Política de Saúde - Quo Vadis?
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Num quadro de profunda crise que começou por ser financeira, depois se tornou económica e finalmente se exprime na mais dramática forma de uma generalizada crise de confiança e de credibilidade, dos poderes públicos, olhamos em volta e damo-nos conta de um imenso vazio nas políticas de saúde.
Depois do “Flu Flop” que marcou grande parte do último ano parece que nenhuma ilação foi retirada tendo-se acentuado a deriva. Com efeito o processo da “pandemia” deveria ter feito reflectir os diferentes intervenientes e ter já levado a um exercício sereno de introspecção que levasse a assumir que nem tudo correu bem. Todos reconhecem que a estratégia de comunicação foi inadequada com uma desajustada “politização” do processo. Que o alarme social foi desproporcionado. Que se consumiram recursos de forma imponderada (para quê os SAG’s? para quê tanto desperdício em obras, equipamentos e recursos humanos alimentados por um incessante “diário da gripe? porquê vacinas compradas apenas à GSK sem cláusulas de penalização pelos atrasos na entrega verificados, nem cláusulas de salvaguarda de devolução? Porque razão se continuam, ainda hoje, a inundar as Lusas e as RTP’s com números de mortes (104 ??) menos do que o número de vítimas por mês em acidentes de viação, ou de vítimas de violência doméstica já para não falar dos números da gripe sazonal…
Porque razão não se encerra “politicamente” este (triste) episódio e se afrontam de vez e com sentido de responsabilidade os problemas de fundo do SNS? Será que o “Flu Flop” está para a política de saúde como a crise internacional está para o descalabro da política económica do país? Isto é tratar-se-á apenas de um instrumento de distracção dos verdadeiros problemas?
O que é facto é que nunca, como nesta fase, se fez tanto para desmantelar o SNS ao mesmo tempo que (em palavras) se proclama a sua defesa. Senão vejamos:
- 40.000 cirurgias para as Misericórdias (o Estado volta a pagar à tarde fora o que devia fazer dentro);
- PPP’s em alta velocidade;
- “truques” no modelo de financiamento para escamotear a responsabilidade do sub-financiamento e da falta (nestes últimos anos) de um modelo estratégico orientado para a sustentabilidade do SNS;
- políticas de medicamento erráticas, demagógicas e irresponsáveis (vide crescimento da despesa em ambulatório pela medida da gratuitidade de genéricos);
- debandada de médicos incentivada pelo próprio Estado (incentivo às reformas, contratualização crescente com o sector social e privado);
- “promessas” aos sindicatos médicos de mais dinheiro pelo mesmo trabalho com (as já vistas) repercussões sobre os outros grupos profissionais e consequente projecção para o futuro de um brutal agravamento dos custos operacionais e da sustentabilidade do SNS;
- congelamento das medidas estruturais (fecho de maternidades privadas, de urgências, etc);
Continuaremos a assistir à política do “pó-de arroz” fazendo de conta, transformando a miséria em vitórias e fingindo que se faz alguma coisa para que tudo fique na mesma. O regresso do PSD liberal, certo a muito curto prazo, encontrará um SNS “au bon marche” servido por um governo PS cujos valores políticos na saúde representam hoje um misto de satisfação dos caprichos casuísticos e populistas do PM e uma anódina e confrangedora ausência de ideias na João Crisóstomo.
