segunda-feira, junho 22

Tudo, malta porreira...


1.º Em 2008, o prejuízo dos 37 hospitais EPE atingiu os 192,7 milhões de euros. Um aumento de 35,6% face ao ano anterior.
Segundo Francisco Ramos, conforme referiu na altura, estes números são «normais», uma vez que os hospitais «precisam de tempo» até obterem resultados económicos positivos.

2.º- Três meses depois: O resultado operacional e o resultado líquido registaram quedas de 20,4% e 45,4%, respectivamente, com a subida dos custos não compensada pelos proveitos. link

3.º - Solução: Face ao agravamento da situação (e às peixeiradas do CEO do HFF), Francisco Ramos apressou-se a reforçar o fundo destinado ao pagamento das dívidas dos hospitais, com mais 100 milhões de euros.
link
E a lançar um suave aviso à navegação, que nos faz acreditar, que o tempo dos gestores com maus resultados está a esgotar-se: «Se os hospitais não conseguirem racionalizar os seus gastos, então, será preciso uma intervenção na gestão.»

4.º - Última questão: Senhor sub-secretário de Estado da Saúde, que é feito da avaliação dos Conselhos de Administração dos hospitais? Porque razão não saiu da gaveta ?

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4 Comments:

Blogger Joaopedro said...

«... será preciso uma intervenção na gestão.»
Só agora? Só então?

Os hospitais já tiveram mais que tempo para mostrarem o que valem.
Quanto à avaliação das administrações dos hospitais... Quando saírem do Governo no final deste ano, vão deixar as gavetas cheias. De estudos.

8:32 da manhã  
Blogger Farto Fartinho said...

Porque será que o Relatório de Primavera 2009 do OPSS nem sequer fala na avaliação dos Conselhos de Administração?

Para que foi criada a Comissão de Avaliação dos Conselhos de Administração (CACA)?

Porque é que o relatório final desta CACA não é público?

Que razões ditaram o seu congelamento quando se suponha que o modelo apresentado seria já utilizado em 2009?

11:23 da manhã  
Blogger Tavisto said...

Começo este comentário por declarar que não sou gestor, não fiz qualquer formação nesta área nem tenho qualquer responsabilidade em lugares administração. O meu “métier” é clínico o que não me impede de ser um observador atento e ter opinião própria sobre a matéria.
Face ao actual modelo económico-financeiro hospitalar nada me surpreende que os custos continuem sem controlo. Pelo que se vê, a mudança de estatuto jurídico dos hospitais do SNS para o modelo SA e posteriormente EPE, não se traduziu na melhoria económica esperada continuando a verificar-se uma subida da despesa não correspondida por maiores proveitos. Estes dados mostram que os hospitais continuam a não conseguir racionalizar gastos e a tutela não encontra outro remédio que não seja o de injectar dinheiro no sistema, perpetuando-se um ciclo vicioso que ameaça exaurir recursos públicos pondo em causa o próprio modelo da Saúde, em particular a sua universalidade.
Parece evidente que a avaliação dos Conselhos de Administração dos hospitais é uma medida premente, mas quanto a mim insuficiente. O problema principal não parece residir em técnicas de gestão mas sim na governação clínica das diversas unidades que compõe os hospitais, em particular dos serviços de acção médica. Não se sabendo muito bem quanto custa cada acto médico prestado nem havendo correspondência entre produção e financiamento, torna-se impossível uma gestão racional e responsabilizadora.
A verdade é que o modelo organizativo e de financiamento dos hospitais se encontra há muito esgotado e que as consequências dessa desorganização se vão tornando mais evidentes à medida que os custos de procedimentos cada vez mais caros vão exigindo maior esforço financeiro ao País. Foi este reconhecimento que levou a que a ministra Maria de Belém tivesse avançado com a constituição dos CRI à semelhança do que Leonor Beleza tinha feito anteriormente com a criação dos centros de responsabilidade e custos. Porém a reforma ficou na gaveta, Porquê? As razões serão muitas mas de todo injustificáveis tendo em conta os resultados positivos que se conhecem do que penso ser o único CRI a funcionar no País, o Serviço de Cirurgia Torácica dos HUC.
Porém, mesmo face à evidência, a tutela não implementa este tipo organizativo hospitalar, os directores de serviço não se entusiasmam e as administrações não o reclamam. Continuamos pois a bater na face mais visível do poder hospitalar que são os Conselhos de Administração sendo o próprio secretário de estado a desferir a ameaça «Se os hospitais não conseguirem racionalizar os seus gastos, então, será preciso uma intervenção na gestão», esquecendo-se de que para controlar o polvo não basta segurar-lhe a cabeça havendo a ter em conta os tentáculos.

12:34 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Uma boa foto para o album de familia da política de meias tintas.

4:25 da tarde  

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