quinta-feira, dezembro 31

SNS, objectivos para 2010

USF para todos
A resposta é muito concreta — que cada indivíduo da população zelasse pela sua boa saúde e dos seus próximos, tendo, à distância de um telefonema, de um clique de envio de mensagem de correio electrónico ou de uma curta deslocação, acesso a um médico de Clínica Geral com capacidade de orientar todo e qualquer doente no sistema de Saúde, sem mais demoras que as clinicamente aceitáveis. Esta «ideia» pressupõe que haja capacidade de alterar comportamentos e hábitos da população, que se desenvolvam os cuidados de saúde primários (CSP) para que estes se comportem e tenham capacidade de resposta, de forma a corresponder às necessidades da população, e que o «resto do sistema» de prestação de cuidados, públicos ou privados, aceite que os CSP são a «plataforma» de contacto com os doentes.

A pergunta inicial remetia para utopia. Mas se quisermos um objectivo concreto para 2010, é o de ver as unidades de saúde familiar alargadas a todos os portugueses no prazo de um ano.

Pedro Pita Barros, TM 28.12.09

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10 Comments:

Blogger Tavisto said...

Ora aqui temos uma excelente proposta. É preciso, de uma vez por todas, assumir sem hipocrisia que o médico de família é o “gatekeeper” do sistema. Quem me ler dirá, mas isto é o “déja vue”, não há nenhum pensador em questões de Saúde que o não tenha já dito, não há memória de um ministro, da esquerda à direita, que não o tenha afirmado mil vezes durante o seu mandato. É! Tudo isso é verdade, mas a prática desmente-o em absoluto.
O panorama da MF só não é mais desolador porque foram criadas entretanto as USF gerando novas expectativas. Quanto ao resto, número de profissionais (apenas 30% do total de médicos), idade (71% com idade superior a 50 anos), o panorama é desolador. Melhor que ninguém sabem-no os milhares de concidadãos sem médico de família, os que têm de se remediar com consultas de recurso ou os que, para marcarem uma consulta, têm de pernoitar às portas dos Centros de Saúde.
Havia pois que tomar medidas excepcionais para impedir a rotura do sistema que, a ocorrer, seria o descrédito do próprio SNS. Aqui, há que reconhecer que o último governo tomou medidas importantes para corrigir a situação. A implementação das USF, o aumento das vagas em medicina e da percentagem alocadas à MF e a contratação de especialistas no exterior, são medidas fundamentais para corrigir os erros de ministérios sucessivos e a passividade cumplíce da Ordem dos Médicos.
Para além de tudo o que vem sendo feito, dever-se-ia ainda apostar na melhoria da interface entre Cuidados de Saúde Familiar e Hospitalares estabelecendo protocolos de cooperação. Vou apenas dar um exemplo, porque não deslocar especialistas hospitalares aos CS como já foi ensaiado com sucesso nalgumas zonas do País? Esta seria, por exemplo, uma das formas de dar utilidade proveitosa às horas que sobram após a dispensa do serviço de urgência a partir dos 50 anos de idade.
É que os cuidados de saúde, embora com filosofias próprias, são um contínuo sendo preciso acabar com esta espécie de paralelo 38 que se estabeleceu entre os diversos níveis de prestação.

