quinta-feira, setembro 25

Hospitalocentrismo


24 horas - Tem confiança no sector sector público de saúde?
Correia de Campos – Absoluta.
Se tiver um acidente na rua peço por tudo que me levem a uma urgência pública. São as mais bem equipadas e preparadas, têm os profissionais mais bem treinados e mais gente disponível.
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Uma vez que o termo urgência pública é demasiado vago, tentámos apurar que tipo de unidade merece a confiança do ex-ministro da saúde.
CC, em Agosto de 2006, questionado sobre o que faria se tivesse um problema de saúde durante a noite respondeu: «Vou directo à urgência do hospital ou a uma urgência qualificada como tal. Nunca vou a SAP, nem nunca irei!» .
Aí está! O local apropriado, é a Urgência hospitalar.

5 Comments:

Blogger tambemquero said...

E foi assim que tendo António Arnaut, o autor da lei do Serviço Nacional de Saúde, declarado que o ex-ministro socialista Correia de Campos foi quem deu “a machadada final” no Serviço Nacional de Saúde, o próprio ex-ministro tem vindo com insistência a manifestar opinião diametralmente contrária, altamente favorável à sua actuação na alegada reforma do serviço público. Não havendo quase ninguém para louvar a sua obra – coroada com o afundamento em todas as sondagens de opinião e com o despedimento do Governo –, louva-se Correia de Campos num livro acabado de publicar e em entrevistas que se multiplicam a propósito da iniciativa editorial.

Em palavras, o ex-ministro é agora tão socialista como no PREC foi gonçalvista. Acontece que há mais alguma coisa, para além das palavras, para avaliar hoje o ex-ministro da Saúde. Há uma sistemática liquidação de estabelecimentos e serviços públicos de saúde, em localidades onde, obviamente por coincidência, se aprontam ou perfilam alternativas privadas. E ninguém convence ninguém que os privados avancem onde não haja potenciais utentes em número suficiente para responder à oferta de serviços e estabelecimentos de saúde.

Ontem, em entrevista ao 24 Horas, o ex-ministro verteu o derradeiro argumento a favor da sua alegada dedicação ao Serviço Nacional de Saúde: “Se tiver um acidente na rua peço por tudo que me levem a uma urgência pública”. O ex-ministro que peça principalmente às alminhas que, no caso de se verificar tão infausta como indesejada situação, a urgência pública mais próxima não tenha sido fechada durante o seu consulado.
DE 25.09.08
jpguerra@economicasgps.com

10:44 da manhã  
Blogger Antunes said...

Esta reaparição pública do ex ministro da saúde, correia de campos, tem sido marcada por alguns episódios caricatos, dignos de constarem no ranking nacional das pantominices.

Primeiro a classificação da governação de correia de campos de milagrosa, feita por Vital Moreira.
Milagrosa!
Porque não aproveitar estes dons milagreiros para tentar resolver a crise de Wall Street.
Exporte-se o artista.

E que dizer da entrevista de Correia de Campos ao 24 horas?
O cúmulo da pantominice.
Uma ultrapassagem pela esquerda em pura aceleração ao Manuel Alegre e ao António Arnault.
Este país não existe.
Só dá na TV.

10:58 da manhã  
Blogger helena said...

