domingo, novembro 30

Hesitações ...


Confesso que hesitei, longamente, sobre se deveria ou não comentar o mais recente artigo, publicado, pelo ilustre lente PKM, no Diário Económico. link A dúvida que me assaltava advinha do facto de ainda perpassar pelo meu espírito o sofrido apelo, feito pelo próprio, e publicado no SaudeSA no passado dia 15 de Novembro em que referia: …”Reitero o pedido para que ignorem os meus artigos no DE. Eles não vos servem de nada. Bem haja o ou a "joão pedro" que deve ser ouvido ou ouvida nessa mesma sugestão”…
Este apelo encerrava, em si mesmo, uma forte vontade de discrição, de reserva, de um desejo expresso de opinar de soslaio. Percebemos que esta vontade cabia, por inteiro, no desabafo que, dias depois, viria a ser expresso pela líder do PSD quando referiu …”às vezes a interrupção da democracia durante seis meses pode ser útil”…Na verdade PKM com o seu instinto de antecipação intelectual mais não tinha expresso que a vontade de MFL. Por outro lado PKM enfatizou no referido apelo: …” Eles não vos servem de nada”…Também aqui antecipou porque, na verdade, este seu último artigo cumpre, igualmente, por antecipação esse impulso visionário. De facto, os artigos de PKM, publicados no DE, de pouco nos servem tal a fragilidade dos conceitos, o emaranhado das reflexões e as estonteantes hipérboles especulativas que encerram. Relevamos até, num gesto de democrática elegância, qualquer comentário à qualidade da escrita percebendo que as competências do autor são alheias ao domínio da língua mater.

No seu último artigo PKM afirma que as “falências” de hospitais EPE são inevitáveis. Elucubra, a este propósito, sobre o pensamento de Galbraith. Nesta referência aproxima-se (surpreendentemente) de um ideário que lhe é muito adverso pelo menos no que respeita ao cepticismo sobre as extravagâncias da teoria económica e à defesa do investimento em bens públicos.
No entanto, rapidamente, desliza para a especulação politiqueira quando diz: …” Em concreto, quantos cidadãos, jornalistas ou analistas notaram o elevado número de “acordos modificativos” dos contratos-programa de hospitais EPE realizados desde fins de 2007?”…
Aventura-se, como é seu hábito, na insinuação sobre os processos de decisão política e de gestão empresarial. Fala então de instrumentos de profilaxia da tão “excitante” falência técnica. Esquece-se, como sempre, convenientemente dos “megas acordos modificativos”, encapotadamente, designados de orçamentos rectificativos que, ao longo de muitos anos, os diferentes governos (incluindo o seu preferido) foram, sucessivamente, aplicando.
Ficamos contudo, mais tranquilos por vermos, que neste artigo, já mostra conhecer a relação do sector empresarial do Estado com o respectivo défice. Registado este avanço no conhecimento adianta: …” Se uma unidade (hospital ou serviço) não tem a procura programada, ano após ano, será viável? E porque havemos de financiar, com os nossos impostos, o que não se produziu de facto?”… Conhecerá PKM a diferença entre custo e preço? Conhecerá a discriminação dos actos, procedimentos, funções e serviços dos HH’s? E qual a correlação entre custos de produção e preços de aquisição?

Na parte final (apressada) do artigo refere: …” Essa transferência pode dar-se através do processo de “falência” uma vez que neste contexto da economia social, nada se perde, tudo se transforma. Os profissionais transferem-se para outros níveis de apoio social e o financiamento é redireccionado para onde a população necessita. Não há lugar a desemprego de profissionais e os cidadãos passam a ter outras respostas sociais”… Como é possível que alguém que se reclama do pensamento e do conhecimento sobre o sistema de saúde português profira este tipo de afirmação?
Termina com a recorrente alusão às razões “exclusivamente eleitoralistas” evocando de novo a repetida e fastidiosa menção à diferença entre …”políticas de saúde (“policies” em inglês”) subjugadas às estratégias partidárias (“politics”)”…
Confesso, que perante este último artigo, esmorece a motivação para um debate animado em torno das quinzenais aparições de PKM.

rezingão

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17 Comments:

Blogger e-pá! said...

Dentro deste amplo capítulo das hesitações o último Conselho de Ministros produziu, entre outros, o seguinte diploma legal:

Decreto-Lei que procede à terceira alteração ao Decreto-Lei n.º 203/2004, de 18 de Agosto, que define o regime jurídico da formação médica, após a licenciatura em Medicina, com vista à especialização, e estabelece os princípios gerais a que deve obedecer o respectivo processo.

