Magalhães
O mercado português não é o mais importante para a Microsoft e não é aqui que a empresa liderada por Steve Ballmer faz o grosso da sua facturação. Por isso, temos de acreditar em Ballmer quando diz que o plano desenvolvido pelo Governo português no sentido de dotar de um computador todos os alunos, dos 6aos 10 anos, é único e não existe em nenhum outro ponto do globo . E compreendêmo-lo muito bem quando exclama. “Eu acho que sou a pessoa que acha mais incrível de todas as pessoas deste país!” Na verdade, mr Ballmer , nós achamos que 1) nunca fazemos nada bem feito; 2) quando fazemos, achamos que é propaganda; 3) nunca acreditamos que podemos estar à frente de todos. É a nossa natureza.
Nicolau Santos, semanário expresso 11.10.08
Ainda há quem consiga libertar-se da nossa mesquinhez de aldeia. O jornalismo agradece.
Nicolau Santos, semanário expresso 11.10.08
Ainda há quem consiga libertar-se da nossa mesquinhez de aldeia. O jornalismo agradece.
4 Comments:
Este é um dos casos em que aquilo que parece, realmente é.
O magalhães (na verdade chama-se Classmate PC- http://en.wikipedia.org/wiki/Classmate_PC) foi um projecto fruto de uma parceria entre a intel e a microsoft para assegurarem a sua posição no mercado, frente ao rival sem fins lucrativos XO do projecto OLPC.
O objectivo do projecto OLPC era permitir que todas as crianças do mundo tivessem acesso a um portátil com ligação à internet, com sistema operativo open source (linux) gratuito por menos de 100 USD.
Não é preciso puxar muito pela cabeça para perceber que os números envolvidos neste mercado são astronómicos.
A intel e a microsoft não gostaram de ter sido deixados fora da corrida e resolveram fazer um portátil com processadores intel e windows XP para assegurar a sua dominância. O interesse da microsoft é evidente, uma vez que, se a grande maioria das crianças dos países subdesenvolvidos começassem a utilizar linux desde pequenas, quando chegassem à idade adulta não iam querer saber do windows para nada.
Posto isto, quando "nós achamos" que nunca fazemos nada bem feito por alguma razão é... neste caso concreto, o que "nós" fizemos foi:
1)virar o rabinho para a microsoft e para a intel e separar bem as nádegas.
2)Pegar num portátil que já é vendido desde 2006 ao publico em geral no amazon.com e em contratos milionários como este a países de todo o mundo como o méxico, Brazil, Argentina, Indonésia e India (lá se vai o "estar à frente de todos").
3) disfarçá-lo de produto nacional com um nome ridículo (para um portátil para crianças) e assemblado numa fábrica em Portugal, a JP Sá Couto.
4) mediatizar o mais possível a situação dizendo que é "um projecto português produzido em Portugal"(RTP), "um produto desenvolvido por empresas nacionais e pela Intel" e que "a concepção é portuguesa e foi desenvolvida no âmbito do Plano Tecnologico"(SIC).
5) tudo isto omitindo convenientemente que o negócio foi feito com a microsoft e com a intel SEM CONCURSO e que a JP Sá COUTO que ja fazia os Tsumanis, tem assim, SEM CONCURSO, todo o mercado nacional do primeiro ciclo.
Perante isto acho que nem é necessário voltar ao assunto da propaganda... Pior que um cego é aquele que não quer ver.
O comentário anterior é bem ilustrativo do espirito nacional derrotista que NS refere.
Como é que se desenvolvem novos negócios?
Portugal, já foi várias vezes repetido reúne uma série de condições óptimas para testar novos produtos.
O segredo do negócio, quanto a mim, está em ter suscitado o interesse da microsoft.
A originalidade do projecto está em fazer do classmate um projecto com um PC à séria.
Magalhães Around the World...
Confundir marketing político, com criatividade empresarial e inovação científica, sempre deu em asneira. Mais tarde, ou mais cedo, esbarramo-nos com a realidade.
E já que "azrael" falou em nádegas, o Magalhães, e a sua desavergonhada promoção, é o mesmo que elogiar o cu de Judas e sorrateiramente enfiar-lhe a corda no pescoço, acabando por enforcá-lo...(como historicamente parece ter sucedido).
Nicolau Santos, Nicolau (que de Santos vejo pouco) nós precisamos de melhorar a nossa auto-estima, subir os indices de confiança, mas não com "histórias da carochinha"...
Caro Azrael agradeço a sua intervenção esclarecedora quanto aos interesses em jogo.
Em certa medida é um jogo do faz de conta.
Com Portugal e a Microsoft a fazerem de virgens.
Dará ao menos para fazer dinheiro?
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