201.ª USF
Ultrapassámos as duzentas USFs em funcionamento, envolvendo 2.533.521 utentes, 4.047 profissionais e ganhos de cobertura de 300.161 utentes. link
É obra.
Tenho alguns companheiros de tweeter que são profissionais das USF. Oportunidade para constatar que temos aí uma nova geração de prestadores de cuidados primários de saúde competentes dum Portugal moderno.
Em que país do mundo, um Governo que apresentasse no final da legislatura uma reforma dos CPS, como a nossa, não seria reeleito?
É obra.
Tenho alguns companheiros de tweeter que são profissionais das USF. Oportunidade para constatar que temos aí uma nova geração de prestadores de cuidados primários de saúde competentes dum Portugal moderno.
Em que país do mundo, um Governo que apresentasse no final da legislatura uma reforma dos CPS, como a nossa, não seria reeleito?
Etiquetas: CSP
3 Comments:
O debate televisivo entre Francisco Louçã e José Sócrates levou o líder do BE a ter necessidade de tentar clarificar a sua posição sobre a sua proposta de eliminação de deduções fiscais de despesas de saúde e educação, em sede de IRS. Desconheço quantos descontentes ou votantes de protesto no BE sabiam destas ideias. Contudo, desmascarado por Sócrates, Louçã teve necessidade de vir a terreno responder pelo que se soube que afinal quer. E as respostas, disponíveis aqui, estão longe de ser convincentes, como se demonstra nos pontos abaixo.
1. Comecemos pelas despesas em saúde. Já explicamos aqui que o que Louçã está a sugerir é, na prática, um ataque à possibilidade de as classes de rendimentos médios e baixos recorrerem, em caso de necessidade, a uma consulta privada. Diz-nos Louçã que as deduções continuariam a existir apenas nos casos em que não existisse oferta pública, e em que essas consultas fossem indispensáveis.
A eloquência fala por si. Quando alguém com rendimentos médios e baixos se lembrasse da possibilidade de recorrer a uma consulta privada, precisaria para poder contar com a dedução em IRS, de fazer prova da impossibilidade de se valer do SNS, e de fazer prova da indispensabilidade da consulta. O que significa:
a) no primeiro requisito, que os utentes de menores rendimentos teriam um problema acrescido face à classes altas. Perante os mesmos sintomas, teriam que ir verificar a disponibilidade de soluções do sistema público, para depois marcarem a consulta privada. E obter documento que mostrasse não existirem essas soluções. Ou seja, enquanto alguém cujos rendimentos lhe permitam estar a milhas da necessidade de deduzir consultas privadas, pode ir logo procurar um médico, as pessoas de classe média e baixa, que precisariam da certeza das deduções para irem a um médico privado, terão que, primeiramente, antes de cuidar da sua saúde, ir aferir as disponibilidades do sistema público, e enlear-se numa teia burocrática kafkiana, para obter prova de que o SNS não teria capacidade de resposta;
b) no segundo requisito, seria aparentemente necessário uma junta médica prévia para aferir da "indispensabilidade" da consulta. O BE precisaria de ter juntas (tirando médicos ao atendimento real) de verificar se os mais pobres, que recorreram a uma consulta privada, o fizeram por necessidade ou por brincadeira.
Custa-me a perceber se Louçã fala a sério. Vamos desviar médicos do atendimento a utentes para verificar as necessidades de consulta do sistema privado? Vamos atrasar o atendimento às pessoas para que tenham um documento que ateste inexistência de oferta pública? E inexistência em que termos: no imediato? obrigando a horas de espera? obrigando a semanas de espera? E sujeitamos a isto tudo quem precisa de facto das deduções?
O que faz ao BE às pessoas que compraram seguros de saúde? E às que descontam do seu vencimento para coisas como a ADSE? Os tais professores! Vai o BE prejudicá-los? E quanto a trabalhadores que têm a possibilidade de ir a certos médicos privados que têm protocolos com empresas como a PT? São proíbidas essas realidades?
O problema, Francisco Louçã, é que a cor da verdade é o cinzento. Não há só muito ricos e muito pobres. Há mil variedades e as respostas absolutas tendem a prejudicar muita gente que não merecia. TRabalhadores dependentes e com salários reduzidos.
Carlos Santos, valor das ideias
Louçã anda a meter água
Todos sabíamos, utentes em particular, que o modelo organizativo dos Centros de Saúde estava exaurido e que alguma coisa teria de ser feita sob pena do seu esgotamento por inacção. Impunha-se pois uma mudança estrutural de fundo e ela foi empreendida pelo actual Governo sendo mérito a reconhecer.
À parte algumas vicissitudes e momentos menos bons no desenvolvimento do processo, a reforma dos CSP tem evoluído a bom ritmo. É de de toda a justiça referir que, para o seu sucesso, em muito têm contribuído os profissionais e suas organizações, médicos em particular. Tal facto demonstra que as imprescindíveis reformas no SNS são possíveis no diálogo e cooperação com os principais intervenientes.
Pela dimensão que tomou e pelas provas já dadas, a reforma em curso dos CSP parece-me imparável tendo sido já interiorizado pelas diversas forças políticas. Tal explica, por exemplo, que os costumados e contumazes “abutres” do SNS nesta área não tenham aparecido em momento eleitoral. Os pregadores dos tão falados projectos dos centros comerciais de saúde, onde entre uma ida ao cabeleireiro e a compra de um qualquer produto de necessidade, se poderia ser visto por um qualquer médico e realizar uns tantos exames diagnósticos, parece já terem entendido que o corpo que esperavam estraçalhar afinal não era ainda cadáver.
O mesmo não se passa com os cuidados hospitalares em termos de reformas estruturais. Estas foram sucessivamente adiadas e mais que uma vez aqui tenho dado testemunho de preocupações quanto ao futuro do SNS nesta área. A indefinição em que permanece o sector hospitalar explica que os grandes grupos privados, através da APHP, tenham vindo de novo a reclamar o tratamento dos doentes do SNS em lista de espera para cirurgia, colocando perante a opinião pública o MS sob pressão.
Partimos pois para a próxima legislatura com uma grande indefinição quanto ao futuro do sector hospitalar público. A vitória da direita seria catastrófica, tendo em conta os programas dos partidos desta área. Uma maioria do PS, dando algumas garantias da continuação da linha programática seguida após a saída de Correia de Campos, não inspira total confiança tendo em conta o peso que sectores representantes dos grandes grupos económicos mantêm dentro deste partido. Nestas circunstâncias, a correlação de forças à esquerda na próxima legislatura poderá vir a ser determinante quanto ao futuro do sector público hospitalar.
Os trunfos que Correia de Campos deixou a JS.
Pena foi, muitas das reformas terem ficado a meio.
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