foi a decisão pela segunda opção: Enquadrar o Hospital Amadora Sintra na Gestão Pública (modelo EPE);

d)- Uma decisão acertada.

Como diz Constantino Sakellarides: "Se existem formas de gestão pública com resultados semelhantes à gestão privada, porquê ir para uma gestão privada que, ainda por cima, implica sistemas de acompanhamento muito complexos e, de uma maneira global, são mal sucedidos?".

O Modelo EPE "É um modelo que permite a intervenção do Ministério da Saúde, caso as coisas não corram bem. Na gestão privada, é impossível fazê-lo sem entrar em mecanismos de confronto e arbitragem".

e) É,pois, descabido o enorme alarido feito por certa imprensa, com destaque para o director do JP, José Manuel Fernandes. Ultimamente, desprovido de tino, obcecado pela sua campanha anti Sócrates.

O seu editorial de 20.03.08, a raiar as fronteiras da agressividade, merece-me o comentário que ST lhe endereçou a propósito de outra matéria:
«A idade ensinou-me que não vale a pena gastar tempo e energias a discutir com pessoas de má-fé. Isto aplica-se ao director do ‘Público’.» (semanário expresso 21.03.08)

5:02 da tarde  
Blogger Tá visto said...

O editoral de José Manuel Fernandes é de uma violência inaudita. Utiliza por duas vezes a expressão estalinista para rotular as justificações de Sócrates pela decisão tomada.
Dá de barato que a gestão hospitalar privada é mais eficiente quando os resultados do Amadora-Sintra nunca foram tornados públicos e há um permanente contencioso nas contas entre a ARS e o grupo Mello.
Numa fé cega pela gestão privada na Saúde, sugere que o Estado assine de cruz as facturas poupando assim nos processos administrativos e de fiscalização (mutatis mutandis, o caso BCP é bem elucidativo das consequências para o interesse público quando o Estado baixa a guarda).
Enfim, para quem passa a vida a utilizar o anátema do preconceito ideológico direi que náo está mal.

5:13 da tarde  
Blogger e-pá! said...

O "sistema hibrído" que vai vigorar durante 10 anos em nos H. de Cascais, Braga, Loures e V. Franca e, não esquecer, o Centro de reabilitação de S. Brás de Alportel, representa a pesada herança de CC, neste regime de PPP's.
Um homem que passou a vida - é essa a imagem - a estudar Economia da Saúde, acredita nos engenehiros como gestores da Saúde (não da Saúde - mas dos Hospitais). Por alguma razão conseguem facilmente MBA's....
Este sistema seria uma boa escapatória para os AH's que a ENSP produz, ou talvez, uma hipotese de preparar o "salto" para uma situação idêntica a Rennes, de conteudo integral e laivos holísticos:

"L'ÉCOLE DES HAUTES ÉTUDES EN SANTÉ PUBLIQUE" , que tentará açambarcar a quase totalidade deste (novo) mundo: médico-engenharia, farmaceutico, administrativo, etc., por exemplo:

2 LES MISSIONS ACTUELLES :

2.1 Le directeur d'établissement sanitaire, social et médico-social (DESSMS)
2.2 Le directeur d'hôpital (DH)
2.3 Le directeur des soins (DS)
2.4 L'attaché d'administration hospitalière (AAH)
2.5 L'inspecteur de l'action sanitaire et sociale (IASS)-(anciennement inspecteur des affaires sanitaires et sociales)
2.6 Le médecin inspecteur de la santé publique (MISP)
2.7 Le pharmacien inspecteur de la santé publique (PHISP)
2.8 Le médecin de l'Éducation nationale (MEN)
2.9 L'ingénieur d'études sanitaires (IES)
2.10 L'ingénieur du génie sanitaire (IGS)
...

Bolonha...Bolonha, para que serves?

Ou o "sistema" (na dominação política) feneceu com o ocaso (digamos que natural, fisiológico[*]) do seu mentor?

[*] Caro CC: longa vida e felizes dias, boas aulas, boas investigações... mas de político estamos ditos e acabados...

A performance de MD após o anúncio de Sócrates sobre as PPP's, mostrava já um acantonamento, uma "retirada", para a área técnico-administrativa.
Como se tivesse ocorrido um black out no palco...
Depois, na escuridão, "apalpam-se" uns aos outros...

Portanto, as últimas alterações políticas na Saúde tiveram, pelo menos, tiveram a virtude de esclarecer o exercício do poder nesta sensível área social.

Terá sido assim?.

6:49 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

GESTÃO PÚBLICA
Proponho a criação de um movimento dos hospitais de Cascais, Braga, Loures e Vila Franca em defesa da gestão pública e reivindicação de iguais direitos.

10:20 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Estar sempre a falar de grupos privados e passar ao lado da "fonte de financiamemto" é um exercício do tipo da "cabra-cega"
Segundo, o Expressso, em 2007, o negógio valia €: 440 milhões.
Assim:
O crescimento anual tem sido de 10%/ano;
As ciclicas notícias veiculads pela Direita política e Social do fim do Estado providência;
O insuportável impacto financeiro do desenvolvimento tecnológico da Saúde;
As restrições orçamemtais globais;
O racionamento dos custos dos cuidados (diferente de racionalidade) orçamental;
A selectividades dos beneficiários (Tabagismo, alcoolismo, etc.)
O aumento da idade média da população (2015 - 35% acima dos 65 anos!);
....

Como é possível tornar um seguro de saúde, um bom negócio?
Como é possível ser tão barato?
Como é possível ser economicamente atractivo?
...

11:01 da manhã  

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