Incidências de mercado
«Podem repetir-se as operações em Porto Rico, nas Ilhas Caimão, a fraude dolosa, sistemática e organizada. Podem-nos entrar em casa, pelas televisões, os relatos mais torpes da evidência criminosa, desprovida de escrúpulos e eivada de uma ética obscena e insultuosa da decência e da responsabilidade social que sempre nos será dito estarmos perante “incidências” do mercado.» pensador
Incidências do mercado, fruto de deficiente regulação, especulação, ausência de ética, são frequentes no mercado de produtos de saúde. Exemplar a estratégia dos laboratório farmacêuticos, apostados em maximizar a realização de lucros. Caso paradigmático, a Cephalon, fabricante do medicamento Provigil, link cuja patente expira em 2012. Para contornar este "pequeno" problema a Cephalon recorreu a uma prática corrente deste mercado. Desenvolveu um similar - Nuvigil - que é uma versão de acção mais prolongada do mesmo medicamento.
Mas não se ficou por aqui.
Antes de lançar o novo medicamento, devidamente aprovado pelo FDA, a Cephalon fez subir o preço do Provigil. Naturalmente quando o Nuvigil apareceu no mercado, o seu preço inferior ao Provigil, incentivou os utentes a mudar para novo produto.
A Cephalon foi recentemente multada por comercialização ilegal do Actiq, um medicamento autorizado pelo FDA com indicação restrita para o tratamento da dor dos doentes com cancro. link
A exemplo da Cephalon, proliferam neste mercado as práticas especulativas, muitas delas criminosas, executadas por gestores empenhados na rentabilização máxima do capital accionista das empresas a qualquer preço.
Entretanto, por cá, FR surpreendido com o crescimento da despesa do SNS com medicamentos (aumento de 6,2% contra 2,1% do mercado total) mandou para o terreno uma super equipa com a missão de estudar o sucedido. Dizia alguém aqui, a propósito: Lá andamos nós, sempre, aos papéis.
Incidências do mercado, fruto de deficiente regulação, especulação, ausência de ética, são frequentes no mercado de produtos de saúde. Exemplar a estratégia dos laboratório farmacêuticos, apostados em maximizar a realização de lucros. Caso paradigmático, a Cephalon, fabricante do medicamento Provigil, link cuja patente expira em 2012. Para contornar este "pequeno" problema a Cephalon recorreu a uma prática corrente deste mercado. Desenvolveu um similar - Nuvigil - que é uma versão de acção mais prolongada do mesmo medicamento.
Mas não se ficou por aqui.
Antes de lançar o novo medicamento, devidamente aprovado pelo FDA, a Cephalon fez subir o preço do Provigil. Naturalmente quando o Nuvigil apareceu no mercado, o seu preço inferior ao Provigil, incentivou os utentes a mudar para novo produto.
A Cephalon foi recentemente multada por comercialização ilegal do Actiq, um medicamento autorizado pelo FDA com indicação restrita para o tratamento da dor dos doentes com cancro. link
A exemplo da Cephalon, proliferam neste mercado as práticas especulativas, muitas delas criminosas, executadas por gestores empenhados na rentabilização máxima do capital accionista das empresas a qualquer preço.
Entretanto, por cá, FR surpreendido com o crescimento da despesa do SNS com medicamentos (aumento de 6,2% contra 2,1% do mercado total) mandou para o terreno uma super equipa com a missão de estudar o sucedido. Dizia alguém aqui, a propósito: Lá andamos nós, sempre, aos papéis.
Etiquetas: Medicamento
6 Comments:
(...) A segunda é que estamos a viver uma mudança de paradigma. Os neoliberais dizem que “no passa nada”, “isto é apenas um sobressalto”, “a regulação não é necessária”, “os produtos financeiros são complexos e só os especialistas os entendem”, o que é preciso é “inovação e produtos ainda mais complexos”. Estão errados. O que se passa é que este paradigma em que vivemos caracterizado por mercados livres, crédito fácil, falta de regulação, especulação galopante, ausência de ética e dominação absoluta da economia virtual, vai acabar. O novo paradigma vai assentar em mercados mais regulados, em crédito mais apertado, menor especulação, maior consciência ética e maior intervenção dos governos com politicas que promovam o crescimento a longo prazo. link
António Costa e Silva
Os neoliberais são demasiado neo.