Depois do “Flu Flop” que marcou grande parte do último ano parece que nenhuma ilação foi retirada tendo-se acentuado a deriva. Com efeito o processo da “pandemia” deveria ter feito reflectir os diferentes intervenientes e ter já levado a um exercício sereno de introspecção que levasse a assumir que nem tudo correu bem. Todos reconhecem que a estratégia de comunicação foi inadequada com uma desajustada “politização” do processo. Que o alarme social foi desproporcionado. Que se consumiram recursos de forma imponderada (para quê os SAG’s? para quê tanto desperdício em obras, equipamentos e recursos humanos alimentados por um incessante “diário da gripe? porquê vacinas compradas apenas à GSK sem cláusulas de penalização pelos atrasos na entrega verificados, nem cláusulas de salvaguarda de devolução? Porque razão se continuam, ainda hoje, a inundar as Lusas e as RTP’s com números de mortes (104 ??) menos do que o número de vítimas por mês em acidentes de viação, ou de vítimas de violência doméstica já para não falar dos números da gripe sazonal…
Porque razão não se encerra “politicamente” este (triste) episódio e se afrontam de vez e com sentido de responsabilidade os problemas de fundo do SNS? Será que o “Flu Flop” está para a política de saúde como a crise internacional está para o descalabro da política económica do país? Isto é tratar-se-á apenas de um instrumento de distracção dos verdadeiros problemas?
O que é facto é que nunca, como nesta fase, se fez tanto para desmantelar o SNS ao mesmo tempo que (em palavras) se proclama a sua defesa. Senão vejamos:
- 40.000 cirurgias para as Misericórdias (o Estado volta a pagar à tarde fora o que devia fazer dentro);
- PPP’s em alta velocidade;
- “truques” no modelo de financiamento para escamotear a responsabilidade do sub-financiamento e da falta (nestes últimos anos) de um modelo estratégico orientado para a sustentabilidade do SNS;
- políticas de medicamento erráticas, demagógicas e irresponsáveis (vide crescimento da despesa em ambulatório pela medida da gratuitidade de genéricos);
- debandada de médicos incentivada pelo próprio Estado (incentivo às reformas, contratualização crescente com o sector social e privado);
- “promessas” aos sindicatos médicos de mais dinheiro pelo mesmo trabalho com (as já vistas) repercussões sobre os outros grupos profissionais e consequente projecção para o futuro de um brutal agravamento dos custos operacionais e da sustentabilidade do SNS;
- congelamento das medidas estruturais (fecho de maternidades privadas, de urgências, etc);
Continuaremos a assistir à política do “pó-de arroz” fazendo de conta, transformando a miséria em vitórias e fingindo que se faz alguma coisa para que tudo fique na mesma. O regresso do PSD liberal, certo a muito curto prazo, encontrará um SNS “au bon marche” servido por um governo PS cujos valores políticos na saúde representam hoje um misto de satisfação dos caprichos casuísticos e populistas do PM e uma anódina e confrangedora ausência de ideias na João Crisóstomo.
joão sousa
Etiquetas: Crise e politica de saúde
1 Comments:
Sobre o cancelamento de dois milhões de vacinas, Ana Jorge avançou que continua em negociações com a farmacêutica GlaxoSmithKline “para saber se há maior maleabilidade para resolver outra parte”, ou seja, anular a encomenda de mais um milhão de vacinas. A titular da pasta da saúde, afirmou ainda que “apesar das críticas, Portugal é apontado como um dos países da Europa que efectuou a encomenda de vacinas com maior racionalidade”.
De acordo com o balanço da pandemia ontem divulgado, Portugal registou até agora 1189 doentes internados, dos quais 117 em unidades de cuidados intensivos. Verificaram-se ainda 104mortes, 80% em doentes com factores de risco. A principal causa de morte foi a pneumonia viral primária.
O pico nacional da onda epidémica verificou-se em finais de Novembro de 2009, o que indica uma “uma actividade gripal precoce quando comparada como que se verifica habitualmente com a gripe sazonal”, referiu a ministra.
Sobre o encerramento de algumas unidades de atendimento à gripe, Ana Jorge esclareceu que não existe um calendário para o fecho destas unidades, cabendo aos dirigentes dos serviços a responsabilidade de o fazer quando se justificar.
DE 05.02.10
Em época de crise uma coisa é certa: vacinas H1N1 não faltam.
Um milhão e muitos de portugueses precisam-se para imunização.
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