segunda-feira, março 24

A Maldição do Salvador


Sobre a entrevista do líder da JMS, Salvador de Mello, ao DE, link quero destacar apenas três pontos:

1.- A decisão de retirar a gestão clínica dos concursos de adjudicação de novos hospitais apanhou Salvador de Mello completamente de surpresa. Especialmente no que diz respeito ao Amadora-Sintra.
Certamente…
Quando CC anunciou a intenção de reunir num único concurso a gestão do Hospital Amadora Sintra e a construção e gestão do novo hospital de Sintra, Rui Raposo, presidente da Sociedade Gestora, declarou, na altura, que o grupo Mello via a decisão do ministro como «uma medida muito positiva» e que era intenção da sociedade gestora apresentar uma proposta ganhadora. Do mal o menos. Com tempo, quem sabe, tudo se comporia.
José Sócrates, num ápice, deitou tudo a perder...

2.- Salvador de Mello confirmou, dando de barato, o atraso no fecho de contas de 2004 para a frente. Pois , segundo refere, o que interessa é servir bem as populações de Amadora e Sintra.
Será este o modelo de "maior exigência e rigor", que Salvador de Mello se quer referir na entrevista ?

3. - "A redução do défice nos hospitais EPE, parece não convencer o grupo Mello."
A propósito, alguns dados para refrescar a memória:
i.- exercício 2006:
a) resultado liquido: -189,3 milhões euros, com o EBITDA a situar-se nos +40,6 milhões euros;
b) custos (s/ IRC): -1,3%;
c) proveitos totais: -7,3% (fundamentalmente devido aos proveitos extraordinários -efeito provocado pelo encontro de contas e da anulação de fluxos em 2005);
d) fornecedores: +17,5% ; créditos sobre clientes: -4,8% .
e) consultas: +4%; urgências: +2%; hospital de dia: +7,3% e Intervenções cirúrgicas em ambulatório: +11,2%.
ii. - exercício 2007
a) Os 34 HH EPE, registaram uma melhoria de resultados de 114 milhões de euros.
b) proveitos: + 2,9%, face ao ano anterior, passando de 3,7 para 3,8 mil milhões de euros; custos: +1,4%;
c) custos com pessoal: +1,1% ; consumos: +2,4%.
d) produção: cirurgias em ambulatório: + 28,6%; consultas externas: +5,3% ; primeiras consultas: +10,5%.
ACSS, Desempenho económico-financeiros dos hospitais EPE

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4 Comments:

Blogger Hospitaisepe said...

A JMS, talvez por ser dos grupos mais antigos, tem seguido a estratégia mais conservadora. Influenciar o Estado, explorar as suas fraquezas, de molde a salvaguardar os riscos do mercado (imberbe).
E não só.
Que dizer da decisão da Câmara Municipal da Amadora, presidida pelo PS, e da Câmara Municipal de Sintra, presidida pelo PSD, em tornaram-se accionistas do Grupo Mello Saúde?

Os grupos que apostaram forte no sector mais recentemente compreenderam desde cedo que o futuro do sector está em procurar substituir o sistema actual de complementaridade público/privado por um sistema concorrencial, capaz de arrastar para o sector privado as melhores práticas, os melhores profissionais e assim atrair um cada vez maior número de utentes (independentes, subsistemas, SNS, por esta ordem) Daí a aposta na efectuação de pesados investimentos visando a sua preparação de acordo com este cenário.
Nesta perspectiva a manutenção das parcerias de gestão clínica dos HHs de Cascais, Braga, Loures e Vila Franca afigura-se um erro do primeiro ministro. Casamentos destes estão destinados a divórcio litigioso com custos elevados para os contribuintes.
Privados, sim. Desde que provém ser capazes de fazer melhor que o público.
Caberá ao Estado, uma vez mais, a delicada tarefa de ser arbitro deste combate que se quer assanhado.

9:02 da manhã  
Blogger e-pá! said...

NUM REINO SEM PARCERIAS PUBLICO-PRIVADAS...

Quando alguma coisa corre mal numa estratégia meticulosamente dileneada para influenciar o Estado (com certeza conservadora - se não era comunista!), logo vem ao de cima as fraquezas da navegação à bolina. Sem táctica e sem bússula (agora GPS....). A deriva para fora dos interesses privados é sempre espúria (política e financeiramente).
Aqui o conceito de Estado é tentacular: ministérios, AR, autarquias, comissões, tribunais arbitrais, etc...

O facto da CM de Amadora e de Sintra serem accionistas do Grupo Mello (i.e., o facto de terem sofrido uma acção de captura que lhe consolidasse compromissos no futuro) é uma questão de mercado de valores imobiliários, da CMVM, nunca uma questão política, muito menos uma questão de política de Saúde.