12:54 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O Governo resolveu dar uma prenda de Natal aos hospitais.
São 70 milhões de euros para reforçar o capital social de 15 hospitais EPE. Cada instituição vai receber entre um milhão e 9,4 milhões de euros. O despacho conjunto dos ministérios das Finanças e da Saúde foi assinado no dia 23 de Dezembro e é hoje publicado, com efeitos imediatos.
A verba estava contemplada no Orçamento do Estado para 2009, mais precisamente no capítulo 60 do Ministério das Finanças, onde estão previstos os aumentos de capital, disse ao Diário Económico o secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar.
O objectivo da medida é ajudar os hospitais a pagar parte da dívida aos fornecedores. Como avançou o Diário Económico a 15 de Dezembro, os hospitais devem encerrar o ano com uma dívida superior a mil milhões de euros. Com o Fundo de Apoio aos Pagamentos do Serviço Nacional de Saúde falido – dos 645,3 milhões de euros de capital, 643,5 milhões estão emprestados aos hospitais – este reforço evita que uma parte da dívida transite para 2010.
Óscar Gaspar tinha já admitido que uma nova injecção de capital por parte do Tesouro no Fundo de Apoio aos Pagamentos do SNS poderia ser uma solução para ajudar as instituições a colmatar as dívidas. Mas a medida agora avançada não é exactamente essa. “Formalmente não é disso que se trata, uma vez que o reforço é sobre o capital social dos hospitais e não uma nova injecção de dinheiro no Fundo”, explicou o secretário de Estado da Saúde. Quer isto dizer que os hospitais podem utilizar o dinheiro para pagar directamente as dívidas aos fornecedores, ainda que, outra opção seja usar o dinheiro para abater parte da dívida que contraíram ao Fundo. Se todos optarem por esta hipótese, “o Fundo passará a contar com mais 70 milhões de euros, dinheiro que pode ser emprestado a outros hospitais”, esclarece Óscar Gaspar.
A escolha dos 15 hospitais EPE (ver caixa) e a verba que lhes foi atribuída assentou em dois critérios: o valor que cada hospital deve ao Fundo de Apoio aos Pagamentos do SNS e a situação de tesouraria das instituições do SNS. Mas o presente do Governo vem acompanhado de uma mensagem: em troca de mais dinheiro, o Estado exige maior rigor na gestão das contas. “Os hospitais têm mais dinheiro para gerir a dívida mas isso dá ao Estado maior margem para exigir uma gestão rigorosa”, avisa Óscar Gaspar.

DE 28.12.09

9:04 da tarde  
Blogger joana said...

Paul Krugman traça uma retrospectiva extremamente pessimista da última década link

.../ But from an economic point of view, I’d suggest that we call the decade past the Big Zero. It was a decade in which nothing good happened, and none of the optimistic things we were supposed to believe turned out to be true.

A politica de saúde no nossos país nos dois últimos anos também merece um "Big Zero".

Para 2010 é preciso jogar simples. Tal como acontece nos jogos de futebol de Inverno com os campos enlameados.
A Ministra da Saúde o que tem a fazer é dedicar-se de alma e coração à Reforma dos Cuidados Primários para ver se consegue deixar obra, para lá da gripeA.

10:20 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Centro Hospitalar Barreiro Montijo recebe 8 milhões e o de Coimbra 2 milhões. Setúbal tem direito a 8,4 milhões de euros.
Lisboa Central fica com 3,4 e o Médio Tejo 3 milhões de euros. Já Barlavento Algarvio recebe 4,4 milhões. O Hospital de Faro tem 9,4 milhões, à Póvoa de Varzim e Vila do Conde chegam 4 milhões.
O Hospital de Barcelos recebe 1 milhão e o de Santarém recebe 6 milhões de euros.
O Hospital Garcia da Horta fica com 5.4 milhões, o de Aveiro com 8 milhões. Já a Unidade Local de Saúde da Guarda vai receber 2 milhões, a do Alto Minho apenas 1 milhão e a do Baixo Alentejo 4 milhões de euros.
DE 29.12.09

O Governo reforçou o capital social de 15 hospitais com 70 milhões. Ainda
assim, os gestores dizem que a medida não cria nem valor nem investimento.
Bem Pedro Lopes.
O que o Governo está a fazer é um expediente para socorrer alguns hospitais muitos deles mal geridos.
E não passamos disto.

12:38 da tarde  
Blogger helena said...

Desejo para 2010:
Que a senhora Ministra da Saúde deixe o seu papel de fada madrinha e passe a fazer o que é necessário: A Reforma do SNS.

8:28 da tarde  
Blogger Antunes said...

Vou enviar à senhora ministra o livro de CC "O Fio Condutor".
Talvez uma leitura mais atenta e esforçada lhe fizesse bem

8:50 da tarde  
Blogger cotovia said...

Portugal na mão das corporações

“Sentimos um grande desencanto em relação à proposta do Governo”,
Mário Nogueira, DE 30.12.09

A verdade é que esta tropa nunca quis ser avaliada.
Vá lá a gente ser páraco duma freguesia assim.

12:26 da tarde  
Blogger Clara said...

