Lista de Espera Oncológica
Por que será que a redução da lista de espera em cirurgia oncológica link link não acompanha os avanços positivos da lista de espera cirúrgica em geral?
Não terá a ver com uma política de incentivos errada centrada essencialmente em programas de recuperação que privilegiam as pequenas e médias cirurgias?
Necessárias naturalmente, mas que podem ter efeitos perversos ao fazer concentrar recursos humanos em intervenções de execução rápida, por isso mais lucrativas, mas de menor interesse em termos de saúde pública?
Torna-se cada vez mais evidente que programas como o PECLEC/SIGIC/PIO estão para o SNS como o doping para o desporto, permitem obter bons resultados mas à custa de um excessivo desgaste orgânico podendo mesmo por em risco a sobrevivência do sistema. Ou seja, obtêm-se boas marcas mas estas são artificiais e como tal enganadoras podendo mesmo ter efeitos deletérios.
Torna-se cada vez mais evidente que programas como o PECLEC/SIGIC/PIO estão para o SNS como o doping para o desporto, permitem obter bons resultados mas à custa de um excessivo desgaste orgânico podendo mesmo por em risco a sobrevivência do sistema. Ou seja, obtêm-se boas marcas mas estas são artificiais e como tal enganadoras podendo mesmo ter efeitos deletérios.
A propósito da empresarialização dos hospitais pode ler-se no relatório que:
“Em 2006, já com um ano de estatuto EPE, o OPSS volta a assinalar que, ainda assim, a mudança de estatuto poderia ter privilegiado questões relacionadas com o redesenho do modelo organizativo dos hospitais, nomeadamente, a descentralização da tomada de decisões para níveis intermédios, o desenvolvimento da contratualização interna, a implementação da gestão por objectivos e a aposta nos sistemas de informação. De facto, a tónica da alteração de SA para EPE foi posta, sobretudo, ao nível do estatuto jurídico, mas pouco mais trouxe de mudança interna tendo sido, de certa forma, uma oportunidade perdida”.
Este parágrafo contém as soluções para que o SNS possa responder de forma adequada às necessidades em cuidados de saúde hospitalares dos portugueses. Porém, de 2006 para cá pouco se avançou em termos de mudanças internas no sistema organizativo dos hospitais. Descentralizou-se alguma coisa nos Centrais com a criação das unidades de gestão intermédia, no entanto, não se tendo avançado na reestruturação dos serviços numa filosofia de centros de responsabilidade e custos (CRI) e numa política de remuneração dos recursos humanos ligada à produtividade com exclusividade de funções, a reforma ficou coxa (e assim ameaça continuar).
Será pela exiguidade de resultados dos hospitais EPE que a comissão nem os cita na síntese deste capítulo encerrando com a lacónica sentença:
O processo de empresarialização dos hospitais, como qualquer processo de mudança não foi isento de sobressaltos e de contestação, no entanto, independentemente das escolhas políticas relativamente às modalidades adoptadas, nomeadamente no que se refere em concreto à opção SA, foi um passo determinante para a flexibilização gestionária, com tudo quanto isso acarretou de meritório.
Para já o que fica de meritório é tão só a flexibilização gestionária, externa diga-se, o que convenhamos é muito pouco para uma reforma politicamente tão desgastante.
“Em 2006, já com um ano de estatuto EPE, o OPSS volta a assinalar que, ainda assim, a mudança de estatuto poderia ter privilegiado questões relacionadas com o redesenho do modelo organizativo dos hospitais, nomeadamente, a descentralização da tomada de decisões para níveis intermédios, o desenvolvimento da contratualização interna, a implementação da gestão por objectivos e a aposta nos sistemas de informação. De facto, a tónica da alteração de SA para EPE foi posta, sobretudo, ao nível do estatuto jurídico, mas pouco mais trouxe de mudança interna tendo sido, de certa forma, uma oportunidade perdida”.
Este parágrafo contém as soluções para que o SNS possa responder de forma adequada às necessidades em cuidados de saúde hospitalares dos portugueses. Porém, de 2006 para cá pouco se avançou em termos de mudanças internas no sistema organizativo dos hospitais. Descentralizou-se alguma coisa nos Centrais com a criação das unidades de gestão intermédia, no entanto, não se tendo avançado na reestruturação dos serviços numa filosofia de centros de responsabilidade e custos (CRI) e numa política de remuneração dos recursos humanos ligada à produtividade com exclusividade de funções, a reforma ficou coxa (e assim ameaça continuar).
Será pela exiguidade de resultados dos hospitais EPE que a comissão nem os cita na síntese deste capítulo encerrando com a lacónica sentença:
O processo de empresarialização dos hospitais, como qualquer processo de mudança não foi isento de sobressaltos e de contestação, no entanto, independentemente das escolhas políticas relativamente às modalidades adoptadas, nomeadamente no que se refere em concreto à opção SA, foi um passo determinante para a flexibilização gestionária, com tudo quanto isso acarretou de meritório.
Para já o que fica de meritório é tão só a flexibilização gestionária, externa diga-se, o que convenhamos é muito pouco para uma reforma politicamente tão desgastante.
Távisto
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5 Comments:
Administração de Saúde do Norte melhorará salários a médicos que mudem para o interior
Objectivo é que os hospitais da Área Metropolitana do Porto deixem de concentrar 76 por cento das consultas externas da Região Norte
A Melhores salários, outras condições de trabalho e a oportunidade de chefiar e liderar um projecto próprio serão algumas das possíveis armas de sedução que a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte admite usar para convencer os médicos da Área Metropolitana do Porto (AMP) a mudar para o interior.