Não é portanto, uma doença grave visível, deformante, daquelas consumptivas.
Outras há que só são detectadas e com multiplos exames complemntares: análises, raios X, Tac's, etc, seguidos de conferências clínico-laboratoriais, dão por vezes manifestações exantemáticas, epidérmicas, superficiais e grande parte das vezes reversíveis. Ficam-se pelas recomendações do Tribunal de Contas...
Outras há que só se tornam visíveis ao microscópico. Estas são, por norma, as mortais.
Trabalham na corrosão do corpo e da mente.
Por vezes a doença é uma mera hipocondria que traz o acessível gesto de procurar a sabedoria oriental, de afastar espiritos ou até mesmo de encontrar um bom spa, na proximidade de um off shore.
Acabaram as "mortes naturais".
Assim, vamos cotinuar, saudáveis, anosognosicos até que o finito nos derrube.
Desta "embrulhada", destas maldições, destas prepotencias cresce diariamente a convicção de que o fim da concessão das gestão clínicas nos HH's de Cascais, Braga, Loures e Vila Franca, evitaria depressões correlacionáveis com inventários dos anunciados divórcios.
Aliás este de HH's PPP's, do tipo de procriação hibbrida, trará, no futuro, os mais intrincados problemas de individualização.

E, ao contrário do que parece, o SNS, tem forças suficientes e agrupamento distributivo suficiente para abortar um emergente sistema concorrencial.
(Aí não haverá parcerias..., julgo eu!)
Haverá um "mercado"! Certamente, mais pausado, mais pensado, mais dimensionado, mais racional. Quase que arriscaria - mais equitativo!
A construção de HH´s em PPP's, sem outros atributos, como se desejou - em Portugal - serve os interesses eleitorais do dito "construtivismo" ou da política do betão.

Mais uma vez tenho de repetir-me e pugnar sobre a indispensabilidade de uma Entidade Reguladora, forte...operativa...de "mercado"!

12:24 da tarde  
Blogger Hospitaisepe said...

ENVENENAR a OPINIÃO PÚBLICA

Como era de esperar, aí está a reacção da nossa comunicação liberal (ultra)à decisão de José Sócrates em pôr termo às parcerias com os privados sobre a gestão clínica dos hospitais públicos.

Depois do “vai a todas” (JMF) do JP, é, hoje, a vez de PMP do DE (“Mal sem cura na saúde pública”). Mais uma vez a soltar a argumentação falaciosa sobre a apregoada eficiência dos privados. link
É o viro o disco e toca o mesmo.

Então caro PMP, não é verdade, conforme noticiou o DE, que o consórcio Escala Braga, formado pela José de Mello Saúde (JMS), Somague e Edifer, apresentou uma proposta inicial de 1.019 milhões de euros, 14.1% abaixo do Custo Público Comparável (CPC) de 1.186 milhões de euros e na 2.ª fase do concurso (negociação), num impressionante volte face que ficará para a história de todos os concursos, baixou aquele valor para 794 milhões de euros (menos 225 milhões, ou seja, 22% abaixo do CPC), conseguindo, assim, bater o melhor preço apresentado pelo consórcio liderado pela Espírito Santo Saúde (843 milhões de euros).

Será que alguém, além da Comissão de avaliação de propostas do concurso, nomeada pelo Governo, acredita estarmos perante uma proposta séria, capaz de salvaguardar no futuro a qualidade das prestações e a execução minimamente rigorosa do contrato?

Chamar a este “dumping” concursal ganhos de eficiência… denota, no mínimo, desonestidade intelectual.

Conhecerá o senhor JMF as verdadeiras contas da gestão Mello do Hospital Amadora Sintra?
Poderá a performance do Amadora Sintra, gerido pelo consórcio dos Mellos, ser comparável ao do Hospital de São Sebastião de Santa Maria da Feira?

Quantos mais 20 não pagaram os contribuintes à gestão dos Mellos do Amadora Sintra nestes dez anos ?

Onde está a qualidade e inovação introduzidas pelo Amadora Sintra?

Algumas questões para as quais os chavões de PMP não têm resposta.

1:28 da tarde  
Blogger tambemquero said...

A arrogância dos privados

O presidente do Grupo Português de Saúde (GPS) Franquelim Alves, considera que o Governo vai ter de recuar na decisão que tomou e que exclui a gestão clínica do segundo conjunto de hospitais que vão ser lançados em parceria com o sector privado. A razão é simples: o Estado não tem capacidade financeira para dispensar os ganhos trazidos pela gestão privada.

1:25 da manhã  

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