"Este Decreto-Lei, aprovado na generalidade para negociação, visa definir uma nova forma de vinculação dos internos do internato médico, bem como estabelecer um regime autónomo e consistente da vaga preferencial, nova designação para as anteriores vagas protocoladas."

Os SM's (SIM e FNAM, a OM), em uníssono mostraram-se abertos e disponíveis para discutir estes assuntos, dando especial enfase às vagas preferenciais.

Em minha opinião, o Decreto-Lei n.º 203/2004, de 18 de Agosto, vai na sua 3ª. alteração, porque é sibsidiário de uma parte maior, mais vasta, mais integral do que alterações fociais no que diz respeito aos vinculos...

Estou a referir-me ao impasse que se verifica na discussão das novas carreiras médicas.

Compreendo, as preocupações de Ana Jorge em proteger o Interior e o SNS e a tentar vincular os novos especialistas aos HH's de origem.

Só não se entende porque delegou este crucial assunto ao S.E. Francisco Ramos e tem deixado protelar a sua discussão e travar o avanço na sua construção e definição.

Continuamos a governar com medidas avulsas e a fazer uma navegação à vista.
Há pouco mais de um ano, Correia de Campos, tinha alterado as normas de vinculação às instituições responsáveis pela formação no Internato que, à primeira vista (e salvo erro grosseiro - cito de memória), parecem-me idênticas às actuais e que datavam de 2001(?).

Nota: Situações idênticas exitem noutras áreas profissionais da Saúde.

Não encontro hoje, 29.11.08, qualquer discriminação da nova redacção do Decreto-Lei n.º 203/2004, no Portal da Saúde ou no Portal do Governo.

De maneira que resta-me aproveitar o fim de semana alargado e, apesar do mau tempo, rumo às Rias Bajas (Galiza).
Sem hesitações!

8:31 da manhã  
Blogger sillyseaspn said...

Uma Lição Exemplar…

Bancários do SBSI rejeitaram parceria para gestão privada dos SAMS
…”Os associados do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) rejeitaram quarta-feira a proposta da direcção do sindicato para negociar uma parceria com os Hospitais Privados de Portugal (HPP) para a gestão dos SAMS. O SBSI convocou uma Assembleia-Geral referendária para pôr fim à especulação suscitada em torno das alegadas negociações para a privatização da gestão dos Serviços de Assistência Médico-Social (SAMS) e a maioria dos votantes optou por recusar essa possibilidade. Segundo o presidente do SBSI, Delmiro Carreira, até agora só existe um protocolo de entendimento entre as duas entidades para encontrar uma nova forma de gestão do hospital e do centro ambulatório dos SAMS. Com o resultado do referendo de quarta-feira o protocolo de entendimento com a HPP cai e 'fica inviabilizada qualquer possibilidade de acordo' para a privatização da gestão dos SAMS”…
…/…
O episódio acima referido ilustra bem o “espírito” que se vive no “mercado” privado da saúde em Portugal. A falta de planeamento estratégico, a ausência de critério e rigor nas decisões económicas e financeiras põem à vista os enormes graus de liberdade com que este tipo de actores funciona. Não deveremos, por isso, nos espantar com as sucessivas “incidências de mercado”, que têm ocorrido nas últimas semanas, do tipo BPN (Grupo Português de Saúde) ou BPP. Se tudo isto ocorresse no sector público não faltariam algozes a zurzir na gestão, nos gestores, nas políticas e no uso público dos bens. Aqui, mais uma vez, estamos num “graffiti” da clássica dinâmica do mercado.
Os mesmos que, ajudaram a construir, durante décadas uma iniciativa de apoio social, aos bancários e respectivas famílias, predispuseram-se agora, precipitadamente, a tudo fazer para alienar essa história, esse património e a persecução do bem comum. De uma forma aligeirada, ignorando propostas alternativas, prescindindo da disputa no mercado pelo valor do bem tudo fizeram para entregar por “ajuste directo” o velho SAMS nas mãos dos, preclitantemente emergentes, HPP. Mas afinal em nome de quê? De mais e melhor serviço? De mais sustentabilidade? Não será evidente para os promotores desta “parceria” a evolução real do negócio HPP? Trata-se apenas de juntar resultados negativos? Qual o modelo económico da parceria? E onde fica a história, a missão, os valores e o fim social e cívico de um projecto que tantos durante tanto tempo construíram.
Por vezes as “combinações” espúrias entre os homens comprometem a bondade dos projectos nas suas finalidades e nos seus melhores propósitos.
Neste caso, felizmente, verificou-se que vale a pena não interromper a democracia, mesmo que seja apenas por seis meses…

12:11 da tarde  
Blogger tambemquero said...