A estratégia anunciada pretende mudar o actual cenário da assistência médica regional, onde 76 por cento das consultas externas e de casos de atendimento nos hospitais de dia estão concentrados na AMP. Mas há mais pontos críticos no retrato que quer sustentar as futuras decisões da ARS na reorganização da rede hospitalar.
"Não se trata só de fechar ou abrir hospitais, fechar ou abrir camas. Estamos a preparar uma macro e uma micro-reorganização que vai passar muito por mudança internas", anuncia Fernando Araújo, vice-presidente do conselho de administração da ARS do Norte, explicando os dados obtidos com o segundo e terceiro estudos realizados no âmbito da prevista remodelação.
Convite à mobilidade
Admitindo que os 63% dos episódios de internamento e das urgências concentrados na AMP não são preocupantes, tendo em conta que estas vertentes da assistência médica requerem grande experiência e diferenciação para melhores resultados, o responsável da ARS Norte não vê nenhuma razão para manter 76% das consultas externas na AMP. Para abrir estas portas e fazer esta mudança é preciso convencer os médicos a instalar-se no interior.
O estudo da ARS Norte Oferta Hospitalar Actual e Futura concluiu que, "no que diz respeito à capacidade instalada da Área Metropolitana do Porto, é no Grande Porto que existe a maior concentração de recursos". Ainda assim, segundo o documento, há ajustes a fazer. Apesar das assimetrias e do convite à mobilidade, o documento apresentado pela ARS sublinha que "o actual número de médicos na AMP é comparativamente inferior à Região Sul e Vale do Tejo e ao verificado em Espanha para um conjunto relevante de especialidades, e que não se tem mostrado suficiente para responder à procura actual".
Analisando as informações recolhidas neste estudo, Fernando Araújo conclui: "Os dados mostram que estamos no caminho certo no que se refere ao crescimento de recursos físicos." Entende que vale a pena manter a estratégia de concentração de urgências nos próximos anos.
JP 21.06.09
Aqui está uma boa iniciativa.
Temos de fazer um esforço para descentralizar (desconscentrar) a Saúde.
OS CRI's ANATEMIZADOS...
A solução CRI's nos HH´s é - por mais voltas que demos - não um sistema de gestão intermédia, mas um ataque ao "cuore" da centralidade e autoridade gestionária.
Os CA's não precisam de pontes de comunicação com os serviços intermédios, i. e., os que acolhem a toda a hora os doentes.
Caso acreditassem na comunicação tinham desenvolvido, com outro cuidado, os sistemas informáticos da Sáude.
Pensam que uma "governação" central, distante, ausente e, por isso mesmo, incompetente, chega. Além disso, como "mora" longe é, praticamente, invisível (excepto para os lisboetas).
A concepção dos CA's "governarem" por ordens de serviço, por e-mails urgentes e de decisões não dialogadas ou deficientemente debatidas, tem vindo a matar a coesão, a eficiência e a qualidade da prestação de serviços nos Hospitais.
A abertura das CA's às estruturas hospitalares - nomeadamente às gestões intermédias - só flexibilizaria a gestão se a competência e a capacidade de liderança fossem valorizados como critérios de um bom exercício: médico, de enfermagem, de gestão, administrativo...
O sentido da corrente é o inverso!
Os CA's são correias de transmissão de instruções recebidas dos orgãos centrais de governo: Ministro, SE's Saude, Direcções-Gerais, Altas Autoridades, ARS's...
A qualquer nível desta trama político-burocrática existem todo o tipo de pressões de natureza partidária - nomeadamente sobre gestão de recursos humanos - completamente estanhas - quando não aberrantes - à vida hospitalar.
Os problemas hospitalares concretos, funcionais, raramente conseguem "atravessar o Rubicão" e chegar à qualquer andar da João Crisóstomo.
As decisões que chegam de Lisboa - directamente ou via ARS's - são indiscutíveis e, como não podia deixar de ser, irrevogáveis.
A descentralização das áreas de decisão são, para o aparelho de Estado, o mesmo que os anátemas, para os credos religiosos...
Em relação à lista oncológica é necessário analisar a espera por hospital, grupo de serviços, número de episódios e percentagem de episódios prioritários em LIC.
Conclui-se facilmente haver grandes e graves assimetrias, determinadas pelo desfasamento existente entre procura e a disponibilidade de recursos.
Os programas de recuperação servem de incentivos para o aumento de actividade dos serviços públicos, onde continua a haver remuneração salarial .
Este sistema premeia, como é evidente, quem tem um pé fora e um pé dentro.
Quer se queira quer não, os programas de recuperação de listas de espera em cirurgia trouxeram para o meio hospitalar uma nova cultura remuneratória, a do pagamento por acto médico. Se tal pode ter a virtude de fazer associar a remuneração à produtividade, tem como principais aspectos negativos o excessivo custo decorrente deste tipo de pagamento, estimular uma produção cirúrgica baseada em intervenções menos complexas e mesmo o “overtreatment”.
Em boa verdade um cirurgião pode ser hoje melhor remunerado num dia de trabalho em produção adicional, para o qual são seleccionadas habitualmente as cirurgias mais simples, que num mês de salário em produção normal. O que, convenhamos, constitui uma autêntica aberração só podendo significar que algo de muito grave se passa ao nível da gestão de recursos humanos e de política de incentivos. É pois urgente encontrar-se um sistema remuneratório mais justo, que pondere melhor as duas componentes (produção normal/produção adicional), sob pena das distorções no tratamento das diferentes patologias continuar a agravar-se e do aumento da despesa não se traduzir em proporcionais ganhos em saúde
A Ministra da Saúde, Ana Jorge, vai estar presente amanhã no Seminário «Medicina e Farmácia no Tempo das Invasões Francesas», a decorrer na Lourinhã. link
Aqui está uma forma engraçada de ocupar o tempo até às próximas eleições.
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