domingo, março 29

Genéricos, mercado selvagem


Vaz Carneiro, professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, mostra-se preocupado quando prescreve «uma determinada marca de genéricos, porque sei que o doente se dá bem com esse medicamento», e ela é substituída na farmácia. Tempo Medicina 30.03.09

Na realidade, a situação dos genéricos, desviou-se para outros alvos, muitos menos generosos e altruístas do que a sustentabilidade do SNS...

Por exemplo, quando, pela venda de 1 embalagem de um produto genérico, são "oferecidos" quatro à farmácia - alguns laboratórios estão a ser prejudicados e outros estão a ser beneficiados.

e-pá!

Etiquetas:

15 Comments:

Blogger e-pá! said...

Adenda:

"Por exemplo, quando, pela venda de 1 embalagem de um produto genérico, são "oferecidos" quatro à farmácia - alguns laboratórios estão a ser prejudicados e outros estão a ser beneficiados."

...alguns laboratórios estão a ser prejudicados (lei da concorrência) e... todos os doentes deixam de beneficiar de uma natural redução de custos (alguém paga os bónus...) e o Estado "esvaziado" do correpondente IVA (5 % no mínimo).

10:13 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Adenda 2:

A existência de 2, 3 ou 4 embalagens de bónus vai, também, dar origem a comparticipações do Estado sobre um medicamento com um custo facial de X euros que, na realidade, para a entidade vendedora entrou a custo zero.

Este "esquema" obriga à existência de uma contabilidade paralela ou, a outras engenharias contbilísticas, mas a médio termo, se não houver regulação e fiscalização sobre este novo mercado, originará lucros fabulosos às Farmácias.

Portanto, a firme defesa dos genéricos pelo Dr. João Cordeiro, não é ingénua, nem muito menos, filantrópica.

Para já não falarmos de eventuais (ou aparentemente ocultos) interesses indirectos da ANF na produção de genéricos.

O Dr. João Cordeiro, nesta situação, aponta o céu, mas quer que fiquemos a olhar para a ponta do seu dedo...

E ao apontar o céu, aparece à luz do dia como um grande defensor dos doentes e da sustentabilidade do SNS.
Correia de Campos e José Sócrates, em deevido tempo, embarcaram nesta rábula...

Os genéricos tem existência real em todo o Mundo, mas o controlo de qualidade e a regulação e fiscalização do mercado não são ubiquitárias.

E, finalmente, estão apurados - por auditorias independentes de todos os directamente interessados - os eventuais benefícios financeiros dos doentes portugueses, desde a introduçao dos genéricos?

Ou, tem sido necessária a intervenção sistemática do MS, no dito mercado.
Selvagem, estou de acordo...

12:17 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Vasco Maria sobre os genéricos
É «estúpido» gastar mais dinheiro
Não há razão, segundo o presidente do Infarmed, para não confiar nos medicamentos genéricos. Os processos de avaliação e de controlo são muito apertados, pelo que, assegurou Vasco Maria, durante um workshop dedicado a esta temática, no âmbito do 21.º Encontro Nacional de Clínica Geral, realizado em Vilamoura entre os dias 18 e 21 deste mês, em termos de eficácia, segurança e qualidade não há diferenças entre os medicamentos genéricos e os originadores.
Não desvalorizando o facto de a eficácia de um medicamento ser o principal critério para a decisão terapêutica, Vasco Maria é defensor de que, «superada essa questão, vale a pena olhar para os custos e perceber que talvez não estejamos a fazer as melhores escolhas».
Na perspectiva do presidente do Infarmed, os recursos que o SNS poupa com os medicamentos genéricos podem ser utilizados no aumento da acessibilidade a medicamentos inovadores, através da sua comparticipação. Neste contexto, afirmou que «sem necessidade de gastar mais dinheiro, é estúpido estar a gastá-lo».
Esta visão foi partilhada por António Vaz Carneiro que, com base em evidências científicas, assegurou que os medicamentos genéricos estão cada vez melhores e a tratar cada vez mais doentes. «Não pode ser posta em causa, de maneira leviana, a qualidade de um medicamento genérico cuja eficácia e segurança são controladas pelo Infarmed, antes da sua entrada no mercado», adiantou o presidente do Centro de Medicina Baseada na Evidência da Faculdade de Medicina de Lisboa.
O especialista esclareceu que existem provas científicas sólidas de que estes medicamentos funcionam e têm o mesmo grau de eficácia que os medicamentos de referência, pelo que «não há motivos para não os recomendar».