A lição
A crise financeira e bancária mostrou quão essencial é haver um banco público como CGD, não só como esteio do sistema bancário, mas também como instrumento de socorro dos bancos em dificuldades (incluindo os bancos dos ricos...).
Seguramente que nos próximos anos os nossos liberais dogmáticos (incluindo António Borges, Pedro Passos Coelho e outros, no PSD) vão esquecer a sua defesa da privatização da CGD. É a lição mínima a retirar da crise em Portugal...
vital moreira, causa nossa

4:29 da tarde  
Blogger xavier said...

O que levará o DE a não publicar os comentários às crónicas de PKM ?!...

5:32 da tarde  
Blogger inimigo público said...

Caro Xavier o DE não pode desproteger o (único) colunista de serviço disponível para protagonizar o desgaste que se impõe ao SNS. Vendo bem não existirão muitos cronistas no mercado capazes de se prestarem ao papel do PKM. Este funciona como uma espécie de ácido sulfúrico do neo-liberalismo cuja missão primordial é corroer o SNS, com o objectivo de criar, nos meios económicos, um clima de esperança, a médio prazo, na sua captura. Já alguém terá percebido porque razão o especialista em marketing de algum tempo a esta parte se dedicou aos hospitais epe?
Fica o desafio a todos os colegas do SaudeSA - experimentem tentar postar comentários discordantes ou críticos dos conteúdos de PKM no DE e viverão a experiência prática dos interlúdios da democracia e da liberdade de expressão. Felizmente há SaúdeSA...

9:11 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

A lição, é que andamos a finançiar ricos, criminosos e corruptos com o dinheiro dos nossos impostos e o primeiro ministro, José Sócrates a fazer de avalista.

9:34 da tarde  
Blogger AT said...

Caro xavier, e todos os gestores do blogue,

Como sabem muito bem este blogue veta, constantemente, comentários que debatam os artigos de PKM de uma forma mais construtiva. Que os debatem mais pelas ideias e menos pela rama da depreciação sem discussão ou contraposição de ideias. Talvez o DE reponda na mesma moeda, quem sabe.

Por outro lado,
Os comentários do rezingão não discutem a questão fundamental do artigo:
"Então, que vantagens trouxe esta “empresarialização” dos hospitais para além da desorçamentação no ‘déficit’ público?".
Temos que interpretar que ou o rezingão não quer discutir esta questão central do artigo e do SNS, ou concorda que, conforme PKM nos alerta, esta "empresarialização" não nos trouxe nada que não se conseguisse no estatuto SPA. Não é assim?

Depois, o rezingão, reclam ser um especialista da língua portuguesa mas devia indicar-nos os exemplos de "baixa qualidade" da escrita que aponta (para aprendermos todos pois os artigos até parecem bem escritos para não especialistas na língua portuguesa, digo eu).

A fragilidade dos conceitos talvez não venha tanto de PKM mas antes do próprio andamento errático deste governo que promoveu políticas de direita até perceber que assim não ganhava as próximas eleições e agora anda a correr a procurar dar uns "tons sociais" às intervenções na saúde. Esperamos que acabe com todas as PPP, que deixe de fingir que empresarializou os hospitais e assim nos salve de verdadeiros problemas.

Rezingão também decidiu ignorar, para os seus propósitos de mal-dizer, que PKM refere neste artigo, como em outros anteriores e que rezingão e outros camaradas do blogue ignoram propositadamente, o seguinte: "Assim, podemos questionar porque se protegem, em Portugal, hospitais/serviços que não têm procura que justifique o seu funcionamento enquanto a população circundante não tem garantias de cuidados pós-agudos? Por razões exclusivamente eleitoralistas dos partidos que vão passando pelo governo da saúde desde, pelo menos, 1996?"

Pleo menos desdde 1996, diz PKM.

