Prescrição de genéricos
As declarações sobre genéricos transcritas neste artigo do Tempo Medicina estão cheias de contradições. link Por um lado assegura-se que é seguro prescrever estes fármacos porque são seguros estando sobre vigilância apertada do Infarmed, mais adiante afirma-se que afinal uns serão mais seguros do que outros, o que intuitivamente já desconfiávamos. Sendo assim, como é que o clínico, ou o farmacêutico, vão saber qual o genérico com qualidade acima de qualquer suspeita? Como é que vamos incutir confiança nos doentes quando nos questionam sobre a segurança destes fármacos?
O Professor A.Vaz Carneiro diz uma coisa que é de arrepiar numa personalidade da ciência especialista em medicina baseada na evidência «Se eu prescrevo uma determinada marca de genéricos porque sei que o doente se dá bem com esse medicamento, não posso aceitar que o doente chegue à farmácia e lhe seja dado outro». Que se argumente que não se aceita a troca porque se se prescreve fármacos de um determinado laboratório é porque este nos merece confiança, penso que é assim que nós clínicos nos orientamos na selva de genéricos instalada, entende-se; agora pretender aferir da qualidade de um fármaco por aquilo que o doente sente é, na maioria das situações, de todo impossível.
O argumento utilizado para contrair o direito á troca pelo farmacêutico parece-me pois falho de justificação. A única razão válida seria a de que a decisão do clínico é soberana e portanto só alterável com o seu consentimento. Mas será tal possível nas condições em que se permitiu que se instalasse o mercado de genéricos? Vamos obrigar as farmácias a terem em stock todas as marcas de genéricos autorizados? Impossível. E, há que reconhecê-lo, este argumento dos farmacêuticos para alterarem a prescrição faz todo o sentido, mesmo que sirva de capa a outros negócios.
Temos pois que a única preocupação dos decisores com a entrada dos genéricos no mercado do medicamento foi a de poupar dinheiro. A quem paga pouco interessa as negociatas de vão de escada que o farmacêutico possa fazer quando decide dar este em vez daquele fármaco, o que se quer é que a factura a pagar seja menor.
Perante as declarações aqui prestadas por responsáveis pelo sector farmacêutico continuamos pois a sentir uma certa incomodidade como prescritores e utilizadores de genéricos, particularmente quando é o próprio Paulo Lilaia a reconhecer que há laboratórios mais credíveis que outros.
O Professor A.Vaz Carneiro diz uma coisa que é de arrepiar numa personalidade da ciência especialista em medicina baseada na evidência «Se eu prescrevo uma determinada marca de genéricos porque sei que o doente se dá bem com esse medicamento, não posso aceitar que o doente chegue à farmácia e lhe seja dado outro». Que se argumente que não se aceita a troca porque se se prescreve fármacos de um determinado laboratório é porque este nos merece confiança, penso que é assim que nós clínicos nos orientamos na selva de genéricos instalada, entende-se; agora pretender aferir da qualidade de um fármaco por aquilo que o doente sente é, na maioria das situações, de todo impossível.
O argumento utilizado para contrair o direito á troca pelo farmacêutico parece-me pois falho de justificação. A única razão válida seria a de que a decisão do clínico é soberana e portanto só alterável com o seu consentimento. Mas será tal possível nas condições em que se permitiu que se instalasse o mercado de genéricos? Vamos obrigar as farmácias a terem em stock todas as marcas de genéricos autorizados? Impossível. E, há que reconhecê-lo, este argumento dos farmacêuticos para alterarem a prescrição faz todo o sentido, mesmo que sirva de capa a outros negócios.
Temos pois que a única preocupação dos decisores com a entrada dos genéricos no mercado do medicamento foi a de poupar dinheiro. A quem paga pouco interessa as negociatas de vão de escada que o farmacêutico possa fazer quando decide dar este em vez daquele fármaco, o que se quer é que a factura a pagar seja menor.
Perante as declarações aqui prestadas por responsáveis pelo sector farmacêutico continuamos pois a sentir uma certa incomodidade como prescritores e utilizadores de genéricos, particularmente quando é o próprio Paulo Lilaia a reconhecer que há laboratórios mais credíveis que outros.
tá visto
Etiquetas: Tá visto
3 Comments:
A Associação Nacional de Farmácias abriu uma guerra com a Ordem dos Médicos, ao anunciar que, a partir de hoje, os doentes vão poder optar entre medicamentos de marca ou genéricos nas farmácias. Esta prática viola as regras - os médicos têm a possibilidade de colocar uma cruz nas receitas para proibirem a substituição dos medicamentos prescritos por genéricos nas farmácias.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, já reagiu, defendendo que os utentes correm sérios riscos se alinharem nesta campanha. "É um crime contra a saúde pública o que está a ser imaginado", disse, em declarações à Rádio Renascença. Hoje, o presidente da ANF vai explicar em detalhe o que anuncia como "um programa de dispensa de medicamentos pela Denominação Comum Internacional (DCI), com informação aos clientes sobre as diferenças de preço entre os medicamentos de marca e os medicamentos genéricos".
JP 01.04.09
Hoje é 1.º de Abril...
A ser verdade..., como irão os médicos sair-se deste conflito?
O Governo também estás em apuros.
Querem melhor prova de qual tem sido o seu verdadeiro interesse relativamente a esta matéria?
A Ordem dos Médicos considera um "crime" a medida promovida pela ANF e promete denunciá-la ao Ministério Público (MP).../
A serenidade e acerto habituais do senhor bastonário.
E o primeiro ministro, José Sócrates vai bater a bola baixinho.
João Cordeiro sabe quando pode atacar.
.../ Se a ANF está tão preocupada com a crise, por que não diminui a margem de comercialização dos medicamentos?, riposta o bastonário da OM, Pedro Nunes. "Sob a capa da defesa dos interesses dos doentes", a ANF procura "capturar o interesse público e reforçar a sua posição monopolista", defende a OM, em comunicado, lembrando que a associação se prepara para ter uma marca própria de genéricos. A ANF tem 49 por cento de participação numa empresa que em breve vai começar a produzir genéricos, admite Cordeiro.
Também a Associação de Farmácias de Portugal (que representa 108 estabelecimentos num universo de quase três mil) anunciou a sua oposição a esta medida. "Isto não passa de uma polémica entre a ANF e o Estado", acentuou a vice-presidente, Aline Aguiar. Apesar de poder iniciar-se aqui uma batalha jurídica prolongada, hoje já existe uma forma de punir indirectamente as farmácias que substituam medicamentos sem autorização: como as administrações de saúde conferem as receitas antes de pagarem as comparticipações, os donos das farmácias arriscam-se a ficar temporariamente sem o dinheiro.
JP 02.04.09
Isto promete...
Tem todos os ingredientes da peixarada nacional, com tiros certeiros a descobrir as carecas dos protagonistas da contenda.
Enviar um comentário
<< Home