Substituição da prescrição

Todavia, e se, por um lado, não vale a pena discutir uma questão que «já devia estar ultrapassada», por outro, o especialista alertou para os novos problemas que se levantam. «Se eu prescrevo uma determinada marca de genéricos porque sei que o doente se dá bem com esse medicamento, não posso aceitar que o doente chegue à farmácia e lhe seja dado outro», declarou António Vaz Carneiro, revelando-se muito preocupado com a tomada de uma decisão clínica por parte de um farmacêutico.
Também para Vasco Maria esta situação merece um maior controlo, pois, apesar de «o doente acreditar que a troca lhe é conveniente — já que lhe sai mais barato — muitas das vezes não o é».
Na qualidade de presidente da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos (Apogen), Paulo Lilaia não deixou de comentar este tema. «A Apogen está totalmente de acordo com a legislação que defende que o médico é soberano na sua prescrição e que, apenas quando permitir, ela pode ser alterada», afirmou, reconhecendo que a simples troca das cores das embalagens é suficiente para gerar confusão e comprometer a toma da dosagem adequada da medicação.
Paulo Lilaia centrou a sua apresentação não em evidências clínicas, mas em evidências económicas e, na «defesa da sua dama», reforçou que, «desde o aparecimento dos genéricos houve uma maior acessibilidade por parte dos doentes aos medicamentos, pois podem, hoje, comprá-los por um terço do valor que eles custavam anteriormente».
No entanto, a constante descida dos preços dos medicamentos genéricos pode, na perspectiva do presidente da Apogen, forçar a saída de algumas empresas do mercado. Se tal acontecer, «esperamos que se mantenham as melhores, as mais credíveis e as que garantem um maior nível de qualidade» concluiu. Com esta afirmação ficou no ar uma dúvida que, se para António Vaz Carneiro e para Vasco Maria está «ultrapassada», para Paulo Lilaia parece que ainda não: afinal, os genéricos são todos iguais ou há mesmo uns mais credíveis e portanto com mais qualidade que outros?

TEMPO MEDICINA 30.03.09

Este Paulo Lilaia é um patusco.
A crise, a redução de preços farão encarregam-se de fazer a selecção dos melhores. A qualidade, o controlo de qualidade está, assim, dependente da selecção natural. Até lá vão continuar as práticas do costume, ou seja, o vale tudo.
A mim parece-se que ficarão no mercado os que fizerem maiores descontos de quanidades (oferta de mais embalagens). Em prejuízo dos doentes e do fisco como refere o e-pá!

12:27 da tarde  
Blogger Hospitaisepe said...

INCENTIVOS PARA OS MÉDICOS

Em termos gerais, os médicos são pouco incentivados a receitar
medicamentos genéricos. Desde 2002, os médicos devem prescrever medicamentos pela sua denominação comum internacional, para os quais existam equivalentes genéricos, embora tenham a liberdade de adicionar uma denominação comercial ou o nome de um titular da autorização de introdução no mercado. Os médicos podem consultar o “Guia dos Medicamentos Genéricos”, no site do INFARMED.
O INFARMED desenvolveu igualmente bases de dados que permitem aos médicos comparar preços dos medicamentos.