Portanto, rezingão falseia a posição de PKM quando afirma que "Esquece-se, como sempre, convenientemente dos “megas acordos modificativos”, encapotadamente, designados de orçamentos rectificativos que, ao longo de muitos anos, os diferentes governos (incluindo o seu preferido) foram, sucessivamente, aplicando.". Não ignorou nada. E por estas e por outras, é que ainda não pecebemos qual será o tal governo preferido de PKM?

A diferença entre preço e custo? É um conceito básico. Qualquer aluno da opção de Economia do ensino secundário a sabe. PKM também deve saber. Quem não parece saber, são os hospitais EPE que desconhecem os custos reais dos actos que praticam e não conseguem planear a procura devidamente. Mas então o rezingão acha que devemos continaur a financiar a 'não produção' dos hospitais? Quer discutir antes essa problemática?

A parte final do comentário do rezingão (contesta a possibilidade de que os "Os profissionais transferem-se para outros níveis de apoio social e o financiamento é redireccionado para onde a população necessita. Não há lugar a desemprego de profissionais e os cidadãos passam a ter outras respostas sociais” "), demonstra que não está familiarizado com outras realidades... então não é verdade? Não viu acontecer noutros países europeus? Tem que se informar melhor.
Não vemos nenhuma razão para que não seja possível dar-se a mesma transferência de recuros de hospitais com utilização abaixo de 50% da capcaidade instalada para outros níveis onde a população não tem respostas na comunidade. O rezingão nega esta falha do SNS?
Com certeza não desconhece que a "entrega" de pequenos hospitais aos cuidados de saúde primários já esteve na "mesa" do Poder em Portugal e será inevitável que volte a estar. Ou desconhecia?

Afinal, como é possivel que o rezingão, que se reclama neste blogue de ser uma referência "do pensamento e do conhecimento sobre o sistema de saúde português" negue este tipo de possibilidade no melhor interesse da população? Ou o rezingão acha que não teremos que fechar hospitais para reforçar os cuidados de saúde primários e os cuidados continuados? Se acha, está mesmo muito equivocado. A menos que defenda a manutenção de "tudo como está": Um sistema entre os mais caros da Europa, hospitalocêntrico e sem garantir as respostas de que a população necessita (mas satisfaz as "necessidades" das clientelas partidárias para as nomeações para os CA dos HHs do SNS e agora os ACES...). Se defende que tudo está bem e deve ficar como está, assuma-o não o faça de "soslaio".

No fim, já não sabemos bem quem percebe alguma coisa do SNS português. Mas o rezingão não é com certeza.

E explique-nos porqe ignorou o último apelo de PKM:
“uma democracia que se demite de interrogar o seu sistema global de funcionamento corre o risco de se fragilizar.” Também o SNS."

O rezingão não quer interrogar nada, pois não?
Devia ter ficado na hesitação e ignorado o artigo. Não lhe serviu de nada porque não está interessado em interrogar nada. Postou aqui o comentário porque, no fundo, gostava memso era de silenciar todos os que questionem o "status quo" do SNS que, aliás, está fortemente representado neste blogue e que rezingão, de soslaio e encapotadamente, representa.

12:39 da manhã  
Blogger SNS -Trave Mestra said...

PKM devia demonstrar mais consideração pelo saudesa.
Quem, afinal, tem promovido melhor os seus textos medíocres ?

1:47 da manhã  
Blogger rezingão said...

PKM (2)

