terça-feira, setembro 23

Os intereses são fortes, a memória é fraca

foto semanário expresso
Estive atento às opiniões sobre Correia de Campos (CC) publicadas na imprensa e neste blogue. Ouviu-se e leu-se de tudo, conforme a imaginação ou o que dava jeito. Dou três exemplos de vários possíveis: “… fim das carreiras médicas”; “…CIT como trabalho precário de médicos”; “… destruição do SNS”.

As carreiras médicas, como as doutros profissionais de saúde, são uma importante conquista e um bem para o SNS como garante da qualidade dos profissionais e dos actos médicos. Contêm também regulamentação em excesso que lhes conferiu rigidez e que provoca no SNS desperdício e falta de flexibilidade na resposta à população.
Ora ninguém decretou o fim das carreiras médicas.
O que se passou foi que a legislação que criou os Hospitais SA (LFP) se «esqueceu» de prever carreira técnica para os novos funcionários admitidos em contrato individual de trabalho (CIT), o que considero errado e injusto. Anunciou-se então, repetidamente, que haveria regulamentação e incentivos num acordo colectivo de trabalho, o que não aconteceu. E continua a não acontecer.

A contratação normal em CIT é a que existe em toda a sociedade, agora que o regime de FP ficou reservado para funções de soberania e segurança, situação que sempre vigorou noutros países (ex. GB). Esta contratação fornece segurança e só quem nunca esteve anos como precário, a recibos verdes ou em sucessivos contratos a termo, é que pode chamar-lhe precária.

A outra afirmação, “destruição do SNS”, justifica uma pequena digressão pela governação da saúde e pelo mandato que é conferido ao ministro da pasta (MS).
Em minha opinião tivemos nos últimos trinta anos demasiados MS que actuaram como se o objectivo fosse «evitar conflitos», o que pode ser adequado num curto período mas não pode ser a regra ou repetir-se a intervalos, sob pena de afundarem o SNS no mar de interesses em que ao longo dos anos se converteu. Assim alguns MS mais não trouxeram à saúde que chá e sorrisos. No que respeita a introduzir melhorias na gestão do SNS viveu-se, em vários governos, como se o Sr. Ponderado se aconselhasse com a Sr.ª Cautela, dialogasse (muito) com a D.ª Hesitação todos reunidos à mesa da Dr.ª Inacção. No entretanto os interesses fortaleceram-se e a sustentabilidade do SNS foi decrescendo.
Os défices da saúde contribuíram fortemente para o descontrolo do Estado e para o avolumar da dívida pública como se esta situação não obrigasse a sacrifícios futuros, o que se tornou claro após 2002 – chamo a isto varrer o lixo para debaixo do tapete. Chegamos então à situação de crise grave – económico-financeira e orçamental – que só podia ser ultrapassada com o controlo da despesa e com mudanças profundas também no SNS, onde o desperdício era evidente.

A missão de CC parece ter sido atacar a fundo os problemas mais graves do SNS:
Controlar a despesa aumentando a sustentabilidade do SNS;
Corrigir a política do medicamento;
Adequar a rede de serviços do SNS.

CC conseguiu controlar a despesa, no pessoal e a que respeita às prescrições, com isso inviabilizando possíveis opções políticas de privatização do SNS, redução da sua universalidade (pessoas) ou cobertura (actos). Os óptimos resultados na área do medicamento são óbvios, sendo que as dúvidas quanto à liberalização das farmácias foram sanadas pela recente decisão da CE.

Na mudança da rede de serviços será de referir o sucesso onde os governos anteriores tinham falhado:
Melhoria dos CSP e desenvolvimento das USF;
Arranque e desenvolvimento dos CCI;
Concentração e requalificação dos partos.

Quanto à mudança dos locais de nascimento sublinho que, depois dos protestos e vozerio iniciais associadas à mudança, agora já ninguém contesta a melhoria substancial conseguida para as mães e seus filhos.

Relativamente à requalificação e ordenamento dos postos de urgência foi muita a politiquice e a demagogia, numa reforma que terá pecado por ser temporã e mal comunicada. CC pode ser acusado de verbalizar demais e inoportunamente, como também de se ter precipitado para a mudança sem garantir pontos de apoio forte – como seriam, por exemplo, ter já em velocidade de cruzeiro a maior disponibilidade do INEM, o call-center do SNS e as USF. A justeza das suas medidas nesta área é reconhecida pela sua continuidade com a nova MS e, espera-se, ver-se-á no aprofundamento futuro na RRH de urgência para uma resposta tecnicamente adequada à população.

Penso que numa área como a saúde, reconhecida como complexa e em que a mudança é muito difícil, os resultados terão que ser considerados como excelentes. Espera-se que àqueles resultados se possam agora juntar melhorias substanciais no que respeita à gestão dos hospitais e aos profissionais.

Hermes

P.S.: Segundo o Público de 18/9/2008 “…os sindicatos dos enfermeiros apresentaram um pré-aviso de greve …reclamando a admissão dos 20 mil profissionais QUE SE ESTIMA estarem em falta nos hospitais…” (meu sublinhado). Num grupo que tem beneficiado “ano sim, ano não” de revisões da carreira chocou-me ver que a exigência de aumento do nº de profissionais em mais de 50% se baseia apenas em estimativas.

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23 Comments:

Blogger Clara said...

É dificil argumentar perante um texto tão bem escrito.