INCENTIVOS dos FARMACÊUTICOS

Desde 2002, é permitida aos farmacêuticos comunitários a substituição de medicamentos de marca por genéricos. Se o médico efectuar a prescrição pela denominação comum internacional, o farmacêutico deve dispensar o medicamento genérico mais barato disponível. Se o médico emitir uma prescrição pela denominação
comum internacional, seguida de uma denominação comercial, o farmacêutico pode substituir o medicamento por um genérico, caso o médico permita essa substituição. No entanto, a margem comercial da Farmácia é uma taxa única de 18,25%, desde Fevereiro de 2007. Isto significa que, em termos absolutos, os medicamentos mais dispendiosos libertam uma margem maior.

INCENTIVOS PARA OS UTENTES

O Governo levou a efeito nos média campanhas vocacionadas para os utentes, para além dos médicos e farmacêuticos, visando incentivar
o consumo de medicamentos genéricos. Estas campanhas parecem ter contribuído para aumentar a procura de genéricos.


Além destes incentivos há, como é evidente, o jogo por debaixo do pano. A prática dos laboratórios de medicamentos genéricos na promoção dos seus produtos: leve quatro e pague um. O grande incentivo dos farmacêuticos.

Aqui reside uma das maiores barreiras ao crescimento do mercado de medicamentos genéricos. As vantagens deste mercado a repartir em principio pelo triângulo Estado, doentes e comércio de retalho, concentra-se neste último. O que implica que os doentes comprem, muitas vezes, o genérico de preço mais alto.

6:58 da tarde  
Blogger saudepe said...

MAIORIA dos MÉDICOS PRESCREVEM CONTRA A LEI link

Um estudo desenvolvido pelo Infarmed "Monitorização da prescrição por DCI [Denominação Comum Internacional] e implementação da receita médica” baseado na análise de 120.448 receitas de 12 sub-regiões de Saúde entre Fevereiro e Julho de 2004, conclui que os médicos prescreveram por nome comercial cerca de 59 mil medicamentos (45,5 por cento dos casos em estudo) que possuem alternativa genérica e que, segundo o decreto-lei 271/2002, deveriam ter sido receitados pelo nome da substância activa do fármaco (DCI). Em apenas 0,4 por cento dos casos foi dispensado um genérico na farmácia, mesmo quando tal era autorizado pelo clínico.


Comprovado ficou que os médicos dos CSP estão-se nas tintas para a prescrição por DCI. Em clara violação da lei.
Que espécie de incentivos estarão em jogo?
Mais uma vez, são os doentes e o Estado que pagam a factura deste regabofe.

Porque será que o Infarmed deixou de fazer estudos de monitorização da prescrição médica?

7:16 da tarde  
Blogger Tavisto said...

As declarações sobre genéricos transcritas neste artigo do Tempo Medicina estão cheias de contradições. Por um lado assegura-se que é seguro prescrever estes fármacos porque são seguros estando sobre vigilância apertada do Infarmed, mais adiante afirma-se que afinal uns serão mais seguros do que outros, o que intuitivamente já desconfiávamos. Sendo assim, como é que o clínico, ou o farmacêutico, vão saber qual o genérico com qualidade acima de qualquer suspeita? Como é que vamos incutir confiança nos doentes quando nos questionam sobre a segurança destes fármacos?
O Professor A.Vaz Carneiro diz uma coisa que é de arrepiar numa personalidade da ciência especialista em medicina baseada na evidência «Se eu prescrevo uma determinada marca de genéricos porque sei que o doente se dá bem com esse medicamento, não posso aceitar que o doente chegue à farmácia e lhe seja dado outro». Que se argumente que não se aceita a troca porque se se prescreve fármacos de um determinado laboratório é porque este nos merece confiança, penso que é assim que nós clínicos nos orientamos na selva de genéricos instalada, entende-se; agora pretender aferir da qualidade de um fármaco por aquilo que o doente sente é, na maioria das situações, de todo impossível.
O argumento utilizado para contrair o direito á troca pelo farmacêutico parece-me pois falho de justificação. A única razão válida seria a de que a decisão do clínico é soberana e portanto só alterável com o seu consentimento. Mas será tal possível nas condições em que se permitiu que se instalasse o mercado de genéricos? Vamos obrigar as farmácias a terem em stock todas as marcas de genéricos autorizados? Impossível. E, há que reconhecê-lo, este argumento dos farmacêuticos para alterarem a prescrição faz todo o sentido, mesmo que sirva de capa a outros negócios.
Temos pois que a única preocupação dos decisores com a entrada dos genéricos no mercado do medicamento foi a de poupar dinheiro. A quem paga pouco interessa as negociatas de vão de escada que o farmacêutico possa fazer quando decide dar este em vez daquele fármaco, o que se quer é que a factura a pagar seja menor.
Perante as declarações aqui prestadas por responsáveis pelo sector farmacêutico continuamos pois a sentir uma certa incomodidade como prescritores e utilizadores de genéricos, particularmente quando é o próprio Paulo Lilaia a reconhecer que há laboratórios mais credíveis que outros.