Caríssimo AT (presumivelmente um dos muitos heterónimos de PKM) que, tal como o poeta, cria o seu próprio mundo. Atrevo-me a comentar este post porque acredito que o aprofundamento deste debate é útil para quem visita, lê e colabora no SaúdeSA.
Atentemos então no escrito, que surge preenchido por uma grande quantidade de afirmações avulsas e não fundamentadas.
Diz o autor: …” Como sabem muito bem este blogue veta, constantemente, comentários que debatam os artigos de PKM de uma forma mais construtiva. Que os debatem mais pelas ideias e menos pela rama da depreciação sem discussão ou contraposição de ideias. Talvez o DE reponda na mesma moeda, quem sabe”…
Quem define o que é construtivo e não construtivo? Será por essa razão que o autor justifica o impulso censório do DE?
Continua depois: …” Os comentários do rezingão não discutem a questão fundamental do artigo: "Então, que vantagens trouxe esta “empresarialização” dos hospitais para além da desorçamentação no ‘déficit’ público?". Temos que interpretar que ou o rezingão não quer discutir esta questão central do artigo e do SNS, ou concorda que, conforme PKM nos alerta, esta "empresarialização" não nos trouxe nada que não se conseguisse no estatuto SPA. Não é assim?”…
È aqui que o autor se deprecia enquanto académico. Em que estudos e em que série temporal se baseia para emitir este juízo? Investigou por conta própria ou (já) dispõe de evidência que seja do desconhecimento geral. Em que variáveis se fundamenta? Económicas, financeiras, assistenciais, de qualidade? Consegue provar, cientificamente, que o que escreve no DE não se trata de uma mera opinião salpicada por laivos de estado de alma?
Prossegue: …”Depois, o rezingão, reclam ser um especialista da língua portuguesa mas devia indicar-nos os exemplos de "baixa qualidade" da escrita que aponta (para aprendermos todos pois os artigos até parecem bem escritos para não especialistas na língua portuguesa, digo eu)”…
Caríssimo sobre esta matéria creio que estamos conversados. Basta ver os excertos retirados do seu post. Talvez um corrector ortográfico ajudasse bem como a ajuda de alguém que tivesse a bondade de rever os seus textos. Pelos vistos a revisão de edição do DE deixa muito a desejar…
Voltamos depois à política (sempre a política…):
...”A fragilidade dos conceitos talvez não venha tanto de PKM mas antes do próprio andamento errático deste governo que promoveu políticas de direita até perceber que assim não ganhava as próximas eleições e agora anda a correr a procurar dar uns "tons sociais" às intervenções na saúde. Esperamos que acabe com todas as PPP, que deixe de fingir que empresarializou os hospitais e assim nos salve de verdadeiros problemas”…
Quais problemas? Alguma irritação primária subjectiva, por parte do autor, derivada de não ter sido chamado a tomar parte activa no processo?
Refere de seguida: …
"Assim, podemos questionar porque se protegem, em Portugal, hospitais/serviços que não têm procura que justifique o seu funcionamento enquanto a população circundante não tem garantias de cuidados pós-agudos? Por razões exclusivamente eleitoralistas dos partidos que vão passando pelo governo da saúde desde, pelo menos, 1996?"
Pleo menos desde 1996, diz PKM”…
Regressamos à lógica oculta das métricas temporais. Num dos seus últimos artigos precisava, milimetricamente, nos meados de 2005 o início de todos os problemas orçamentais no SNS. Ajudámo-lo recuperando algumas leituras importantes de Relatórios do Tribunal de Contas referentes ao período compreendido entre 2001 e 2004.
Agora diz-nos: …” Pleo menos desde 1996”…
Porquê 2006 e não 2005 ou 2007? Quais os factos políticos, económicos, sociais e científicos que alojaram o epicentro da crise no ido ano de 1996?
Ousa de novo entrar nos domínios técnicos:
…” Mas então o rezingão acha que devemos continaur a financiar a 'não produção' dos hospitais? Quer discutir antes essa problemática?”…
O que quererá dizer com “não produção”. Terá uma visão industrial do sistema? Num destes dias poderia escrever no DE um artigo sob o título: “Financiamento da Produção Hospitalar”. Talvez assim tivéssemos condições para discutir a “tal problemática”.
Prossegue:
…”A parte final do comentário do rezingão (contesta a possibilidade de que os "Os profissionais transferem-se para outros níveis de apoio social e o financiamento é redireccionado para onde a população necessita. Não há lugar a desemprego de profissionais e os cidadãos passam a ter outras respostas sociais” "), demonstra que não está familiarizado com outras realidades... então não é verdade? Não viu acontecer noutros países europeus? Tem que se informar melhor”…
O articulista, de facto, deve ter andado muito por fora desconhecendo o sentido das reformas na rede hospitalar, dos cuidados de saúde primários e cuidados continuados. Permanece deslumbrado por uma espécie de neo-cosmopolitismo achando que os que o lêem e comentam é gente pouco viajada e de estreita amplitude intelectual.
Com efeito, reitero o esmorecimento do interesse por este tipo de prosa. Nada que impeça, contudo, a reacção quinzenal livre, democrática e aberta. Temos a certeza de que o DE deixaria cair o articulista no dia em que o SaudeSA o passasse a ignorar. Deste modo ajudamos à diferença e ao debate livre das ideias.

Concluo com algumas recomendações “construtivas” a PKM. Nunca deverá esquecer que, como refere Alexander Pope, no “Ensaio sobre a Censura” que suportam melhor a censura os que merecem elogio. Não tenha dúvida de que conta comigo para uma defesa vigorosa do SNS, intelectualmente séria e cientificamente suportada. Quanto a essa matéria reconheço que me sinto muito bem acompanhado no SaudeSA.