Se é verdade que a governação de CC teve muitos pontos positivos, penso que ela falhou num ponto fundamental. Alicerçado na convicção que os privados (muitos com escassa experiência no sector da saúde)poderiam trazer mais eficiência ao sector, CC fez dos privados, parceiros previligiados da sua política de saúde.

CC caiu na esparrela de combater interesses instalados, como refere o Hermes, escolhendo por aliados empresas privadas, portadoras, elas prórias, como é era de esperar, doutros interesses bem maiores em relação ao sector público da saúde.

Esta opção de CC, quanto a mim, inquinou toda a sua política de saúde naquilo que ela tem de positivo.
Por outro lado, a sua forma desastrada de intervir, a sua atracção fatal pelos meios de comunicação, com excessos de vaidade e arrogância deitou por terra todo um trabalho de uma equipa esforçada, suficientemente competente para levar o barco a bom porto.
É por isso que eu faço um balanço global negativo da sua governação.

4:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"Num grupo que tem beneficiado “ano sim, ano não” de revisões da carreira chocou-me ver que a exigência de aumento do nº de profissionais em mais de 50% se baseia apenas em estimativas."

Caro Hermes,

Não me parece que esse valor se baseie apenas em estimativas. Há uma "ferramenta" chamemos-lhe assim, que se chama Classificação de doentes que é utilizada para isso!
Quanto aos valores, se são esses ou não, desconheço, mas o que conheço e sei com toda a certeza é que a carreira de enfermagem não tem sido revista "ano sim, ano não" como afirma!
Beneficiados???
Por favor explique o que pretende dizer a todos os leitores deste blog! Como assim beneficiados? A carreira está para ser revista á muitos anos! Parece-me errado e descabido que alguém com tão profundo (aparente!) conhecimento do "estado da nossa Saúde" faça um comentário destes!
Ao ler parece que os enfermeiros são o mal do SNS!! Será isso que pretende? Atribuir culpas?!

P.s.: desde 1998 que aguarda revisão! Aí que falhou qq coisa no seu raciocinio!

6:14 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Caro Hermes:

O consulado de CC falhou:

1.) Na gestão de recursos humanos
Deliciosa esta justificação: O que se passou foi que a legislação que criou os Hospitais SA (LFP) se «esqueceu» de prever carreira técnica para os novos funcionários...
3 anos depois de LFP ter saído, continuavam esquecidos... como se tivessem sido apossados subitamente por um fulminante Alzheimer.
Ora ninguém decretou o fim das carreiras médicas..
Deve ser ironia. O MS é obrigado pela legislação em vigor de realizar anualmente concursos públicos nas carriras médicas. Não o fez. Esqueceu-se...
São demasiadas omissões.

2.) Os "HH's PPP's à portuguesa", que segundo o modelo concebido acabariam numa entrega ao Grupos Privados.
Basta recordar-nos da reacção do Sr. Salvador Mello, depis da derrocada do HH S-A, para perceber como estava este assunto entendido.
Ou ouvir declarações da Engª. Isabel Vaz sobre metas a atingir com quotas previstas...

3. na cedência em toda a linha à ANF, na regulação da propriedade das farmácias e no âmbito do"compromisso com a Saúde";

3. A dificuldade de comunicação, de fazer passar a mensagem, de ser didático o que num professor é grave, mas num ministro é fatal.

CC promoveu:

1.) Uma reforma dos CPS, nomeadamente, em 2 vertentes USF's e CCI's. As USF's ainda não estão consolidadas e os CCI desenvolvem-se na sombra tutelar do Sector Social.
Na reconfiguração dos CS (chamemos-lhe "tradicionais") de notório fez a "argolada" de Vieira do Minho.

2.) uma reestruturação da rede de urgência/emergêcia, preparada atabalhoadamente (o caso do bombeiro de Alijó é exemplar) que não conseguiu "vender" aos autarcas e populações.

CC questionou:

1.) Orgãos como o Tribunal de Contas quando não houve concordância de números e de critérios;

2.) a existência de elevados níveis de desperdícios, sem nunca conseguir especificar;

3.) o relatório sobre a sustentabilidade do SNS e meteu-o (ou foi obrigado) na gaveta.

CC conseguiu:

1.) o equilíbrio orçamental da Saúde, decorrente de ganhos de eficiência na gestão;

2.) acabar com os orçamentos rectificativos

3.) a resolução da questão das maternidades;

4.) lançar bases sólidas para uma política do medicamento.


Esta é a minha "curta" memória...

Quanto a interesses (fortes!) fica para a próxima.

8:25 da tarde  
Blogger Hermes said...

Sr. Enfermeiro Varo....

Conheço a classificação de doentes por graus de dependência desde fins da década de oitenta.

Sei também que foram feitos estudos em unidades de internamento de hospitais Portugueses, há anos, os quais concluíram pela necessidade de acréscimo de horas de cuidados não muito elevados. Também é verdade que muitos dos doentes estavam internados de modo inapropriado, quer por não necessitarem de cuidados agudos ou por não haver cuidados continuados. Mas daí para cá já muita água passou debaixo dessa ponte: 1º Aumentou significativamente o nº de enfermeiros nos hospitais e o nº de camas diminuiu; 2º Muitos enfermeiros passaram a ter horário acrescido e horas extraordinárias; 3º Muitos doentes passaram a ser tratados em CCI, etc.