O professor doutor António Correia de Campos, ex-ministro da Saúde, vai publicar um livro sobre notas à sua governação no Ministério da Saúde. Pelas notas prévias à sua publicação e entrevista ao jornal PÚBLICO depreendo que venha explicar detalhadamente a sua política na Saúde, as reformas que promoveu durante o tempo em que foi ministro da Saúde, com medidas económica e financeiramente correctíssimas, estratégia de contenção de custos e aumento de produtividade mais do que justas, orientações de grande rigor para as administrações hospitalares, no sentido de melhorar a prestação de cuidados de saúde em Portugal.
Tudo muito bem, com a certeza que será um livro para leitura avisada dos estudantes de Administração Hospitalar e de mestrandos da Escola Nacional de Saúde Pública.
É necessário, todavia, para sermos totalmente justos, analisar o ambiente e a qualidade da prática médica antes e depois de o prof. doutor António Correia de Campos ter estado no Ministério da Saúde:
- Antes, os médicos pensavam que eram peças fundamentais no bom funcionamento dos hospitais e centros de saúde, que a sua actividade diária exercida em muitos casos em situações tão penosas deveria ser enaltecida, já que tão mal retribuída, que tinham direito a serem reconhecidos no seu trabalho, a progredirem nas suas carreiras, a sentir-se estimulados para ensinar os mais novos e lutar pela melhoria da qualidade dos cuidados de saúde, onde se integra obrigatoriamente a formação contínua;
- Após a passagem do prof. António Correia de Campos pelo Ministério da Saúde, a era que fica é aquela em que, como recentemente alguém comentava, os médicos que permanecem no SNS são simplesmente tratados como meros "pontómetros" de horários (quantas vezes em seu prejuízo), recebendo vencimentos mensais de 1900 euros brutos para 35 horas de trabalho como especialista, sem vínculo, com contratos a termo de um ano, sem hipóteses de progressão na carreira, sem qualquer estímulo ao ensino e formação (actividade fundamental para a garantia de uma medicina de qualidade), ao sabor de administrações hospitalares que apenas pretendem ver o trabalho médico traduzido em números (mais consultas, mais internamentos, mais episódios retribuíveis em valores de GDH), muitas vezes com recurso a engenharias financeiras ridículas. Onde estão consideradas as horas de formação dos mais novos, o trabalho de equipa, a dinâmica dos serviços, a discussão de casos e a aprendizagem contínua? Tudo isso vai-se esfumando, não há tempo a perder, é preciso trabalhar para os números, colocar o dedo no "pontómetro" à hora certa (nem que isso signifique fazer esperar os doentes para que o médico tenha obrigatoriamente que cumprir a sua hora de almoço). Trabalhar no SNS actualmente como médico é, como recentemente um ilustre colega referia, trabalhar no âmbito de uma comissão liquidatária do SNS, porque sem avaliação e reconhecimento da qualidade médica (progressão na carreira profissional), sem lugar à formação, sem remunerações justas e transparentes, o SNS terá os seus dias contados como prestador de cuidados de qualidade. O prof. doutor António Correia de Campos analisou bem os números, delineou a estratégia económica que lhe pareceu mais justa, esqueceu-se porventura do aspecto mais importante de um gestor bem sucedido: gerir com justiça as pessoas, os recursos humanos qualificados e escassos... Como médica do SNS, não tenho saudades do seu legado e anseio por uma mudança de rumo.

Helena Sá, médica, JP 26.09.08

11:35 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Reformas da Saúde – O fio condutor", livro de Correia de Campos, explica as suas medidas mais polémicas, não pedindo desculpa pelos erros, mas aceitando elogios de louvor aos sucessos. A própria notícia/ entrevista ao jornal Público, aborda todo o seu desempenho de uma forma ligeira e positiva. Curioso ver que o jornal que mais ministros "enterra", os trata tão bem depois de deixarem de os serem.

A única coisa que vale mesmo a pena ler da notícia/ entrevista é o título, demonstrador de toda a importância que a publicidade e comunicação tem para todos os elementos do Governo... conclui-se que foi tudo à lavagem cerebral...

Quanto ao livro efectivamente dito... tem claramente como principal missão não permitir à actual ministra ter louros pelo que não fez... ruinzinho este gajo...

Alexandre

4:54 da tarde  
Blogger ochoa said...

Caro Xavier,

... urgência do hospital ou urgência qualificada como tal.

Mais uma vez a interpretação da resposta não é pacífica.
O que é que CC quererá dizer com "urgência qualificada como tal"...
Poderia ser a do hospital de Anadia, por exemplo.
Poderá ser a do hospital da Luz (privado) e então a resposta perde toda a piada.

Por outro lado,acontece que há muito serviço de urgência hospitalar, por esse país fora, denominados de urgência hospitalar, que poderão ser tudo menos serviços de urgência.

12:56 da tarde  

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