domingo, março 23

Sem surpresas


O contrato do Hospital Amadora Sintra, se não tivesse sido denunciado até Novembro do ano passado (expira no final deste ano), estaria agora automaticamente renovado.
Ao primeiro ministro colocavam-se, pois, duas opções: abrir novo concurso para a gestão (privada), ou optar pela gestão pública.

a)- CC, terá denunciado o referido contrato, com base na avaliação da prestação do consórcio responsável pela gestão e dos custos do Estado com a sua fiscalização/supervisão;

b)- CC tinha em mente lançar novo concurso de adjudicação, eventualmente, na esperança de seleccionar um novo concessionário;

c)- O que mudou, entretanto, foi a decisão de José Sócrates pela segunda opção: Enquadrar o Hospital Amadora Sintra na Gestão Pública (modelo EPE);

d)- Uma decisão acertada.
Como diz Constantino Sakellarides: "Se existem formas de gestão pública com resultados semelhantes à gestão privada, porquê ir para uma gestão privada que, ainda por cima, implica sistemas de acompanhamento muito complexos e, de uma maneira global, são mal sucedidos?".
O Modelo EPE " permite a intervenção do Ministério da Saúde, caso as coisas não corram bem. Na gestão privada, é impossível fazê-lo sem entrar em mecanismos de confronto e arbitragem".

e) É, pois, descabido o enorme alarido feito por certa imprensa. Com destaque para o director do JP, José Manuel Fernandes, ultimamente mergulhado numa obsessão anti Sócrates, com intervenções marcadamente caceteiras e desprovidas de rigor. O seu editorial de 20.03.08,
link a raiar as fronteiras da violência, merece-me o comentário que ST lhe fez a propósito de uma outra sua intervenção:
«A idade ensinou-me que não vale a pena gastar tempo e energias a discutir com pessoas de má-fé. Isto aplica-se ao director do ‘Público’.»
(semanário expresso, edição n.º 1847, 21.03.2008)
Hospitaisepe

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8 Comments:

Blogger tonitosa said...

Concorde-se ou não com o fim da gestão privada no Amadora Sintra, concorde-se ou não com o Estalinismo referido pelo Director do Público, a verdade é que, como diz JMF:
"No caso concreto do Amadora-Sintra, convém recordar, para quem estiver esquecido, que Ana Jorge, a actual ministra, é há muito parte do problema. A outra parte do problema é um Ministério Público esquizofrénico.
Expliquemo-nos. Quando a actual ministra presidia à ARS de Lisboa, teve um contencioso com a José de Mello Saúde sobre o que devia o Estado pagar pelos actos médicos realizados no Amadora-Sintra. Para ultrapassar o diferendo, foi nomeada uma comissão arbitral cujo trabalho resultou na humilhação pública de Ana Jorge, pois os argumentos da gestão do Amadora-Sintra venceram em toda a linha. Mas o mais surrealista de tudo é que, depois dessa decisão, o Ministério Público decidiu processar a ARS de Lisboa (Ana Jorge incluída) por considerar que tinha pago dinheiro de mais ao Amadora-Sintra. Com isso os acusadores públicos paralisaram a administração central, pois mais nenhuma ARS se atreveu a chegar a acordo com a José de Mello Saúde. Os "custos administrativos" de que José Sócrates falou são os custos de reuniões e reuniões de negociação, ou de regateio, entre os gestores do hospital e a ARS, em que consomem recursos imensos sem nenhuma utilidade para os utentes."
Mas, como já escrevi, sobre esta temática acho muita água vai correr ainda debaixo das pontes.
E ainda estamos para ver como conseguiram alguns HH EPE's os milagres que anunciam na obtenção dos resultados de 2007. Isto, claro, se as Contas dos mesmos forem tornadas públicas!

1:39 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Ainda têm de nos explicar Cascais, Braga, Vila Franca e Loures...

«Todos os Hospitais da segunda vaga, incluindo o de Todos os Santos e o do Algarve, não vão ter gestão clínica privada».

Ministra da Saúde, à Comissão Parlamentar de Saúde, 11.03.08.
andré,em defesa do SNS

2:36 da tarde  
Blogger saudepe said...

Os argumentos de Sakellarides são certeiros.
Acresce que toda a gente conhece o que se passou com a atribulada gestão dos Mellos no Amadora Sintra.

JMF na altura (era o que estava a dar) também se fartou de zurzir no despautério.

Aliás, JMF, escreve, intervém sobre tudo, sabe de todas as coisas, desde que digam respeito ao primeiro ministro José Sócrates.