Sei igualmente distinguir um estudo de necessidade de enfermeiros em hospitais - que teria de ser feito unidade a unidade e hospital a hospital, para depois, ser agregado para o nível nacional - duma qualquer estimativa sindical.
Aliás as unidades de internamento não são propriamente os únicos locais do hospital onde os enfermeiros desenvolvem a sua actividade - por isso teria que ser com CDGD mas também com outros estudos (unidade a unidade).

Compreendo também que se houvesse uma necessidade de enfermeiros nos hospitais tão gritante, o aumento "estimado" é muito superior a 50%, então todas as pessoas envolvidas no tratamento (doentes, familiares, enfermeiros-chefes, directores de Serviço, etc.) todos clamariam e exigiriam o recrutamento de muito mais enfermeiros, o que não se passa. O que é público, é que há enfermeiros desempregados.

O que não compreendo é como é possível avançar como essa estimativa sem o tal estudo discriminado por unidades, apenas a tal "estimativa". Pior ainda exigir o seu recrutamento sem cuidar que: não há nem haverá tão cedo tal volume de enfermeiros; não haveria aumento de impostos que sustenha o SNS - sobretudo se os restantes sindicatos da saúde se puzerem a fazer "estimativas" das necessidades de mais profissionais, chegarão porventura a mais 100 mil.

Fico ainda à espera que tal reivindicação seja igualmente apresentada, com ameaça de greve e tudo, aos prestadores privadops incluindo os postos de enfermagem.

11:09 da tarde  
Blogger xavier said...

Algumas citações do livro
link

“Por força de um agressivo marketing farmacêutico e por falta de informação própria e dos pacientes, nos serviços públicos de saúde prescrevem-se em excesso medicamentos e meios de diagnóstico, levando a um crescimento excessivamente rápido destas rubricas de despesa. Foi assim que Portugal se transformou no paraíso dos operadores na área farmacêutica.”

“A evolução legislativa em saúde plasma a pressão das forças económicas e sociais que actuam no sector — profissionais, indústria, distribuição, instituições e função pública — e apenas em pequena parte os cidadãos destinatários.”

“Não é possível perpetuar por mais tempo a situação de baixos salários dos médicos hospitalares, apenas compensada pela aceitação negligente de pagamentos por hora extra.”

“O papel do sector privado no SNS está claramente definido na Constituição: é um papel complementar do sector público, o que significa que será bem-vindo quando ajuda a cobrir lacunas, mas não pode esperar uma competição com a esfera pública.”

“Não há adoçar da pílula que possa fazer engolir suavemente um encerramento de uma sala de partos ou o encerramento nocturno de um SAP. A racionalidade da medida, por muito bem que seja aceite por aqueles a quem ela não toca, nunca consegue gerar a adesão dos que se julgam prejudicados.”

“Nenhuma outra profissão dispõe de tamanhos direitos, com formulações e garantia inconstitucional, como é o caso dos profissionais da comunicação social em Portugal... A liberdade profissional não tem sido isenta de riscos. O mais grave é o da inimputabilidade e irresponsabilidade de algumas práticas jornalísticas.”
Citações de António Correia de Campos em "Reformas da Saúde - O fio condutor"


Alexandra Campos, Catarina Gomes, JP 19.09.08

11:19 da tarde  
Blogger Gaspar said...

Os intereses são fortes, a memória é fraca!

No Burkina Faso há um Ca que tomou posse em 08.09.01.

Pressuspostos:

"A Sra MS disse-mo e eu acredito"- ARS....,"Como tal, tb têm que acreditar na minha palavra"- ARS...

Começou o exercício de funções. Consegue-se nomear adjuntos sem se estar nomeado...

Se quem saiu pode ter problemas de omissão, quem entra pode ter problemas de abuso.

Mesmo com Despachos reactivos ou retroactivos, só num país à beira mar plantado

11:30 da tarde  
Blogger josé luís martins said...

LIDERANÇA E GESTÃO - 5 LIÇÕES A RETER

Lição N.º 1 - GESTÃO DO CONHECIMENTO

Um homem entra no banho enquanto a sua mulher acaba de sair dele e se enxuga. A campainha da porta toca.

Depois de alguns segundos de discussão para ver quem iria atender, a mulher desiste, enrola-se na
toalha e desce as escadas.

Quando abre a porta, vê o vizinho Bob na soleira. Antes que ela possa dizer qualquer coisa, Bob diz:
- Dou-lhe 800 € se deixar cair essa toalha.

Depois de pensar por alguns segundos, a mulher deixa a toalha cair e fica nua. Bob, então, entrega-lhe os 800 € prometidos e vai-se embora.

Confusa, mas excitada com a sua sorte, a mulher enrola-se novamente na toalha e volta para o quarto. Quando entra no quarto, o marido grita do chuveiro:

- Quem era?

- Era o Bob, o vizinho da casa ao lado - diz ela.

- Óptimo! Deu-te os 800 € que me estava a dever?

Moral da história:
Se compartilhares informações a tempo podes evitar exposições desnecessárias!!!


Lição N.º 2 - CHEFIA E LIDERANÇA

Dois funcionários e o gerente de uma empresa saem para almoçar e na rua encontram uma antiga lâmpada a óleo. Esfregam a lâmpada e de dentro dela sai um génio. O génio diz:

- Só posso conceder três desejos, por isso, concederei um a cada um de vós.

- Eu primeiro, eu primeiro - grita um dos funcionários

- Queria estar nas Bahamas a pilotar um barco, sem ter nenhuma preocupação na vida!