7:22 da tarde  
Blogger ochoa said...

Que mixórdia!
Afinal, quem é que se aproveita?

«Portugal is the only country in the EU where the generic market by value represents a higher percentage than by volume in the pharmacy sector. High generic prices have limited generic market penetration as they are not competitive with original product prices.»

Pudera!
Não há-de Portugal ter os preços dos genéricos mais altos da UE?

7:24 da tarde  
Blogger JRSR said...

Falam aqui de bonificações na compra de medicamentos.....tentando destacar a falta de moral de quem a faz....mas meus caros...esquecem-se que em tudo que é vendável...existem bonificações. Não venham com tretas, porque o próprio arroz que compram todos os dias (p.ex.) é comprado pelas grandes superfícies com grandes bonificações! Esquecem-se que as farmácias são tambem um negócio....como também o são as consultas médicas....

E essa dos genéricos serem todos seguros, mas depois existem uns mais seguros que outros e que apenas os clinicos podem saber quais são, é a verdadeira treta! A nivel hospitalar a prescrição é realizada por DCI, salvo rarissimias excepções! Para além disso, a partir do momento que um genérico de uma dada substância activa é aprovado pelo Infarmed, a sua biodisponibilidade fica comprovada, cabendo à industria assegurar a manutenção da qualidade na sua produção...ou a arriscar-se a ver o seu nome publicado no site do infarmed por alterações nos seus lotes, aquando de recolhas do mercado pela autoridade do medicamento!

2:08 da manhã  
Blogger JRSR said...

"Este "esquema" obriga à existência de uma contabilidade paralela ou, a outras engenharias contbilísticas, mas a médio termo, se não houver regulação e fiscalização sobre este novo mercado, originará lucros fabulosos às Farmácias."

Meu caro, uma vez que o seu discurso apenas demonstra ignorância sobre o assunto, saiba que esses "esquemas" como apelida, encontram-se todos devidamente identificados nas facturas, de cujos os impostos são calculados! Não à nada de ilegal nisso, com a excepção dos bichinhos que deve ter na sua cabeça!

2:13 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro "farmacêutico comunitário":

O "NEGÓCIO" DA CHINA...

Uma factura que acompanha o fornecimento de 10 embalagense de um medicamento X, com IVA a 5%, quando ao ser aberta, "aparecem" miraculosamente 40 embalagens, como dá a entrada da mercadoria na existência da Farmácia?

Regista na existência do stock 10 ou 40 embalagens?

E o "preço unitário" é calculado pela "divisão" por 10 ou 40?

Como resolve esta discrepência de existência nas prateleiras e depois na caixa, sem recurso a contabilidades paralelas, é um assunto que deveria tentar explicar a uma fiscalização tributária e não entrar em divagações desenxabidas...

A comparação das Farmácias de Oficina com os mini-mercados (algumas serão supermercados...), onde se vende arroz está completamente em consonância com a fundamentação do célebre "Compromisso para a Saúde", onde se afirma que foi:
"...definido um conjunto de princípios destinados a melhorar o acesso dos cidadãos aos medicamentos e a preservar a qualidade das farmácias...".