Confessa-se utente do Hospital Amadora Sintra. Pelos vistos tem sido muito mal atendido.
Quem tem acompanhado ultimamente as suas crónicas, facilmente chega à conclusão que o estado de JMF requer internamento urgente.

2:46 da tarde  
Blogger Augusta said...

O JMF antes de dar lições aos outros, ou de comentar o que não sabe, deveria ser intelectualmente honesto. Testemunhei uma situação em que o jornal desse senhor publicou uma rotunda mentira e, apesar de lhe ter enviado o respectivo esclarecimento, recusou-se a publicá-lo porque tinha mais de 300 palavras (fiquei então a saber que ao abrigo da Lei de Imprensa o esclarecimento não pode ter mais do que isso), embora o artigo mentiroso fosse muito mais longo! O Público era desde o início da sua publicação o meu jornal de referência e hoje nem para deitar no ecoponto serve...

6:14 da tarde  
Blogger Tá visto said...

Ana Jorge mais do que parte do problema pode ter sido vítima de um contrato mal elaborado e pouco protegido no que aos interesses do Estado diz respeito. A este propósito lembro o que na altura foi dito por um experimentado jornalista da nossa praça: “ uma mixórdia jurídica com graves responsabilidades de decisores políticos que tutelaram a Saúde nestes dez anos e que começou no último Governo de Cavaco Silva, passou pelos de António Guterres e aterrou no de Durão Barroso, sempre com intervenções governamentais polémicas ou mesmo de legalidade profundamente duvidosa” (Eduardo Dâmaso, in JN 11.11. 2006).
Não é de somenos referir que o tribunal arbitral que decide a favor da sociedade gestora no contencioso com a ARS é de nomeação política. o MS à época era Filipe Pereira, quadro superior do grupo Mello. Vale o que vale, mas, como usa dizer-se, à mulher de César não basta ser honesta......

7:40 da tarde  
Blogger Hospitaisepe said...

A Campanha do JMF
«A política de saúde mudou de facto. Passou a ser mais estatista, mais napoleónica e mais "estalinista". Em nome do preconceito contra os privados, não dos utentes, que perdem.»

É assim que JMF abre o seu artigo.
Chavões, mais chavões, acusações vãs, a que JMF não consegue dar seguimento ao longo do seu texto pejado de azedume.

Ficámos na expectativa sobre a apresentação de um qualquer dado estatístico, de um pequeno indicador sobre custos, qualidade, produção. Que fundamentasse, mesmo ao de leve, a sua tese de a aventura da exploração privada do hospital Amadora Sintra, ter valido a pena.
NADA.
Somemte acusações em catadupla. Paleio azedo. Revanche.Mais chavões.

JMF parece estar a atravessar um nó górdio da sua carreira. À falta de oposição dos partidos, passou-lhe pela cabeça assumir-se como o campeão da contestação de tudo o que cheire a Sócrates.

JMF não sabe mas está doente. Sofre da alma. Que o leva a perder a noção do justo equilibrio que deve orientar a sua profissão. Do seu papel de jornalista à frente de um jornal nacional de referência.
Matraquear sem norte como o tem feito nos últimos tempos é próprio dos pasquins.
JMF está perdido no combate da sua vida. Que escolheu para si. Em prejuízo do jornal que dirige.

10:05 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Como diz o tá-visto, à mulher de César não basta ser honesta...
Concordo em absoluto, mas isto aplica-se a todos os protagonistas.
Perante o que se diz, como explicar então que o T. Contas mantenha um processo contra os responsaveis?!
Note-se que sou daqueles que acho que toda a pessoa deve ser considerada inocente até ser condenada por sentença transitada em julgado (e mesmo assim...).

12:59 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Apesar de ter lido o acutilante comentário de "hospitalepe" sobre o editorial de JMF em 20.03.08, e de estar em absoluto acordo como o comntado, não pude deixar de voltar à carga.
Na verdade a posição deste último (JMF) representa aquilo que Fialho uma vez escreveu:
"Chegado à adolescência, e vendo o pai que o seu varão dificilmente conseguiria trepar a bacharel, porque era cábula, e não havia meio de reagir sobre um organismo flébil e queixoso, resolveu-se fazê-lo interromper o curso dos liceus e integrá-lo na burguesia lugareja."
Assim um homem que começa por estudar Medicina e continua pela senda da Biologia, como passagem obrigatória pelo "Expresso", chega a Director do Público.

