domingo, abril 6

HJLC


O JN publicou há dias um trabalho sobre o Hospital da Anadia que passou mais ou menos desapercebido. link A agenda mediática marca outras prioridades e o Hospital José Luciano de Castro já não é notícia. Mas penso que vale a pena transcrever alguns parágrafos do JN:

"Se é para ter uma urgência como antes, sem exames a partir das 22 horas, nem cirurgia, e com os médicos que lá havia, deixem estar a consulta aberta, que temos bons médicos até à meia noite!"
Lançada assim, no meio da rua, a frase dificilmente identifica o sítio, Anadia o concelho onde o encerramento das urgências motivou mais protestos e que terá ajudado a fazer cair o ex-ministro da Saúde.

Minutos antes, a mesma pessoa perguntava ao líder do Movimento "Utentes pela Saúde" qual o calendário dos protestos. A população diz-se "melhor" atendida mas a luta continua por uma "porta aberta". "Dêem-lhe o nome que quiserem", admite José Paixão, o sindicalista e dirigente do PCP que tem dado a cara à reivindicação, numa guerra que assume também ser política.
As próximas eleições autárquicas são em 2009 e o presidente da autarquia, o social-democrata Litério Marques, foi intermitente nos protestos pela saúde no concelho.

E o que tem, hoje, Anadia? O que tinha antes? Foi isso que o JN se propôs analisar, decorridos dois meses e meio sobre o encerramento da urgência e a sua substituição por uma "consulta aberta" a cargo do centro de saúde local. O que tem, olhando friamente os números, é a mesma coisa, em melhor no atendimento, garantem os utentes com quem falámos.

"A consulta aberta está a mandar menos gente para Coimbra do que a urgência antiga", garante-nos fonte ligada à saúde concelhia. Prefere, como todos os profissionais de saúde, calar o nome.
É, desde logo, muito triste ler que os profissionais de saúde, ouvidos pela repórter, preferem calar o nome. Que razões determinam, neste caso, a auto censura dos profissionais? Quem lhes mete medo? Eis uma questão que seria interessante esclarecer.

Relativamente à Urgência do Hospital da Anadia havia uma enorme discrepância entre a qualidade da infra-estrutura e os serviços prestados. Paulo Portas fez questão de mostrar às televisões as boas instalações físicas, para atacar o Governo por não as utilizar.
Só que pôs o problema ao contrário. O que está errado, neste caso, é o investimento realizado naquele SU. Tanto quanto se percebe, ter-se-á tratado duma decisão casuística sem qualquer respaldo num plano estratégico de desenvolvimento do Hospital, pensado como elemento da rede hospitalar.
Se esse plano existe, e foi aprovado, deveria ser conhecido, para se tentar perceber as determinantes dessa decisão.
A Senhora Ministra tem aqui oportunidade para avaliar a forma como se está - ou não está - a desenvolver a função planeamento no Ministério da Saúde.
Brites

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3 Comments:

Blogger naoseiquenome usar said...

O investimento realizado naquele SU está integralmente ao dispor do novo serviço efectuado pelos médicos do CS . Só que acrescido com ambulância INEM.
Litério Marques não tem participado nos protestos...

3:36 da manhã  
Blogger Clara said...

ENTRÁMOS na MÁ GESTÃO.

No facilitismo eleitoral.

É dar razão à falta de rigor como tem sido feita muita da despesa na Saúde, como no caso da administração do Hospital de Anadia.

Senhora ministra, assim não!

«Urgências regressam a Anadia
Anadia vai voltar a ter serviço de urgência. A ministra da Saúde afirma em entrevista à TSF e Diário de Notícias, no programa Discurso Directo, que é fundamental garantir à população os cuidados básicos. Ana Jorge assume ainda que está habituada a gerir conflitos e foi este um dos motivos pelo qual foi escolhida para substituir Correia de Campos.

A ministra da saúde quer que a população de Anadia volte a confiar nos serviços de saúde e garante que os cuidados básicos de urgência vão ser assegurados. Ana Jorge explica que o serviço vai ser por isso reorganizado.

«A urgência era feita por médicos que têm capacidade para fazer cuidados primários ao nível da urgência e portanto atendimento à doença aguda. É essa situação que vamos ter que conseguir manter, porque a diferenciação de uma urgência hospitalar já não existia em Anadia», afirma Ana Jorge.

A urgência do hospital da Anadia encerrou no início do ano e os protestos não pararam desde essa época. O autarca desta localidade, Litério Marques, já afirmou à TSF que fica muito satisfeito com a notícia.

A ministra da Saúde assume também que sempre concordou com a necessidade de reformar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas admite que as mudanças não foram bem explicadas aos portugueses.

Ana Jorge considera ainda que o antigo responsável pela pasta, Correia de Campos, estava a fazer uma «boa política». O principal problema é que estava a ser «mal comunicada» aos portugueses.

A ministra adianta ainda que concorda com as linhas mestras das reformas, mas quer dar uma «marca Ana Jorge» à política da Saúde, ou seja, um maior clima de «diálogo e tranparência».

TSF 06.04.08

3:07 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Cara Clara:

Se estivessemos numa Opera teríamos entrado num intermezzo...

Comoo esrtamos na Administração Pública podemos ter entrado na má gestão...
As contas anuais - ou os balamcetes trimestrais ou semestrais mais apertados - darão conta disso.
Portanto, quanto à possibilidade de "má" gestão, dou isso de barato.

Já reproduzi - por mais do que o uma vez - que o exrcício de contas deste MS deve levar à elaboração e à necesssidade de um "orçamento suplementar".
Deverá ser assim. Nem que seja para corrigir a cronicidade dos prazos de pagamentos. Mas há outro motivo. Esta foi uma das "bandeiras" de CC que a agitou em turbulentas águas sociais e que, como é habitual, nestas lides políticas, o momento é de derrubar e pisar. Este é o terrível ciclo político. Melhor é a lógica intrínseco do ciclo de mudança político, interno, controlado - se não não exisstiriam remodelação - só "puxões de orelhas".


O problema, portanto, não será esse: boa ou má gestão.

Passa a ser - sempre foi - um problema político, cuja escolha dentro de um quadro de governação socialista pode ser complexo(a):
o reformismo, o pós-reformismo, o neo-reformismo ou outros.

Dentro destes "novos conceitos" sobre "velhas ideias" é melhor esclarecer ( ou não!) o que é urgência, no alargamento dos atendimentos até às 24 horas nas urgências e consulta aberta (non stop).

O folhetim de Anadia sofreu um mero intermezzo?

10:34 da manhã  

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