1:07 da tarde  
Blogger xavier said...

Caro PKM
O seu comentário, ao contrário do que refere, foi devidamente publicado.
Seria de todo insensato privar os leitores do saudesa de tão brilhante contributo.

3:57 da tarde  
Blogger Clara said...

Esta última crónica com menos erros técnicos,leva-me a supor que PKM passou a contar com assessoria de peritos encartados.
Talvez do próprio DE.
Quanto à racionalização da rede de cuidados ela começou a ser feita pelas urgências. Com as dificuldades que se conhecem.

Da próxima vez que for necessário encerrar unidades do SNS, sugiro que o primeiro ministro, José Sócrates, chame o distinto professor PKM.

6:14 da tarde  
Blogger saudepe said...

Numa altura em que o nosso dinheiro anda a salvar bancos como o BPN e o BPP, PKM vem propor o encerramento de hospitais EPE. Preocupado que está com a utilização dos nossos impostos. Quando todos lemos o que escreveu acerca do encerramento das urgências.
Trata-se evidentemente de mais de uma das suas intervenções intelectualmente desonestas.

Penso que o fracasso da tentativa de se fazer transitar da área do marketing para a economia da saúde, fez de PKM um analista azedo da nossa politics, um empedernido neo-liberal feito à pressa.

É evidente que a rede do SNS inclui HH de estruturas e dificuldades muito diferentes, assimetrias que o sistema de contratualização, dentro de critérios pré estabelecidos, deve atender.
Fechar hospitais não é a mesmo que encerrar capelistas, retrosarias ou mesmo bancos. PKM sabe disso.
A coisa fia mais fino.
Há prioridades que é necessário cumprir para conseguir o objectivo de conseguir uma melhor racionalização da rede do SNS. Ganhos de eficiência. Iniciar o processo pelo encerramento das urgências sem condições. Centralizar HH . Alguns já transformados em unidades prestadoras de cuidados primários/continuados. Afinal a tal transferência a montante que refere.
É o que, acertadamente, tem vindo a ser feito.
A titulo de exemplo o último conselho de ministros decidiu a criação de duas novas entidades públicas empresariais - Hospital de Magalhães Lemos, EPE e o Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, EPE, que engloba o Hospital de S. Sebastião, EPE, o Hospital Distrital de São João da Madeira e o Hospital São Miguel, Oliveira de Azeméis . link

Mas PKM, observador atento do que se passa na saúde, sabe do que está a acontecer. O seu ressentimento leva-o a levantar lebres onde não as há. É por isso que considero os seus textos intelectualmente desonestos.

2:00 da tarde  
Blogger helena said...

Que vantagens trouxe a transformação dos HH SPA em EPE?

Se PKM está interessado nas evidências que não quer ver, aconselho-o a ir a Santa Maria. Um vetusto HH SPA que todos consideravam ingovernável.
Veja as diferenças.
Sei que não está interessado em ver melhorias.Está apenas empenhado no bota abaixo.
Mesmo assim, aproveite o próximo fim de semana longo e vá ao norte. Aproveite ao passar em Viseu para visitar o novo hospital Central de São Teotónio. Na cidade do Porto vá ao São João. E ao IPO.

Estamos numa fase de profundas transformações da rede. É cedo para pedir grandes resultados.
O que teria acontecido em relação ao boom de hospitais privados se mantivéssemos os SPAs ?

Quanto a heitações. Pode contar que cá estaremos todas as quintas feiras de quinze em quinze dias.
O fôlego não dá para mais.
Imagino.

2:26 da tarde  
Blogger cotovia said...

Ao que parece, PKM escreveu esta sua última crónica inspirado no livro recém publicado da dr.ª
Ana Paula Harfouche link onde se conclui: Nem sim nem sopas.
Como PKM terá achado o caldo insosso decidiu acrescentar-lhe no lugar de sal, pimenta.