Uma bonificação de 1 para 4, significa que o custo final do medicamento genérico, poderia (para sermos generosos) descer mais de 50%, não é?

Para já... tratou-se da "saúde financeira" das Farmácias sob o ilusório pretexto de proteger o bolso dos utentes.

Porque, na questão do medicamento, quem o dispensa sob retribuição monetária e como isso lucra (como é normal) não deverá ter qualquer qualquer papel no aconselhamento.

Aliás, seria interessante conhecer os quantitativos dos diferenciais de custos, ressarcidos ao Estado pelas Farmácias, decorrentes do artº. 21º. do citado "compromisso".

Caro "farmacêutico comunitário":
Ou reivindicamos ser um parceiro para a Saúde (o que estará correcto) ou, como uma mercearia (o que é lucrativo, mas pouco - ou nada - deontológico), somos um prestador de serviços no melhor estilo mercantilista.
Misturar estas funções é que NÃO!.
Dá azo às maiores promiscuidades...
sob o manto dos mais nobres propósitos...

Aliás, o "Compromisso para a Saúde" foi o grande negócio do Dr. João Cordeiro com este Governo.
Em contrapartida, foi o claudicar do PM José Sócrates, alcoolitado pelo Prof. Correia de Campos, na sensível política do medicamento.

Um "compromisso" de absurdas cedências, a revisitar na política de saúde do próximo Governo Constitucional se, a presente crise económica e social, introduzir alterações na concepção económica neoliberal que lhe esteve ( e permanece) subjacente.

Como dizia François La Rochefoucauld que, no séc. XVII, foi um cultor do género de máximas e epigramas:
..."Há negócios e doenças que os remédios azedam em determinada altura.
A grande habilidade consiste em saber quando é perigoso utilizá-los..."

12:26 da tarde  
Blogger JRSR said...

"Porque, na questão do medicamento, quem o dispensa sob retribuição monetária e como isso lucra (como é normal) não deverá ter qualquer qualquer papel no aconselhamento."

E quem o prescreve não o faz por dinheiro? Quem administra a medicação não o faz por dinheiro?...as clínicas privadas fazem-no por caridade? Os médicos que prescrevem fazem-no apenas porque gostam de ajudar os seus doentes? Ou se não vissem retribuidas as suas funções no final do mês, conseguiriam eles manter a sua actividade? Vai desculpar-me mas apresenta uma visão muito distorcida da realidade!

Quanto à entrada dos medicamentos com bonificação, as facturas discriminam o número de embalagens que entram com a bonificação, e a entrada no sistema procede-se tendo em conta isso mesmo, uma vez que o mesmo o regista dessa forma! Assim, se a farmácia adquire 5 embalagens + 2 de bonificação, a entrada no sistema é mesmo essa 5 + 2! A existÊncia final, como deve ter aprendido em matemática, é de 7 embalagens de medicamentos na nas existências, que veja só...não apareceram miraculosamente no stock! Nada de ilegal tributariamente, porque tudo está descriminado, e desafio as autoridades a rever as tributações das farmácias, por foirma a procurar aquilo que diz serem ilegalidades!! Aliás, se tivesse algum conhecimento de legislação, saberia que não existe qualquer obrigação de diluição de preços aquando da existência de bonificações. Da mesmo modo, nada obriga que um médico que realize uma consulta por 150€, resolva diluir o valor surreal de uma conversa de 5 minutos, em 50%. Esse sim, o verdadeiro negócio da China.