Puf! E lá se foi.

O outro funcionário apressa-se a fazer o seu pedido:

- Quero estar no Havaí com o amor da minha vida e um provimento interminável de piñas coladas!

Puf e lá se foi.

- Agora você - diz o génio para o gerente.

- Quero que aqueles dois voltem ao escritório logo depois do almoço -diz o gerente.

Moral da História:

Em qualquer circunstância, deixe sempre o seu chefe falar primeiro.


Lição N.º 3 - ZONA DE CONFORTO

Um corvo está sentado numa árvore o dia inteiro sem fazer nada.

Um pequeno coelho vê o corvo e pergunta:

- Posso sentar-me como tu e não fazer nada o dia inteiro?

O corvo responde:

- Claro, por que não?

O coelho senta-se no chão, debaixo da árvore e relaxa.

De repente, uma raposa aparece e come o coelho.

Moral da História:

Para ficares sentado, sem fazeres nada, deves estar sentado bem no alto.


Lição N.º 4 – MOTIVAÇÃO

Em África, todas as manhãs, uma gazela ao acordar, sabe que deve conseguir correr mais do que o leão se se quiser manter viva.

Todas as manhãs, o leão acorda e sabe que deverá correr mais do que a gazela se não quiser morrer de fome.

Moral da História:

Pouco importa se és gazela ou leão; quando o sol nascer deves começar a correr!


Lição N.º 5 – CRIATIVIDADE

Um fazendeiro resolve colher alguns frutos da sua propriedade. Pega num balde vazio e segue para o pomar. No caminho, ao passar por uma lagoa, ouve vozes femininas que provavelmente invadiram as suas terras.

Ao aproximar-se lentamente, observa várias raparigas nuas banhando-se na lagoa.

Quando elas se apercebem da sua presença, nadam até à parte mais profunda da lagoa e gritam:

- Nós não vamos sair daqui enquanto não se for embora.

O fazendeiro responde:

- Não vim aqui para vos espreitar, só vim dar de comer aos jacarés!

Moral da História:

É a criatividade que faz a diferença na hora de atingirmos nossos objectivos.

11:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Her...,

Como pode ver pelo meu comentário, não o contrapus no que se refere aos números apresentados (estamos de acordo que são demasiado altos! Há falta, mas não tanta!!!), o que lhe pedi foi que justificasse o facto dos enfermeiros serem beneficiados por revisões de carreira "ano sim, ano não", como afirma no post! O que lhe pedi foi que repusesse a verdade no que refere ás revisões da Carreira. Quando foi revista a carreira a última vez?
Ainda voltando á sua resposta, parece-me que o problema, seja tanto dos sindicatos, como das Ordens e também do Governo pois não realizam estudos sérios que permitam determinar as faltas reais de profissionais, sejam enfermeiros, médicos ou outros!
O próprio Governo está incapaz de contrapor qualquer valor porque não tem a noção exacta do que necessita! Continuamos a tapar buracos, o que é grave!
Os Sindicatos, sejam de que profissionais forem, atiram sempre valores descabidos, cabendo ao MS repor a verdade e apresentar quantos profissionais realmente necessita!
Também em boa verdade será de afirmar que a Reforma dos CSP e dos CCI vai absorver uma boa parte dos "desempregados"!
P.s.: Concordo consigo, os Sindicatos e a OE deviam ter o mesmo nível de exigência com os privados que têm com os públicos!

11:35 da tarde  
Blogger Hermes said...

Caro é-pá

Reconheço que é um comentador esforçado e que com os seus comentários vai animando o blogue, o que é bom.

Porém devo dizer-lhe que estes seus comentários têm o mesmo rigor da afirmação anterior: "CIT como trabalho precário de médicos".

A obrigatoriedade não cumprida do "MS realizar anualmente concursos públicos nas carreiras médicas". Os hospitais são entidades públicas com autonomia, sejam empresas (EPE) ou institutos (SPA). Como tal a eles compete determinar a suas necessidades e efectuar os concursos (recrutamentos) necessários. Acresce que segundo a legislação os novos recrutamentos são efectuados em CIT de acordo com o procedimento escrito previsto no regulamento de cada hospital.

Quanto às PPP poderia ter apresentado um qualquer argumento contra ou a favor, nada disse só falou confundindo hospitais em PPP (DBFO)com o H. A-Sintra que tem a natureza de uma concessão da gestão de um hospital - construído pelo Estado-, por um prazo mais reduzido e com fundamentos e regras totalmente diferentes.

Podia também ter rebatido os benefícios da mudança da política do medicamento. Não o fez, apenas se limita a lançar opiniões suas "...cedência em toda a linha à ANF".

Quanto à comunicação veja a citação que o Xavier postou, penúltimo parágrafo.

Confunde CSP com CCI. Estes são, por natureza e na sua maioria de carácter social, apenas a convalescença é maioritariamente de saúde. Também é isso que sempre se passou nos países onde existe há décadas, em Portugal começou com CC. E assim tenta desvalorizar as reformas estruturantes empreendidas nos CSP e nos CCI.

Passo à frente por irrelevantes as suas afirmações seguintes, tanto mais que nem me lembro de alguém ter reivindicar para CC qualquer "reconfiguração dos CS tradicionais", que refere mas que não explica do que se tratou.

Afirma que a sua memória é curta, sou tentado a concordar consigo.

12:28 da manhã  
Blogger Tá visto said...