2:41 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O Serviço Nacional de Saúde registou em 2008 resultados de que nos orgulhamos

Os dados disponíveis sobre a execução orçamental do Serviço Nacional de Saúde (SNS), incluindo os Hospitais EPE, indicam uma avaliação positiva: equilíbrio nas contas e melhoria nos indicadores de produção. Os resultados finais de 2008 confirmarão a tendência. Os indicadores financeiros mostram o controlo do crescimento da despesa de consumos (medicamentos), mas no pessoal há o risco de se voltar a valores elevados. O objectivo de crescimento zero terá sido exigente, mas seria alcançável com uma mudança de atitude, hoje exigível aos administradores dos hospitais.
O Governo regulou a prestação de trabalho médico nos serviços de urgências, estabelecendo um preço de referência para a aquisição a empresas. Explicitou-se a obrigatoriedade de serem divulgados todos os contratos de aquisição de trabalho médico, logo no dia seguinte à sua assinatura. Os hospitais passam a dispor de um instrumento para melhor negociar o custo. Sempre que o preço de referência for ultrapassado, terá de existir justificação detalhada, pronta a ser auditada e fiscalizada.
Foram criadas condições para que termine o drama das dívidas. O Governo alterou o Fundo de Apoio ao Sistema de Pagamentos do SNS, criado em 2006 como fonte supletiva, para garantir pagamentos às farmácias quando as ARS não tivessem disponibilidades para pagar a tempo e horas. O fundo foi dotado com 200 milhões de euros e nunca foi utilizado. A decisão agora tomada determina que o fundo passe a ser utilizado para pagamentos a qualquer fornecedor de serviços do SNS. Sem provocar desequilíbrios, permite que, até ao final deste ano, não existam nos hospitais facturas por pagar superiores a 90 dias. A lógica de financiamento não é pervertida, não existem subsídios desresponsabilizantes a quem gerou défice inaceitável.
Em 2009, com o crescimento da dotação orçamental para o SNS de 2,5 por cento, será possível concretizar medidas de reforço de ganhos em saúde, como o rastreio sistemático de situações do foro oncológico, o alargamento da cobertura em saúde oral, a melhoria de resposta às situações de infertilidade, através do aumento do acesso aos cuidados da Procriação Medicamente Assistida, o alargamento das consultas antitabágicas e a continuação do apoio às mulheres que recorrem à IVG.
Será continuada a redução dos tempos de espera para cirurgias e consultas, e alargada a acessibilidade a especialidades onde foram detectados estrangulamentos, como o Plano de Intervenção em Oftalmologia, hoje em execução. Será concretizado o Plano de Saúde Mental, que visa minimizar a institucionalização e melhorar o acesso aos cuidados, através da sua integração nos diferentes níveis (primários, hospitalar e continuados).
A articulação entre hospitais e Cuidados Continuados Integrados permite melhorar desempenhos, na rede e nas unidades hospitalares. O objectivo é chegar às 7000 camas no final de 2009, mas a prioridade é o apoio domiciliário, com equipas a partir dos centros de saúde.
Nos cuidados primários vai prosseguir o alargamento da capacidade de resposta do SNS, com a criação de mais Unidades de Saúde Familiar, e a reorganização dos centros de saúde em agrupamentos, que permitem uma melhor gestão dos recursos disponíveis.
A área do pessoal vai ter reformas, com a revisão das Carreiras Especiais da Saúde e respectivas convenções colectivas de trabalho. Até lá, impõe-se máxima prudência em novas contratações. Quando há escassez de recursos médicos, os salários tendem a subir. Mas, numa rede de hospitais públicos - empresas é certo, mas primeiro que tudo hospitais do SNS -, há que desenvolver mecanismos de cooperação e não valorizar apenas o ambiente de competição.
A aposta estratégica na cirurgia de ambulatório vai continuar, com a reconversão de blocos cirúrgicos e a formação dos profissionais, para potenciar o acesso à cirurgia, com maior conforto e segurança para os utentes.
Há já condições para que, de forma experimental, avance um modelo de avaliação dos conselhos de administração dos Hospitais EPE. Vai ser ainda criado um sistema de financiamento ajustado às Unidades Locais de Saúde. Em 2009, estará em actividade o novo Hospital Pediátrico de Coimbra e, em construção, os novos hospitais de Cascais, Braga, Todos-os-Santos, Algarve, Lamego e Amarante.
Mais e melhor acesso aos cuidados de saúde, garantia de qualidade assegurada por modelos de formação dos profissionais de saúde em linha com os melhores padrões internacionais, preocupação constante com a saúde pública, escolhas centradas em ganhos em saúde. Estas são as marcas do SNS que conhecemos há 30 anos.
Desde 2005, acrescentou-se a marca da boa gestão. Não por capricho, mas para defesa do SNS.
Quase a terminar 2008 e aprovado o Orçamento para 2009, o SNS regista resultados de que nos orgulhamos. Para 2009 os objectivos são mais ambiciosos, exigindo trabalho mais coerente e articulado.
Sendo o último ano do ciclo eleitoral, há riscos evidentes. O SNS exige serviços geridos com rigor, equidade e qualidade. O sucesso continua a depender das administrações e será delas a responsabilidade e o mérito. Na certeza de que a avaliação final será tríplice: do modelo, dos gestores e do Governo. Secretário de Estado adjunto e da Saúde
Francis Ramos
JP 01.12.08

Prof. PKM, leia, por favor.

