domingo, agosto 16

Comportamentos sociais responsáveis

foto semanário expresso
No dia 10.08.09, a ministra da saúde, Ana Jorge, numa das suas habituais intervenções na TV sobre a gripe A, criticou os "comportamentos anti-sociais” dos cidadãos. link

O semanário expresso desta semana identifica quem são os protagonistas dos referidos comportamentos, crimes públicos, segundo a PGR, que tanto abalaram a senhora ministra.
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A mãe de uma das crianças contagiadas do jardim-de-infância do Centro Paroquial de Estombar que já estava a tomar Tamiflu e um homem que recusou colocar a máscara no Centro de Saúde de Portimão.

Enquanto isto, sobre os Centros de atendimento da "Gripe A" da região do Algarve, a reportagem da agência Lusa, diz haver "dúvidas e desrespeito por normas de funcionamento do serviço de atendimento de Loulé".
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Sobre este caso, pouco mais merece ser dito. A senhora ministra, certamente, sabe como dificil é apelar aos comportamentos sociais responsáveis quando a organização dos serviços que tutela é fraca. A não ser que alguém a ande a enganar.
joão pedro

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6 Comments:

Blogger tambemquero said...

Nas últimas 24 horas, o país registou 149 novos casos de infecção. As idades dos doentes variam entre os 10 meses e os 71 anos. Predomina a faixa etária dos 21 aos 30 anos.

Até agora, já foram confirmados 1210 casos de infecção por H1N1 no país.

12:10 da tarde  
Blogger Clara said...

A ministra da Saúde já foi justamente elogiada neste espaço pela disponibilidade, competência e serenidade com que foi comunicado o evoluir da Gripe A em Portugal. Está na hora de se perguntar se a divulgação diária de casos e a sua constante exposição nos órgãos de comunicação social são gestos úteis para os cidadãos ou se, pelo contrário, servem para alimentar a irracionalidade e a histeria. Uma coisa é encarar um fenómeno novo e prestar todas as informações que ajudem as pessoas a encarar com serenidade as perturbações quotidianas que se avizinham; outra bastante diferente é insistir diariamente na actualização de uma contabilidade que, até ao momento, se repete como um ritual sem ter nada de novo - toda a gente pôde saber no devido tempo que o número de infecções iria acelerar-se com o passar dos meses e que irá culminar no Inverno com uma situação epidémica.
Do que por agora se pode suspeitar é que Ana Jorge e os altos responsáveis do ministério não conseguem deixar de alimentar o monstro que eles próprios criaram. Depois de habituaram os órgãos de comunicação social e os cidadãos a informações diárias, seria obviamente difícil suspendê-las no exacto momento em que o número de novos casos ultrapassa a centena. Os custos desta cedência, porém, são evidentes. Se nos primeiros dias do exercício a contabilização de casos não retratava um cenário preocupante, até porque em causa estavam infecções contraídas no estrangeiro, na última semana a situação alterou-se radicalmente. No dia 7 tínhamos chegado aos 500 novos casos e é muito provável que no espaço de uma semana de ultrapassem os mil. E o que inicialmente representava uma obrigação de transparência indispensável para que os cidadãos aprendessem a lidar com o fenómeno e a cumprir regras básicas de contenção, corre o risco de contribuir para a criação de um clima de medo que só complica a situação.