Depois de o virus da Gripe das Aves ter sido um flop veio o virus da Gripe A, o H1N1,que fez algum estardalhaço.
Mas os cientistas não se dão por satisfeitos e voltam agora a sua atenção para o H9N2 link

Entretanto, a Indústria Farmacêutica vai continuar a facturar.

3:47 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

A população portuguesa está mais velha, as mulheres decidem ser mães mais tarde e há cada vez mais filhos fora do casamento.
Este é o retrato social de Portugal em 2008, divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Os indicadores revelam uma estrutura familiar diferente com consequências económicas e sociais significativas.
Para o sociólogo Pedro Adão e Silva estes números representam “transformações positivas do ponto de vista dos costumes e do aumento da esperança de vida”. Com estes indicadores, Portugal lança-se no caminho que a maioria dos países da Europa já fez, há cerca de duas décadas, acrescenta o sociólogo. Ter filhos é uma decisão que depende cada vez menos do casamento formal, acrescenta o sociólogo Boaventura Sousa Santos. Os núcleos familiares são constituídos das mais diversas formas: mono parentais, uniões de facto. Uma evolução que tende a acentuar-se comos casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Porém, estes indicadores implicam implicam consequências para os sistemas de saúde e da segurança social que já estão a baralhar as contas dos Estado. À medida que a taxa de crescimento efectiva da população diminui, aumenta a esperança média de vida (que era em2008 de 78,7 anos) e o número de portugueses com mais de 65 anos (representa 17,6% da população total). Duas faces de uma moeda para a qual a implantação do Sistema Nacional de Saúde (SNS) foi decisivo. Resultado: “A pressão financeira sobre o Estado social é muito grande”, explica Adão e Silva. O economista Eduardo Catroga é mais pessimista. “Caminhamos para o suicídio, não há modelo social que resista”, garante o ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva. Exemplo disso é a redução das reformas. Uma das iniciativas que o Governo tomou para garantir a sustentabilidade da Segurança Social foi introduzir um elemento de ligação entre o valor da pensão e a esperança média de vida, assim, as reformas dos trabalhadores que se aposentarem a partir de 2010 vão sofrer um corte de 1,65%.
Outro factor que contribui para o desequilíbrio desta equação é a diminuição progressiva da taxa de mortalidade. No entanto, Boaventura Sousa Santos revela reservas quanto à evolução deste indicador, “num contexto em que a dimensão do sistema privado está a aumentar e o público está a diminuir”. “Desigualdade social aliada a seguros privados cria menor assistência médica”.
Os especialistas são unânimes na defesa demais apoios à família sejam fiscais ou sociais. “Não temos uma política de família”, critica Boaventura, apontando ao Estado a responsabilidade de disponibilizar serviços públicos que apoiem os pais na educação dos filhos. “Todos os esforços que puderem ser feitos para incentivar a natalidade, devem ser feitos”, acrescenta Catroga.
Se em 2002 as mulheres escolhiam ser mães, em média, com 27 anos, hoje a decisão é tomada depois dos 28. Um reflexo inevitável da integração do sexo feminino no mercado de trabalho, mas não só. Boaventura Sousa Santos diz que a gravidez já foi mais respeitada na sociedade.
“Hoje estar grávida voltou a ser um ónus para a mulher”, em termos de progressão profissional.

DE 30.12.09

Crescimento do sector privado da saúde, alicerçado nos Seguros de Saúde, significa menos assistência em termos globais.
Atenção que alguns dos bons indicadores conseguidos à custa do SNS, podem vir a piorar, alerta BSS

8:01 da tarde  
Blogger Clara said...

Três milhões de portugueses foram atendidos nas unidades de saúde familiar (USF) desde que a primeira estrutura deste género abriu em Portugal, em 2006, disse ontem à agência Lusa o secretário de Estado adjunto e da Saúde. Segundo Manuel Pizarro, “2009 foi o ano em que mais USF abriram em Portugal”, num total de 73, sendo o Norte a região mais abrangida.
Actualmente estão a funcionar em todo o país 233 USF, que deram médico de família a quase 400 mil utentes que antes não os tinham.

JP 31.12.09

4:55 da tarde  

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