Liberais de pacotilha
Faz parte do código genético dos neo-liberais de pacotilha nos virem com a rábula habitual das virtudes de sistemas como a ADSE (a liberdade de escolha, o ficar mais barato, etc, etc). link O Sr. Dr. Miguel Frasquilho deveria antes averiguar os factos relativos à dívida da ADSE aos HH públicos bem como os truques que, sistematicamente, utiliza para fazer prescrever os prazos através de manobras dilatórias burocrático-administrativas e assim “eliminar” responsabilidades para com as unidades públicas de saúde. A sustentabilidade da ADSE e a lógica de acordos com os privados não resistirá a uma avaliação rigorosa, séria e independente. É quase como dizer que há 1.800.000 pessoas com seguros de saúde em Portugal. Já alguém se lembrou de perguntar ao Instituto de Seguros de Portugal quantos correspondem a seguros "virtuais" acoplados em cartões de crédito e quejandos?
Se assim fosse haveria alguma necessidade de disputar com tanta agressividade “parcerias” e convenções com o Estado? O que é facto é que o bolo é muito pequeno e começam a ser mais as bocas do que as fatias. Vide o arranque agónico do novel Hospital das Lusíadas…
beveridge
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5 Comments:
Exactamente!
Ir ao dentista num centro de saúde é uma possibilidade excluída pelo Ministério da Saúde. De acordo com Orlando Monteiro da Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, "com a atribuição de cheques-dentista e o novo regime de convenções, a hipótese fica de parte". link
Estes "liberais de pacotilha" vivem também de expedientes...
Vamos pôr a nu uma história exemplar.
Existem companhias de seguros de saúde que se especializaram em "vender", em saldo aberto ou em leilõe escondidos, consultas privadas a preços de contractualização da sua seguradora.
Isto é, marcam a consulta (penso que com um nº. de apólice provisório ou efémero) o doente vai à consulta e à saída paga a totalidade do contractualizado (p. exº.: 35€).
São os novos mediadores da medicina privada (artesanal).
O que é desconhecido é quanto cobram por esta operação de "favor".
O mais interessante: pensam que os médicos são uns "ceguetas" e não topam... Não percebem nada de gestão!
Esta situação, essencialmente caricata, levantam especulações do que estas seguradoras serão capazes de fazer com os seus segurados.
Porque, devemos pensar que não se dedicam a "enganar" ou a "tentar enganar" os médicos que trabalham em unidades de pequena, ou reduzida, dimensão.
O mais provável é terem assimilado o vício de aldrabar...
Os extractos da entrevista de CC igualmente "postados" pelo Xavier, insere-se no contexto do texto de Miguel Frasquilho que deu lugar a este e outro comentários críticos de alguns "comentadores" do Saúde SA.
Os sempre disponíveis defensores de CC têm agora alguma dificuldade em atacar o seu "general" como é notório! Algumas "bicadas" tímidas não ilidem quanta angústia (arrependimento?) lhes vai na alma!
Crítico de muitas das medidas de CC, mais orientadas para o défice do que para as necessidades das populações, não alinho, neste caso, com aqueles que, a este propósito, e sem a devida fundamentação, acham que o sector privado é um mal para o SNS.
De que têm medo?
O Sector privado não lhes oferece novas oportunidades de emprego, quiçá melhor remuneradas?
É certo que no sector privado é mais difícil aos incompetentes aceder aos postos de trabalho (ainda assim, como se verifica, com um boa cunha tudo se arranja mas os profissionais competentes terão boas razões para olharem para o sector como uma "janela" de oportunidades.
Como ninguém obriga os utentes a recorrer ao sector privado (se no sector público encontrarem respostas adequadas), também não é de prever o encerramento do SNS por falta de clientes.
Nos HH públicos, nomeadamente, exigir-se-á maior empenho, responsabilidade e capacidade de resposta, a par de melhores condições de trabalho. E essa é uma tarefa em que temos que estar empenhados.