Não é preciso reler A Peste, de Albert Camus, para nos recordarmos como as epidemias criam um clima de irracionalidade que mobiliza os piores instintos das pessoas. A ministra já deu exemplo de um caso desses na semana passada e é muito natural que muitos outros aconteçam quando não houver 150, mas cinco mil infecções diárias. O teste que todos teremos de passar nos próximos meses vai servir para avaliarmos os nossos índices de civismo e de respeito mútuo, que a crise e dez anos de fracasso colectivo estão, naturalmente, a pôr em causa. E também a nossa capacidade de separar os perigos reais da Gripe A dos medos imaginários que o uso de expressões como "infecção", "contágio" ou "epidemia" suscitam.
Ninguém espere que uma mãe com um filho num infantário onde há crianças infectadas aja como se nada se passasse. Mas entre a preocupação e o pânico há uma enorme fronteira que só a informação fiável e a confiança em quem presta essa informação podem manter em níveis sensatos. Para que esse objectivo se cumpra, o Ministério da Saúde tem de afinar a sua estratégia de comunicação, os jornais e as televisões têm de informar sem ceder à histeria ou ao pânico que episodicamente hão-de acontecer e os cidadãos têm de perceber (e a maioria já percebeu) que a Gripe A não é a gripe espanhola e muito menos nenhuma das pestes medievais (como a peste bubónica) que augura um cataclismo social. Todos teremos de saber e de repetir (como o PÚBLICO fez na sua edição de sexta-feira) que no ano passado houve 700 mil portugueses infectados com a gripe sazonal e que a doença provocou a morte de 1900 pessoas, sem que essa ocorrência natural da vida nos tenha alterado o dia-a-dia. Todos teremos também de olhar para o que se passa em países onde a epidemia está perto do seu auge, como no Reino Unido ou em Espanha, e tentar manter a calma que as pessoas exibem todos os dias. Se deixarmos alastrar os comportamentos histéricos ou atitudes criminosas como a que Ana Jorge denunciou, estaremos a dificultar a superação do problema e a dar de nós um deplorável retrato enquanto comunidade.

Manuel Carvalho, JP 16.08.09

12:45 da tarde  
Blogger joana said...

Os políticas fazem cada vez pior o seu trabalho.
Pensam que tudo se resolve com o encharcar de informação dos meios de comunicação sobre as suas preocupações.
Correm o risco de o pipeline de informação que pretender passar entupir e o Zé povinho saturado deixar de lhes dar ouvidos.

Estes rankings diários de casos confirmados de gripe A são desnecessários dada a velocidade de propagação do virus, sendo apenas explicáveis pela mente perversa dos nossos responsáveis da saúde.

2:06 da tarde  
Blogger e-pá! said...

A aventura e a trajectória da Gripe A (H1N1) conduz-nos à recordação do livro de Bjorn Lomborg "COOL IT" e às diferentes abordagens sobre o aquecimento do planeta...

Num "Mundo Globalizado" é necessário manter abertas todas as pontes que conduzam a um diálogo sensato.
Não é isso que verificamos neste domínio.

Cada vez mais, somos menos sensibilizados por situações situações endémicas como o HIV/SIDA, malária, má nutrição, saneamento e disponibilidade aquífera potável, etc., que perduram há dezenas de anos, p. exº., em África.
Enfim, num Mundo conturbado pela intervenção humana, pouco regulada ou, mesmo, não regulada, a agenda é ditada por um conjunto de factores que nos escapam.

A gripe aviária (H1N5) causou, em 10 anos, cerca de 250 mortes e ocupou, durante largo tempo, as parangonas dos media.
A gripe A segue o mesmo trilho...

Entretanto, calcula-se que, em toda a Europa, morram cerca de 200.000 pessoas devido a insolações o que alimenta o medo do aquecimento global.
Por outro lado ocultamos cerca de 1.500.000 europeus que sucubem por excesso de frio.

O facto de nos afundarmos - ao nível de preocupações - na pandemia A e esquecermos o mundo real que nos rodeia mostra um terrível colapso da nossa sanidade discriminativa.
Na realidade, perdemos a noção de proporcionalidade.

E, infelizmente, estas circunstâncias conduzem, irremediavelmente, a todo o tipo de irresponsabilidades...sociais, técnicas, orçamentais e comportamentais!

Será isso?

4:25 da tarde  
Blogger Antunes said...

Querem melhor exemplo de alarmismo fomentado pelos órgãos de comunicação ?

Traça-se como “pior dos piores” cenários o registo de 8.700 mortos devido à gripe A em Portugal. link
Isto quando o virus da “Gripe A” tem mostrado menor benignidade que a gripe sazonal a qual mata cerca de dois mil cidadãos por ano...

Exagero idêntico foi cometido pela senhora ministra da saúde com a sua intervenção na TV sobre os comportamentos antisociais .

Não seria mais correcto para os cidadãos, para o país, para a nossa economia, os responsáveis políticos limitarem-se a dizer a verdade sobre a actual situação ?!....

5:36 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

À atenção da senhora ministra da Saúde: link

1:04 da manhã  

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