Caro Hermes,


Vejo que o Dr. Correia de Campos tem em si um bem informado e dedicado advogado, e ainda bem. Tem procurado, mostrando conhecimento, rebater as críticas que têm sido feitas neste blogue ao mandato de CC e á sua política de saúde. Esqueceu-se porém de tentar mostrar-me que estou enganado quando afirmo que não houve da parte de CC a preocupação de preparar o SNS na área hospitalar para o futuro. E que, descurando o sector onde a pressão dos privados mais se fazia sentir, era seu objectivo a entrega progressiva dos hospitais ao sector privado, onde o modelo PPP pontificava, mantendo na esfera pública os universitários, por obrigação da formação e os hospitais da rede do SNS onde o interesse de mercado não fosse atractivo.

1:05 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro Hermes:

Vamos tratar do assunto dos CIT que classifiquei como "trabalho precário dos médicos".
A precariedade é sempre relativa.
As carreiras médicas tinham legislação própria e a sua progressão era condicionada por concursos públicos, quer de habilitação, quer de provimento.
Na mesma legislação a progressão nas carreiras obrigava o Estado a realizar concursos anualmente e poderiam concorrer os médicos que reunissem os requisitos legais.
Passando por esses processos os médicos obtinham graus profissionais e, em novos concursos, a nomeação definitiva (provimento).
Aparecem os HH's SA, ao que sucedem os EPE's e, pasme-se: Não há mais concursos e, como acrescenta não sei se a título justificativo se em constatação de neglicência, ninguém decretou o fim das carreiras médicas....

São anos e anos sem concursos (perdão, realizaram-se alguns, esparsos, selectivos, para satisfazer "encomendas", de tal maneira que decorre neste momento uma acção judicial, promovida por um sindicato, no Tribunal Administrativo contra o Estado.

Mais adiante, diz: "Os hospitais são entidades públicas com autonomia, sejam empresas (EPE) ou institutos (SPA). Como tal a eles compete determinar a suas necessidades e efectuar os concursos (recrutamentos) necessários". Independentemente na nova variante introduzida (EPE), sempre foi assim, e periodicamente realizavam-se concursos.
É que a mencionada autonomia, não se sobrepunha (nem pode) ao que dec-lei das carreiras do MS define sobre este assunto. E que não é revogável por regulamentos internos.

Nas carreiras médicas, confunde graduação com provimento, não sei se para justificar a sua não realização.

Caro Hermes: Ao fim de 30 anos de serviço, progredi na carreira até ao topo, obtive nomeação definitiva e, mais tarde, tranquilamente, aposentei-me.

Isto eram as condições do antigamente (nos HH' SPA - nunca trabalhei noutros) e a legislação laboral mudou. Mas eram condições de estabilidade.

A situação que se vive
nos actuais HH's EPE (sucessores dos SA's) onde afirma: " que se passou foi que a legislação que criou os Hospitais SA (LFP) se «esqueceu» de prever carreira técnica para os novos funcionários admitidos em contrato individual de trabalho (CIT), o que considero errado e injusto", é a "entrada" numa situação de precariedade. Não há concursos públicos, mas contratações...(pelos indices remuneratórios mais baixos?)

Finalmente, o "escorregar" para a rejeição das carreiras médicas.
Primeiro, o elogio generalizado aos profissionais de saúde "As carreiras médicas, como as doutros profissionais de saúde, são uma importante conquista e um bem para o SNS como garante da qualidade dos profissionais e dos actos médicos.
Depois, remata, sobre as carreiras médicas: Contêm também regulamentação em excesso que lhes conferiu rigidez e que provoca no SNS desperdício e falta de flexibilidade na resposta à população..
Onde foi buscar essa do desperdício?
Onde encontrou perda de flexibilidade?

A argumentação que usa aproxima-se muito da actual visão traduzida, na Europa liberal, pelo conceito de "flexisegurança".

Aliás, para justificar o "indesculpável" esquecimento das carreiras médicas nos actuais HH's, citou a situação no Reino Unido. Poderia ter citado a Srª Tatcher.

Agora, que recomeçou a negociação das carreiras médicas os sindicatos procuram a obtenção de um acordo colectivo de trabalho. Sabe porquê? Para combater a precariedade (dos CIT's, supõe-se...)

Esta continua a ser a minha fraca memória...

Os "outros assuntos" que classificou como tratados de maneira "irrelevante", quando tiver tempo voltarei a eles.

7:39 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Adenda:

Por lapso e "facilitismo" na sistematização do comentário, não inclui na "aberrante noção" precariedade actual, o tal regime de mobilidade especial...que se inclui na situação em análise.

Aliás, para ser mais lato, a Lei n.º 12-A/2008 relativa ao “Regime do Contrato de Trabalho em Funções Públicas” é, no meu entender, um exemplo da exaltação à precariedade.

Sei, e aceito, que se acabaram os tempos do "empreguinho" garantido, as promoções por antiguidade independentes da competência, o "tacho" para toda a vida, etc.

Mas há muitas maneiras de matar pulgas...

10:11 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Também há quem tenha ficado perplexo.