A natureza das coisas se encarregará de regenerar o tecido, despudoradamente, aviltado.
Paz à sua alma.
Os nossos cronistas de serviço vivem cinicamente preocupados com a população pobre e idosa, sem recursos para fazer face a pequenos aumentos do preço dos medicamentos.
Mas passam ao lado, quando se trata dos preços exagerados dos medicamentos, dos lobis da saúde, da falta de qualidade dos prestadores privados.
Tudo não passa de meras incidências do mercado.
Gostava de saber o que é que o Ministério da Saúde vai fazer com os stocks de Tamiflu?!...
Talvez sirvam de herbicidas...
Abriu a caça aos pantomineiros...
NEM TANTO AO MAR, NEM TANTO À TERRA...
Não me compete, nem tenho qualquer tipo de motivação, para defender a inocência, a candura, ou eventuais filantropias da indústria farmacêutica.
Todavia, existem os chamados produtos isoméricos ou isómeros.
Neste caso, esses produtos podem ser medicamentos.
Pequenas alterações na estrutura bioquímica, por exemplo passar um grupo hidroxi da posição cis para trans, pode-se induzir importantes modificações das características de um medicamento. Tanto nas indicações (aumentando a eficácia em relação ao "medicamento-mãe"), como nas contraindicações (reduzindo os efeitos deletérios).
Não estou a afirmar que tenha sido isso que a Cephalon [*] fez em relação aos medicamentos citados. Provavelmente, o procedimento da Cephalon, como sugere o post trata da defesa da patente do modafinil (Provigil®) à beira de ser confrontado com o mercado concorrencial dos genéricos. O armodafinil (Nuvigil®) poderá alargar a defesa da patente até 2023!
Todavia, é preciso reconhecer que as indicações do armodafinil ultrapassam largamente as do modafinil – estas, restritas à narcolepsia (sonolência idiopática), um distúrbio do sono, estando contraindicado em doentes com quadros de depressão, crises convulsivas, doenças psiquiátricas ou arritmias cardíacas em tratamento.
O novo medicamento parece ter uma acção mais prolongada sobre a narcolepsia e actuar, ainda, sobre a síndrome de apneia/hipopneia obstrutiva do sono e sobre perturbações do sono derivadas da alteração frequente de horários.
Mas a grande alteração está nas contraindicações do modafinil que passaram a fazer parte das algumas das indicações do armodafinil como sejam:
depressão bipolar, esquizofrenia, narcolepsia associada à doença de Parkinson e fadiga em pacientes que estão a receber tratamento para o cancro.
Serve esta explicação para salientar e questionar um problema actual: os genéricos.
Pequenas, por vezes imperceptíveis alterações do processo de fabrico podem dar origem a isómeros (não controlados).
Em algumas circunstâncias poder-se-á (inconscientemente) aumentar o espectro de indicações mas, por regra, em muitos deles, perdem-se qualidades, podendo, mesmo, tornar-se inactivos (placebos).
Assim o mais recente slogan de marketing dos genéricos – “eu confio!” – pode ser um mera boutade.
O problema não é a confiança que muitas vezes é suportada pela segurança.
A questão é a diferença de qualidade entre um medicamento de marca e um genérico, por vezes difícil de avaliar (em termos economicistas nem interessa mesmo avaliar).
É aqui que aparecem os isómeros com todo o cortejo de alguns benefícios e enormes riscos.
Num gabinete da João Crisóstomo são iguais, a mesma composição, a mesma dosagem, os mesmos efeitos. Na prática clínica, não será exactamente assim.
Caberá ao Infarmed inquirir, p. exº., da acuidade dos médicos para certos medicamentos que usam com frequência em serviços de urgência, situações em que as respostas estão subordinadas a tempos de resposta úteis. Encontrará surpresas.
[*] A Cephalon debate-se com problemas judiciais devido à aquisição da "Cima Labs Inc", ficando com uma posição dominante na área oncológica.
Excelente comentário do e-pá!
No entanto, se o professor Vasco Maria o ler, vai dar-lhe um fanico!...
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