Fala das farmácias como se estas representassem o mal da sociedade moderna! Quem no seu perfeito juizo não aceitaria negociar com estas condições, em função das margens de lucro reduzidas actualmente! Qual é profissional de saúde que, vendo ser-lhe oferecida a possibilidade de ganhar mais em melhores condições, não o faz? Quer exemplos.....não faltam por ai.....basta tocar no assunto da sub-contratação de médicos tarefeiros para cobrir serviços de urgência, por valores perfeitamente "ilegais" nos tempos que correm! Mas não pense que os recrimino.
Mas se gosta tanto de atacar a actividade da farmácia, comparando-a a uma mercearia (aproveitando a anologia que fiz relativamente à compra de arroz), porque não faz o mesmo relativamente às clínicas privadas? Afinal, vendem um serviço, por sinal bem mais caro que a venda de medicamentos, por 5 a 10 minutos de conversa, por vezes nem tanto! E ja agora, gostaria de lhe perguntar qual a actividade privada na área da saúde (ou mesmo qualquer outra), que não exige a troca de um bem, ou serviço por dinheiro...uma vez que vem falar de código deontológico e da sua tão bem dita ética! Ou será que na sua visão não é possível conciliar a ética profissional e uma actividade remunerada? Se for assim, acredite que nasceu no tempo errado!

E ainda não me explicou porque é que nos hospitais, se possa prescrever por DCI, cabendo à farmácia realizar os contratos de fornecimento de medicamentos, sem qualquer problema de segurança, efectividade e qualidade para os doentes, ao passo que no privado, a prescrição por DCI torna-se de um momento para o outro tão perigosa para os doentes!

Hmm.....se calhar é porque existem outros interesses que de uma forma ou de outra....todos conhecemos quais são...mas que de forma incrivel....todos parecem não querer ver.....

2:46 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

"COMPROMISSO COM A SAÚDE - Princípios para a liberalização da propriedade de farmácia, melhoria da acessibilidade aos medicamentos e preservação da qualidade da assistência farmacêutica."

Concordo que começou aqui o desencaminho da governação da saúde que culminou com o despedimento do ministro da saúde, Correia de Campos e a nomeação da actual ministra, Ana Jorge.
No entanto, as negociações do Compromisso decorreram sem a participação de Correia de Campos, como repetidamente, João Cordeiro, tem feito questão em recordar.
A segunda lança em Africa da ANF, depois da memorável negociação do tempo do Costa Freire que permitiu à ANF adiantar o pagamento das dividas às farmácias associadas com retenção de uma modesta percentagem com que se tem vindo a encher de dinheiro.

2:47 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Farmácias repetem prejuízos

Pelo segundo ano consecutivo, a Associação Nacional das Farmácias (ANF) teve prejuízos. No relatório e contas de 2008, a que o Expresso teve acesso, estão inscritos resultados negativos de €1,88 milhões. A culpa é do “custo com o pagamento antecipado às farmácias, que criou um desequilíbrio na conta de exploração”, refere o documento.

A associação liderada por João Cordeiro, que venceu de novo esta semana as eleições, continua a pagar caro o facto de o Governo ter acabado, em finais de 2006, com o acordo que colocava a ANF como intermediária dos créditos devidos pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). À época, a ANF contornou a situação com a criação de uma sociedade financeira (a Finanfarma) à qual as farmácias passaram a recorrer. Em juros a Finanfarma pagou à banca €5,5 milhões no ano passado. Em 2007, o prejuízo da ANF somou €2,5 milhões e os encargos com juros pagos aos bancos foram de €4,4 milhões.
A ANF aglomera cerca de 2700 farmácias que lhe pagaram quotas de €19,4 milhões, mais 3% do que no exercício anterior. Grande parte deste valor resulta dos 1,5% cobrados a cada associado pelos valores facturados ao SNS. Em 2006 e 2007, as receitas da ANF foram afectadas pela diminuição da despesa do Estado em comparticipações, devido às reduções dos preços dos medicamentos. O mesmo não aconteceu em 2008, apesar da diminuição de 30% do preço dos genéricos, que entrou em vigor em Outubro do ano passado.
No relatório e contas é referido ainda que se têm agravado as dificuldades no tratamento das devoluções de receitas (que originam descontos nos pagamentos do Estado à Finanfarma) e na emissão de notas de crédito: “Algumas ARS (administrações regionais de saúde) têm estado a efectuar deduções que atingiram um valor aproximado de €3 milhões”. As divergências originaram a entrada de duas acções em tribunal movidas pela Finanfarma a contestar as subtracções efectuadas pela ARS de Lisboa e Vale do Tejo.
Entretanto, três associados da ANF avançaram com uma providência cautelar para impedir que as contas sejam hoje aprovadas pela Assembleia de Delegados, órgão que substituiu a Assembleia Geral nesta competência. O mentor da acção, João Ferro Baptista (opositor de Cordeiro nas duas últimas eleições), tem sido muito crítico em relação à alteração dos estatutos da ANF: “Foi retirado aos associados o direito de discutir as contas e isso vai contra a lei geral. Posso aceder aos números, mas não os posso contestar”.
Até ao fecho desta edição não foi possível conhecer o resultado da providência cautelar
semanário expresso 28.03.09