Quanto li a prosa do director do Público, JMF, sobre gestão clínica dos HH´s, onde parece ser um olímpico ignorante, o seu lamento preditivivo de frequentador do H. Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), e a sua sobranceria, diria melhor, revanche, sobre uma eventual presença no Pavilhão do Académico (Porto), de companhia com Pires Lima. Nunca deviam lá estar – deviam estar “amuados”…compreendi a qualidade necessária do director de um Jornal.
A asserção de que as mudanças na política de saúde como mais: “estatista, mais napoleónica e mais "estalinista”… mostra como a situação era nefastamente acomodatícia, sem futuro.

Existe, perante as pomposas análises de directores de jornais promovidos a “opinion makers” nacionais, uma frase e Bernard Shaw que não me saí da cabeça:
“Um jornal é um instrumento incapaz de discernir entre uma queda de bicicleta e o colapso da civilização”.

Tal situação levantou-me uma questão que é premente e recorrente na vida pública e política portuguesa. – o luto (enquanto sinónimo de perda e não de morte biológica).

O luto político é sempre um percurso emocional e objecto, ou não, de sucessivas intervenções psicológicas comportamentais.
O luto é sempre uma “perda”. Correia de Campos perdeu o cargo de ministro. JM Fernades irá, um dia, perder o cargo de director do “Público”.

No sentido psicológico o luto – por mais marcante que seja a personalidade do enlutado – é, sempre, a procura do esvaziamento cultural, diria, melhor do distanciamento identitário.
É por aí que o luto entra nas crenças. Não nas crendices, mas nas crenças científicas conceptualizadas, que servem um processo aquisitivo, transmissível e ético. A associação destes parâmetros consubstancia as reformas – de qualquer índole.
O grande efeito deletério do luto – mal vivido ou negado – são as “perdas” na estrutura da personalidade.
O luto é ainda uma solução de continuidade e, ainda, um “corte” das projecções do projecto, ou dos projectos, que nos estão associados.
Independentemente do seu discurso, da sua retórica, os projectos (políticos, de transformação, de re-estruturração, de vida,) vivem de uma cumplicidade interna.
É importante perceber a dimensão emocional da perda, pois há lágrimas que tem de ser choradas e há gritos que tem de ser gritados. A nossa condição humana pede-o, a saúde mental exige-o
A nossa condição humana pede-o, a saúde mental exige-o. Uns seremos mais recatados, outros menos (a imprensa idiólatra estes).
Quem desconhece o amargo do fel, não se delicia com o doce do mel.
Considero que entender o luto do outro, como parecia a JMF, é partilhar experiências emocionais de perda e angústia, se calhar por isso dizemos tanta vez: esquece e segue em frente.
Essa não é a atitude profissional correcta, é a negação da ciência humana, é alimentar a defesa psicopatológica que gera sofrimento, é colocar o técnico ao serviço da doença.

O luto sendo um processo dinâmico de integração emocional do sofrimento que está subjacente à perda da capacidade de decidir, de influenciar, de mandar.
O seu grau de intensidade vai depender de vários factores e condições: do tipo de vinculação com o falecido ás circunstâncias e aos significados da morte, passando, naturalmente, pelas características de personalidade do sobrevivente.
JMF, descobriu um caminho no apoio à pessoa em processo de luto. Essse caminho é: desumanizar a política é um caminho para perder o sentido à vida. Retirar-lhe conteúdo ideológico é prostitui-la.
Uma vez perdido o sentido à vida, em política, transformamo-nos, em marionetas.
E, enveredando pela “rameirice” política, tanto podemos estar no Pavilhão Académico do Porto com os camaradas de partido, como no Pavilhão Municipal de Gulpilhares (Gaia), em apoio ao L F Menezes.

O luto tem uma componente “para inglês ver”.
Essa é a que interessa a JMF. O dissecar da aparência. É o exaltar dos seus ritos: andar vestido de negro.
Socialmente, não frequentar lugares com música. Comportamentalmente, não sorrir…
Mas devemos, antes de tudo, abandonar o espectáculo “para inglês ver”. O luto – o político incluído – é uma experiência profunda, individual e muito subjectiva.
As catalogações objectivas são difíceis e as observações directas esparsas.
Chorar será a sua marca, mas não exclusiva. Todos já choramos de riso…
Foi isso que, viperinamente, JMF insinuou sobre a presença de Isabel Pires de Lima e António Correia de Campos no Pavilhão Académico (Porto), a apoiar, como militantes de base, uma acção política do PS.

JMF, amável e solicito "entendedor" da intriga, tornou-se, para os dois ministros remodelados, num pretenso amigo de Peniche…

10:33 da manhã  

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