2:58 da tarde  
Blogger inimigo público said...

Ensaio sobre a Cegueira…

As crónicas de PKM constituem um poderoso tónico para todos os que acreditam nos fundamentos do Estado Social, do primado da justiça e da equidade sobre o utilitarismo económico cínico e oportunista. Estas crónicas merecem ser comentadas não tanto pela sua valia intrínseca (em boa verdade os textos de PKM tendem a ser sofríveis) mas porque estimulam o contraponto a tudo aquilo que ele protagoniza no âmbito de uma agenda oculta de interesses que se organizam em torno do SNS.
Neste seu último artigo PKM volta a dirigir baterias para os Hospitais, EPE. Perguntarão os mais atentos porquê? É-lhe conhecida alguma experiência profissional ou académica digna de registo na área hospitalar? Tem trabalho feito, escrito, comunicado ou publicado sobre a matéria? É evidente que não. Na sua deambulação opinativa conhecemos-lhe apenas o ponto de partida (Marketing) mas desconhecemos qual será o ponto de chegada. Trata-se, com efeito, de um colunista sem rumo definido que opina à deriva de impulsos de contornos mal definidos. Se assim não fosse não postularia com tanta leviandade quando diz:
…”As “falências” de hospitais EPE são inevitáveis”...
Relevando o facto de que para PKM, provavelmente, fará mais sentido que um Hospital vá a falência do que um Banco (BPN, BPP, etc) a resposta a esta aparente perplexidade é-nos dada por um post (autorizado) no DE, a propósito do seu artigo, por um tal AT. Curiosamente o mesmo que no SaúdeSA escreveu ao Xavier em nome de PKM (arriscamos a dizer que se trata de uma deriva pessoana)...
Nesse referido post do DE é referido: …
” Vamos esperar que Sócrates nos explique porque não acabou com todas os projectos de gestão privada uma vez que, como argumentou no inicio de 2007, "os hospitais EPE eram um grande sucesso" e já não eram precisas mais experiências de gestão privada por isso acabou com o Amadora-Sintra. Ora se afinal não é assim, já não percebemos nada. Menos ainda percebemos quando se pede para "estudar" as PPP numa comissão liderada pelos mesmos que fizeram o relatório da susatentabilidade. Ora nesse relatório já devia ter sido estudada a questão das PPP se fosse um relatório feito a sério... que país é este?”…
Atente-se nas coincidências: erros ortográficos, nostalgia do Amadora-Sintra, ataque à Comissão da Sustentabilidade…
Aqui está, finalmente, encontrada a explicação para o ataque sistemático aos HH’s EPE. É que PKM não está, minimamente, interessado em privatizar Bancos. Esses já estão privatizados desfrutando, neste preciso momento, da “grande farra” financeira que as suas “parcerias” com o Estado lhe está a propiciar. O que ele quer é ajudar a capturar os HH’s públicos para fazer proliferar Amadora-Sintras (onde os Acordos Modificativos não lhe suscitam nenhum comentário) e um imenso mar de PPP’s.
Tudo o resto (para além da manifesta desonestidade intelectual) resume-se a um imenso Ensaio sobre a Cegueira…

3:28 da tarde  
Blogger xavier said...

A brincar aos comentários com os leitores

Acabo de colocar na caixa de comentários do artigo de PKM, do DE, o seguinte comentário:
«Agradecia que nos informassem quais são os critérios que o DE utiliza na autorização e não autorização de comentários.»

Devidamente identificado com o nome próprio e mail da netcabo.

Concluída a colocação do comentário apareceu uma janela com a seguinte informação: «O seu comentário foi enviado correctamente.»

Enviado correctamente para a censura, digo eu.

Na próxima semana vou fazer uma reclamação junto da administração do jornal.

6:17 da tarde  

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