Ao contrário do que alguns pretendem fazer crer não será, defacto, a coexistência de um sector privado na saúde com um "Serviço Nacional de Saúde" uma oportunidade para que os utentes possam seleccionar os melhores serviços?
E não deverão os HH públicos e os Centros de Saúde (agora com as tão faladas USF) ser, por essa via, "desafiados" a demonstrar as suas capacidades e competências?
E que perde o Estado ao contratar com os privados a prestação de cuidados de saúde em concorrência com os estabelecimentos públicos, quando não a preços mais favoráveis?
Aos que acham que a ADSE continua a fazer parte mais do problema do que da solução dos males do SNS continuo a colocar a questão: fica, em média, mais cara a assistência aos utentes da ADSE do que a assistência aos utentes do SNS?
E porque razão não havemos nós, beneficiários da ADSE, poder optar pelo recurso ao sector privado, sendo que dos contratos celebrados a ADSE não resulta prejudicada?
Será que os críticos (deduzo que alguns beneficiários da ADSE) do acordo com o Hospital da Luz nunca recorreram a médicos com acordo com a ADSE? É possível ... mas duvido. E provavelmente não tardarão a ir ao hospital da luz.
A concorrência é saudável. Cabe aos HH públicos serem competitivos.
E ao Estado, naturalmente, uma correcta função reguladora.
O Estado, não devia, em meu entender, deixar de assegurar a todos os cidadãos a igualdade de acesso à prestação de cuidados e essa igualdade passará pelo total liberdade de escolha, alargando-se o regime de convenções mesmo que tal implique o encerramento ou redução dos "estabelecimentos" públicos.
As críticas ao sector privado não devem ser julgadas pela medida dos interesses pessoais. Basta rever alguns dos posts publicados, neste blog, nas últimas semanas, para compreender o que vai pelo mundo. Aliás CC, na sua última entrevista, deixa dessa circunstância um bom sinal quando diz ter perdido o sono com a “abaixamento súbito do preço da oferta da JMS para Braga". Parece haver alguma ingenuidade quando se divide a competência por sectores. Não iria tão longe na assertividade quando se diz que é mais difícil aos incompetentes aceder aos postos de trabalho no sector privado. Se existem, por vezes dúvidas, nos critérios de escolha de dirigentes no sector público todos sabemos que o sector privado não resiste às chamadas redes sociais de conhecimento e influência onde se incluem os apelidos, o golfe, as ligações políticas e as cumplicidades no seio das ditas sociedades ocultas. Com efeito, particularmente, no sector da saúde é muito difícil descortinar o rigor dos critérios. Mas enfim, dir-se-á que nesse caso estamos no domínio do interesse privado e na esfera absoluta de competências dos respectivos accionistas.
No que se refere à substância da matéria vale a pensa reagrupar as ideias e debater, profundamente, qual o papel do SNS e da chamada “complementaridade” dos privados. Todos concordamos que a rede pública beneficiará de estímulos à competitividade e à eficiência. Contudo, estes não terão de ser, necessariamente, externos e muito menos oriundos de um sector cuja vocação primordial é o lucro.
O SNS visa a prestação integrada de cuidados respondendo às necessidades dos cidadãos, nos diferentes momentos do ciclo da vida, dos indivíduos e das famílias. Este modelo não é compatível com a competição com um sector de prestação privada cujas características de retalho e de dispersão o excluem de qualquer tipo de preocupação de equidade e equilíbrio social.
É por isso que falar de comparação de preços é imprevidente na justa medida que ao Estado cumpre garantir plenitude, acesso, universalidade e qualidade. Neste âmbito inclui-se, necessariamente, a preservação e o desenvolvimento das carreiras profissionais, da formação e da investigação. É quase o mesmo que comparar os preços da ADSE no público e no privado (comparamos o quê e como). Todos sabemos que um preço igual ou inferior ao custo gera aumentos de frequência com acréscimos inevitáveis da despesa. Era o que, inevitavelmente, aconteceria se o Estado enveredasse por um sistema generalizado de convenções baseado no cheque-saúde.
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