PERPLEXIDADES
«Esquecimentos»
António Correia de Campos (ACC) está a lançar um livro e , por isso, deu uma entrevista ao Público (às jornalistas Catarina Gomes e Alexandra Campos). Alguns terão ficado (ainda) perplexos com algumas das afirmações, mas para quem observa ACC há décadas... a sensação é aquela de «a oeste nada de novo».
Além do previsível auto-elogio, assegurando que concretizou 80% das reformas que constavam do Programa do Governo, «esquecendo-se» de dizer que apenas iniciou algumas dessas alterações, deixando em muitas tais equívocos (legais e outros) que as mesmas estão emperradas e em breve umas quantas pararão; ACC reconhece que muitos profissionais abandonaram o serviço público por serem mal remunerados, mas «esquece-se» de dizer que tinha poder para resolver esse problema e não o usou; afirma que existem muitas pessoas com «conflitos de interesses» na área do medicamento — advogando mesmo a utilização de técnicos estrangeiros, como se muitos desses não estivessem também nessa situação —, «esquecendo-se» de outros conflitos de interesses que também há no sector da Saúde e com que pactuou enquanto ministro. Enfim, um conjunto, aí sim, de «lágrimas de crocodilo» acerca de coisas que, enquanto ministro, poderia ter melhorado ou modificado.
Por nós, ficámos apenas perplexos com um dos tópicos da entrevista. ACC afirma, e bem, que a ANF é o mais poderoso grupo com que se defrontou na sua breve governação, afirma que não conseguiu fazer algumas coisas nessa área por resistência desse lóbi, mas não diz (e não pode ter sido por «esquecimento») como é que isso lhe foi imposto: por cima, pelo seu chefe de Governo, que iniciou funções prometendo (no discurso de posse, recordamos) o afrontamento desse grupo de interesses e terminará o seu mandato em convívio franco com a ANF, como se tem visto e mais se verá. Saberá ACC porquê?
Mais duas notas: realçar a curiosa (e significativa) ilustração fotográfica da entrevista e assinalar que a mesma sai «partida» por um anúncio (esperemos que ninguém se lembre, no Infarmed, de «regulamentar» também estes outros anúncios).

José manuel antunes, TM 2008.09.22

12:19 da tarde  
Blogger Hermes said...

Caro Tá visto:

Agradeço-lhe o seu comentário, sempre inteligente, que me dá a oportunidade de esclarecer melhor alguns pontos.

NÃO actuei como advogado de CC.

Porque ele não precisa deste seu simples colega de blogue, porque o brilhantismo e a capacidade de argumentação de CC são óbvias e públicas (ex. prós e contras).
Atrás de uma obra, que qualifiquei de excelente, está uma equipa não um super homem. Quando classifico os resultados é nela que estou a pensar, não querendo desvalorizar o papel do líder forte, visível, disponível para defender, apoiar e incentivar. As críticas que fazem ao seu estilo serão justas, porém algumas denotem apenas falta de coragem para atacar as políticas que concretizou.

Deixar-se “ir na onda”.

Faz sentido defender uma política correcta quando a vemos atacada injustamente ou por quem representa os “interesses fortes” ou quem raciocina com base em pressupostos errados e sofismas.
Muitos comentadores limitam-se, neste blogue e na imprensa, a “ir na onda” dos críticos ou a engrossar a corrente do “groupthinking”. Outros tomam o acessório (estilo) pelo essencial (resultados, políticas concretizadas), a sua opinião (emoção) pela realidade e alcandoram-na a verdade absoluta.

Não pretendi (pretendo) mostrar que o Sr. está “…enganado… preparar área hospitalar para o futuro”.

Leu o meu post (último parágrafo) e portanto percebeu que, na minha modesta opinião, há muito para fazer nessa área. Os hospitais NÂO FORAM área prioritária de actuação de CC. Porquê?

• (objectivos são 3) A missão que tinha para cumprir era outra e essa não era uma das três primeiras prioridades (USF, CCI, controlo da despesa do SNS)?
• (demasiadas frentes não) Havia que não abrir demasiadas frentes de ataque, que fragilizariam o MS e poderiam inviabilizar o conjunto de reformas?
• (valorizar a gestão pública dos hospitais) Havia a convicção que com a mudança do modelo para EPE e de alguns gestores que, apesar de sob uma auréola de competência e experiência, foram um desastre (ex. hospitais de Setúbal, Viseu, F. Foz, …)? Ou que com a conversão de mais hospitais, particularmente dos maiores (HSJ, HSM), onde se colocariam gestores competentes, os resultados viriam?
• (dar tempo à avaliação) Simplesmente porque se acreditou que havia que dar tempo antes de avaliar as mudanças e, depois, com base nessa avaliação e com outra disponibilidade, atacar essa «frente»? Havendo vários modelos em jogo - A-S, SPA, EPE, PPP- havia que dar tempo a avaliação criteriosa?

Era seu objectivo….

Se no ponto anterior discriminei as alternativas de explicação foi para mostrar que há várias hipóteses, só a equipa de CC poderá responder qual a correcta.
Também para que os inteligentes e bem intencionados – como é manifestamente o seu caso – possam concluir que NÃO HÁ por trás dessa decisão qualquer imprescindibilidade maniqueísta de “querer entregar o ouro ao bandido” ou de favorecer privados (PPP ou outros) ou de “entrega progressiva ao sector privado”.

Lembro aos mais distraídos que a continuação das PPP eram para CC uma inevitabilidade porque:

• Não havia dinheiro no OGE para investir pesadamente em novos hospitais (nem há nem haverá tão cedo).
• Urgia efectuar uma renovação profunda no antiquado parque hospitalar, sobretudo nas áreas de Lisboa e Porto, até para aumentar a sua eficiência e qualidade.
• Esta renovação permitirá um novo ordenamento hospitalar, mais favorável (ex. de nove “ex-HCL” passar a ter apenas um HTS bem localizado e com estrutura adequada).
• Por outro lado as PPP vinham do governo anterior e já havia compromissos para a sua continuidade.