Os associados da ANF andam a trabalhar para suportar as aventuras empresariais do senhor João Cordeiro que acaba de ganhar mais um mandato. A coisa está tão complicada que ninguém é capaz de lhe pegar.
A verdadeira situação da ANF só vai ser conhecida depois de João Cordeiro sair. É o Greenspan lá do sítio.

8:37 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Caro farmacêutico comunitário:

Parece que não nos entendemos....

O que é evidente e deontológico é o médico prescritor não poder ter interesses na venda dos medicamentos. (Até está estampado no "Compromisso para a Saúde").

Tão simples como isso!

Mas não devem ser só os médicos a terem restrições...

Quem faz "aconselhamento terapêutico", prática generalizada nas farmácias (até poderá haver protocolos terapêuticos (?) - vide "Compromisso para a Saúde") também não devia vender, ou prescindir do aconselhamento!
Das duas hipóteses, tem de escolher uma!
Porquê?
Porque passa a tem interesses directos nas margens de comercialização (ou nas bonificações) nos produtos que vende.
É uma questão ética, nada tem a ver com a liberdade de comércio.
O utente, tem legitimidade para interrogar-se se o aconselhamento foi o tecnicamente mais correcto ou, em contrapartida, o mais lucrativo para o vendedor.
É que õs ptotagonistas destes assuntos são humanos. Não são anjos. E as tentações são muitas...
Esta promiscuidade só sucede nos salões de estética...(não com medicamentos - com cosméticos)

"E ainda não me explicou porque é que nos hospitais, se possa prescrever por DCI, cabendo à farmácia realizar os contratos de fornecimento de medicamentos, sem qualquer problema de segurança, efectividade e qualidade para os doentes, ao passo que no privado, a prescrição por DCI torna-se de um momento para o outro tão perigosa para os doentes!".

Porque nos Hospitais para além da prescrição por DCI, existe:
- a comissão de Farmácia e Terapêutica que integra farmacêuticos e médicos hospitalares;
- concursos públicos para aquisição dos fármacos, onde se avaliam (ou deviam avaliar) preços e qualidade, se quiser, custo/benefício;
- a comissão de farmacovigilância que também integra farmacêuticos e médicos hospitalares;

Finalmente, quer médicos, quer farmacêuticos não auferem quaisquer benesses financeiras sobre os medicamentos utilizado em determinadas situações clínicas (têm um magro vencimento mensal).

Chega?

PS - Gostaria de acreditar que o "circuito de bonificação" é, exactamente, o que tentou explicitar. Tudo limpo, sem nada debaixo da mesa!

8:48 da tarde  
Blogger Pela livre abertura de farmácias said...

As farmácias portuguesass nunca ganharam tanto dinheiro como agora. Não abriu nem uma única nova farmácia. É o monopólio mais bem protegido de Portugal. Proporcionalmente uma farmácia vale mais que a CocaCola ou a Microsoft, valem já o triplo da facturação.

2:17 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home