As PPP não só não são uma “rendição” ou um “frete” aos privados como eram vistas, teoricamente, como uma boa solução:

• O modelo era considerado mais exigente e melhor que o que havia (A-S).
• Os “privados” na saúde não são um grupo homogéneo e coeso. Aí se integram situações tão díspares como: ordens e casas de saúde, verdadeiros hospitais privados (lucrativos ou de não), profissionais liberais, empresas produtoras de MCDT, etc.
• Que a evolução e a concorrência favorecerá, sem apelo nem agravo, os verdadeiros hospitais privados (integrados em grupos financeiros) e isso, para quem defende a qualidade e a eficiência de resposta, é melhor que a continuidade dos falsos hospitais sem quadro de pessoal, organização adequada, mecanismos de garantia de segurança e qualidade, …

Finalmente o que é manifesto é que a reserva que refere na sua última afirmação – “mantendo na esfera pública os HH universitários…” – não colhe: o H Braga é universitário e foi colocado, com a parte de ensino e investigação, em PPP.

1:10 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Sejamos Claros...para ver se nos entendemos...
Não é verdade que, com a criação dos HH SA's tenham acabado os concursos para progressão nas carreiras médicas.
E o meu hospital foi, ao que julgo,o primeiro dos SA's a abrir concursos. Para médicos e para todas as carreiras no âmbito da Adm. Pública, incluindo a área administrativa.
Nada impedia (e julgo que não impede) que tal se fizesse com respeito pelos estatutos e regulamentos dos HH SA.
Mais ainda, neste hospital, ao tempo e ao contrário do que hoje sucede, os trabalhadores contratados sob o regime de CIT tinham um tratamento sensivelmente igual ao dos trabalhadores da função pública. Por exemplo: os técnicos superiores, decorrido um ano, passavam de estagiários a definitivos com salário equiparado ao dos técnicos superiores de 2ª classe da função pública. Era assim...à época, de acordo com a autonomia da "empresa"; deixou de o ser com os HH EPE's, e a centralização que se seguiu nesta e noutras matérias.
E para os trabalhadores em regime de contrato individual de trabalhao foram iniciadas também, sob a coordenação da Unidade de Missão dos HH SA, as negociações para o modelo de Contratação Colectiva contemplando as carreiras (médicas e outras).
Matéria que deixou de estar na Agenda com os HH EPE's.
Uma "borrada" de CC que não pode ser, honestamente, atribuída a LFP.

1:56 da tarde  
Blogger Hermes said...

Caro é-pá

Aprecio a sua combatividade, presença constante e resposta a tudo o que mexe. Sem isso o blogue seria certamente menos colorido, mais mortiço e mais previsível.
No entanto vai-me desculpar mas, excepcionalmente e sem ser fugir ao debate democrático, não vou responder aos seus últimos comentários.

Cada vez que se falou de alhos respondeu bugalhos, quando tentei analisar resultados e factos respondeu com convicções pessoais e estados de alma – legítimos mas cujo debate é inútil. Muitas das suas afirmações são bombásticas mas, em minha opinião, provêm por vezes de equívocos e pressupostos errados, não têm qualquer fundamento ou relação com a realidade.<

Veja, por exemplo, as várias afirmações seguintes.

“O Estado liberal – como o PS está paulatinamente a modelar em Portugal – considera alguns sectores públicos uma carga insuportável.” Como disse?
“As PPP… é como se eu resolvesse comprar um Rolls-royce e diferisse o seu pagamento para daqui a 25 ou mais anos…”. Ora o investimento (construção, equipamento) de um hospital beneficia a geração actual e a futura, mantendo-se a sua utilidade ao longo de uma geração – assim espalhar os custos de investimento pelas gerações que dela beneficiam não é diferir é atribuir encargos com justiça. Por outro lado a alternativa pode ser nada fazer na construção de hospitais, prejudicando esta e as gerações futuras. Tenho dificuldade em perceber a ligação ao seu Rolls-royce.
“Contrato de trabalho em funções públicas é exemplo de exaltação à precariedade”. Como escreveu? Como concluiu e onde descobriu as evidências?
“Argumentação que usa aproxima-se muito da visão traduzida, na Europa liberal, pelo conceito de flexisegurança”.
(a propósito de CIT e do regime de trabalho) “Citou a situação no Reino Unido poderia ter citado a Sr.ª Tatcher”.
“….” Etc.

Penso que um pouco mais de leitura e uma análise cuidada e mais aprofundada ajudaria.

Imagine em quem pensei quando li este trecho do “Fio condutor”:
“Objecções dificilmente aceitáveis vieram de supostos parceiros de causa, paladinos da liberdade, férteis em arroubos de lirismo solidário. Mas incapazes de estudar uma questão, fazer uma proposta, refractários a ler um gráfico, a interpretar um número, a acompanhar uma tendência com indicadores quantitativos, …”.

Pensou em quem? Manuel Alegre, não foi?

4:32 da tarde  
Blogger Antunes said...

Isto transformou-se num autêntico local de romagem em memoria da governação do professor António Correia de Campos.

5:01 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Penso que a análise do Hermes sobre as PPP se baseia num equívoco.

Ninguém contesta as PPP para a construção e manutenção dos edifícios hospitalares (eu assim o entendo).
O problema está no desenho das PPP com a inclusão da gestão clínica.
E porque manteve CC o projecto tal como o herdara do seu antecessor, embora admitindo que o mesmo carecia de ser revisto?
CC manteve inalterável o projecto, pois entendia que assim (obra - contrato 30 anos +gestão - contrato 10 anos) as PPP eram mais atractivas para as empresas privadas (como é fácil de supor).

Ora, foi sobre este ponto que CC cometeu um erro de governação grave (consciente/doloso).
Para manter vivo o “pipeline” (o apetite dos grupos privados), CC não se importou de lançar uma dezena de hospitais às feras (sem contar com os hospitais previstos para a designada terceira fase) .

Já para o Hospital de Todos os Santos, estava previsto que a PPP se circunscrevesse à construção do edifício, pois, como referiu na altura, haveria assim melhor facilidade em gerir o pessoal (funcionários) provindos dos hospitais Civis de Lisboa a encerrar.

E ao contrário do que refere o Hermes em relação às PPP, a tendência é para a concentração, para o oligopólio.
As misericórdias desistiram ao primeiro assalto. O BPN está a ser vendido ao desbarato num leilão da internet. Os HPP e JMS associaram-se aos espanhóis para ganharem dimensão e acabarem engolidos dentro de alguns anos.
A ESS decidiu efectuar investimentos pesados na expectativa de que a saúde é que está a dar.
Enfim, em resumo, uma perigosa aventura fruto de uma decisão política a todos os títulos censurável do ex ministro da saúde que irá custar caro aos portugueses.

6:02 da tarde  
Blogger epicurista said...

Goste-se, ou não, da governação de CC uma coisa é certa, não se sentou na mesa da inacção. Agiu. Cometeu erros. Acertou, no âmbito da sua visão para o SNS, em muitas das suas medidas. Pela positiva ou pela negativa, ou por ambas, há-de ser recordado. Dos fracos não reza a história.

6:06 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Caro Hermes:

Manuel Alegre tem sido um engulho dificil de engolir, principalmente para quem apostou na continuidade de CC, no Governo Sócrates, naquele fatídico mês de Fevereiro. Memória é, também, reviver esses tempos e o que se disse.
Mas Manuel Alegre não foi o algoz de CC, embora as tentações fossem muitas. E por aqui me fico.

Outra questão:
Gostaria de ser esclarecido sobre uma facto. Qual será o problema que se levanta acerca da seguinte asserção, que escrevi:
“O Estado liberal – como o PS está paulatinamente a modelar em Portugal – considera alguns sectores públicos uma carga insuportável.”
Como disse? (rematou Hermes).

Será que posso manifestar opiniões sobre as políticas do PS - que não são inéditas, nem inovadoras - sem estar sujeito a interrogações capciosas, ardilosas e pretensamente chistosas?

Era, para mim, importante saber.

10:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caros,

Parece-me que o CC teve os seus momentos de brilhantismo, ninguém o pode negar. Parece-me também que foi dos poucos MS que avançou com reformas de fundo.
Com muita pena minha apenas fez isso! Iniciou, mas não teve capacidade para dar continuidade! Em CSP fala-se muito de USF, quando se devia falar de ACES! Os ACES deviam ter sido a prioridade e não apenas as USF! Na realidade não conseguiu uma reforma completa, apenas "lava-olhos" aos portugueses do litoral (grosso dos votantes!), no interior a situação piora de dia para dia! Conseguiu encerrar SAP que asseguravam populações a mais de 100 Km de distancia de Hospitais, sem oferecer alternativa imediata (falo de conhecimento de causa, sucedeu na minha terra natal!)! Entregou de mão beijada os CCI aos privados que aliás não chegam para as minimas necessidades e cobrem uma área infima do país! Mais grave impediu/atrasou/não criou condições para a implementação das URAP e das UCC, unidades chave na prestação/articulação de cuidados no novo modelo!
Presado Hermes, no que se refere ás carreiras médicas, enfermagem e outras, ele não decretou o fim das carreiras, apenas as colocou em stand-by, o que na pratica significou que durante o seu tempo de governação não havia carreira! Como ele gostava de dizer para as camaras, as reformas não se fazem sozinhas, é necessario profissionais motivados! Onde andavam eles?! Que fez para motivar os profissionais? Quantos profissionais foram "impedidos" de gozar os seus direitos (por exemplo comigo - licença de paternidade) com frases como "Pode gozar, mas se calhar não lhe podemos renovar o contrato!"? Hermes, ninguém pode negar que conseguiu equilibrar as contas, mas a que custo??

P.s.: Quando puder explique-me o que lhe pedi anteriormente, quando foi a última revisão da Carreira de Enfermagem e porque diz que foi "ano sim, ano não". Quando erramos fica-nos bem assumir os erros!

10:36 da tarde  
Blogger helena said...

Goste-se ou não se goste de CC, o certo é que se trata de uma personalidade em relação à qual ninguém é indiferente.
Como se comprova por mais este animado debate aqui na saudesa.
Acicatado pelo melhor texto que eu vi publicado a propósito do recente lançamento e da acção governativa do ex ministro da saúde.

10:39 da tarde  
Blogger Antunes said...

Hermes não será o nick name do professor Correia de Campos?

3:17 da tarde  

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